31 março, 2018

CARDIA, Amelia - EPISODIOS DA GUERRA. Lisboa, Portugal-Brasil, Sociedade Editora : Rio de Janeiro, Companhia Editora Americana, Livraria Francisco Alves, [1919]. In-8.º (19 cm) de 170, [6] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Ilustrada com o retrato da autora em extratexto.
Colecção de contos da Grande Guerra, em França e África; reúne as crónicas publicadas na Ilustração Portuguesa durante o período do Conflito.
"A Vós, cujas delicadezas de sentimento, surpreendidas em flagrante, numa intimidade de vinte e sete anos entre clientes e medica - por ventura medica de alma ainda mais vezes que de corpo - a Vós, Senhoras, dedico este livro. Reunidas em volume, as singelas narrativas que ides ler foram escritas para a «Ilustração Portuguesa» no momento em que o gládio, brandido pelas ambições dos homens, derramava ondas de sangue por toda a terra e rasgava feridas de morte no coração das mães, das esposas, das filhas, das irmãs, das desposadas de heroes que na defeza da sua patria e do seu lar caíam pela maior parte sem vida nos campos de batalha."
(Excerto de Ás mulheres da minha terra)
Índice:
- Ás mulheres da minha terra. - Mulher. - Como se fazem heroes. - No exilio. - Transferido. - Sangrando. - Casamento e mortalha. - No seu posto. - De regresso. - O aboletado. - Vitimas obscuras. - Do diario d'um soldado. - Mudança de naturalidade. - Um troço de voluntarios. - A disciplina. - O intruso.
Amélia Cardia (Lisboa, 1855 - Lisboa, 1938). “Médica e escritora. Dedicou-se ao estudo dos clássicos e da filosofia, após o que se formou em Medicina com brilhantes classificações, tendo sido a primeira mulher licenciada em Medicina em Lisboa e a primeira mulher interna nos Hospitais Civis. Fundou uma casa de saúde na Estrela, que abandonou passados oito anos para se dedicar a estudos de filosofia e espiritismo. Pertenceu à Associação das Ciências Médicas e à Federação Espírita Portuguesa. Colaborou assiduamente em diversos jornais e revistas – Ilustração Portuguesa, O Século, Revista de Espiritismo, Diário de Notícias, etc. –, tendo dirigido O Mensageiro Espírita.”
(Fonte: Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. II, Lisboa, 1990)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Muito invulgar.
Indisponível

30 março, 2018

PEREIRA, Luciano - OS ANIMAIS E OS CONTOS TRADICIONAIS PORTUGUESES. [Prefácio de José Victor Aragão]. [Setúbal], Sector de Documentação do Centro de Recursos Educativos da E. S. E. do Instituto Politécnico de Setúbal, 1991. In-8.º (20,5cm) de 134, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Estudo desenvolvido no âmbito do Mestrado em Literatura Comparada (Portuguesa e Francesa) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Exemplar policopiado de uma tiragem não declarada de 300 exemplares. Ilustrado com bonitos desenhos e reproduções de obras de arte relacionadas com o tema.
"O nosso discurso sobre os animais continua a evidenciar muitos fantasmas. Nesse domínio, as nossas utopias remetem-nos para um tempo primitivo e o nosso imaginário permanece arcaico.
Os animais, tal como nas eras remotas, continuam a obsecar os homens. Os sonhos, as artes, o folclore patenteiam o bestiário angustiante que nos possibilita nomear o inefável.
Em todos os tempos, os animais constituíram um dos mais preciosos materiais para as representações das forças e dos conflitos interiores auxiliando assim os percursos da existência humana. Longa é a tradição que testemunha e dá corpo a essa vitalidade. [...]
Rica é, neste domínio, a tradição literária, todavia é seguramente a literatura tradicional e oral que lhe confere a sua maior dimensão. [...]
Na literatura tradicional o Bestiário surge, pujante, como um dos patrimónios mais ricos de qualquer cultura, permitindo projecções e utilizações individuais com valores emocionais capazes de explicitar a própria afectividade."
(Excerto da Introdução)
Índice:
I - Prefácio. II - Introdução. III - O Conto, o seu Estudo, a sua Caracterização e as suas Funções. IV - Animais dos Contos Tradicionais e suas Funções. V - O Bestiário Tradicional Português e o Bestiário Medieval. VI - O Animal, o Conto e o Ser. | Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito interessante.
Sem registo na base de dados da BNP.
20€

