18 setembro, 2020

SANTOS, Costa - SOBRE BARBEIROS SANGRADORES DO HOSPITAL DE LISBOA. [Por]... Médico dos Hospitais. Separata dos «Arquivos de Historia de Medicina Portuguêsa». Pôrto, Tip. a vapor da «Enciclopédia Portuguesa», 1921. In-4.º (24 cm) de 74 p. ; B.
1.ª edição independente.
Importante subsídio para a história da medicina entre nós, em particular da cirurgia, exercida pelos barbeiros sangradores, e os regulamentos e desempenho da profissão desde os primórdios até à sua extinção, em 1870 - corolário da decadência em que entrou a actividade com a criação das Escolas de Cirurgia, em 1836, transformadas mais tarde em Escolas Médico-Cirúrgicas.
Livro impresso em papel de superior qualidade, muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Prof. Dr. Celestino da Costa.
"Durante quasi quatro séculos se usou e abusou copiosamente da sangria no Hospital de Lisboa, não só em observancia á regra geral mas também, e muito principalmente, por na instituição hospitalar se haver estabelecido uma verdadeira escola de sangradores.
Quanto ao então generalizado emprego da sangria, ninguem melhor e com mais propriedade do que o nosso Gomes Lourenço o assinalou em meado do século XVIII por estas palavras:
«Dos remedios para socorro das enfermidades neste nosso Reino de Portugal o mais usual é a sangria, desorte frequentado que quazi se póde chamar remedio universal,...» [...]
Pelo que diz respeito mais especialmente á historia dos barbeiros sangradores do hospital citadino, encontrámos no importante Arquivo do Hospital de S. José matéria documental de imensa valia, porquanto, além de nos permitir desvendar as várias e sucessivas fases que atravessou a influencia da classe dos sangradores nos serviços clinicos hospitalares, prova fartamente a existencia duma escola-oficina de sangradores á custa do Hospital cuja importancia julgamos desnecessario encarecer.
Dizemos escola-oficina de sangradores porque os alunos não se limitavam a seguir as explicações dos mestres barbeiros e a vêr o que estes faziam, praticavam a sangria in anima vili e em tal abundancia que frequentes vezes a administração hospitalar julgou de seu dever intervir com medidas coercivas as quais não logravam, infelizmente, pôr termo á inconsciente audacia dos barbeiros."
(Excerto do Cap. I)
Matérias:
I - O abuso da sangria - Funções do barbeiro sangrador do Hospital - Primeiros barbeiros hospitalares - Início da escola de sangradores - Regimento do Barbeiro.
II - Confraria de S. Cosme e S. Damião - Regimento das enfermarias - Mortalidade de Lisboa em 1620 - Outros barbeiros do Hospital - Regimen dos praticantes de cirurgia e de sangria de 1694.
III - Cirurgiões exclusivamente encarregados de sangrar - Qualificações dos mestres de sangria em 1744 - Renovação do regulamento de 1694 para a matricula dos praticantes - A administração do Enfermeiro Mór D. Jorge Machado Mendonça - Novo regulamento dos praticantes de cirurgia, sangria e anatomia em 1760.
IV - Ultimos sangradores do Hospital - Supressão do lugar de mestre de sangria do Hospital - Extinção da profissão de sangrador [1870].
Sebastião Costa Santos (1882-1939). Médico português. Formado pela Escola Médico Cirúrgica de Lisboa. Poeta e historiador de Medicina. Chefiou o arquivo do Hospital de S. José entre 1916 e 1918. Publicou diversos trabalhos, sobretudo de índole histórica. Entre outros: O arquivo do Hospital de São José; Catálogo dos provedores e enfermeiros-mores do Hospital Real de Todos os Santos e do Hospital de São José; A Escola Cirúrgica do Hospital Real de Todos os Santos; A evolução de uma doutrina médica - o humorismo; O início da Escola de Cirurgia do Hospital Real de Todos os Santos; Lister e a sua obra; Os mestres da anatomia e o ensino da cirurgia no Hospital Real de Todos os Santos no século XVIII; Sobre barbeiros sangradores do Hospital de Lisboa.
Exemplar em brochura bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
45€

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