31 maio, 2020

BOBONE, Conde de - FRUCTAS VERDES. Exportação e conservação. Por... Dissertação inaugural apresentada ao Conselho Escolar do Instituto de Agronomia. Outubro de 1910. Lisboa, Typ. La Bécarre, 1910. In-8.º (21,5 cm) de 108, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo sobre a conservação e comercialização da fruta verde.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Domingos Alberto Tavares da Silva, ilustre professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia.
Carlos Jerónimo Humberto de Bobone, 3.º Conde de Bobone (1878-1935). Engenheiro-agrónomo formado no Instituto Superior de Agronomia. Foi inspector-chefe de uma das repartições do Ministério da Agricultura. Tem colaboração sobre fruticultura espalhada por diversas revistas da especialidade.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, ligeiramente oxidadas, com selo de biblioteca na lombada. Assinatura de posse na capa anterior.
Raro.
25€

30 maio, 2020

NOVO LIVRO DE S. CYPRIANO. Copia fiel dum manuscripto do mesmo santo. Contem todas as rezas e feitiçarias feitas pelo mesmo santo, maneira de se desencantarem todos os encantos, de se fazerem e desfazerem feitiçarias, de cada pessoa conhecer a sua signa, etc., etc. Coordenado e prefaciado por Sorjas. Preço 300 reis. [Porto], Edição de Antonio da Silva Santos, [190-]. In-8.º (18 cm) de 16 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso folheto de cordel publicado, cremos, na 1.ª década do século XX.
Ilustrado no texto com duas pequenas gravuras.
"O livro que ides lêr, foi copiado do verdadeiro manuscripto de S. Cypriano, o qual vos ensinará a fazer e desfazer feitiçarias de todas as qualidades, a desencantar todos os objectos de ouro e prata, e designar-vos-ha os locaes onde os podeis encontrar, trazendo além disso todas as rezas empregadas por S. Cypriano quando se dispunha a fazer qualquer feitiçaria.
Deverá o leitor ter animo quando empreender qualquer desencanto ou feitiçaria, pois que nessa ocasião, quasi sempre aparecem grandes fantasmas ouvindo-se enormes ruidos e grandes vosearias, para fazerem fugir as pessoas que se dispõem a desfazer os encantos.
S. Cypriano aprendeu com o diabo, todas as cousas que passamos a relatar e o mais que recomenda no seu livro é que todo aquele que qualquer desencanto quizer fazer ou mesmo feitiçaria, não se deverá importar com os ditos que ouvir, deverá ter muito cuidado em se não enganar nas palavras que tiver de dizer pois que do contrario ficarão todos os seus trabalhos que fizer sem efeito."
(Ao leitor)
Matérias:
[Ao leitor]. | Como se deve fazer para desencantar qualquer tesouro adiante mencionado. | Desconjuração para desfazer os encantos. | Prevenção. | Maneira de deitar as cartas. | Como se sabe o que as cartas representam. | Arrependimentos de S. Cypriano. | Modo de se fazer amar as mulheres - Modo de usar. | Verdadeira arte de cada pessoa conhecer a sua signa: Aquarius e Saturno; Piscis e Jupiter; Aries e Marte; Taurus e Venus; Gimini e Mercurio; Cancer e Lua; Leo e Sol; Virgo e Mercurio; Libra e Venus; Scorpio e Marte; Sagitaries e Cupiter; Capricornus e Saturno.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Frágil com pequenos defeitos marginais.
Raro.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
Indisponível

29 maio, 2020

CARMO, Dr. Mendes do - BRILHANTE MILAGRE EM FÁTIMA : História e Crítica. Cura de Margarida de Jesus Rebelo, da Guarda. Lisboa, União Gráfica, 1945. In-8.º (19,5 cm) de 148, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história dos fenómenos de Fátima. Trata-se do relatório geral do Padre Mendes do Carmo, "com os elementos que lhe serviram de base", encomendado por D. José Alves Mattoso, Bispo da Guarda, sobre a cura miraculosa, por intercessão de Nossa Senhora, de Margarida de Jesus Rebelo, moça da Guarda, com prognóstico clínico reservado, e que o autor - Professor de Teologia do Seminário da mesma cidade - acompanhou de perto. Inclui o relatório médico da paciente e os testemunhos de todos quantos a assistiram ao longo do seu "calvário", sobretudo médicos e enfermeiras, bem como o depoimento da própria Margarida.
Exemplar de uma edição seguramente restrita dada a escassez de informações bibliográficas. Ilustrado em separado com 4 estampas representado: a imagem de Nossa Senhora de Fátima; Margarida em Fátima, minutos antes da Benção e da cura; a miraculada, poucos dias depois, na Guarda, completamente restabelecida; a Benção do Santíssimo Sacramento aos doentes em Fátima, no Congresso Hispano-Lusitano.
"Nas minhas visitas aos doentes do Hospital da Guarda vi, em janeiro de 1943, estendida e imobilizada num leito, uma menina cujo rosto só manifestava dor, piedade e resignação. Nascera na Guarda e chamava-se Margarida de Jesus Rebelo. Tinha 21 anos e desde os 14 era orfã de pai e mãe.
Aos 18 anos caíra de uma janela de um segundo andar, no dia de Natal de 1939, ficou com uma vértebra esmagada e começou então o seu longo martírio. Nas visitas ao hospital vi, durante ano e meio, dezenas de vezes, a doente, peorando sempre.
Em fins de abril de 1944 julguei-a bem próxima da morte. Era opinião corrente que os médicos diagnosticavam a doença do Mal de Pott, que sofria da coluna vertebral, de dores violentas na medula, de paralisia e e anestesia total nas pernas, de paralisia na bexiga e intestinos, de feridas nas costas e ulcerações purulentas na bexiga; imóvel havia três anos e que os médicos a julgavam incurável.
Partiu nesse estado, em maca, para Fátima, no dia 12 de maio."
(Excerto do Prefácio)
Índice: Prefácio. | I - Relatório sôbre a cura extraordinária de Margarida de Jesus Rebelo, em Fátima. II - A Igreja Católica e a Medicina ontem e hoje. Médicos católicos ontem e hoje. Médicos santos ontem e hoje. III - Margarida de Jesus Rebelo foi curada instantâneamente, em Fátima, de uma cistite crónica, grave e purulenta, como atestam os médicos. IV - A Margarida teve o esmagamento de uma vértebra, acompanhada de compressão grave da medula e foi curada instantâneamente. V - A Margarida foi curada instantâneamente, em Fátima, de feridas e de uma funda fístula purulenta. VI - Margarida de Jesus Rebelo era tida como incurável pelos médicos. VII - A Margarida moribunda em Fátima. Jesus Sacramentado levantou-a, curada, da agonia. VIII - A cura instantânea das doenças graves, com lesões orgânicas de Margarida, em Fátima, é um brilhante milagre. IX - Fins dos Milagres. Fins dos Milagres de Fátima. Fins do milagre da cura de Margarida, da Guarda. X - Os biombos da descrença contra o milagre. XI - No dia em que eu fiz 50 anos.
Documentos:
I - Dr. Pereira Gens. II - Dr. Alfredo de Pimentel. III - Dr. João Côncio da Fonseca. IV - Idem. V - Assistência Naiconal aos Tuberculosos. VI - D. Maria José Guimarães Pestana Leão. VII - D. Maria Celeste da Câmara e Vasconcelos (Alvaiázere). VIII - D. Raymaunda Grazieth Silva. IX - D. Maria Carlota Pessoa. X - Irmã Maria Angélica dos Mártires. XI - Rosa do Nascimento de Jesus, enfermeira auxiliar. XII - Documentos das observações feitas no Hospital de Coimbra. XIII - Depoimento de Margarida de Jesus Rebelo.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas.
Muito raro.
Com interesse histórico.
75€