29 março, 2018

A VIDA AGITADA DO MARECHAL GOMES DA COSTA : documentario da vida militar e politica do Grande Soldado. Compilado por seu filho Carlos Gomes da Costa. [Prefácio de Henrique de Paiva Couceiro]. Lisboa, Livraria Popular de Francisco Franco, 1931. 2 vols in-8.º (19 cm) de 292, [2] p. e 262, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Biografia política e militar do Marechal Gomes da Costa, um dos mais ilustres e respeitados chefes militares portugueses.
"Sempre que este nome me acode ao pensamento, sinto nos ouvidos, sem pensar em tal, os sons viris da «Marcha da Guerra», que tantas vezes segui, com os clarins á frente, quando pertencia ao Exercito. É que esse nome de Marechal Gomes da Costa, com a sua aureola de combatente denodado, envolve consigo a sugestão viva do espirito militar. Gomes da Costa foi, com efeito, o tipo genuino do soldado de vocação, com todo o patriotismo inherente a essa qualidade, e com todos os aprumos, e toda a linha erecta de quem possue, dentro do peito, o pleno sentido da nobre profissão que exerce. Honrava a raça sem logar para duvidas. Colocados nas suas mãos, o brio e a honra de Portugal, estavam seguros e bem guardados. E todos os portugueses tinham a certeza disto."
(Excerto do prefácio)
"O general segue impassivel [pelas trincheiras], como se passeasse na Avenida, sob o bombardeamento - que se ia tornando intenso.
E entra na zona bombardeada Mauquisart adiante na linha mais avançada - com o mesmo sangue frio. Os cacos ferviam por todos os lados a cravarem-se com um som mate e sinistro na terra enlameada.
O general pára e conversa com os soldados que estão «ao parapeito», oferece dos seus cigarros á tropa que guarnece a linha e a quem o acompanha.
A terra treme sob os nosso pés a cada rebentamento. É preciso talvez recordar que um morteiro pesado é do tamanho de uma creança de dez anos e pesa mais de duzentos kilos. E o nosso general conversa naturalmente como se bombardeassem em Ostende! Ha morteiros que vem caír proximo, escaqueirando o nosso caminho; os estilhaços seguem a sua cantiga de morte. Paramos. Um dos projecteis desce vertical, negro, volumosos e rapido sobre nós. Olhamos para o ceu a vêr caír a bêsta. O general olha como nós, atirando a sua baforada de cigarro - Acredito que vá um pouco de receio porque alguem disse ao general, emquanto o morteiro mergulhava terra abaixo, alguns passos á esquerda:
- É melhor abrigar-se, meu general!
O morteiro explode violento, fazendo dançar a gente no entrincheiramento, os estilhaços zumbem, a terra entorroada cái numa chuva que magôa - e o nosso general continua direito, a sua alta estatura a destacar-se acima da magistral e logo que a voz se pode ouvir diz a quem o avisou:
- Um general não se abriga!"
Pina de Morais
(Excerto do Cap. 13, O heroismo do general na Grande Guerra)
Matérias:
I Volume
1. As Memorias do Marechal. 2. O Tenente Gomes da Costa. 3. A Revolta de Goa e a campanha de 1895-1896. 4. A Campanha dos Namarrais. 5. A Campanha de Gaza. 6. A Expedição ao Niassa. 7. Reconhecimento nos Dembos. 8. A Campanha contra o Cuanhama. 9. Historia da Campanha do Cuanhama descrita em cartas do Capitão Gomes da Costa para Ayres de Ornellas. 10. 1905-1914 - Moçambique - 1906-1911. 11. O 14 de Maio. 12. O C. E. P.
II Volume
13. O heroismo do general na Grande Guerra. 14. A Expedição a Moçambique. 15. O Caso de Tavira. 16. Um jantar que se tornou suspeito. 17. O 19 d'Outubro. 18. O Cêrco de Lisboa. 19. A viagem do Marechal ao Oriente. 20. O 18 de Abril e 19 de Julho. 21. Discurso na posse do Ministro da Guerra. 22. Ultimos actos politicos do general no ano de 1925. 23. In Memoriam.
Exemplares brochados em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
Indisponível

28 março, 2018

DIAS, João José Alves – CRAESBEECK. Uma dinastia de impressores em Portugal. Elementos para o seu estudo. Lisboa, Associação Portuguesa de Livreiros Alfarrabistas, 1996. Oblongo (21x23cm) de XX, 102, [6] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Livro muitíssimo ilustrado com reproduções de portadas seiscentistas e setecentistas.

"Passam agora quatrocentos anos sobre a chegada a Portugal do flamengo que criou um das mais famosas tipografias peninsulares dos séculos XVI e XVII – Pieter van Craesbeeck. O presente trabalho constitui apenas uma primeira abordagem ao estudo da sua produção e das fases por que passou a sua oficina."
(Excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e bibliográfico.
25€

26 março, 2018

OLAVO, Carlos - A VIDA TURBULENTA DO PADRE JOSÉ AGOSTINHO DE MACEDO. Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, [1938]. In-8.º (19cm) de 284, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Biografia de José Agostinho de Macedo (1761-1831), padre malandro e patusco, panfletário, poeta e temível polemista, autor de algumas das mais belas peças da nossa literatura de 'escárnio e maldizer'.
"Será talvez curioso saber, para determinar a origem dêste meu trabalho, a razão porque pensei, escolhi e estudei a personalidade de José Agostinho de Macedo, velha figura literária com mais dum século de túmulo, quási esquecida, quási apagada nas sombras que a luz dos tempos vai deixando nos recantos da história.
Essa razão é simples. Um dia, há uns anos atrás, numa hora vertiginosa em que o jornalismo me tentou, tive a idéia de escrever um livro sôbre os jornalistas e panfletários portugueses... [...]
José Agostinho estava destinado a ser o primeiro da série, não só por motivos de ordem cronológica, mas ainda pela riqueza dos factores de reconstituição. E realmente, êle é uma das personagens mais interessantes da nossa história literária porque, além de polemista, foi poeta, prègador, epistológrafo, dramaturgo, crítico e dominou a sua época pela fôrça quási incrível da sua personalidade.
Acresce que é uma figura pitorescamente anedótica, envolvida de episódios, cortada de detalhes sugestivos, facetada de aventuras variadas, que se bem que pertencendo a um passado morto é susceptível de interesse e atenção dos vivos."
(excerto do preâmbulo)
Índice:
Preâmbulo. - A primeira aventura. - José Agostinho em Lisboa. - De convento em convento. - Expulso da religião. - Intermezzo. - Retrato. - Os amôres de José Agostinho. - Vida e idéias literárias. - Vida e idéias políticas. - Doença e morte de José Agostinho. - A posteridade. - Obras consultadas. 
Encadernação em skivertex com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom de conservação.
Invulgar.
15€

