30 setembro, 2020

GOMES, Dr. João Carlos Celestino - A FISIONOMIA DA MORTE. Conferência proferida na Sala nobre da Companhia Portuguesa Editora L.da, do Porto, na noite de 10-4-931. Capa desenhada por Cândido Craveiro. Porto, Companhia Portuguesa Editora, L.ᵈᵃ, MCMXXXII [1932]. In-4.º (24 cm) de 41, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Interessante conferência do autor, tendo por base a sua tese de doutoramento apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa de Celestino Gomes ao Doutor Carlos Lopes.
Livro ilustrado ao longo do texto com desenhos esquemáticos, e fotogravuras reproduzindo "máscaras da morte" de conhecidas figuras nacionais, entre outros, Mousinho de Albuquerque, Sousa Viterbo, João Chagas, Alexandre Herculano e Guerra Junqueiro, e personalidades estrangeiras, como J. J. Rousseau, Marat, Napoleão, Wellington, Beethowen, etc.
"Diante da morte a gente descobre-se, a gente ajoelha, a gente chora. [...]
Em todo-o-mundo existe um fetichismo fúnebre. E a crença popular que tudo embruxa de sortilégios, criou todo o patético que urdiu a obra nevrótica de Poë: são vidros que se quebram, rumores que se produzem, no momento do trânzito, como avisos a distância. É o ar-dos-mortos, desprendendo-se do defunto a tolher quem quede à sua beira. É a convicção de que, quando o assassinado cai de bruços, o criminoso não pode afastar-se até que seja tomado pela Justiça e as mais que já andam nos provérbios, de que «quem com ferro mata, com ferro morre» e «quem morte alheia espera, a sua lhe chega».
Mas o que é a morte? [...]
O que dela se sabe é pouco para estabelecer uma segura definição e é muito o que se não sabe para que diante da incógnita venham curvar-se todas as frontes. E aqui se travam os combates os combates dos cientistas sempre em desacordo nos grandes problemas. Quando é que verdadeiramente se está morto? [...]
A chamada morte aparente é, também, um estado tão semelhante à morte rial, havendo tal dificuldade em os distinguir nitidamente... [...]
No que todos estão de acordo, não faltando mesmo o depoïmento de alguns enterrados vivos em morte aparente que regressaram à vida e puderam escapar à morte rial, é que nêste estado de morte aparente existe uma hiper-lucidês que permite sentir, compreender tudo quanto à volta do indivíduo se passa... [...]
Fisicamente, sabemos, o momento da morte é marcado de maneira bem diferente, mais ou menos longo em sofrimento. Mas esta fase de sofrimento físico cessa ainda antes da morte rial, do aniquilamento. Porém se aquela sensibilidade espiritual, consciente, vai além da Morte - aparente ou rial o substantivo é o mesmo - se, por outro lado, a contractilidade muscular e a vitalidade nervosa são um facto, não faltando para nós mais que a continuidade dinâmica, porque não há-de a fisionomia do morto ser a despedida plástica e extática do seu último sentir reprodutível?
Diante da Morte, certamente, cada homem há-de ter a sua psicologia e sua atitude, sua consciência. Daqui, que admiração se a máscara da morte estiver sujeita a êsses factores primordiais, se a fisionomia dos mortos revelar alguma coisa mais do que o adormecimento, a paz!"
(Excerto da Conferência)
João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo, 1899 - Lisboa, 1960). "Foi um médico, professor, escritor e pintor português. Pertence à segunda geração de artistas modernistas portugueses. Foi pintor e ilustrador, área em que utilizou o nome João Carlos; escreveu sobre medicina; dedicou-se à literatura de ficção, à crítica e história da arte, sob o nome "Celestino Gomes".
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro e muito curioso.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
35€

29 setembro, 2020

LEMOS, Dr. Tovar de - TERMINADA A GUERRA. A obra de Reeducação dos Mutilados de Guerra. Sua integração na vida social. (Resultados obtidos. O que é preciso fazer). [Lisboa], Cruzada das Mulheres Portuguezas : Instituto de Arroios, 1920. In-8.º (21,5 cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição.
"Conferencia feita na Sociedade de Geografia de Lisboa, no dia 18 de Dezembro de 19189, pelo Dr. Tovar de Lemos, Sub-delegado de Saude em Lisboa, Director do Instituto de Arroios para reeducação dos mutilados da Guerra e membro do Comité Permanente Inter-aliado para estudo das questões referentes aos Invalidos da Guerra, etc."
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor "a S. Exª o Presidente da Republica Dr. Antonio José d'Almeida".
"A obra da Reeducação dos nossos Mutilados de Guerra, é arvore que tem raizes, tem caule, tem folhas, tem flôres, tem frutos.
As raizes são as origens: o tronco a obra em si; as folhas, as referencias, os elogios, as censuras possiveis, emfim orgãos que mascaram por vezes a feialdade dos troncos e dão á vista a impressão de beleza das arvores; as flôres, é o que se vê, os homens estropeados trabalhando, os amputados cultivando os campos, produzindo nas oficinas, etc.
Os frutos, são os resultados obtidos, as conclusões, os ensinamentos e dos quaes extrairemos a semente que irá beneficiar outros invalidos.
Devidirei pois a minha palestra em duas partes:
Na 1.ª tratarei de dizer o que foi essa obra.
Na 2.ª tratarei do que se poderá e deverá fazer entre nós sob o ponto de vista de assintencia aos mutilados e não já da guerra, mas a todos os outros, vitimas de desastres, acidentes de ttrabalho, etc., afim de a integrar na organisação social do tempo de paz."
(Excerto da introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Apresenta vinco vertical, como se estivesse estado dobrado.
Raro.
Indisponível