28 maio, 2020

COSTA, Affonso - DISCURSOS PROFERIDOS NAS SESSÕES DE 13 E 19 DE MAIO DE 1908 NA CAMARA DOS DEPUTADOS. Attittude do partido republicano perante o novo reinado e Necessidade da extincção do juízo de instrucção criminal. (Publicação inteiramente conforme com a do Diario Official). Lisboa, Livraria Classica Editora de A. M. Teixeira & C.ta, 1908. In-8.º (22,5 cm) de 88 p. ; B.
1.ª edição.
"O partido republicano, que tenho a honra de representar nesta Camara, não esquece que estamos ainda em monarchia, e por isso não commette a ingenuidade de pedir aos monarchicos que façam a republica. [...] Á monarchia, ao novo reinado e ao governo que o representa, nós só exigimos e reclamamos, como é nosso impreterivel direito e dever, que governem patriotica, economica e liberalmente. E se o fizerem, não abateremos bandeiras, visto ser a republica preferivel, theorica e praticamente: theoricamente, porque se harmoniza com a razão e com a sciencia; praticamente, porque, em todo o caso, só sob ella se realizará o verdadeiro regimen patriotico, economico e liberal, que convem á nação portugueza."
(Excerto de Attittude do partido republicano perante o novo reinado)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Texto sublinhado a lápis.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

27 maio, 2020

ROCHA, Julio - A ROSA BRANCA DE LISBOA : romance original. Precedido de uma carta do Sr. Augusto Pereira de Castro Soromenho. Lisboa,  Typographia da Mocidade, 1874. In-8.º (19 cm) de 173, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico baseado em factos reais, cuja acção decorre em meados do século XVIII. A veracidade dos acontecimentos é atestada pelo autor na dedicatória: "Não tive em mira o apresentar bom estylo e erudição, porque a minha penna a isso se não presta, mas sim escrever um facto historico que me narraram e para o qual me enviaram os documentos com que me guiei no dedalo do romance.".
"
O leitor, que tem percorrido, talvez, o pequeno territorio do nosso paiz e dirigido as suas excursões para o lado das Caldas, a nossa Vichy, ha de certeza lembrar-se de ter encontrado um pequeno lugarzinho, sem nada que o recommende ou o torne notavel, a que os moradores dos arredores dão o nome de Bombarral. É ahi que deve principiar o enredo da nossa historia. Á direita e caminhando pela estrada havia uma casinha branca onde deveria ter-se passado como n'um paraizo a primavera de 1760.
Era rodeada de alguns castanheiros e oliveiras e guarnecida com profuzão por trepadeiras, que com os seus aromas prendiam a attenção do viajante e o encantavam.
Era n'um domingo de tarde.
Os derradeiros clarões do sol poente iam-se extinguindo.
No terreno, junto á casa, um rumor de cantares festivos, o prepassar continuo dos pés sobre a relva, e os sons d'uma guitarra, indicavam-nos o divertimento, a que se entregavam alguns camponezes d'aquelle logar.
Dançavam com entusiasmo, quando um incidente inexperado os veiu surprehender.
Foi, que d'um extremo da estrada vinham dois mancebos correndo para o mesmo logar, como que guiados pelo mesmo intento, e nos quaes se fitaram com alegria os olhares de todos os que estavam presentes.
Tracemos um breve esboço d'estes personagens, que devem ser os principaes da nossa narrativa.
Eram companheiros nos trabalhos agricolas, e entregavam-se nas horas do ocio a estudos primarios; chamavam-se: um Sylvano, outro Daniel.
Sylvano era grosseiro de feições, tez morena, olhos castanhos, cabellos alourados, typo a que na nossa Lisboa se dá o nome de feio.
Daniel, ao contrario do seu companheiro, era bonito, feições delicadas, olhos verdes claros e cabello da côr do ebano; e tão claro, que parecia viver sempre abrigado do ardente sol do campo."
(Excerto do Cap. I, A primavera)
Júlio Rocha (1855-1920). Auto-didacta, jornalista e escritor. Por falta de meios fez apenas a instrução primária, empregando-se de seguida no comércio. O gosto pelas letras levou-o a estudar à noite, vindo a trabalhar no Diário de Notícias e n'A Tarde. Estreou-se com A Rosa Branca de Lisboa, tendo publicado além deste dois outros romances - Vingança de Raul (2 vols) (1875-76) e Os incendiarios de Alcoy (1877). A sua obra literária centrou-se sobretudo no género dramático, cuja bibliografia é extensa.
Encadernação simples, cartonada, com título gravado a seco e a ouro na pasta anterior. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação.
Raro.
A BNP tem apenas um exemplar recenseado na sua base de dados.
Indisponível