25 março, 2018

SILVA, Ângelo Augusto da - O LICEU DE JAIME MONIZ. [Por]... Reitor do Liceu de Jaime Moniz. Separata dos «Liceus de Portugal» mandada editar pela Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal. [S.l.], Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, 1946. In-8.º (22cm) de 61, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história deste conhecido estabelecimento de ensino madeirense. O autor - reitor do liceu em três ocasiões -, pelo seu empenho e dedicação, foi talvez a figura contemporânea que mais contribuiu para o desenvolvimento e afirmação da escola.
Muito ilustrado com fotogravuras das instalações - interiores e exteriores -, vistas panorâmicas e a planta do liceu em página inteira.
"Os liceus nacionais foram criados e o seu plano estabelecido por decreto de 17 de Novembro de 1836, mas só a 12 de Setembro do ano seguinte se efectuou a instalação do Liceu do Funchal.
A abertura solene teve luger a 10 de Outubro com a assistência das autoridades superiores do Distrito, das «pessoas de letras» e dos «pais dos Alunos matriculados».
Nos primeiros tempos, e com carácter de interinidade, as funções da direcção estiveram confiadas ao professor Manuel Joaquim Moniz; um ano mais tarde o Dr. Lourenço José Moniz era nomeado reitor efectivo.
O liceu começou a funcionar nas «Aulas do Páteo» do antigo Colégio dos Jesuítas, mas em 1881 passou para a casa do Barão de S. Pedro, quase no fim da Rua dos Ferreiros.
Nas férias do Natal de 1913 é transferido para o velho Paço Episcopal que, apesar de ter algumas salas boas, nunca poude ser encarado como susceptível de se transformar numa boa escola de ensino secundário. [...]
Não admira por isso que fosse preocupação constante de reitores e de mestres conseguir outra casa para o liceu chamado de «Jaime Moniz» - desde 1919 - em homenagem ao madeirense ilustre, antigo Presidente do Concelho Superior de Instrução Pública e autor da reforma do ensino liceal de 1895."
(Excerto de O liceu de Jaime Moniz)
Índice:
- O liceu de Jaime Moniz. Situação e área. - Disposição geral. - Serviços centrais e administrativos. - Salas de aula. - Salas de aula e de carácter especial. - Biblioteca e instalações para trabalhos práticos e aulas experimentais. - Ginásio e Balneário. - Refeitório e suas dependências. - Instalações privativas das alunas e dos alunos. Recreios e vestiários. - Centro da Mocidade Portuguesa Masculina. - Instalação da água e instalação eléctrica. Relógios. Campainhas, sereias e telefones. Serviços de limpeza e conservação do edifício e do mobiliário. - Campos de jogos.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível

24 março, 2018

AUDITÓRIO - RTP : Radiotelevisão Portuguesa. [S.l.], [RTP], [1969]. In-8.º (23,5cm) de 221, [3] p. ; il. ; [5] f. desd. ; B.
1.ª edição.
Estudo pioneiro, verdadeira peça de arqueologia radiotelevisiva. Trata-se de um curioso e interessantíssimo trabalho/relatório sobre medição de audiências televisivas, o primeiro que sobre este assunto se publicou entre nós.
Ilustrado com inúmeros gráficos e quadros estatísticos, cinco deles em folhas desdobráveis. Inclui reprodução do documento utilizado no inquérito.
"Apresentamos nesta publicação alguns elementos sobre o auditório da televisão no nosso país, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo.
A avaliação da audiência atingida pelas suas emissões e a sua correspondente extratificação é um dos principais problemas que se põe a qualquer estação radiodifusora - quer se trate de rádio quer de televisão. Com efeito, dada a circunstância de a sua comunicação com o «seu público» ser feita multidireccionalmente «para o ar», a questão é de importância vital. Devem ainda destacar-se as duas metas a atingir com qualquer dos veículos de informação referidos: por um lado, a sua função educativa e recreativa; por outro, a sua utilização como «meio» de difusão publicitária. Este último aspecto, ìntimamente relacionado com o desenvolvimento económico do País, dada a dimensão das verbas movimentadas, obriga a profunda análise tendente a «ver» e a «prever» a sua rentabilidade.
Os estudos do auditório dos «meios» rádio e televisão apresentam dificuldades que se podem classificar de duas espécies: técnicas e institucionais.
As dificuldades técnicas têm-se resolvido por meio da experiência adquirida em repetidos ensaios dos vários sistemas em uso, todos diferentes e aplicáveis segundo os objectivos visados.
As dificuldades de tipo institucional são devidas à concentração e proliferação de estações emissoras e correspondente programação das mesmas. Entre nós, se são importantes estas dificuldades, no domínio da rádio, tal não se verifica quanto à televisão, pelo menos enquanto o 2.º programa desta não entrar em funcionamento pleno, quer do ponto de vista geográfico, que de programação. [...]
A RTP, consciente da importância destes problemas, promoveu através da sua Divisão de Relações Exteriores, Serviço de Estatística, um estudo deste tipo, estendido a todo o País, e incidindo sobre a 2.ª semana de Janeiro de 1969."
(Excerto da Nota explicativa)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas apresentam sinais de humidade junto ao corte inferior, mais visível na contracapa, atingindo as três últimas folhas do livro.
Raro.
Sem registo na BNP - Biblioteca Nacional.
Peça de colecção.
Indisponível