28 setembro, 2020

MATTOS, Julio de - ALLUCINAÇÕES E ILLUSÕES. Ensaio de psychologia medica. Por... Medico adjuncto do Hospital de Alienados do Conde de Ferreira, Socio Correspondente da Academia Real das Sciencias, da Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa e Membro Associado Estrangeiro da Sociedade Medico-Psychologica de Paris. S. Paulo, Teixeira & Irmão - Editores, 1892. In-8.º (21 cm) de 96 p. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho publicado pelo autor em S. Paulo, Brasil, e por si dedicado "aos estudantes de medicina portuguezes e brazileiros".
Esta pode ser considerado uma primeira edição, já que foi completamente restruturada, alterada e muito acrescentada, pouco sobrando do folheto original, publicado em 1880, com o título Allucinações.
"Este livro não é propriamente uma reedição do que, sob titulo de Allucinações, publiquei em 1880 n'uma tiragem extremamente limitada. Dos onze annos que me separaram d'essa data, perto de nove teem decorrido para mim no internato de um hospital de alienados; e esse tempo de experiencia, permittindo-me tomar do assumpto um conhecimento mais intimo, fez-me comprehendel-o melhor e sentir a importancia dos seus aspectos clinico e medico-legal, esquecidos no antigo trabalho e agora postos em relevo.
Assim, posso dizer que do primitivo estudo aproveitei muito pouco para esta edição definitiva. Escrevi capitulos novos, modifiquei pontos vista nos antigos de, dei um logar importante aos resultados colhidos pelo emprego da suggestão hypnotica na provocação experimental das allucinações, emfim alterei a propria fórma litteraria n'um intuito de maior clareza, tendo em vista que os estudantes de medicina constituirão naturalmente a maioria dos meus leitores."
(Excerto do Prefacio)
Indice:
Prefacio. | I - Definições e divisões. II - Etiologia. III - Theorias pathogenicas. IV - Frequencia e valor clinico. V - Medicina legal.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel marginais. Miolo correcto. Deve ser encadernado.
Raro.

Indisponível

27 setembro, 2020

ALMEIDA, Alberto Augusto de - A ARTILHARIA PORTUGUESA NA GRANDE GUERRA (1914-1918). [Pelo] Tenente-Coronel de Artilharia... Prefácio do Ex.ᴹᴼ General Carlos Vidal de Campos Andrada, Director da Arma de Artilharia. Separata da Revista de Artilharia (1967-1968). In-8.º grd. (22,5 cm) de 286, [2] p. ; [5] mapas desd. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Obra de referência sobre a intervenção da artilharia portuguesa na Grande Guerra. Trata-se talvez da obra mais completa que sobre este assunto se publicou entre nós.
Ilustrada no texto com fotogravuras, quadros, tabelas e diagramas, e em separado, com os seguintes mapas desdobráveis:
- Zona do Norte da França e da Bélgica onde estiveram as tropas do C. E. P.  durante a Grande Guerra (30,5x63cm). Escala: 1/320 000.
- O sector do C. E. P. (22,5x30cm). Escala: 1/100 000.
- Dispositivo da infantaria e da artilharia da 2.ª Divisão no dia 9 de Abril de 1918 : Sectores de Fauquissart - Neuve-Chapelle - Ferme du Bois (40x43cm). Escala: 1/30 000.
- Teatro das operações de Angola (1914-1915) (23x30cm).
- Teatro das operações de Moçambique (1914-1915) (17x22,5cm).
"Na primeira parte do trabalho começa por ser explicado como, em consequência do pedido feito pela França, sem Setembro de 1914, da cedência de algum do nosso material de artilharia de campanha de modelo bastante recente para a época (peça de 7,5 cm em T. R. m/904), o Governo português, de acordo com a opinião do Ministro da Guerra, o General Pereira d'Eça, resolveu não fornecer aquele material sem que fosse guarnecido por artilheiros portugueses; e como o Exército não veria com bons olhos a cooperação de uma só Arma, propôs o envio de uma Divisão. Como esta proposta tivesse sido aceite pelo Governo inglês, começou a ser organizada, em fins de Novembro de 1914, a chamada «Divisão Auxiliar» à França.
Por vários motivos, entre os quais avultam as perturbações internas da natureza política, a organização dessa Divisão parou em Março de 1915, e só depois da declaração de guerra pela Alemanha, em 9 de Março de 1916, é que os respectivos trabalhos voltaram a ter andamento com a criação da chamada «Divisão de Instrução» concentrada em Tancos, da qual nasceu depois o «Corpo Expedicionário Português (C. E. P.)». A seguir indica a organização do C. E. P., em Artilharia, e faz uma descrição do C. E. P. para melhor compreensão dos acontecimentos que ocorreram durante o tempo em que as nossas tropas o ocuparam.
Descreve depois a acção da nossa artilharia ligeira e pesada do C. E. P., desde o início da sua instrução em França e Inglaterra, até ao armistício em 11 de Novembro de 1918.
Por fim é feita a história do Corpo de Artilharia Pesada Independente (C. A. P. I.) destinado a cooperar com o Exército francês, mas que, por vários motivos, acabou por ser fraccionado em 2 Grupos que, depois de receberem instrução do respectivo material inglês, se destinavam a ser incorporados no C. A. P. do C. E. P., o que não chegou a efectivar-se devido ao armistício.
Na segunda parte deste trabalho, descreve-se a acção da nossa artilharia que fez parte das expedições a Angola, Moçambique e Cabo Verde, nas quais se destacou o Regimento de Artilharia de Montanha, que nelas tomou parte muito activa."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e militar.
Indisponível

26 setembro, 2020

PEDROSO, Magalhães - LIÇÕES DE DANÇA. Por... Professor de dança. Um método que ensina a dançar: Marcha - Paso doble - Fox - Tango - Valsa - Bolero - Rumba - Baião - Samba - Twist - Mambo - Rock - Cha-Cha-Cha - Yé-Yé. [S.l.], [s.n.], [1969?]. In-4.º (26x21 cm) de [1], 79 f. il. ; B.
1.ª edição.
Interessante manual de dança, policopiado, seguro por atilho rosa. É composto por 79 folhas dactilografadas à frente. Inclui uma pequena folha volante com o título "Importante", que contém instruções para a correcta utilização do manual.
Ilustrado ao longo de texto com desenhos esquemáticos e alguns bonitos esboços de pares dançantes.
"Estas Lições têm o fim de uma maneira simples  e compreensível habilitar a dançar correctamente quem nunca praticou a Dança de Salão ou a corrigir aqueles que a executam deficientemente e que também desconhecem as suas mais elementares regras, apesar de frequentarem bailes.
Seguindo com exactidão as instruções e conselhos que se dão neste livro, é seguro o êxito e os resultados são absolutamente positivos."
(Excerto da Introdução)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar registado no seu acervo.
Indisponível