26 maio, 2020

REGIMENTO DOS OFICIAIS DAS CIDADES, VILAS E LUGARES DESTE REINO. Edição facsimilada do texto impresso por Valentim Fernandes em 1504 e neste ano de 1955 reimpresso pela Fundação da Casa de Bragança com prefácio do Professor Doutor Marcello Caetano. Lisboa, Fundação de Casa de Bragança, 1955. In-4.º (23cm) de 47, [3], [224] p. ; E.
Edição fac-símile do Regimento dos oficiais das cidades, vilas e lugares deste reino, excelente exemplo da utilização da imprensa, nos alvores do século XVI, "para publicação e divulgação das leis gerais do reino".
“A reforma que se estava procurando introduzir na justiça e administração locais exigia que as autoridades concelhias tivessem mais facilmente conhecimento das leis do que até aì, pois muitos municípios não possuiriam treslados, mesmos parciais, das Ordenações Afonsinas, e os pergaminhos existentes, guardados em arcas ou em sacos, eram de incómoda consulta, deterioravam-se e com facilidade se tornavam nalgumas partes ilegíveis. A reforma dos forais só seria, pois,  inteiramente proveitosa quando acompanhada de uma clara e precisa definição das leis gerais aplicáveis em todo o reino e da imposição da sua exacta observância. Nasceu daqui, segundo presumimos, a elaboração do regimento dos oficiais das cidades, vilas e lugares destes reinos, que deve ter sido organizado no decurso de 1502, visto em 22 de Fevereiro de 1503 já, como vimos, o rei conceder ao célebre impressor Valentim Fernandes o privilégio da impressão dos «livros dos Regimentos que ora mandámos fazer, para todo o reino, dos juízes e oficiais…». Cremos tratar-se, pois, do primeiro ensaio de utilização da imprensa em Portugal para publicação e divulgação das leis gerais do reino”
(Excerto do Prefácio)
Encadernação em meia de pele com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura. Corte superior pintado de azul.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
50€

25 maio, 2020

PATRICIO, Arthur - NA BARRICADA DA ROTUNDA : episodios interessantes do movimento revolucionario. [Por]... 1.º Cabo de Artilharia N.º 1. Lisboa, Centro Typographico Colonial, 1912. In-8.º (21 cm) de 47, [1] P. ; [1] f. il. ; [1] f. desdob. ; il. ; B.
1.ª edição.
Relato do ambiente que se viveu em Lisboa ao longo do dia 5 de Outubro de 1910, particularmente na rotunda, mas também noutros pontos nevrálgicos da capital. Trabalho "escripto na cazerna, quando recruta nas horas de folga da instrucção" por um simpatizante da causa revolucionária, testemunha ocular, da revolução, que dedica o opúsculo aos seus "camaradas do heroico e glorioso Regimento de Artilharia n.º 1, aos carbonarios e a todos os que contribuiram para a implantação da nossa querida Republica."
Livro ilustrado com fotogravuras dos participantes nos combates ao longo do texto, em separado com um retrato do autor, e em folha desdobrável à parte, "o heroe Raphael Miguel", junto com o grumete artilheiro Alfredo Gomes Froes, ambos resistentes ao fogo das forças de Queluz comandadas por Paiva Couceiro. Inclui ainda o retrato de destacados lideres republicanos: Miguel Bombarda; Bernardino Machado; Machado dos Santos; Magalhães Lima; Afonso Costa; Teófilo Braga; João Chagas.
"Antes de entrar no assumpto a que o titulo se refere, julgo conveniente explicar o seguinte:
Tive a felicidade de ser testemunha do audacioso movimento que proclamou a Republica, e estou portanto ao alcance de narrar os acontecimentos que os meus olhos viram. Ao tempo ainda era paizano, trabalhava pelo officio de impressor no Centro Typographico Colonial, largo da Abegoaria, 27."
(Excerto do preâmbulo, Leitores)
"[...] Os soldados conviviam com os grupos revolucionarios civis no mais amplo e fraternal amplexo, deitando-se alguns na verde relva á sombra das palmeiras, outros fumando reclinados nos selins dos muares, olhando para o cigarro, como que perguntando a si proprios se seria aquelle o ultimo que saboreavam...
Estendidos na relva, viam-se muitos populares bem trajados, com carabinas na mão, e toda a casta de armamento, taes como revolveres, pistolas automaticas, facas, espadas, sabres, etc., e que fallavam em voz baixa, incutindo uns aos outros coragem no sacrificio de darem o seu sangue pela Republica, de morrerem por ella, visto estarem metidos n'aquella aventura para a vida ou para a morte. [...]
Já tinha visto o Machado Santos, o unico e heroico official que commandava aquellas forças, codjuvado por sargentos que, como elle, tambem andavam a cavallo, percorrendo a frente do acampamento dando ordens. [...]
Tinha o rosto sereno, a fronte lisa, e não mostrava inquietações; os soldados que ao principio, quando eu cheguei, pareciam indisciplinados, recebiam agora as ordens, que cumpriam com escrupulosa exactidão. [...]
Assisti nas terras do Parque Eduardo VII ao combate com a bateria de Queluz e estive em risco de ser victima; pelos atalhos que iam dar ao quartel de artilharia avançavam constantemente numerosos grupos armados com espingardas que levavam e transmitiam ordens, expondo-se assim a uma morte inevitavel. [...]
Começou a circula a noticia da approximação de artilharia de Santarem, que vinha em attitude hostil, e de um provavel desembarque de dois mil marinheiros, que, tomando o quartel general aos monarchicos, viria avenida acima, para secundarem o feliz exito do movimento."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado geral deconservação. Capas frágeis, manchadas, com pequenos defeitos.
Raro.
Peça de colecção.
Indisponível

24 maio, 2020

FUNÇAÕ DE S. JOAÕ DA MADRUGADA, // Para rizo da gente socegada. // E a Mulher, que de noite naõ dormio, // Para sonhar de dia o que naõ vio. // Obra alegre, gostoza, e doctrinal, // Que aos Senhores Leitores naõ faz mal. // Dada á luz por Ambrozia Brites Pobre, // Por ter necessidade d'algum cobre.
LISBOA // Na Officina de Antonio Rodrigues // Galhardo, Impressor da Real // Meza Censoria. // Com licença da mesma Real Meza. [17--]. In-8.º (22 cm) de 15, [1] p.
1.ª edição.
Folheto de cordel. Curioso opúsculo setecentista (sem data de impressão), de autor fictício.