23 março, 2018

LEÃO, Duarte Nunes de - CHRONICA // DOS // REYS DE PORTVGAL // REFORMADA // Pello Licenciado DVARTE NUNES DO LIAM, // Dezembargador da caza da Supplicaçaõ. // Offerecida // AO SENHOR // D. MIGVEL DE PORTVGAL, // CONDE DE VIMIOZO, &c. // LISBOA. // Na Officina de FRANCISCO VILLELA, & à sua custa. // M. D C. LXXVII. // Com todas as licenças necessarias. In-fólio (29cm) de [1] f., [4] f., 205 f. [410 p.], [7] f., [2] f. ; E.
Biografia dos reis da I Dinastia, incluindo o Conde D. Henrique, progenitor do 1.º rei de Portugal, D. Afonso Henriques.
Esta é a rara segunda edição da Primeira Parte (única que se imprimiu) da Crónica dos Reis de Portugal, obra de referência na nossa história bibliográfica. A edição princeps foi publicada em 1600.
"Por a empresa que tomei de escrever dos primordios do Reyno de Portugal, & de seus princepes cousas tam differentes das historias atè agora recebidas & approvadas, bem vejo a quanto perigo me ponho com todos, & quam audàz, & temeràrio negòcio parecerà condenar eu por apôcriphas cousas, tam sabidas de todos, & nunca postas em dúvida, & que sendo aceitas por discurso de tantos Annos, parecem ser sagradas inviolaveis; mas confio, que os homens que com entendimento, & sem paixào me lerem, teràm meu trabalho por bem empregàdo, & ser mais digno de agradecimento que de reprehensaõ: porque a mim nao me moveo o amor, òdio, ou esperança de algum interesse, de Princepes que ha quinhentos annos que passaraõ né cobiça de ganhar honra com Autores môrtos, que jâ por si naõ pòdem tornar, & que sendo vivos nào se pudèraõ defender. Mas desejo de mostrar a verdade, que todos os bons devem seguir, & abraçar, & que por si se descôbre & manifesta. Moveume principalmente, a muita indignaçaõ que tinha de ver por culpa dos antígos, & negligencia dos presentes, maculâda a honra, & fama de muytos Princepes, & Princesas deste Reino, de quem se pudéraõ recontar muytas heròycas virtudes contrârias aos males que lhes falsamēte empoem, contra o custume de todas as Naçoēs; que nas historias que fizeraõ de seus Reys, sempre buscáraõ as mais notaveis virtudes, & honrosas partes que tivèraõ pera honràrem suas memorias."
(excerto do texto, Chronica do Conde Dom Henriqve fundador do Reino de Portugal)
Duarte Nunes de Leão (Évora, 1530? - Lisboa, 1608). "Jurista, linguista e historiador português, de origem judaica, nasceu em Évora, provavelmente em 1530, e morreu em Lisboa em 1608. Formou-se em Direito Civil pela Universidade de Coimbra, desempenhando mais tarde o cargo de desembargador na Casa da Suplicação. Defendeu a anexação de Portugal por Castela, mas foi depois mal recompensado pelos governantes filipinos, que lhe moveram ou deixaram mover perseguições, certamente explicáveis pelo antissemitismo corrente na época. A sua obra cobre fundamentalmente três áreas: o Direito, a História e os estudos linguísticos. Na primeira, publicou diversas coletâneas de documentos. A estes trabalhos parece ter dedicado a década de 1560. No capítulo da historiografia, deixou-nos algumas interessantes investigações de carácter biográfico e genealógico sobre a casa real portuguesa, e ainda uma Descrição do Reino de Portugal, que data de 1610. A terceira dimensão da sua obra é porventura a mais relevante. Nunes de Leão publicou estudos pioneiros sobre o nosso idioma. Em 1576 veio a lume uma Ortografia da Língua Portuguesa, em que se assumiu como o fundador, no nosso país, dos estudos ortográficos. Em 1606 publicou uma Origem da Língua Portuguesa. Sabe-se ainda da existência de outros escritos, nomeadamente nos domínios da lexicologia e da etimologia, que contudo se perderam."
(in http://www.infopedia.pt/$duarte-nunes-de-leao)
Ainda sobre Duarte Nunes de Leão, diz-nos Inocêncio: “Licenceado em Direito Civil e Desembargador da Casa da Supplicação, escriptor mui laborioso e applicado, como se vê pelas muitas obras que compoz, imprimindo algumas em sua vida, e deixando outras ainda ineditas: na reunião de Portugal á corôa de Hespanha por morte do Cardeal Rei abraçou calorosamente os interesses de Filippe II, cujo pretendido direito de successão defendeu por escripto contra os que o impugnavam.-foi natural d’Evora, e faleceu em Lisboa, d’edade mui provecta ao que parece, no anno de 1608.-e. Primeira parte das Chronicas dos Reis de Portugal, reformadas, etc. Lisboa, por Pedro Craesbeeck 1600. fol.-ibi, por Francisco Villela 1677. fol. de 205 folhas.- e ibi, por Manuel Coelho Amado 1774. 4.º 2 tomos com 326-394 pag.-comprehende esta primeira parte as chroricas dos reis, desde o conde D. Henrique inclusive, até D. Fernando.”
(Inocêncio II, 210.)
Encadernação do século XVIII inteira de pele, com as pastas trabalhadas, com nervuras e dourados na lombada.
Exemplar em bom estado geral do conservação, enferma no entanto alguns defeitos de relevo: 1.ª f. (em bco) rasgada; manchas de humidade visíveis nas folhas iniciais e nas últimas 30 f.; restauro antigo à cabeça, atinge a 1.ª parte da obra, incluindo as f. de rosto e anterrosto, as licenças e a Crónica do Conde D. Henrique, suprimindo, nalguns casos, as primeiras linhas do texto; pasta posterior com defeitos.
Raro.
Peça de colecção.
150€

21 março, 2018

GIÃO, Manuel Rosado Fernandes & SUSANO, Manuel de Jesus & MANCHEGO, Francisco de Morais - MANUAL DE MAQUEIROS. [S.l.], Lisboa, Imprensa Nacional, 1916. In-8.º (16,5cm) de 216, [2] p. ; [1] f. desd.
1.ª edição.
Importante trabalho sobre o serviço de maqueiros em campanha, o mais importante que sobre este assunto se editou na época. Publicado quando já se adivinhava a entrada de Portugal na conflagração ao lado dos Aliados, na sequência do clima de confronto diplomático entre Portugal e Alemanha, que culminaria na declaração de guerra alemã (9 de Março de 1916), e nas manobras de Tancos, que teriam início em Abril do mesmo ano.
Ilustrado ao longo das páginas de texto com quadros, desenhos exemplificativos e fotogravuras a p.b.
"Manda o Govêrno da República Portuguesa, pelo Ministerio da Guerra, aprovar e pôr em execução o Manual de Maqueiros, elaborado pelos capitães médicos, Manuel Rosado Fernandes Gião, Manuel de Jesus Susano, e tenente médico, Francisco Morais Manchego.
Paços do Govêrno da República, aos 19 de Fevereiro de 1916.
José Mendes Ribeiro Norton de Matos"(Secretaria da Guerra, 2.ª Direcção Geral - 5.ª Repartição, Portaria)
Índice: TÍTULO I: I - O corpo humano. II - Lesões mais freqùentes no campo da batalha. III - Acidentes mais vulgres em campanha e seu tratamento. IV - Breves noções de higiene. TÍTULO II: V - Material sanitário que o maqueiro deve conhecer. VI - Generalidades sôbre a organização e funcionamento do serviço de saúde em campanha. TÍTULO III: VII - Ordenança de maqueiros.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com falta das capas e da f. rosto. Pelo interesse e raridade a justificar encadernar.
Raro.
Peça de colecção.
Sem registo na BNP.
Indisponível