25 setembro, 2020

DÉSORMEAUX, Dr. - VIRGINDADE E DESFLORAÇÃO.
[Por]... 8.º milhar
. Lisboa, Livraria de João Carneiro & C.ta, [190?]. In-8.º (18,5 cm) de 48 p. ; B. Biblioteca Scientifica Sexual - N.º 1
1.ª edição.
Curioso estudo "científico" sobre a virgindade e desfloração, publicado na primeira década do século XX.
"Em todos os tempos e em quasi todos os povos a castidade tem sido uma das virtudes mais eminentes, a que mais approxima o homem da perfeição.
Ao acto da procreação liga-se em geral a idéa de uma funcção puramente animal, que parece rebaixar a nossa especie á cathegoria dos irracionaes. [...]
Este esforço de temperança, que manifesta o poder da alma sobre os sentidos, é geralmente admirado.
É certo que a castidade conserva o vigor das funcções vitaes em todo o organismo, ao passo que o abuso dos prazeres sexuaes, o demasiado derramamento de licor seminal produz effeitos quasi analogos aos da castração: enfraquecimento geral, desanimo, impotencia, pusilanimidade, e uma fecundidade de imaginação que exagera os menores perigos e succumbe aos mais insignificantes contratempos."
(Excerto do Cap. I, Virgindade e Castidade)
"Quando um homem emprega a violencia para gosar uma donzella - o que se chama violação - só podem encontrar-sse signaes de desfloração se o exame se fizer pouco tempo depois de commettido o attentado; passados tres ou quatro dias podem não restar já vestigios alguns. [...]
A violação só existe quando o homem emprega a brutalidade , a força, paragosar uma mulher contra a sua vontade; ao passo que a simples desfloração commette-se com o consentimento da mulher, que se entrega por prazer, por capricho, ou por qualquer outra causa, mas sempre por sua livre vontade. [...]
Muitas vezes, individuos accusados de violação são apenas culpados de não accederem aos desejos d'aquella que os accusa.
A historia das mulheres offerece d'isso bastantes exemplos e algumas não teem duvidas apregoar a sua infamia, logo que tiveram conhecimento da condemnação do homem que as suas falsas declarações haviam feito julgar culpado.
Tomem pois os homens muita cautela nas suas relações intimas com mulheres. Ha tanto perigo em procurar favores d'uma mulher como em recusal-os e o home tanto pode ser victima da sua boa-fé, como do seu immoderado desejo de gosos sensuaes."
(Excerto do Cap. II, Violação - Desfloração)
Summario:
Virgindade e Castidade - Desfloração e violação - Casos de violação - Attentados contra o pudor - A violação no casamento - A infibulação protectora da virgindade.
Exemplar brochado em bom estado de consrervação. Assinatura de posse na f. anterrosto.
Raro.
25€

24 setembro, 2020

GUERRA, Miguel - A CULPA
. Lisboa, [Livraria Central, Editora], 1932. In-8.º (19 cm) de 55, [1] p. ; B. Col. As Nossas Novelas, I
1.ª edição.
Novela rural publicada pela Livraria Central de Lisboa. Julgamos que não saiu mais nenhum número desta colecção, apesar do editor dar notícia de uma outra "em preparação para sair brevemente" do mesmo autor, de quem não foi possível apurar quaisquer informações bio-bibliográficas.
"A lua, no horisonte, a poente, lentamente ia desaparecendo, levando a claridade do luar, apagando-se assim os reflexos vivos de luz em candências esfumadas sôbre o mar.
Ondas maneiras e medrosas, vinham lânguidas e lentas; e, sempre continuadas por outras que, umas após outras se formavam, partindo-se e desfazendo-se, vindo sob a fria fervura da pratiáda escuma, desfazer-se por fim, na enorme praia deserta, levemente manchada por caprichosas nuvens, que a fraca aragem, lentamente arrastava para as bandas do sul.
Para leste, um continuádo de montes e vales, onde predominavam altaneiros e frondosos, grandes pinhais - manchas nítidas de verde escuro e frio.
Nalguns declives e clareiras havia velhos casais ainda adormecidos."
(Excerto do início da obra)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado. Sem f. anterrosto.
Raro.
Sem registo na BNP.
15€

23 setembro, 2020

CID, Sobral - A VIDA PSÍQUICA DOS ESQUISOFRÉNICOS.
Por... Separata do Jornal da Sociedade das Sciências Médicas de Lisboa. (Tômo LXXXVIII - Março a Maio de 1924)
. Lisboa, Tip. da Emprêsa do Anuário Comercial, 1925. In-4.º (26 cm) de 61, [3] p. ; B.
1.ª edição independente.
Conferência feita em Coimbra na Sala dos Capelos da Universidade em 16 de Março de 1924.
"Inteligir a vida psíquica dos esquizofrénicos, apreender e compreender o seu mundo interior, conhecer os sintomas e a pessoa que os vivencia, eis o tema da conferência. A "perda de contacto com o mundo real", a atitude de alheamento da personalidade considerada no seu conjunto, permite tornar "clara e inteligível a sintomatologia". Neste sentido, em Sobral Cid, parte-se do global, da relação eu/mundo, num sentido fenomenológico, para depois descer e analisar os sintomas particulares. Isto é, a apreensão da personalidade, no seu modo de existir, deve anteceder o reconhecimento de cada sintoma."
(Fonte: Wook)
"Nem tôdas as psicoses oferecem a mesma dificuldade à análise psicologica; e, muito embora a afirmação tenha o seu quê de paradoxal, pode dizer-se que a sintomatologia psíquica da maior parte delas é facilmente inteligível e até acessível à compreensão dos profanos. [...]
Dificuldade alguma há em compreender os conteudos ideo-emocionais das psicoses afectivas - o «sans-gêne» do excitado maníaco, ou a penosa concentração do melancólico nos monótonos têmas dolorosos que lhe entenebrecem o espírito. Estes alienados não só fàcilmente os compreendemos, mas até, possivelmente, os «sentimos», co-vibrando simpàticamente com êles e afinado o nosso humor pela sua tonalidade afectiva."
(Excerto da Conferência)
José de Matos Sobral Cid (Cambres, Lamego, 1877 - Lisboa, 1941), mais conhecido por Sobral Cid, foi um médico e professor de Psiquiatria da Universidade de Coimbra. Exerceu as funções de governador civil do Distrito de Coimbra (1903-1904) e foi Ministro da Instrução Pública em dois dos governos da Primeira República Portuguesa (1914). Como professor universitário, criou a escola portuguesa de psicologia clínica, fundamentada na semiologia psiquiátrica, na definição de conceitos psicológicos, assente numa prática de clínica humanizada que valoriza a relação entre médico e doente sem perder o sentido médico da psiquiatria e as suas bases biológicas."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado de conservação. Sem capas e f. anterrosto. Deve ser encadernado.
Raro na edição original.
Indisponível

