BOTELHO, Abel - OS LAZAROS : figuras de hoje. Porto, Livraria Chardron : Lello & Irmão, Editores, 1904. In-8.º (18,5cm) de [4], 440, [4] p. ; [1] f. il. ; E.
1.ª edição.
Romance naturalista, um dos mais apreciados do autor.
Ilustrado com um retrato do autor em extra-texto.
"A hora já bem adeantada d'uma noite de dezembro, algida e triste como um amor sem esperança, um coupé de molas caras rodava brandamentte pela ladeira deserta da rua da Emenda, e parava junto ao portão d'um apparatoso prédio de dois andares, pintado a escaiola côr de ervilha, com grandes vidros, scentelhando como laminas de gêlo, nas saccadas.
Logo o guarda-portão saltou ao passeio, reverente e humilde, o epilado craneo a descoberto no ar cortante, abatido o boné na mão esquerda calçada de grossa luva de lã, emquanto a direita se estendia a abrir a portinhola. E um homem velhusco e pêrro, envolto n'um grande ulster amarello, se apeiou; depois, a portinhola da tipoia, batendo, abalou o silencio tumular da rua n'uma sacudida resonancia; e d'ahi a um momento já os dois se achavam dentro, no vestibulo de entrada da casa..."
(Excerto do Cap. I)
Romance naturalista, um dos mais apreciados do autor.
Ilustrado com um retrato do autor em extra-texto.
"A hora já bem adeantada d'uma noite de dezembro, algida e triste como um amor sem esperança, um coupé de molas caras rodava brandamentte pela ladeira deserta da rua da Emenda, e parava junto ao portão d'um apparatoso prédio de dois andares, pintado a escaiola côr de ervilha, com grandes vidros, scentelhando como laminas de gêlo, nas saccadas.
Logo o guarda-portão saltou ao passeio, reverente e humilde, o epilado craneo a descoberto no ar cortante, abatido o boné na mão esquerda calçada de grossa luva de lã, emquanto a direita se estendia a abrir a portinhola. E um homem velhusco e pêrro, envolto n'um grande ulster amarello, se apeiou; depois, a portinhola da tipoia, batendo, abalou o silencio tumular da rua n'uma sacudida resonancia; e d'ahi a um momento já os dois se achavam dentro, no vestibulo de entrada da casa..."
(Excerto do Cap. I)
Abel Acácio de Almeida Botelho (1855-1917).
Escritor, diplomata e militar português. "Nasceu em Tabuaço a 23 de setembro de 1856. Cursou o Real Colégio
Militar de 1867 a 1872, na qualidade de
pensionista do Estado. Frequentou a Escola Politécnica de Lisboa e o
curso de estado maior na Escola do Exército. Fez a sua estreia literária
em 1877, na "Revista Literária", do
Porto, em poesia, tendo assinado também vários trabalhos sobre Filosofia
da Arte. Foi colaborador do "Diário da Manhã", onde publicou vários
contos que mais tarde reuniu no livro "Mulheres da Beira", e de outros
jornais, tendo vindo a dirigir o jornal "Repórter" até à sua extinção.
Escreveu várias comédias, representadas nos teatros lisboetas, mas a
maior projeção que conheceu foi através do romance. O seu primeiro livro
impresso foi "Lira Insubmissa" (1885), a que se
seguiu o ciclo "Patologia Social" constituido por "Barão de Lavos" (que
se esgotou em quinze dias), "O Livro de Alda", "Amanhã", "Fatal Dilema" e
"Próspero-Fortuna". Em 1900 publicou a novela "Sem Remédio" e em 1904 o
romance "Os Lázaros", já anteriormente saído em folhetins no jornal "O
Dia". Um ano antes, em 1903, elaborou um dicionário de abreviaturas para
uso antropométrico, em latim, por se prestar melhor à sua
internacionalização, que foi adotado pela Procuradoria Régia da Relação
do Porto e por todas as comarcas dela dependentes. Em termos literários
aproxima-se a obra de Abel Botelho ao naturalismo da escola de Zola.
Alguns dos seus romances foram traduzidos em italiano, francês e
castelhano."
(Fonte: http://www.e-cultura.pt/patrimonio_item/12987)
Encadernação do editor inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior e na lombada.
(Fonte: http://www.e-cultura.pt/patrimonio_item/12987)
Encadernação do editor inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível
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