20 março, 2018

COSTA, Sousa - CANTO DO CISNE : novela. [Por]... Da Academia das Sciências de Lisboa. Porto, Livraria Chardron de Lélo & Irmão, Ld.ᵃ, 1923. In-32.º (10,5cm) de 99, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante novela, porventura a mais invulgar da extensa bibliografia do autor.
Obra inteiramente constituída pelas cartas que um amante (António) dirige a sua amante (Ana Maria), sendo possível observar o relacionamento do par - com os seus altos e baixos - através delas, desde o ritual da corte, da aproximação amorosa, até ao epílogo da relação.
"Minha Amiga: Não tem razão para sustos. Escrevo-lhe hoje, por saber que hoje faz anos. Bato-lhe à porta para lhe oferecer êsse ramo de cravos rôxos. É a minha carta de felicitações, e os meus cravos magoados não são senão emissários da amizade mais simples, que em meu nome vão associar-se, simplesmente, á intimidade duma festa de família."
(Excerto da 1.ª carta)
Alberto Mário de Sousa Costa (1879-1961). “Conhecido literariamente por Sousa Costa, foi bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, magistrado, escritor e académico. Começou a sua vida em Lisboa, onde foi secretário da Tutoria Central da Infância (1919) e do Tribunal do Comércio (1932). Nesse ano fixou-se no Porto, trabalhando no Tribunal de Execuções Fiscais. Escritor muito apreciado, de romances, evocações históricas, teatro e crónicas e de viagem.”Encadernação editorial, sendo as pastas revestidas de fantasia de pano multicolor.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
15€

19 março, 2018

HAWKING, Stephen & STONE, Gene - O UNIVERSO DE STEPHEN HAWKING. Tradução de Isabel Araújo. [Lisboa], Difusão Cultural, 1994. In-4.º (24,5cm) de ix, [1], 190 p. ; mto il. ; E. Colecção Ciência Hoje
1.ª edição.
Impressa em papel de qualidade superior e muito ilustrada com fotogravuras a p.b. nas páginas do texto.
Apontamentos sobre a vida de Stephen Hawking, famoso físico britânico, e uma das mais fascinantes e extraordinárias personalidades do universo académico-científico.
"De um lado o Big Bang, os buracos negros, as anãs brancas, os quasares, a teoria da relatividade ou a mecânica quântica; do outro, os familiares, os amigos, os colegas, os alunos e alguns dos mais famosos físicos mundiais. Todos juntos, eles dão vida ao universo de Stephen Hawking.
A mãe, a irmã e o irmão falam do jovem que conheceram e do homem em que se tornou.
Os colegas de liceu e da faculdade recordam, com humor e amizade, os anos de estudo e, principalmente, de diversão.
Os professores de Oxford e Cambridge relembram aquele aluno brilhante que tolerava mal o ensino convencional.
Os colegas e físicos descrevem as ideias que moldaram o seu trabalho e o deles, e a importância dos conceitos que ele desenvolveu. Por fim, o próprio Stephen Hawking fala dos seus tempos de infância e juventude com o mesmo à-vontade com que apresenta as suas complexas teorias e as suas mais recentes propostas de interpretação do universo.
Captado numa dupla perspectiva, humana e científica, este livro é um retrato imensamente comovente e infindavelmente fascinantes de um dos maiores génios do século XX."
(apresentação)
Stephen William Hawking (Oxford, 1942 - Cambridge, 2018). “Foi um físico teórico e cosmólogo britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Doutor em cosmologia, foi professor lucasiano de matemática na Universidade de Cambridge onde era professor lucasiano emérito, um posto que foi ocupado por Isaac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage. Foi diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge.
Hawking era portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais, e para a qual não existe cura. A doença foi detectada quando tinha 21 anos. Em 1985 Hawking teve que submeter-se a uma traqueostomia após ter contraído pneumonia durante a visita que efectuou ao CERN, na Suíça, e desde então, utilizava um sintetizador de voz para comunicar. Gradualmente, foi perdendo o movimento dos braços e das pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo a força para manter a cabeça erguida, de modo que sua mobilidade era praticamente nula. Em 2005 Hawking usava os músculos da bochecha para controlar o sintetizador, e em 2009 já não podia controlar a cadeira de rodas eléctrica. Desde então, grupos de cientistas estudam formas de evitar que Hawking sofra de síndrome do encarceramento, tentando traduzir os pensamentos ou expressões de Hawking em fala. A versão mais recente, desenvolvida pela Intel e cedida a Hawking em 2013, rastreava o movimento dos olhos do cientista para gerar palavras."
(fonte: Wikipédia)
Encadernação do editor com sobrecapa policromada.
Exemplar em bom estado de conservação. 
Invulgar.
Indisponível

18 março, 2018

CARY, Francisco Caldeira - A VIDA QUOTIDIANA NO MEU TEMPO : a maneira de viver, os usos e costumes na vila de Alter na década de 40. [S.l.], [Edição do Autor], 2010. In-8.º (20,5cm) de [4], 361, [5] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história contemporânea da vila alentejana de Alter do Chão.
Edição "caseira", por certo com tiragem muitíssimo restrita. Ilustrada com diversas fotos juvenis do autor.
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa de Francisco Cary a um seu familiar.
"O autor nasceu em Alter do Chão, em 1936 onde tem passado grande parte da sua vida e integralmente a sua infância.
Iniciou o presente trabalho em 1997; a sua conclusão foi sendo diferida, e só em 2010 o considerou terminado. Pretendeu recordar a sua infância, a maneira como viveu num meio rural com grandes assimetrias de desenvolvimento e acentuadas diferenciações entre as formas e níveis de vida da comunidade.
Os elementos que se apresentam não pretendem constituir uma monografia sócio económica sobre Alter, não tendo sido intenção do autor apoiar-se em elementos científicos e sociológicos, relativos aos factos que narra. Apenas procurou recordar, com base na sua memória, os usos e costumes de uma comunidade rural, como se vivia, convivia, brincava ou jogava naquela época.
Oriundo da classe dominante da vila, dotada de maior riqueza e por via disso com maior prestígio social, o autor teve sempre, ao longo da sua vida profissional e como cidadão, preocupações sociais que determinaram o seu comportamento. Essa preocupação manifestava-se já na infância pela forma como convivia com os «garotos» de então e pela sensibilidade que as diferenças das condições de vida marcaram na sua memória. Sem referências bibliográficas que o suportem, o texto, constitui um olhar sociológico sobre formas de viver e comportamentos que já não existem.
Ainda que o texto que agora apresenta, pouco tenha a ver com a sua formação em adulto, convém recordar que é licenciado em Agronomia e Doutorado em Ciências Agrárias."
(Excerto do preâmbulo)
Índice:
Apresentação. Alter nos anos 40. A classe rural. As sementeiras. A apanha da azeitona. As lavouras e os alqueives. As mondas e as sachas. Trabalhos indiferenciados. As ceifas e as colheitas. Acarretos e debulhas. As festas das colheitas. Os salários e os pagamentos. As condições de vida. O que comiam. As lojas e as mercearias. A doença e a saúde. A maneira de vestir. A convivência. O Natal e a Páscoa. Outras festas da religião. As festas mundanas. A classe média. A festa do casamento. As festas dos baptizados. As passagens de classe. As feiras. Os rapazes das sortes. As fogueiras dos santos populares. O futebol. Nós e os outros. Eu e os meus irmãos. A nossa casa. Como nós vivíamos. A nossa alimentação. Algumas coisas dos nosso dia a dia. Os jogos da minha infância. Os cheiros e os sabores. As doenças da família. As viagens dos meus pais. As minhas vindas a Lisboa. Os amigos que eu tinha. O meu avô. A Quinta do Peão. O tio Rafael. Os automóveis de Alter. As senhoras de Alter. Os piqueniques. Porque gosto de Alter.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Com grande interesse regional.
45€

