25 setembro, 2023

CHARRUA, João Vicente de Oliveira -
AMORES DUM INFORTUNADO PRÍNCIPE DE PORTUGAL.
Narrativa histórica que obteve Menção Honrosa nos importantes Jogos Florais de 1937. Marco de Canavezes, Composto e impresso na Empresa Publicidade, [1937]. In-4.º (23,5x18,5 cm) de 9, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa novela histórica, narra o fatídico acidente equestre que vitimou o príncipe herdeiro D. Afonso, filho de D. João II, perto de Santarém, à beira Tejo, resultando essa tragédia no ruir do sonho nacional de uma coroa ibérica unida sob pendão português.
Bonita edição, impressa em papel encorpado. Raro. A Biblioteca Nacional não menciona o livro.
"D. Afonso, filho estremecido do rei D. João II de Portugal, e a linda e encantadora princesa D. Isabel, filha dos célebres reis católicos, foram postos em Terçaria na vila de Moura.
A graciosidade e a estonteante beleza da princesinha, que mais parecia flor de quimera ou lenda de castelã encantada, logo feriram o coração do esbelto e jovem príncipe português. Desfeitas as intrigas palacianas que envolviam as casas reinantes de Portugal e Castela, fôra o casamento dos príncipes ajustado com grande aprazimento das conveniências políticas das duas nações. [...]
A sete de Dezembro realizava-se enfim, com extraordinário cerimonial, o casamento dos jovens príncipes. A noiva, radiante e bela, exercia sôbre todos poderosa fascinação; D. Manuel, duque de Beja, ficara de tal forma perturbado, exclamara tanta admiração, que teve de receber prudentes avisos da parte da rainha sua irmã!
Seria o destino,  sempre caprichoso e enigmático, quem lhe poisasse na alma o vago pressentimento, de que êle, duque de Beja, estaria para ocupar os lugares do infeliz príncipe consorte!?
Efectivamente, uma corrida, desastrosa e trágica ao longo do Tejo, fez de D. Manuel o herdeiro de duas heranças valiosíssimas: o trono de Portugal e a desditosa e amante princesa espanhola, tornada viuva quando ainda não tinha decorrido o poético e enternecedor ano de noivos... Aquele sonho começado nas terçarias de Moura, e desenvolvido por forma radiosa no convento do Espinheiro quebrara-se tão funestamente, funebremente, nas margens do Tejo!
O soberano fôra com alguns palacianos entregar-se a exercícios de natação nas águas do Tejo. O herdeiro, alegando cansaço, ficara próximo do palácio; mas passados os primeiros momentos após a recuso de os acompanhar, ou fôsse porque lhe mordessem a imaginação as palavras levemente e amigavelmente trocistas que ouviu, ou fôsse a volubilidade própria dos dezesseis anos, o certo é que resolveu segui-los. Chamou para companheiro o fidalgo D. João de Meneses a quem propôs um páreo. Lançaram-se os corcéis em desordenada carreira; com as patas ferindo lume, as ventas dilatadas, os musculosos membros galgando espaços e mal poisando no terreno como se fôssem animais alados, êsses corcéis tomavam aspectos lendários e tétricos."
(Excerto da Narrativa)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

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