"Era o tempo em que o Mundo abrazava,
E que o Sol da frescura se vingava,
E das ruas as gentes dezertando,
Os sobrados das cazas vaõ auguando:
Hum se arregaça já, posto em camiza,
Outro o molhado chaõ, descalço piza;
As mulheres tambem mui bandalheiras,
Com saias rotas, curtas, e ligeiras,
De nojentos suores alagadas,
Os lenços do pescoço despregando;
Com seus leques os rostros refrescando;
Receita que rebate o mal violento,
A que chama a preguiça afrontamento.
Escuta-se na rua com desvélo
O pregáõ de espumante caramello,
E prompta a quarta d'agua já frenada,
Se despoem a goloza patuscada;
Frescura com que o Sol quebra os rigores,
Para amparar os pobres vendedores,
Que andando pela rua com calma tal,
O santo caramello ivita o mal.
Achava-me eu sentada na janella,
Por ter esta huma grade mui miuda,
Capaz d'uma Mulher como eu cizuda,
Na qual a minha ideia só se cança,
Em dar fé do que vai na vezinhança..."

(Excerto do texto)

Exemplar desencadernado, ligeiramente escurecido, em bom estado de conservação.
Raro.
35€

23 maio, 2020

CORDEIRO, Luciano - O CASAMENTO DOS PADRES. (A proposito da carta do padre Jacinto Loyson). Por... Lisboa, Imprensa de J. G. de Sousa Neves, 1872. In-8.º (19 cm) de 19, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Importante escrito sobre o celibato religioso a propósito do casamento do padre beneditino francês Jacinto Loyson com Emily Jane, pretendendo este, no entanto, manter o desempenho do sacerdócio. O assunto teve ampla repercussão na Europa e em Portugal não foi excepção, sendo discutido por diversos sectores da sociedade. Este opúsculo reproduz a opinião do autor, intransigente na defesa do celibato, que entendia que fé e razão se excluíam, não havendo meio termo, nem conciliação possível: "É escolher: é ser ou não ser Catholico. Emquanto a Egreja não resolver o contrario o Catholico acreditará no celibato, o Padre não casara. Casando morre para a Egreja.".
"Ha dias annunciava a imprensa periodica que em Inglaterra casara o Padre Jacinto Loyson com Emilia Jane, viuva do americano Edwin Ruthwen, no dia 3 de setembro. Anteriormente publicara Loyson uma longa e por vezes eloquente carta, expondo e defendendo a sua resolução de contrahir nupcias, apesar da sua qualidade de padre catholico que não queria perder. Este facto sobresaltou poucas consciencias talvez, mas tem provocado violentas discussões. No meio de larga e complexa lucta religiosa que extremece a Europa e de que infelizmente nos chegam apenas viciados e quasi sumidos echos, aquelle acontecimento pelas circumstancias que o precederam e rodeam e de que póde até certo ponto considerar-se natural corollario, tem para o publico uma gravidade e um interesse maior do que a de uma simples violação individual e excepcional da Disciplina da Egreja Romana."
(Excerto de O anverso da medalha)
Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior.
Exemplar em bom estado de conservação. Com falta da f. anterrosto.
Raro.
Com interesse histórico e religioso.
Indisponível

22 maio, 2020

ALMEIDA, Fausto de - O CONDE DE FERREIRA. (Exaltação da sua Filantropia e esboço da alta valia desta). Palestra proferida em sessão comemorativa da Morte do Grande Benemérito e efectuada a 27 de Março de 1966, na cidade da Figueira da Foz. [S.l.], [s.n.], [1966]. In-8.º (19 cm) de 27, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Com um retrato do autor em página inteira, pelo pintor José Contente.
Homenagem a Joaquim Ferreira dos Santos, 1.º Conde de Ferreira (1782-1866), conhecido empresário comercial e filantropo português.
Opúsculo valorizado pela dedicatória autógrafa de Fausto Almeida.
"De seu nome completo Joaquim Ferreira dos Santos, nasceu este preclaro cidadão e grande benemérito, a 4 de Outubro de 1782, em Vila Meã, arredores do Porto e nessa cidade faleceu a 24 de Março de 1866, contanto, portanto, 83 anos de idade.
De origem modesta, seus pais, pequenos proprietários agrícolas, destinavam-no à carreira eclesiástica. Para isso ainda chegou a estudar latim, lógica e retórica. Outras eram no entanto as suas tendências. E, pretendendo enveredar pela via comercial, consentiram os seus progenitores que emigrasse para o Brasil, no rio Douro embarcando para tal efeito na barca «Nova Aurora». Esta naufragaria, porém, ao sair da barra, por encalhe nos perigosos rochedos que a rodeiam. Foi grande o risco. Perdeu-se totalmente o carregamento, mas salvaram-se todas as vidas. E Joaquim Ferreira dos Santos, persistindo no seu intento, não tardou a seguir para Lisboa, onde obteve passagem para o Rio de Janeiro."
(Excerto da Palestra)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na BNP.
10€

21 maio, 2020

BARATA, F. A. Corrêa - ORIGENS ANTHROPOLOGICAS DA EUROPA. Por... Doutor em Philosophia. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1873. In-4.º (23,5 cm) de 84, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio académico sobre as origens antropológicas do continente europeu.Trata-se da Dissertação de Concurso apresentada à Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra.
"O presente opusculo é apenas um ensaio sobre as origens das raças actuaes da Europa consideradas como uma grande unidade. É este problema o primeiro dos que se ventilam em anthropologia. Os incessantes progressos que a a paleontologia humana tem feito, chamaram para elle a attenção geral, a ponto de se tornarem uma verdadeira paixão os estudos anthropologicos. Tal é a importancia que actualmente merecem, tanto mais que as ambições politicas de algumas potencias europeas têm querido pôr ao serviço das suas idéas a differença de raças. [...]
A anthropologia é uma sciencia que nasceu n'este seculo. Na infancia ainda, se uma generalisação tal como a tentâmos é possivel, deve-se isto á rapidez do progresso scientifico n'este seculo, que tantas sciencias, artes e industrias novas tem produzido. O tempo de que um homem estudioso pode dispor é apenas bastante para abranger o sem numero de memorias, jornaes, livros, relatorios, noticias dos congressos scientificos, trabalhos e sessões das sociedades sabias, emfim de publicações de toda a ordem que quotidianamente apparecem sobre a imponente e sympathica sciencia da anthropologia. É por isso que a especialidade nos estudos de cada homem, que se dedica á sciencia, se torna uma impreterivel necessidade; sendo certo, de resto, que o facto indicado se repete para as outras sciencias, e que, por outro lado, a indagação dos problemas scientificos exclue a simultaneidade dos objectos."
(Excerto do preâmbulo)
Indice:
[Preâmbulo]. | I - O problema das origens. II - As raças actuaes da Europa. III - Mythos e tradições. IV - Factos e methodos scientificos. V - Opiniões de Bory de Saint-Vincent e de d'Omalius d'Halloy. VI - Raças paleontologicas. VII - Conclusão.
Francisco Augusto Correia Barata (Loulé, 1847 - Lisboa, 1950). Professor na Faculdade de Filosofia da Universidade de Coimbra. Foi Secretário da Faculdade de Filosofia (1873-1877) e Director do Gabinete de Química (1890-1898). Vogal suplente do Tribunal de Contas. Director-Geral da Secretaria da Câmara dos Deputados em 1899. Grande defensor das teorias de Augusto Comte. Publicou artigos e livros, entre os quais: Da atomicidade. Estudo crítico das teorias químicas modernas (Coimbra, 1871); As raças históricas da Península Ibérica (Coimbra, 1873); Origens antropológicas da Europa (Coimbra, 1873).
(Fonte: https://www.uc.pt/iii/historia_ciencia_na_UC/autores/BARATA_Franciscoaugustocorreia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel. Páginas ligeiramente oxidadas.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar.
25€