17 março, 2018

HINO, Ashihei - GUERRA E SOLDADO. Diario de um combatente japonês. Tradução de Jayme Barcellos. São Paulo, [s.n.], 1941. In-8.º (22cm) de 463, [5] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Ilustrada com mapas em pagina inteira.
Relato do primeiro ano da 2.ª Guerra Sino-Japonesa (Outubro de 1937 - Outubro de 1938) por um combatente nipónico, na sua maioria, em forma de cartas dirigidas ao seu irmão mais novo.
"A guerra sino-japonesa, que ocorreu entre 1937 e 1945, é um dos episódios da Segunda Guerra Mundial mais esquecidos da história. Depois da invasão do nordeste da China pelos japoneses, em 1931, a guerra eclodiu em 1937 entre o exército nipónico e os nacionalistas e comunistas chineses, que se uniram para combater o inimigo comum.
Durante 4 anos a China lutou sozinha contra um inimigo moderno, que pretendia conquistar em três meses o império rival desgastado por um século de conflitos internos.
Os chineses pagaram um preço muito alto. Dos 60 milhões de mortos, registados durante a 2.ª Guerra Mundial, 20 milhões eram chineses."
(Fonte: pt.euronews.com)
"Amanhecia já, mas a neblina continuava densa. Não obstante, quasi inesperadamente, distinguimos a orla do oceano, arvores e uma torre de ferro. Balas zuniram deante de nós. Até então só pensavamos em nossos pobres pés. Nesse instante, esqueci tudo, caí, na lama, de bruços. Todos me imitaram. Entretanto, o fogo inimigo aumentava. Deliberamos então ficar onde estavamos; marcharmos sem nenhuma protecção seria expormo-nos a um desastre certo. Contudo, passado algum tempo, calámos baionetas e avançamos, cobrindo as setecentas jardas que nos separavam da praia."
(Excerto Cap. V, Em certo navio - 5 de Novembro)
Encadernação em meia de pele com cantos e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

16 março, 2018

TARSO, Paulo de - CRIMES DA FRANCO-MAÇONARIA JUDÁICA. Guarda, Comp. e impressão Empresa Veritas, [1928]. In-8.º (17cm) de 170, [6] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Violento libelo anti-semita, acusa a maçonaria de "quadrilha de malfeitores", e de incluir nas suas fileiras judeus residentes em Portugal. O seu autor é António da Silva Pena Peralta, um maçon dissidente, que utilizava o pseudónimo literário "Paulo de Tarso". Conhecedor dos meandros da Maçonaria, discorre sobre a sua influência económica e financeira em Portugal (e no estrangeiro), bem como nos meios de comunicação social, e acusa-a de interferência nos assuntos de Estado, no regicídio, em 1908, e na implantação da República dois anos depois.
Livro ilustrado com o retrato do autor no início, e pequenas gravuras ao longo do texto.
"Não é nossa pretensão fazer literatura, nem temos, para tal, os necessários méritos. [...]
Sómente queremos mostrar ao público o mal que vae evadindo o Mundo, o Perigo Judáico, cuja força reside na Maçonaria, e levantamos, desta vez, só um pouco do véo do que é essa funestíssima Sociedade. Cremos que assim alguma coisa de útil prestamos ao nosso país. É quanto basta.
É claro que os judeus e franco-maçons hão de vir á carga, não com um livro em resposta, porque são cobardes, superiormente cobardões e não se mostram; mas, hão de surgir as ameaças, as cartas anónimas..."
(Excerto de Sinfonia de abertura)
"Desde o princípio da nossa nacionalidade, o maior mal, e o principal estôrvo ao nosso desenvolvimento material, intelectual e moral, tem sido a escorraçada raça judáica.
Mas, uma Nação que tem no seu princípio o milagre de Ourique, e que, pelos séculos fora, tem sido ajudada pela Providência Divina; uma Nação que tem por guia a Cruz de Cristo, por Padroeira a Virgem Mãe, e por Heroe Nacional o Beato Nun'Alvares Pereira; uma Pátria cheia de glória, que se lança arrojadamente nas conquistas e nos descobrimentos, guiada pela Fé, tendo nas velas das náus a Cruz, e os seus homens nas mãos o Rosário, é uma Nação que não cai moribunda nas garras aduncas dos tigres de Israel.
Raça amaldiçoada por Deus, tem ao mesmo tempo a maldição dos homens.
Por toda a parte em que êsses desgraçados passam, deixam sempre um rasto da sua maldade canina."
(Excerto de Preliminares)
"Temos sempre tido pelos jogos públicos de sport a mais manifesta contrariedade, e somos até bastante adverso. E cá temos as nossas razões. O jôgo internacionalisando-se, cria ligações especiais entre os povos, especialmente entendimentos políticos.
Ha presentemente um jôgo perigoso dos países europeus, jôgo que vai creando fanáticos, apaixonados, e que tende a desnacionalisar as nações.
Refiro-me ao «foot-ball.»
E julgam que me insurjo contra êste jôgo por ser anti-higiénico, por prejudicar a saúde, o calçado e os pulmões? Julgam que detésto êste jôgo por ser um enormíssimo factor de tuberculose, canelas partidas e morte no Hospital de São José com um pontapé?
Não, leitôres.
Eu detésto êste jôgo por ser cosmopolita, desnacionalisador. Detesto por ser um desorientador da opinião pública, para o qual se desviam as atenções do público, do público que lê as secções de sport, jornais de sport, ouve conferências de sport, e deixa de estudar, de ouvir bôa ópera, ouvir prêgar o pastôr, praticar os devêres de bom chéfe de família e de bom católico."
(Excerto de Os planos da Judiaria internacional...)
"Ha quasi dois mil anos que conspiram e sempre em vão. Não entendem que pésa sôbre êles a maldição de Deus? Esquecem que Jesus Cristo os condenou a errar pelo mundo, sem Pátria e sem Rei?[...]
É necessário fazer guerra sem tréguas aos judeus; nem repouso, nem quartel, nem pão, nem guarida.
Fechem-lhes as Lojas Maçónicas e fechem-lhes as suas Sinagogas. São centros de conspiração e de crime. E depois de tudo isto, expulsem-nos, ponham-nos nas fronteiras, sem dó nem piedade, sentimentos que não deve haver para essa gente.
A nossa tolerância, a nossa caridade, é que tem feito mal: - recebermos nas nossas cidades e nas nossas aldeias essa raça; e o que é mais ainda, recebe-los nas nossas casas, nos nossos clubs, nos nossos teatros, nas nossas associações, fazermos negócios com êles, apertarmos-lhes as mãos, em vez de lhes apertarmos as güelas.”
(Idem)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Raro.
Indisponível

