13 setembro, 2023

FRIAS, Sanches de - ERSÍLIA OU OS AMÔRES DE UM POETA. Romance. Por... Lisbôa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria Editora e Officinas Typographica e de Encadernação, 1908 [Imp. 1907]. In-8.º (18,5x12 cm) de 516 p. ; E.
1.ª edição.
Romance baseado em factos verídicos ou do conhecimento do autor. A título de curiosidade, transcrevemos uma nota manuscrita da f. ante-rosto que poderá estar relacionada com o título da obra, e portanto, com os acontecimentos aí narrados: "Oferta da Querida e nunca esquecida D. Hercilia Nobre".
"Aos poucos, que se entretêm a devassar intuitos de escritôres, dedicamos, nos ligeiros períodos, que se seguem, mais uma vêz, a nossa profissão de fé, em matéria romântica, embora nos preocupem medianamente discordâncias de opinião.
Um livro é, bastas vêzes, o reflexo da probidade e temperamento do autôr, que frequentemente vive, em certos lances, ou tem vivido a vida das personagens, que descreve."
(Excerto do preâmbulo - A quem lêr)
"Entre a classe média do comércio lisboêta, haverá pouco mais de três quartos de século, figurava modesta mâs acreditadamente Manuel da Mota, negociante de poucas lêtras e muito juizo, como de ordinário convem aos que se dedicam de alma e côrpo, por vocação ou necessidade, a traficar com a arráia miuda em lojas de fazendas a retalho do género da sua, que fazia honra ao extenso arruamento dos Fanqueiros, ainda hôje muito movimentado e característico.
Manuel da Mota, já de anos maduros, possuia tôdas as manhas do ofício, mâs no seu largo tirocínio, honra lhe seja feita, servira-se sempre de uma certa probidade, que lhe grangeara foros de bom homem; e não chegou nunca, como ás vêzes se requere, em fina manigância comercial, a sêr capaz de se vendêr a si próprio.
Fiel observadôr das bôas praxes e brocardos antigos, que, de origem popular, aprendêra na sua aldeia, porque Manuel da Mota era ribatejano, não se esquecêra nunca de que - quem casa quere casa - e ainda menos de que - antes que cases olha o que fazes - ; e por isso não ligou o seu destino á senhôra Joaquina dos Prazêres, sua esbelta vizinha e antiga conversada, sem que as verduras da mocidade o abandonassem completamente, e os havêres retirados do seu comércio lhe permitissem estado de maior dispêndio, creação de filhos e manutenção de criados.
Como facilmente se ajuiza, o negociante Mota, acima de tôdos os predicados, possuia a rara virtude de só confiar nos recursos e méritos próprios, baseando se num senso prático muito de apetecêr pâra os altos governantes portuguêses, que só vivem de votos alheios e dos méritos, que não possuem, como tôdos os governados havemos mister.
D. Joaquina dos Prazêres, uma espelhada donzela, oriunda de uma laboriosa e honrada família, fôra uma excelente acquisição."
(Excerto do Cap. I - Regosijo familiar - Apresentações)
David Correia Sanches de Frias (1845-1922). "Nasceu a 2 de outubro de 1845 em Pombeiro da Beira, onde viria a falecer a 19 de março de 1922. Viveu largos anos no Brasil, tendo-se destacado pelos seus préstimos em associações de índole social e cultural, bem como no campo das letras, enquanto escritor e jornalista. Dotado de invulgares faculdades de trabalho e de inteligência e de uma tenacidade singular, Sanches de Frias deixou para a posteridade diversas obras, quer no domínio da poesia e do drama como das viagens, merecendo especial destaque a obra Pombeiro da Beira : memória histórica, descritiva e crítica."
(Fonte: https://www.cm-arganil.pt/noticias/relembrar-visconde-sanches-de-frias-na-biblioteca-municipal-de-arganil/)
Encadernação em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Ligeiramente aparado à cabeça.
Raro.
Indisponível

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