20 maio, 2020

BRAGA, Theophilo - HISTORIA DO THEATRO PORTUGUEZ. Por... Garrett e os Dramas Romanticos : seculo XIX. Porto, Imprensa Portugueza - Editora, 1871. In-8.º (18 cm) de VIII, 296 p. ; E.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do Teatro em Portugal. Edição original publicada na apreciada colecção Historia da Litteratura Portugueza, parte de um plano antigo do autor para a história do teatro português em quatro volumes, contemplando vários períodos - do século XVI ao século XIX -, sendo este o último, dedicado ao século XIX. Esse plano seria revisto, com a publicação de outras obras sobre o teatro pátrio no final da centúria.
"Eis o escriptor a quem o theatro portuguez mais deve, que o erigiu com a sua preponderancia politica, que o formou com os bellos dramas sobre as ricas tradições nacionaes, que educou uma mocidade inerte, e que teve o magico poder de apaixonar o publico cansado das sanguinolentas luctas civis, a ponto de considerar a fundação do theatro portuguez como um symbolo da sua independencia e da nova vida social. Garrett era dotado em alto grau da intuição das causas bellas, de tal fórma que o gosto artistico suppria n'elle a falta de sciencia. Teve defeitos de caracter, mas era uma boa alma; fiquem na sombra esses traços menos correctos do homem, e para não vêl-o sómente através do ideal da sua obra, esboçaremos a sua vida tal como foi influenciada pelo tempiveu. Garrett era exageradamente sentimentalista; não separava a concepção da sua personalidade, deliciava-se com as palavras de louvor, chegando a escrever anonymamente a sua biographia [no Universo Pittoresco]."
(Excerto Os Dramas romanticos: II - Vida de Almeida Garrett)
Index:
Advertencia. | Influencia da Nova Arcadia: I - Enthusiasmo politico nos Theatros (1801-1829). II - João Baptista Gomes. III - As tragedias politico-philosophicas. IV - Antonio Xavier Ferreira de Azevedo. Os Dramas romanticos: I - A Eschola do Romantismo no Theatro. II - Vida de Almeida Garrett. III - Garrett na emigração. IV - Nova feição dramatica de Garrett. V - Garrett e o Frei Luiz de Sousa. Fundação do Theatro moderno: I - O Theatro nacional (1836-1854). II - Inspecção geral dos Theatros. III - O Conservatorio da Arte dramatica. IV - Edificação do Theatro. V - O Ultra-Romantismo. | Conclusão. Repertorio geral do Theatro portuguez no seculo XIX.
Belíssima encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
45€

19 maio, 2020

MOURA, Carneiro de – A MULHER E A CIVILISAÇÃO. Estudo historico, economico e juridico da evolução parallela dos sexos. Por... Lisboa, Secção Editorial da Companhia Nacional Editora, 1900. In-8.º (19,5 cm) de 216 p. ; B.
1.ª edição.
Importante estudo histórico e sociológico sobre o feminismo, seguramente dos primeiros que sobre este assunto se publicaram entre nós.
No derradeiro capítulo, o autor apresenta soluções para outros tantos problemas: do divórcio, das condições morais do casamento, o mundanismo precoce na mulher, reformas feministas, os salários das operárias, a intriga política, os partidos em Portugal, "os nossos homens de Estado", etc.
"Uma das questões do nosso seculo, acusada exuberantemente na literatura contemporânea, é a da emancipação da mulher. […]
A emancipação da mulher?
Mas emancipar a mulher de que ou de quem?
Emancipal-a do trabalho?
Não, que a mulher do nosso seculo, a que pretende emancipar-se, queixa-se de que o homem lhe prohibe o trabalho e por isso a honestidade.
Emancipação da familia? Façamos justiça a este movimento do nosso tempo que se chama o feminismo. A mulher não pretende emancipar-se da família, antes reivindica para si a integração na sociedade familiar.
Não cuida em emancipar-se da intelligencia do homem, antes pretende approximar-se d’ella e comprehender o seu genio.
Não pensa a mulher em abdicar dos sentimentos maternaes, mas pretende que não lhe arranquem do seu seio os filhos para a transformar n’um torpe objecto de luxo imoral.
De que se quer então emancipar a mulher?
Da ignorancia."
(Excerto do Capítulo I, O Feminismo)
João Lopes Carneiro de Moura (1868-1944). Nasceu em Montalegre. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. "Foi advogado e professor do ensino secundário. Foi deputado por Montalegre. Fundou e dirigiu o Jornal Liberal, em 1901. Chefe de Repartição na Direcção Geral da Segurança Pública e da Administração Política e Civil do Ministério do Interior, cargo de que se aposentou em 1927. Colaborou em vários jornais e revistas."
Exemplar brochado (capas simples, lisas) em bom estado geral de conservação. sem f. anterrosto.
Raro.
Com interesse histórico.
25€

18 maio, 2020

LEÃO. Poema organizado por um grupo de admiradores. Rio de Janeiro, Typ.-Lyth. Steele, Mattos & Cia., 1924. In-4.º (24 cm) de 26, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Homenagem poética a um cão - o Leão - organizada por um grupo de admiradores cariocas do animal.
Livro insólito, raro e muito curioso, por certo de curtíssima tiragem.