15 março, 2018

HAWKING, Stephen W. - BREVE HISTÓRIA DO TEMPO. Do Big Bang aos Buracos Negros. Tradução de Ribeiro da Fonseca. Revisão, adaptação do texto e notas de José Félix Gomes da Costa : Instituto Superior Técnico. [Introdução de Carl Sagan]. Lisboa, Gradiva, 1988. In-8.º (21cm) de 247, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante obra científica de divulgação sobre os conceitos teóricos de Hawking. Publicada entre nós em 1988, no mesmo ano que a edição original americana.
Ilustrada nas folhas do texto com desenhos esquemáticos, gráficos e fotografias do cosmos.
"Pela primeira vez, Hawking escreve uma obra de divulgação, explorando os limites do nosso conhecimento da astrofísica e da natureza do tempo e do universo. O resultado é um livro absolutamente brilhante; uma apresentação clássica das ideias científicas mais importantes dos nossos dias e a possibilidade única de poder seguir o intelecto de um dos pensadores mais imaginativos e influentes do nosso tempo. Houve realmente um princípio do tempo? Haverá um fim? O universo é infinito ou tem limites? Pegando nestas questões, Hawking passa em revista as grandes teorias do cosmos e as contradições e paradoxos ainda por resolver e explora a ideia de uma combinação da teoria da relatividade geral com a mecânica quântica numa teoria unificada que resolveria todos os mistérios. Breve História do Tempo é um livro escrito para os que preferem as palavras às equações, onde, no estilo incisivo que lhe é próprio, Hawking nos mostra como o «retrato» do mundo evoluiu até aos nossos dias. Brilhante."
(Apresentação retirada da contracapa)
Índice:
Agradecimentos. Introdução de Carl Sagan. I - A nossa representação do Universo. II - Espaço e Tempo. III - O Universo em expansão. IV - O Princípio da Incerteza. V - As partículas elementares e as forças da natureza. VI - Buracos Negros. VII - Os Buracos Negros não são tão negros. VIII - A origem e destino do Universo. IX - A seta do Tempo. X - A unificação da Física. XI - Conclusão. Albert Einstein. Galileu Galilei. Isaac Newton. O Autor e a sua Obra. Glossário. Índice remissivo.
Stephen William Hawking (Oxford, 1942 - Cambridge, 2018). “Foi um físico teórico e cosmólogo britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Doutor em cosmologia, foi professor lucasiano de matemática na Universidade de Cambridge onde era professor lucasiano emérito, um posto que foi ocupado por Isaac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage. Foi diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge. Hawking era portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma rara doença degenerativa que paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais, e para a qual não existe cura. A doença foi detectada quando tinha 21 anos. Em 1985 Hawking teve que submeter-se a uma traqueostomia após ter contraído pneumonia durante a visita que efectuou ao CERN, na Suíça, e desde então, utilizava um sintetizador de voz para comunicar. Gradualmente, foi perdendo o movimento dos braços e das pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo a força para manter a cabeça erguida, de modo que sua mobilidade era praticamente nula. Em 2005 Hawking usava os músculos da bochecha para controlar o sintetizador, e em 2009 já não podia controlar a cadeira de rodas eléctrica. Desde então, grupos de cientistas estudam formas de evitar que Hawking sofra de síndrome do encarceramento, tentando traduzir os pensamentos ou expressões de Hawking em fala. A versão mais recente, desenvolvida pela Intel e cedida a Hawking em 2013, rastreava o movimento dos olhos do cientista para gerar palavras."
(fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.

Invulgar.
Com interesse histórico e científico.
Indisponível

14 março, 2018

A PAIXÃO DE CAMILO (Ana Plácido) : um romance verdadeiro. [S.l.], [s.n.], [1924?]. In-8.º (18 cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Folheto de apresentação da obra de Rocha Martins A paixão de Camilo. No interior, são reproduzidas as crónicas jornalísticas publicadas na imprensa portuguesa acerca do romance e do seu merecimento: "O Jornal do Comércio"; "O Comércio do Porto"; "Diário de Notícias"; "O Século"; "O Primeiro de Janeiro"; "O Correio da Manhã"; "O Dia"; "A Tarde"; "Suplemento da Batalha"; "Diário de Notícias" : página literária em que o autor explica a sua obra; "O Primeiro de Janeiro" : o que diz António de Cértima; "Jornal de Notícias" : o que diz  Joaquim Costa; "O Dia" : o que diz Augusto de Lacerda; "Heraldo", da Madeira : o que diz Reis Gomes; Carta de Lisboa no "Jornal de Notícias", do Porto : o que diz Eduardo de Noronha.
Capa belíssima de Stuart Carvalhais que ostenta a "máscara ensanguentada do suicida" emoldurada por desenho de fina filigrana.
"É mais do que um romance de amores porque é a tragedia viva, acontecida, de dois amorosos que por muito amar se perderam. E que amorosos! Ele, o que tanto queria à sua amada, fez da sua dôr um poema: «Amor de Perdição», as paginas lidas e soluçadas, banhadas de prantos, soletradas com angustias.
Ela, a que ao genio se entregou, deixando a existencia calma pela aventura, no seu «Diario», ao qual se arrancaram paginas para a «Paixão de Camilo», soube bem dizer como se lhe confrangia a alma pelas desditas do seu amor em que houve todas as amarguras: desesperos e ciumes mortais, a loucura de um filho, a cegueira do amante, a desilusão da sua alma e o tiro do suicida, do ingrato que sósinha deixou no mundo a apaixonada, tão perdida pelos beijos de sua bôca como pela luz de seus talentos."
(Preâmbulo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
Peça de colecção camiliana.
Opúsculo sem referências bibliográficas, incluindo a BNP.
Indisponível