22 setembro, 2020

AMARAL, Eloy do - BOCAGE. Fragmento de um estudo auto-biographico. Por... Figueira, Imprensa Lusitana de Augusto da Veiga, 1912 [capa, 1913]. In-8.º (23,5 cm) de 40 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante peça bocagiana. Edição original, impressa na Figueira da Foz, deste curioso estudo biográfico e poético sobre Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), poeta árcade natural de Setúbal.
Ilustrado com um retrato de Bocage em página inteira.
"Ha sobre a vida, epoca e obra do glorioso Elmano, trabalhos d'um alto valor litterario e historico, como os de Rebello da Silva, dr. Theophilo Braga e Pinheiro Chagas, mas estes, além de serem muito extensos e largamente documentados, não são como o nosso, um estudo auto-biographico, onde quasi que exclusivamente aproveitámos os versos do poeta, conseguindo dar assim, em poucas paginas, uma synthese biographica d'essa extranha e complexa individualidade poetica do seculo XVIII, d'esse famoso vate tão sublime de inspiração e lyrismo, tão vibrante na satyra e no epigramma, incomparavel no soneto, e, como dissémos tambem em algumas linhas para acompanhar o retrato do genial bardo sadino, o mais legitimo representante do repentismo poetico nacional.
É sempre agradavel ter occasião de pôr em evidencia o estro fecundo e admiravel de Elmano, tanto mais que elle é ainda para muitos sómente o poeta chocarreiro dos botequins e dos terreiros dos conventos, o bohemio das arruaças, turbulento e audacioso, sempre em companhia de fidalgos estouvados e frades foliões, quando não apenas conhecido por simples brégeiro.
E é a mulher, a mulher por quem elle tinha um verdadeiro culto, que cantou com tanto enthusiamo, tão lindamente, tão apaixonadamente em estrophes d'oiro, ao som mavioso da sua lyra vibrante  de inspiração e sentimento, que mais conserva essa deploravel tradição e mais desconhece o cantor da emocionante e sentida historia da morte de Leandro e Hero!"
(Excerto do Preambulo)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com defeitos marginais. Assinatura de posse na 1.ª página de texto.
Raro.
20€

20 setembro, 2020

BESSA, Alberto - ALMEIDA GARRETT NO PANTHEON DOS JERONYMOS. Historia dos trabalhos de propaganda para a grande manifestação nacional de homenagem ao visconde Almeida Garrett, dando-se-lhe sepultura condigna do seu alto merito, no grandioso templo de Santa Maria de Belem. Por... Secretario do Conselho Director da Sociedade Litteraria «Almeida Garrett»... (Com um "fac-simile" do testamento do grande poéta). Lisboa, Typographia - Casa Portugueza - Papelaria, 1902. In-4º (24 cm) de 45, [3] p. ; [2] f. desd. ; il. ; B.
1.ª edição.
Livro ilustrado com fotogravuras ao longo do texto, onde se destaca o jazigo mandado construir por Almeida Garrett no Cemitério do Alto de S. João, e em separado, o fac-símile em folhas desdobráveis, de grandes dimensões a primeira (35x42 cm), e menor a segunda (35x21 cm), impressas frente e verso, reproduzindo o testamento manuscrito do grande vate português.
"Este opusculo nasceu da necessidade impreterivel, reconhecida pelo auctor, de se fazer uma historia e de se instaurar um processo: - a historia dos trabalhos levados a cabo para se conseguir a trasladação de Garrett para os Jeronymos, e o processo referente á pretendida vontade expressa do poéta acerca da sua ultima morada."
(Excerto de A ultima morada do poéta)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Com interesse garrettiano.
30€

19 setembro, 2020

BAPTISTA, Henrique - A MENTIRA COMUNISTA. Porto, Edição do Autor - Depositário: Casa Editora de A. Figueirinhas, L.da, [1937]. In-8.º (19 cm) de 274, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Obra anti-comunista, publicada em pleno período de guerra civil em Espanha, dois antes da eclosão da 2.ª Guerra Mundial. Oferecida pelo autor - oficial do Exército Português - aos Oficiais do Exército, aos Legionários, aos Educadores da Mocidade Portuguesa, aos Professores de Educação Cívica e aos Párocos.
"Do muito que lêmos e dalguma coisa que estudámos, forrageámos alguns dos argumentos vélhos e rélhos com que se combateu, combate, e deve continuar a combater-se ainda, hoje mais que nunca, nesta hora inquieta que passa, oo socialismo revolucionário de diversos feitios e matizes que por aí se apregoa, como devendo ser o regime social futuro - quod Deus avertat. [...]
As vélhas doutrinas comunistas e comunizantes, na pena e na bôca dos apóstolos que mais ou menos conscientemente ou, melhor, inconscientemente apregoam como a última palavra da ciência social, proclamando sentenciosamente que são uma verdade indiscutível, e que a sua execução é uma necessidade urgente e inadiável para pôr fim às angústias e intranqüilidade da hora presente, são uma crassa mentira, como mostraremos."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Dedicatória. | Prefácio.| O comunismo utópico. | A base da mentira comunista. | O Estado Comunista. | A Propriedade colectivista. | Luta contra o capitalismo. | A evolução política e social. | A mentira da igualdade. | O trabalho comunista. | A moral social. | A luta de classes é uma mentira. | O materialismo histórico é outra mentira. | A ditadura do proletariado é mentirosa e falsa. | Uma mentira grosseira. | O Marxismo. | A mentira sindicalista. | O anarquismo é um crime.  Experiências. | A Família. | A Pátria. | Antídotos. | Conclusão. | Últimas palavras.
Encadernação simples com a lombada e cantos revestida de tecido. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Dedicado e assinado na f. rosto e anterrosto (não do autor). Pastas desgastadas nas margens.
Invulgar.
15€