"Era bello e sagaz: chamava-se Leão.
Um homem se não foi, foi mais do que isso - um cão.
Tinha o pello amarello, espesso e luzidio,
Sem muito crêspo ser, nem muito corredio.
Por cauda, um mero côto em forma de pincel,
Servindo, oh paradoxo, ás vezes de painel.
As orelhas pendendo ao longo do focinho,
Juntavam-se com este em gracioso alinho.
A fronte soberana, augusta, magestosa,
Ridicula tornava a humana portentosa.
E tudo que possue de bello a natureza
Ali se resumia em rara singeleza,
Pendendo d'ella, austero, aos olhos entreposto,
Não um focinho, não!... mas um formoso rosto
Que, certo estou, faria arder de grande inveja,
A muitos ou, até, quem sabe... Salvo seja!..."

(Excerto do poema)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Apresenta pequena mancha de humidade junto ao corte lateral, visível apenas nas primeiras folhas.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional de Lisboa e na BN do Rio de Janeiro.
Peça de colecção.
Indisponível

17 maio, 2020

SOUSA, Clementino M. de - REGULAMENTO DAS SALAS DE ESTUDO. Elaborado pelo vice-reitor e director das salas de estudo,..., de harmonia com o disposto no Artigo 447.º do Estatuto do Ensino Liceal e aprovado por Despacho de 6 de Maio de 1949 de S. Ex.ª o Ministro da Educação Nacional. Liceu Nacional do Funchal. Funchal, [s.n. - Composto e impresso na Tipografia de «O Jornal», Funchal], 1949. In-8.º (16 cm) de 16 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso regulamento do Liceu do Nacional do Funchal, mais tarde Liceu de Jaime Moniz e actualmente Escola Secundária com o mesmo nome.
"As salas de Estudo têm como finalidade a orientação no estudo diário, na realização consciente dos trabalhos passados nas aulas e nas revisões da matéria leccionada.
Pretende-se, portanto, que o aluno inscrito das Salas de Estudo, crie hábitos de trabalho ordenado, que estude por si, que compreenda por intermédio do seu raciocínio, que obtenha a alegria de ter vencido os obstáculos que lhe surgiram, que saiba aperceber-se dos resultados lógicos."
(Excerto do preâmbulo de Regulamento das Salas de Estudo)
Matérias:
Regulamento das Salas de Estudo. | 1.º Quanto ao Pessoal: Deveres do Director; Deveres dos Professores; Deveres dos Alunos; Deveres dos Empregados. | Da Administração. | Da Inscrição. | Outras Disposições.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

16 maio, 2020

PIMENTEL, Alberto - A ULTIMA CORTE O ABSOLUTISMO EM PORTUGAL. Lisboa, Livraria Ferin, Editor, 1893. In-8.º (21,5 cm) de XII, 346, [6] p. ; E.
1.ª edição.
Importante estudo sobre o último período da monarquia absoluta portuguesa, e a sua decadência.
Summario:
Restos, no reinado de D. Maria I, da antiga elegancia de costumes palacianos. - A familia e a côrte de D. João VI. - A rainha Carlota na politica, e na vida particular. - Um bouquet de infantas hystericas. - Infancia e mocidade de D. Miguel. - Acção combinada da mãe e do filho. - D. Miguel no extrangeiro. - Rei chegou. - A côrte de D. Miguel. - Personagens, costumes, divertimentos. - A sorte das armas. - Dissolução da côrte, decadente e ambulante, pela desgraça do rei."
"O reinado de D. Maria I é o occaso da vida palaciana em Portugal, considerada na sua expressão mais tradicionalmente distincta.
Esmorecem então as festas elegantes e pomposas, desmaiam as tintas calidas e brilhantes d'essas recepções famosas que outr'ora animaram os paços dos reis, e de que Watteau, pelo que respeita á côrte de Luiz XIV, deixou miniaturas deliciosas nos leques das grandes damas.
Dir-se-ia que o vendaval revolucionario de 1789 derrubára em toda a Europa essas gentis figurinhas de açafatas e cortezãos, que misuravam minuetes nos aureos salões realengos ou encadeavam choreas pagãs á sombras das arvores seculares nas florestas e parques da Corôa.
O poder absoluto estava abalado para todo o sempre, ia entrar n'um periodo de vacillações tempestuosas, que era como que a sua longa e derradeira agonia. Com elle em breve se extinguiriam, n'um crepusculo lento, em que já havia sombras pairando sinistramente sobre um occidente luminoso, as tradições galantes, amaneiradas, cavalheirescas da vida palaciana.
O periodo revolucionario, iniciado em França, veio encontrar no throno de Portugal uma rainha beata, que perdêra primeiro a alegria e depois a razão. Desgostos e sobresaltos pozeram em vibração dolorosa o seu debil organismo, enfermiço desde os primeiros annos. O marquez de Pombal planeára, parece que de accôrdo com o rei D. José, evitar que nas frageis mãos da herdeira do throno se quebrasse todo o predominio que a Corôa havia ganho sobre o clero e a nobreza, - sobre o clero pela expulsão dos jesuitas, sobre a nobreza pela tragedia de Belem."
(Excerto do Cap. I, Uma côrte que foge)
Indice:
Advertencia. | I - Uma côrte que foge. II - El-rei-o-nada. III - A abelha mestra. IV - A familia de D. João VI. V - O infante D. Miguel. VI - Rei chegou. VII - Vida amorosa de D. Miguel. VIII - Ao desfazer da feira. | Addendum. - A lenda de D. Miguel.
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Com pequena falha de pele na lombada, à cabeça.
Invulgar.
Com interesse histórico.
35€