13 março, 2018

ABREU, Marques d' - PADRE NOSSO...Uma estranha neutralidade. (A proposito da guerra). Por... [Lisboa], Tipografia Bayard, 1916. In-8.º (20,5cm) de 20 p (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Opúsculo poético de pendor fortemente anticlerical contra a participação religiosa no conflito mundial. A presente obra é constituída por duas poesias - Padre Nosso... e Capelães...
Valorizado pela dedicatória manuscrita do autor na 1.ª página/capa do livrinho.

"Padres, vamos, dizei-me, aqui p´ra nós, sem medo,
eu não sou mau rapaz e sei guardar segredo:
que ideia vos sorri, que intento vos domina
pretendendo ir tambem p'ra os campos da chacina,
onde a sciencia, emfim, faz a liquidação
do vosso velho Deus, aliado do teutão?
De que serve a agua benta em campos de batalha,
busca-pés de latim, no imperio da metralha
e o crocitar dum corvo ao pé dum moribundo?
Derramando p'la Patria o seu sangue fecundo
de consciencia em paz, o martir do dever
que gosto ha-de sentir, que especie de prazer,
vendo junto de si um tragico perfil
que deve ser dum bom, mas pode ser dum vil,
podendo ser tambem dalgum venal fantoche
que encarne em seu toucinho o espirito dum boche?
[...]
Padres, ficai!... É aqui, sob o joelho da historia
que haveis de terminar vossa carreira ingloria
e ao nada resvalar!
Partirá, entretanto, a intrepida legião!
que, emfim, nem todos teem, como vós, por missão,
mentir... e conspirar!"

Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito raro.
Sem registo na BNP, ou em qualquer outra fonte bibliográfica.
Peça de colecção.
Indisponível

12 março, 2018

PALESTINA, UM POVO EM ARMAS. [Tradução de H. Cesar Opz e A. Manso]. Baixa da Banheira, Manuel Miranda, 1977. Oblongo (14,5x21cm) de 126 p ; [2] p. il. ; B. Cadernos Povo e Cultura, Série B, Zona das Tempestades, 1
1.ª edição.
Visão árabe do problema israelo-palestiniano em meados da década de 70 do século passado.
Ilustrado com mapas da zona do conflito em 2 páginas extratexto.
"O «povo» judeu está disperso por todo o mundo há mais de 2000 anos - é o que se chama a «diáspora». Porém, foi só nos fins do século passado que se espalhou a ideia de um Estado judeu baseada unicamente na ideia da terra «prometida».
Foi no fim do século passado que nasceu o movimento sionista. Porque razão só nesta altura? Trata-se simplesmente de um acaso ou haverá causas profundas para esse acontecimento? [...]
O sionismo é uma consequência das grandes alterações históricas que se verificaram na Europa. É uma reacção da burguesia judaica tradicional contra as burguesias europeias locais (principalmente na Europa Oriental) que se lançaram na luta pela direcção da economia. A burguesia judaica foi eliminada pouco a pouco dos sectores económicos que ocupava.
É neste sentido que podemos definir o sionismo como o movimento nacional burguês judaico à procura de um mercado próprio.
Esta luta assumiu muitas vezes o aspecto do mais violento anti-semitismo por parte dos europeus não judeus.
Por isso, a «questão judaica» é também uma questão económica. É a concorrência entre duas burguesias pela conquista de mercados.
Inquietos com esta situação, alguns intelectuais judeus lançam a ideia de reunir os judeus de todo o mundo numa determinada região (no Uganda, na Argentina ou na Palestina), permitindo desse modo à burguesia judaica o domínio de um mercado exclusivo, à sua escala. O famoso «slogan» sionista que dizia que era preciso descobrir «uma terra sem povo para um povo sem terra» deve, portanto, entender-se como a necessidade de criar um mercado de propósito para uma burguesia sem mercado. [...]
O sionismo tinha de lutar também contra as tentativas e as tentações de integração dos judeus da Europa; daí a ambiguidade e a confusão deliberada entre judeus e sionistas, entre anti-sionismo e anti-semitismo.
«O sionismo não é apenas uma ideia geral, nem uma concepção filosófica e religiosa mas sim essencialmente uma luta contra a integração» - Ben-Gurion, «Gazeta anual do Estado de Israel», 1952."
(Excerto do Cap. II, O sionismo)
Índice:
Resumo histórico: Algumas observações. I - Alguns dados sobre a Palestina. II - O Sionismo. III - Fase inicial da implantação sionista na Palestina. IV - O mandato britânico na Palestina (1920-1948). V - A guerra de 1948. VI - O após-guerra e a crise do Suez. VII - Da guerra do Suez à guerra dos Seis Dias. Israel e o imperialismo. Cronologia sumária.
Novos aspectos da luta: 1 - As quatro guerras de agressão desencadeadas por Israel. 2 - O petróleo, uma arma poderosa nas mãos dos povos árabes. 3 - O petróleo e a justa causa dos povos árabes. 4 - Os maiores inimigos dos povos árabes. 5 - O conluio das duas superpotências contra a luta dos povos árabes. 6 - Os «planos de paz» das duas superpotências. 7 - Amigo verdadeiro ou inimigo perigoso?
A vos da resistência: 1 - A libertação faz-se por etapas. 2 - A luta entre as duas linhas no seio da resistência. 3 - O nascimento e a doutrina da El Fatah.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
15€