18 setembro, 2020

SANTOS, Costa - SOBRE BARBEIROS SANGRADORES DO HOSPITAL DE LISBOA. [Por]... Médico dos Hospitais. Separata dos «Arquivos de Historia de Medicina Portuguêsa». Pôrto, Tip. a vapor da «Enciclopédia Portuguesa», 1921. In-4.º (24 cm) de 74 p. ; B.
1.ª edição independente.
Importante subsídio para a história da medicina entre nós, em particular da cirurgia, exercida pelos barbeiros sangradores, e os regulamentos e desempenho da profissão desde os primórdios até à sua extinção, em 1870 - corolário da decadência em que entrou a actividade com a criação das Escolas de Cirurgia, em 1836, transformadas mais tarde em Escolas Médico-Cirúrgicas.
Livro impresso em papel de superior qualidade, muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Prof. Dr. Celestino da Costa.
"Durante quasi quatro séculos se usou e abusou copiosamente da sangria no Hospital de Lisboa, não só em observancia á regra geral mas também, e muito principalmente, por na instituição hospitalar se haver estabelecido uma verdadeira escola de sangradores.
Quanto ao então generalizado emprego da sangria, ninguem melhor e com mais propriedade do que o nosso Gomes Lourenço o assinalou em meado do século XVIII por estas palavras:
«Dos remedios para socorro das enfermidades neste nosso Reino de Portugal o mais usual é a sangria, desorte frequentado que quazi se póde chamar remedio universal,...» [...]
Pelo que diz respeito mais especialmente á historia dos barbeiros sangradores do hospital citadino, encontrámos no importante Arquivo do Hospital de S. José matéria documental de imensa valia, porquanto, além de nos permitir desvendar as várias e sucessivas fases que atravessou a influencia da classe dos sangradores nos serviços clinicos hospitalares, prova fartamente a existencia duma escola-oficina de sangradores á custa do Hospital cuja importancia julgamos desnecessario encarecer.
Dizemos escola-oficina de sangradores porque os alunos não se limitavam a seguir as explicações dos mestres barbeiros e a vêr o que estes faziam, praticavam a sangria in anima vili e em tal abundancia que frequentes vezes a administração hospitalar julgou de seu dever intervir com medidas coercivas as quais não logravam, infelizmente, pôr termo á inconsciente audacia dos barbeiros."
(Excerto do Cap. I)
Matérias:
I - O abuso da sangria - Funções do barbeiro sangrador do Hospital - Primeiros barbeiros hospitalares - Início da escola de sangradores - Regimento do Barbeiro.
II - Confraria de S. Cosme e S. Damião - Regimento das enfermarias - Mortalidade de Lisboa em 1620 - Outros barbeiros do Hospital - Regimen dos praticantes de cirurgia e de sangria de 1694.
III - Cirurgiões exclusivamente encarregados de sangrar - Qualificações dos mestres de sangria em 1744 - Renovação do regulamento de 1694 para a matricula dos praticantes - A administração do Enfermeiro Mór D. Jorge Machado Mendonça - Novo regulamento dos praticantes de cirurgia, sangria e anatomia em 1760.
IV - Ultimos sangradores do Hospital - Supressão do lugar de mestre de sangria do Hospital - Extinção da profissão de sangrador [1870].
Sebastião Costa Santos (1882-1939). Médico português. Formado pela Escola Médico Cirúrgica de Lisboa. Poeta e historiador de Medicina. Chefiou o arquivo do Hospital de S. José entre 1916 e 1918. Publicou diversos trabalhos, sobretudo de índole histórica. Entre outros: O arquivo do Hospital de São José; Catálogo dos provedores e enfermeiros-mores do Hospital Real de Todos os Santos e do Hospital de São José; A Escola Cirúrgica do Hospital Real de Todos os Santos; A evolução de uma doutrina médica - o humorismo; O início da Escola de Cirurgia do Hospital Real de Todos os Santos; Lister e a sua obra; Os mestres da anatomia e o ensino da cirurgia no Hospital Real de Todos os Santos no século XVIII; Sobre barbeiros sangradores do Hospital de Lisboa.
Exemplar em brochura bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

17 setembro, 2020

BARROSO, P.ᵉ Domingos - O PERGIGUEIRO PORTUGUÊS. 2.ª edição : revista e aumentada. Porto, Gazeta das Aldeias, 1962. In-8.º (19,5 cm) de 174, [4] p. ; [1+32] f. il. ; B.
Monografia sobre o Perdigueiro Português, uma das mais completas e emblemáticas obras de canicultura que sobre a raça se publicou entre nós. Trata-se da segunda edição, preferível à primeira porque mais aumentada em texto e gravuras.
Ilustrada em separado com o retrato do autor + 32 estampas reproduzindo desenhos e fotografias de magníficos exemplares da raça.
"A Paleontologia prova-nos que o cão existe sobre a terra pelo menos desde o tempo em que sobre a mesma terra existe o homem.
Mais: - que, já nas recuadas épocas da Pré-história, havia diferentes raças de cães, possìvelmente também com diversas utilizações.
Mas, donde nos veio ele ou, se alguém o prefere, donde nos vieram elas?
As opiniões dividem-se. Uns dizem-no oriundo do lobo."
(Excerto do Cap. I, A origem do cão)
"Quando nasceu o perdigueiro?...
Perguntar não custa muito. O responder é que às vezes tem as suas dificuldades. [...]
A acção do cão, na caça das aves como em qualquer outra, tem forçosamente que ser modelada por e para os nossos meios de ataque.
E o primeiro de todos os meios de ataque à disposição do homem que a nós, europeus, parece exigir um perdigueiro foi, com certeza, a altanaria. Podia, por isso, muito bem ter nascido com ela. A asa e a garra dos voláteis de presa são o complemento natural do olfacto do cão."
(Excerto do Cap. II, Se o cão foi logo o perdigueiro)

Índice: Uma conversa em família. | I - A origem do cão. II - Se o cão foi logo o perdigueiro. III - Se o perdigueiro nasceu na Ásia. IV - De quando e onde nasceu o perdigueiro. V - Da facilidade de certas transmutações. VI - De como o sabujo se porta na berlinda. VII - Em que o cão de água nos dá um ar da sua graça. VIII - De um fidalgo cem por cento, que não tem a certeza quem seja seu pai. IX - De um pobre de Cristo caído nas bocas do mundo e das queixas que o mundo alega. X - Em que se encontra um cavalheiro de nome podengo. XI - Em que o leitor pode descansar um bocadinho, a ver a paisagem. XII - Em que o podengo encarrilha, definitivamente, no caminho do perdigueiro. XIII - De uma pergunta, encontrada à ventaneira... XIV - ... e uma resposta pelo sistema de conta-gotas. XV - Duma boa cara e dum bom coração... XVI - Enfim, o nosso perdigueiro! XVII - Uma silhueta que se recomenda. XVIII - Aromas e cabeças. XIX - Cabeças e aromas. XX - Uma conformação robusta. XXI - Semelhanças ou diferenças? XXII - Esperteza e instinto. XXIII - Sua humildade e mais partes. XXIV - Da sua precocidade. XXV - Do ensino a dar-se-lhes. XXVI - Degenerescência ou falta de cuidado? XXVII - Cruzamentos estranhos. XXVIII - A origem do pointer. XXIX - O que há a fazer?
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas sujas com pequenos defeitos.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível

16 setembro, 2020

OS CRIMES DE DIOGO ALVES E DA SUA QUADRILHA. Lisboa, Livraria Barateira : Rio de Janeiro, Livraria Schettim, [191-]. In-8.º (19 cm) de 14, [2] p. (inc. capas). Colecção Economica, V
1.ª edição.
História de Diogo Alves (1810-1841), famoso ladrão e assassino de origem galega, radicado em Lisboa. Opúsculo publicado na apreciada Colecção Económica da Livraria Barateira.
"Diogo Alves era hespanhol. Nascera em 1810 e era natural da Galiza; era filho d'Anselmo Alves e Rosa Alves, pobres, mas honrados trabalhadores que viviam modestamente do producto do seu trabalho.
Diogo, emquanto era pequeno, ajudava seus paes no amanho e cultura das terras que estavam confiadas á sua guarda, mas quando chegou á idade de 13 annos elles o mandaram vir para Lisboa que era então a terra onde os galegos conseguiam mais facilmente juntar algumas economias e crear o seu pé de meia que depois lhes permitia uma vida mais desafogada na sua terra natal onde ao cabo d'alguns annos voltavam com o producto da sua labuta."
(Excerto de Quem era Diogo Alves)
"Era o aqueduto das Aguas Livres o local escolhido e preferido por Diogo Alves para assaltar as vitimas que o acaso lhe deparava ou fazia cair nas mãos. Possuidor de chaves falsas que lhe permitiam abrir a qualquer hora as portas dos arcos ocultando-se, sahia ao encontro das pessoas que por ali passavam e preferiam aquelle transito ao da estrada ordinaria para as roubar e lançar depois do arco central que é o de maior altura."
(Excerto de Os crimes nos Arcos das Aguas Livres)
Matérias:
Quem era Diogo Alves. | A sua amante, «a Parreirinha». | Os crimes nos Arcos das Aguas Livres. | Os crimes são descobertos. |Outro crime na Estrella. | O marido da vizinha. | Um roubo singular. | Quem eram os ladrões. | O principal crime de Diogo Alves. | Como e onde foi planeado o crime. | A morte do creado Manuel Alves. | Prizão do "Enterrador". | O julgamento e a sentença. | A execução dos facinoras.

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa manchada no pé. Pelo interesse e raridade deve ser encadernado.
Raro.
Indisponível

15 setembro, 2020

OSORIO, Ana de Castro - EM TEMPO DE GUERRA. Aos soldados e ás mulheres do meu país. Lisboa, Editores - Ventura e Companhia, 1918. In-8.º (21,5 cm) de 142 p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de artigos publicados pela autora em diversos periódicos ao longo da Primeira Guerra Mundial, tendo como tema o empenho e participação da mulher portuguesa no conflito.
Junta-se folheto de propaganda à obra, exortando o público feminino à leitura.
"O nosso país está hoje oficialmente em guerra com a Alemanha e os seus aliados, embora desde o primeiro momento em que a França se sentiu ameaçada pela furia germanica, todos os portuguêses se sentissem de alma e coração com os povos, que representam a fraternidade de sangue e das tradições, que mais nos orgulham. [...]
Neste momento as mulheres portuguêsas, sem mais se preocuparem com as mesquinhas questões partidarias, fraternisaram imediatamente, pondo acima de todos os outros sentimentos o sentimento sacratissimo da Patria. [...]
Mal se pensou na mobilisação dos homens, logo as mulheres se apressaram a fazer uma espontanea mobilisação, que é o movimento mais belo, que em Portugal se tem produzido nos ultimos tempos da vida nacional.
A esse espontaneo e lindo movimento representado pela pequena Comissão Feminina Pela Patria, que arrostou com todos os reparos e más vontades das ideias iniciais, seguiu-se a explendida Cruzada das Mulheres Portuguêsas que começou os seus trabalhos com a publicação duma circular, largamente espalhada no país e colonias, que prova bem aos homens, não só os nossos patricios, como aos dos outros países, que a mulher portuguêsa não recuará ante nenhum sacrificio para honrrar o nome de Portugal e manter a sua integridade e a sua riqueza.
Sem uma hesitação, sem um protesto, ei-las que se apresentam com firmeza e com dignidade, afirmando aos homens de hoje, como as suas avós o afirmaram, por certo, aos que iam em demanda de novas rótas e países mal entrevistos em sonhos de grandeza, que podem partir confiadamente deixando ás suas mulheres o encargo, não menos glorioso, de fazer dos seus filhos cidadãos portuguêses e de cuidar da terra, que os hade acolher e sustentar de volta."
(Excerto de Portugal em guerra)
Indice:
Antes de abrir. | A nossa missão. | Portugal na guerra. | Acção feminina. | Libertação feminina. | Trabalho feminino. | Questões de educação. | Mobilização feminina. | Assistencia feminina. | Raça portuguesa. | Patria. | Que fazer? | Na inauguração da Primeira Casa de Trabalho da «C. M. P.».
Ana de Castro Osório (1872-1935). "Escritora, feminista e ativista republicana. É considerada a fundadora da literatura infantil no nosso país. Escreveu alguns livros que foram utilizados como manuais escolares e publicou ainda uma obra marcante na sua época, a coleção Para as Crianças, que lhe ocupou perto de quatro décadas de trabalho. Outros títulos dignos de realce são A Minha Pátria, As Mulheres Portuguesas (em que alia o feminismo a uma postura patriótica) e A Mulher no Casamento e no Divórcio (uma tomada de posição sobre a problemática do divórcio, que seria objeto de legislação por parte de Afonso Costa, e em que colaboraria). Ana de Castro Osório criou ainda a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas."
(Fonte: wook)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Capa frontal manchada, com pequenos rasgões e falha de papel à cabeça. F. anterrosto e f. índice sem pedaço de papel (cerca de 1/6). Pelo interesse e raridade deve ser encadernado.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível

14 setembro, 2020

GARRETT, Francisco Lancastre de Almeida - ESTRADAS : antigas e modernas. Sua construção e reparação. [Por]... Visconde de Almeida Garrett. [S.l.], Missão de Estudo na Junta Autónoma das Estrada : Direcção de Estradas do Distrito do Porto : Setembro - Dezembro de 1930, [1931]. In-4.º (24,5 cm) de 114, [2] p. ; [9] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Rara e interessante monografia sobre a construção e conservação das estradas. Estudo pioneiro elaborado em época de grandes transformações rodoviárias, pouco tempo após a criação da JAE.
"Com a criação da Junta Autónoma de Estradas em 1927 foi proposta uma divisão das estradas nacionais em duas classes. Aquela proposta foi implementada no plano estabelecido em 1933. Por este plano passaram a existir estradas nacionais de 1ª e de 2ª classe. As estradas de 1ª classe, constituiriam a malha principal da rede, ligando Lisboa, as capitais de distrito entre si e outros locais de importância nacional. As estradas de 2.ª classe (correspondendo, grosso modo às antigas estradas distritais do plano de 1889) ligariam, essencialmente as capitais de distrito às suas sedes de concelho e a outros locais de importância distrital. Além disso continuaram a existir as estradas municipais (ligando as sedes às outras povoações dos concelhos) e os caminhos vicinais (correspondendo aos anteriores caminhos públicos)."
(Fonte: wikipédia)
Foram desta obra tirados 170 exemplares, numerados de 1 a 170 e rubricados pelo autor. O presente leva o n.º 96.
Livro ilustrado ao longo do texto com tabelas e desenhos esquemáticos, e em separado, com 9 estampas impressas sobre papel couché reproduzindo fotogravuras da época.
Estampas: 1) S. Ex.ª o Snr. General Teofilo da Trindade visitando as obras da Estrada de Penafiel; 2) Cilindro-compressor «Fowler»; 3) Limpando com vassouras fortes o pavimento antes do lançamento de betuminoso; 4) Ventoinha para limpeza do pavimento. J. A. E. (Distrito do Porto); 5) Cilindro-compressor «Fowler» usado na J. A. E. (Direcção de Estradas do Distrito do Porto); 6) Fiscal observando os trabalhos de limpeza do pavimento; 7) Reparação das valetas na Estrada Ponte da Pedra à Trofa; 8) Um trecho da Estrada Ponte da Pedra à Trofa; 9) Um trecho da Estrada Porto - Vila do Conde.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. Gaspar Monteiro.
"Lendo os jornais de há bastantes anos, veríamos considerada como loucura a velocidade de 60 quilómetro por hora, velocidade que, pelos técnicos de então, fôra julgada inultrapassável. Hoje atinge-se 150, 180, etc., em estradas largas e duma construção perfeitíssima.
Se antigamente a estrada era considerada como a via terrestre mais barata, ela pode hoje ultrapassar no custo as mais caras linhas férreas. Nem em comodidade nem em velocidade se chegava há 60 e 80 anos, ao que hoje a engenharia moderna conseguiu, mercê de aturados estudos.
Mas, se os meios de transporte de então, a mala-posta e a deligência, eram considerados comodíssimos, êles são hoje para nós só relíquias. Hoje, em face dos progressos obtidos, chegamos a irritar-nos com um expresso cuja comodidade não seja absoluta, com um pequeno atrazo que sofremos, etc. Que formidável êste século XX, que grandeza no modo de tudo encarar da moderna geração!"
(Excerto de Como se viajou, como se viaja)
Índice:
Palavras prévias. | Introdução. História da Estrada: I - Como se viajou, como se viaja; II - Como nasceu a estrada; III - Como se chegou à moderna construção das estradas. | A moderna construção. I Parte - Como se constroem estradas em Portugal. II Parte - O que sôbre o assunto se faz no estrangeiro. | O que mais se poderia dizer. Palavras finais; O caminho de ferro e a estrada; O triangulo de turismo «Lisboa-Sintra-Cascais»; Estradas modernas no estrangeiro. | Bibliografia.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas "empoeiradas" com pequenos defeitos.
Raro.
Com interesse histórico e técnico.
45€

13 setembro, 2020

FERREIRA, Armando - AVENTURAS DE D. MARTINHO DE AGUILAR EM LISBOA. Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, [1939?]. In-8.º (19,5 cm) de 207, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso romance de cunho humorístico, um dos mais apreciados e vendidos do autor. Teve tiragem de várias edições (pelo menos quatro) com alguns milhares de unidades vendidas - um verdadeiro best seller na época.
"- Então doutor?
- Então doutor?
- Então doutor?
- Doutor, sempre há esperanças?
O médico a brincar com a corrente de ouro que lhe ornamentava o ventre, tinha o olhar longe, e permaneceu de fronte enrugada durante alguns minutos.
Suspensa de seus lábios estava uma sentença.
Três homens, rostos macerados por longas vigilias e horas de inquietação, aguardavam que as palavras da douta sumidade clínica os elucidasse sôbre a Vida e a Morte."
(Excerto do Cap. I, Em que o leitor assiste aos últimos momentos de D. Martinho de Aguilar em companhia de sua Excelentíssima família)
Armando da Silva Ferreira (Lisboa, 1893 - 1968). "Foi um engenheiro, jornalista e escritor português. Em 1918, foi nomeado como engenheiro do Ministério da Agricultura, e no ano seguinte foi convidado a ocupar o cargo de secretário da Anglo-Portuguese Telephone Company. Iniciou a sua carreira como jornalista em 1918, no periódico A Capital, onde foi pouco depois promovido a chefe de redacção. Colaborou igualmente noutras publicações, incluindo o Comércio do Porto, ABC, Ilustração Portuguesa, Jornal da Europa , O Século Ilustrado, Gazeta dos Caminhos de Ferro, e o semanário O Domingo Ilustrado (1925-1927). Também foi um teatrólogo destacado, tendo escrito crítica teatral no Diário Popular, Notícias Ilustrado e no Jornal do Comércio. Deixou uma vasta obra literária, tendo escrito sobre vários temas."
(Fonte: wikipédia)
Encadernação em meia de pele com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado. Rubrica de posse na f. anterrosto.
Muito invulgar na edição original.
Indisponível