15 maio, 2020

VIDEIRA, A. - "TALVEZ..." Quatro dias à sêde no deserto do Kalahari. [Luanda], Aero Club de Angola, 1938. In-8.º (19 cm) de 189, [3] p. ; [6] f. il. ; [1] mapa desdob. ; B.
1.ª edição. 
Capa: A. Casinhas
Narrativa de uma aventura atribulada, em condições extremas de sobrevivência, após dois acidentes aéreos: um sofrido pelo autor e o seu companheiro de viagem, que seguiam a bordo do monomotor «Talvez...» no regresso a Luanda (vindos de Moçâmedes), e o outro, pelo avião que procedia ao resgate dos acidentados. Os três homens vaguearam durante 4 dias pelo Kalahari, um dos mais severos e áridos desertos do mundo. Apesar da situação precária, o autor relata a sua experiência com algum humor e ironia.
Livro ilustrado com fotogravuras em folhas separadas do texto. Contém mapa desdobrável do percurso do avião do autor - Lisboa-Moçâmedes-"acidente" (escala 1: 3.000.000).
"«Talvez...» lhe chamei eu. E parece que esta incerteza, esta desconfiança o magoa. O meu pobre avião (nosso, que meu e do meu amigo Amaral é) fala e entende. Conversa com êle o mecânico que o trata e alimenta. E, se lhe não faz uma festa, antes de o pôr em marcha, se lhe não segreda não sei que graça ou brèjeiriçe, amua e só pega depois de o ralar. De resto, é obediente e de tal passividade que doi fazê-lo aborrecer. [...]
Aos 48 anos, fatigado de trabalho e de desilusões, má vista, torrado pelo sol inclemente dos trópicos de duas longas e deprimentes décadas, rico, apenas, de encargos e dissabores, porquê esta serôdia, diria ridícula e gágá mania da aviação?
Sei lá!
Uns entram nisto por espírito de elegante aventura; outros, por natural tendência e habilidade; outros por conveniência ou profissão; outros pela volúpia do risco; outros, muitos, por simples desporto ou presunção de endinheirados.
Eu? - Sei, lá! Por desgosto, talvez; por enfado; por aborrecimento."
(Excerto do Cap. I, Ida)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos.
Raro.
45€

14 maio, 2020

FERREIRA, Izidoro Sabino - 1862 : Revista em 3 actos e 6 quadros. Por... Dedicada ao Ill.ᵐᵒ e Ex.ᵐᵒ Senhor Conde do Farrobo. Para o theatro Gymnasio Dramatico. Lisboa, Imprensa de Sousa Neves, 1862. In-8.º (16,5 cm) de 57, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Primeira incursão de Isidoro como autor na produção deste tipo de peças, ele que até aí apenas representava, tendo traduzido uma ou outra peça. A publicação da Revista é dedicada ao Conde do Farrobo “o decidido protector de todas as artes em geral, e da arte e letras dramaticas em particular” de quem o autor se confessa devedor, pois afirmando que os conhecimentos ultimamente adquiriu “foram tomados dos livros que V. Ex.ª em tanta abundância possui”.
"A [Revista] do ano de 1862, no Ginásio, foi uma aventura literária do actor Isidoro, que, apesar da experiência sobre os palcos, revelou fragilidades na composição dos diálogos. A opinião de Machado é que faltou a Isidoro a arte de transpor em palavras as suas ideias, e mesmo a de ajustar o texto às exigências do género revista. Notou-se ainda que Isidoro confiou demasiado nos conhecimentos do público: “enganou-se o autor em cuidar que cada espectador estivesse tanto ao facto das mais leves particularidades ocorridas durante o ano, como ele próprio, que pensou em tomar apontamento de todas elas. O resultado é que ou o público não percebe as alusões, ou demora-se a cismar na frase que se disse sem fazer reparo na frase que se está dizendo” (RS 13.1.1863)."
(Ferreira, Licínia Rodrigues - Júlio César Machado Cronista de Teatro: Os Folhetins d’A Revolução de Setembro e do Diário de Notícias, 2011)
Exemplar em brochura (capas simples), bem conservado.
Raro.
25€

13 maio, 2020

VIEIRA, Affonso Lopes - A CAMPANHA VICENTINA. Conferencias & outros escritos por... [S.l.], [s.n. - A Editora Limitada, Lisboa], [Ed. Autor], 1914. In-4.º (21 cm) de [2], 257, [13] p. ; [10] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história do teatro vicentino.
Livro impresso em papel encorpado, ilustrado ao longo do texto com bonitas vinhetas tipográficas e uma reprodução da portada do Auto da Mofina Mendes com adaptações à moderna apresentação da peça. Contém ainda 10 estampas impressas em separado: a custódia de Gil Vicente; clichés de representações em palco; 2 partituras - A cantiga da Mofina e Conto do Natal.
"Campanha se chamou a este livro, título posto em som de guerra para sugerir o que de esforço combativo se empregou com boa fé, longe e acima de guerrilhas e de seitas. Não me pertence a mim avaliar os meritos e dos resultados desta campanha, se todavia meritos teve e resultados lograr. [...] O autor trabalho como artista, não como sabio letrado. O Vaqueiro e o Diabo achavam-se proficientemente estudados pelos nossos ilustres vicentistas, mas faltava-lhes isto - viverem. [...] O autor aspirou a fazer representar Gil Vicente, a impôr em algumas recitas o seu teatro a um publico alheado ou rebelde, através do scepticismo ou da indiferença de tantos. O seu Gil Vicente - poeta e lavrante do Auto do Ouro Primeiro - sacudiu o pó venerando dos tombos onde os eruditos silenciosos o contemplavam mudo, e veio para a agitação do palco amostrar o seu genio aos portugueses. Trinta e uma figuras resurgiram recitando versos do poeta; trinta e uma almas contidas em tres Autos e dois Monologos."
(Excerto do Prefacio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa manchada. Título de posse na 1.ª folha (em branco).
Muito invulgar.
Indisponível

