10 maio, 2020

LIMA, Magalhães - A CREMAÇÃO DE CADAVERES. Conferencia realisada na Associação do Registo Civil no dia 21 de Maio de 1912. Lisboa, Composto e impresso na Imprensa Lucas, 1912. In-8.º (20,5 cm) de 36 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Sessão de propaganda em favor da cremação. O presente opúsculo constitui uma das mais invulgares e curiosas obras da extensa bibliografia de Magalhães Lima, maçon e figura ímpar da República.
"Esta conferência pretendia claramente despertar a população para os benefícios da cremação, para o problema do espaço nos cemitérios, para os benefícios que esta poderia trazer para a saúde pública, tentando fazer com que estes argumentos se sobrepusessem aos ditos irracionais da religião católica, que negava a cremação por pressupostos religiosos."
(Fonte: https://docplayer.com.br/4067466-Igreja-e-primeira-republica-a-implementacao-do-registo-civil-obrigatorio.html)
Livro ilustrado no texto com tabelas estatísticas, e desenhos reproduzindo fornos crematórios, incluindo um 'aparelho ambulante' para o mesmo uso.
"Do que temos dito conclue-se logicamente que se impõe, ao nosso paiz, uma campanha a favor da cremação.
Durante muitos annos, mantivemos viva a propaganda, em prol do registo civil obrigatorio, das leis do divorcio e da separação das Egrejas do Estado.. Eram estes os primeiros artigos do nosso programma de livre pensamento. E hoje que lográmos attingir o nosso fim, nem por um momento descançaremos sobre as conquistas já realisadas. Outras se nos antolham, não menos importantes que as primeiras. E, entre ellas, ocupa a cremação logar primacial.
Que ninguem imagine que a lucta está terminada. Bem sabemos que vamos encontrar uma resistencia tenaz, por parte dos clericaes, para a immediata aceitação da cremação. Mas isso pouca importa. O que convém é, desde já, e á maneira do que fez a Italia, proseguir na nossa tarefa, sem descanço nem temor de qualquer natureza. A obra da Republica Portugueza ficaria incompleta, se a cremação se não estabelecesse nos nossos cemiterios, não de uma maneira obrigatoria, mas facultativa."
excerto de Uma campanha que se impõe)
Matérias:
Na antiguidade. | A cremação nos tempos modernos. | O sentimento e a religião. | A cremação e a religião. | A cremação sob o ponto de vista judiciario. | A cremação em nossos dias. | Os aparelhos crematorios. | O lado economico da questão. | Fornos crematorios. | Crematorio fixo. | Uma campanha que se impõe.
Sebastião de Magalhães Lima (1850-1928). "Nasceu no Rio de Janeiro no dia 30 de Maio de 1850, tendo ido morar para Aveiro aos cinco anos. Em 1870, inscreveu-se no curso de Direito da Faculdade de Coimbra, que terminou com distinção em 1875. Exerceu advocacia, mas sempre a par com uma actividade política intensa, pois tinha aderido ao Partido Republicano Português e à Maçonaria, organização de que viria a tornar-se Grão-Mestre. No período final da Monarquia foi um jornalista infatigável, colaborou em dezenas de jornais e revistas, tendo sido fundador do jornal O Século. Na qualidade de dirigente do Partido Republicano Português efectuou várias viagens a países estrangeiros – Espanha, Itália, Bélgica e França – a fim de obter apoios para a causa republicana. As suas qualidades pessoais e o facto de pertencer à Maçonaria Portuguesa abriram-lhe facilmente portas, contribuindo para o êxito das muitas funções que desempenhou. Durante o governo de João Franco (1906 - 1908) exilou-se em França para escapar às perseguições de que foi alvo. Regressou depois do regicídio e, em 1910, o Congresso do Partido Republicano Português, então reunido no Porto, encarregou-o de voltar ao estrangeiro, acompanhado por José Relvas para efectuar conversações destinadas a conseguir que os governos francês e inglês aceitassem a revolução que entretanto se preparava em Portugal e que veio a rebentar a 5 de Outubro. Nessa data Magalhães Lima ainda se encontrava em Paris, donde regressou para participar nos festejos da vitória. No novo regime foi deputado às Constituintes, tendo sido o relator da comissão encarregada de redigir a Constituição de República Portuguesa. Depois disso continuou sempre a efectuar contactos no estrangeiro para obter a simpatia e a aceitação dos países europeus. Em 1915 integrou o governo como Ministro da Instrução Pública. Durante o Sidonismo foi preso e mais tarde os seus opositores chegaram a acusá-lo de cumplicidade no atentado que vitimou Sidónio Pais. Magalhães Lima foi também um escritor de mérito, tendo publicado grande número de ensaios de carácter político e social, mas também alguns romances. Morreu em Lisboa a 7 de Dezembro 1928.”
(Fonte: centenariodarepublica.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Discreta rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
35€

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