12 setembro, 2020

A SORTE DOS PERSEGUIDORES. Silvares, Fafe, Typographia da Propaganda Catholica, editora, 1911. In-8.º (15,5 cm) de 44 p. (inc. capas); B.
1.ª edição.
Folheto que pretende demonstrar que os perseguidores da Igreja foram sujeitos a castigos divinos ao longo da história, sendo um excelente exemplo de propaganda católica pós-República, empresa arrojada na época. Livrinho publicado em Silvares, Fafe, pouco tempo após a revolução republicana de 5 de Outubro de 1910, e por consequência, em pleno período de perseguição moral e política às ordens religiosas.
"Desde os primeiros tempos da historia ecclesiastica foi sempre notado este fim funesto dos inimigos do povo de Deus. Já Tertulliano escrevia no seculo III: «Muito longe de nós esteja a ideia de vingar-nos dos nossos perseguidores. Deus terá bom cuidado de fazel-o; o sangue dos martyrres cáe sobre a cabeça dos que o derramam. [...]
E, sem mais preliminares, pio leitor, abramos o livro da historia e vejamos rapidamente os horriveis castigos que soffreram n'esta vida alguns dos mais conspicuos e insignes perseguidores da Egreja."
(Excerto do prólogo)
Matérias:
I - Os judeus: - Os Herodes - Poncio Pilatos - Annaz e Caiphaz - Judas Iscariote - O povo judeu - Barkokobas - Os judeus modernos.
II - Os Cesares pagãos.
III - Hereges e principaes perseguidores dos primeiros seculos e Edade Media: - Simão, Mago - Peregrino - Manes - Ario - Donato - Priscilliano - Nestorio - Eutiques - Leão, o Isaurico - Leão IV - Bardas - Miguel III - Focio - Cerulario - Henrique IV d'Allemanha - Filippe o Formoso - Rienci - Wicleff - João de Hus - Jeronymo de Praga.
IV - Os protestantes: - Luthero - Calvino - Zwinglio - Henrique VIII - Munzer - Wosley - Ecolampadio - Anna Bolena - Leyden - Servet - Crammer - Christiano II - Condé - Coligny - Ponce - Isabel de Inglaterra - Gustavo Adolpho.
V - Jansenistas e philosophos: - Jansenio - Rousseau - Voltaire.
VI - Pombal - Tannuci.
VII - Os monstros da revolução franceza: - Caracter da revolução - A princeza de Lamballe - Danton - Robespierre.
VIII - Revolucionarios, impios e tyrannos mais modernos.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa/pp. 1 apresenta falha de papel junto à lombada. Deve ser encadernado.
Raro e muito curioso.
Sem registo na BNP.
Com interesse histórico.
15€

11 setembro, 2020

PITTA, Pedro - A PREMEDITAÇÃO MESMO NO CRIME DE HOMICÍDIO VOLUNTÁRIO, PODE NÃO AGRAVAR A RESPONSABILIDADE DO AGENTE. Comunicação feita à classe de letras da Academia de Lisboa, em 23 de Janeiro de 1930. [S.l.], [s.n. - Comp. e imp. na Oficina «Ottosgrafica», Lisboa], 1930. In-8.º (16 cm) de 38, [2] p. ; B.
1.ª edição.
"Por uma pequena história - tão real como a vida, de onde é tirada - inicio a minha comunicação de hoje:
Num farol, existente em ilheu que o mar quási sacode com os violentos embates das suas vagas alterosas, estão de serviço dois faroleiros.
A tempestade, que dura há três dias, não dá esperança de amainar tão cêdo; e, com a terra, não são possíveis comunicações. Absoluto é o isolamento daquele ilheu, estando nas mãos dos dois faroleiros a segurança de muitas vidas e fazendas, pois que um cerrado nevoeiro encobre aquele ponto, demandado com freqüência por várias embarcações.
Ilheu onde se ouviu já, em passados tempos, o ranger de muitos cascos desmantelados; rochedo onde foram bater, esfarrapados, os cadáveres das suas vítimas; penêdo que reproduziu em éco, e como se os ouvisse e com êles sofresse, os últimos gemidos daqueles que, na morte, junto a si houvessem encontrado o maior descanço; pedra que ali parecia colocada numa ância de fazer mal, ou no propósito de barrar um caminho, - dois homens ali estavam, cansados, exaustos por uma vigília de dias e noites seguidas, agravada ainda pelo isolamento e pela constante atenção."
(Excerto da Comunicação)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Invulgar.
Indisponível

10 setembro, 2020

BERNARDES, Fernando Miguel - DOCAS SECAS : romance. Lisboa, Escritoe, 1991. In-8.º (21 cm) de 235, [9] p. ; B.
1.ª edição.
Romance cuja acção decorre durante a fase final do regime do Estado Novo, e "conta a história de quatro jovens contestatários que se encontram todos, por acaso, na Cintura Industrial de Lisboa".
Exemplar n.º 118 de uma tiragem declarada de 1000 unidades.
"- Anda cá, Dérito - pediu a mãe, que se aproximava coxeando, afogueada, o lenço da cabeça desapertado, e se sentou com certo alívio no rebato em frente da porta. - Vem-me aqui tirar um espinho. Traz lá de dentro uma agulha e a navalha.
- Por que é que o pai não veio com vocemecê para lho tirar? Se calhar não sou capaz...
- Cala-te e faz o que te digo. Há uma porção de coisas empatadas na fazenda. Mexe-te!
Adérito era um dos cinco filhos, tinha oito anos e não ia à escola. Sendo o mais novo, guardava as cabras. Nas horas vagas apanhava grilos, enfiava palhinhas nos rabos dos moscardos e largava-os a voar pesadamente como pequenos helicópteros. Atirava fisgadas aos pássaros e, à noite, dormia que nem uma pedra. Tal como os irmãos, rapazes e raparigas, amontoados no chão da cozinha."
(Excerto do Cap. I)
Fernando Miguel Bernardes (n. 1929). "Natural de Gândara dos Olivais, Leiria. Fez os primeiros estudos em Leiria, frequentando depois a Universidade de Coimbra e a Universidade Clássica de Lisboa, onde tirou o curso de engenheiro geógrafo. Fez um curso de pós-graduação em Cálculo Científico como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi professor do ensino secundário e professor do ensino superior, trabalhou em várias empresas e foi director do Departamento de Acção Sociocultural da Câmara Municipal de Almada. Tem participado em vários colóquios e programas relacionados com a motivação para a leitura de crianças e jovens."
(Fonte: http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/mbernar.htm)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta ténue mancha de humidade junto da lombada. Dedicatória (não do autor) na f. anterrosto.
Invulgar.
15€