12 maio, 2020

AGUIAR, Armando d' - A DITADURA E OS POLÍTICOS. Lisboa, Editorial Hércules, 1932. In-8.º (18,5 cm) de 173, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Importante documento sobre a Ditadura Militar. Conjunto de entrevistas ao autor por algumas das personagens mais relevantes da cena políticas e militar da época.
"O Consulado Militar que derrubou a Constituição em Maio de 1926, não nasceu como muitos querem no período de agitação social que teve a sua origem no quadriénio dantesco, que, de 1914 a 1918 enlutou tôda a Europa. [...]
Não quiz ao escrever o meu primeiro livro, apresentar-me em público, perante o Pretorio que há-de condenar-me ou absolver-me, guiado pela mão dum «consagrado», dum príncipe da Literatura, dum rei da Política. Venho só. Minto. acompanham-me algumas das mais representativas figuras do xadrês político português, que se deixaram interrogar pela minha insatisfeita curiosidade de jornalista.
A Ditadura, fórmula política com aqual tenho muitas vezes estado em desacôrdo, interessou-me.
E em sua volta realizei um inquérito, no qual depôem indivíduos desde os mais avançados aos mais conservadores... Inimigos e amigos...
A «Ditadura e os Políticos» é um cartaz luminoso, uma «féerie» de nomes ilustres, que falam sôbre o Consulado Militar, que o atacam e o defendem, que exaltam as suas obras e condenam os seus êrros."
(Excerto da introdução)
Personalidades entrevistadas:
Gomes da Costa. | Domingos Pereira. | Tamagnini Barbosa. | Afonso Costa. | Ramada Curto. | Cunha Leal. | Manuel Maria Coelho. | António Maria de Silva. | D. João d'Almeida. | Vicente de Freitas. | Magalhães Lima.
Nota do autor:
- A entrevista de D. João d'Almeida foi-me concedida pelo ilustre fidalgo português dois mêses antes do falecimento do Sr. D. Manuel de Bragança.
- O Sr. Dr. Magalhães Lima, deu-me esta entrevista, quatro mêses antes de falecer. São as últimas afirmações políticas do famoso republicano tornadas públicas.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
30€

11 maio, 2020

ALMEIDA, Antonio José d’ – UMA PENDENCIA CELEBRE. 2.º milheiro. Lisboa, Livraria Ventura Abrantes, 1914. In-8.º (22 cm) de 31, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Processo da exigência de retratação ou reparação pelas armas de Afonso Costa a António José de Almeida, director de O Século, após publicação de um artigo de Alfredo Pimenta nesse jornal. O duelo não chegou a realizar-se.
Contém:
O artigo de Alfredo Pimenta que despoletou a pendência intitulado «O Partido dos Encandalos».
Documentos das actas do desafio de Afonso Costa a António José de Almeida.
Explicação de António José de Almeida relativa a este caso com o título «Por minha honra!».
A justificação do artigo que deu origem à polémica pelo seu autor - Alfredo Pimenta – intitulado «Eu e o Snr. Affonso Costa».
Documentos relativos ao desafio, para reparação pelas armas, de Afonso Costa aos membros do Grupo Parlamentar Evolucionista.
Acusação final de António José de Almeida a Afonso Costa onde, entre outros epítetos, o qualifica de mau, rancoroso, manhoso e vingativo.
"…Quem aparece envolvido na questão de Ambaca? O partido democrático, gente do partido democrático. Quem aparece envolvido na questão do opio? O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece envolvido na questão das prescrições de S. Tomé? O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece envolvido na questão de o Poder Executivo tomar resoluções propositadamente para favorecer certos e determinados indivíduos. O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece envolvido na questão da sonegação de documentos da polícia de Lisboa? O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece envolvido na questão de sofismação da venda do prédio Grandela? O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece envolvido na escandalosa questão das Portas de Rodam? O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece envolvido em todas as tramoias eleitorais? O partido democrático, gente do partido democrático.
Quem aparece solidarizado, cúmplice de assassinatos, atentados contra a propriedade, insultos públicos, agressões, violências e desordens? O partido democrático, gente do partido democrático…
Onde houver um escândalo, onde houver uma negociata, onde houver um ponto escuro, onde houver um tumulto, uma arruaça, uma violência – é certo e sabido: há democráticos."
(Excerto do artigo de A. Pimenta)
"Meus queridos amigos e colegas Alvaro de Castro e Alvaro Pope: - Tendo chegado agora ao meu conhecimento o artigo de fundo de hoje do Jornal A República, em que sou gravemente ofendido, peço-lhes a fineza de exigirem do ex.mo sr. Antonio José d’Almeida, director desse jornal, uma completa retratação ou uma reparação pelas armas, para o que lhe confiro os mais plenos poderes, - Saude e fraternidade. – Lisboa, 12 de Junho de 1914, ás 23 horas. – Afonso Costa."
(Carta de Afonso Costa às suas testemunhas)
"Ex.mo sr. dr. Afonso Costa, querido amigo: - Lisboa, 14 de Junho de 1914. – No desempenho da honrosa missão que v. ex.ª nos conferiu… [após recusar bater-se em duelo] afirma o snr. Almeida que assume as responsabilidades do artigo ofensivo em todos os campos, menos no do duelo, por este ser contra os seus compromissos de honra! Mas não é contra os seus princípios, nem contra os seus compromissos de honra, ofender ou consentir que outrem ofenda no jornal de que é director! Ofênde, mas esquiva-se depois á reparação devida e usada entre homens de honra! Ás creaturas que procedem desta forma chamam Croabbon e Chateauvillard: invalides de l’honneur; e não seremos nós quem lhes mude o epiteto. […]  Escusamos de dizer que v. ex.ª deve considerar definitivamente encerrada esta pendencia, visto que á única reparação a que v. ex.ª tinha direito se esquiva o snr. Antonio José de Almeida. Depois do que se passou, fica, a v. ex.ª, e a todos os homens de honra, tomar em qualquer campo responsabilidades áquele senhor. – Saude e fraternidade. – Alvaro de Castro, Alvaro Pope."
(Excerto da carta das testemunhas de Afonso Costa, Álvaro de Castro e Álvaro Pope, ao próprio)
"… Chamam-me medroso, valetudinário da honra? Como eu, portador da verdade viva das minhas convicções, me rio disso, na cara dos que se encontram na virilidade da desvergonha.
Se há alguém que sabe que eu não tenho medo, é o snr. Afonso Costa. É êle, que bem o viu na noite de 4 para 5 de outubro, ó se viu! É êle, quem bem o tem observado, sabendo-me assaltado com cacetes e pistolas, em comícios e manifestações e até em locais onde simplesmente ia tratar de minha vida, por um bando de sicários, que se dizem seus correligionários e que êle tem amparado com o seu silencio benevolo, senão com o seu aplauso recôndito. […] É tempo de terminar. Aí ficam as peças do processo A opinião publica que pronuncie o seu julgamento..."
(Excerto da explicação de A. José de Almeida, «Por minha honra!»)
Encadernação simples em meia de percalina. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. As duas primeiras f. de texto apresentam rasgão à cabeça, sem perda de papel, e sem afectar o texto.
Raro.
20€