28 junho, 2021

RAMALHO, Albano - IMPRESSÕES SOBRE AS ESCOLAS DE FRANÇA E BELGICA E CRITICA DA EDUCAÇÃO E INSTRUCÇÃO PRIMARIA EM PORTUGAL.
Por... Professor ex-pensionista do Estado em França e Belgica
. Porto, Casa editora de Antonio Figueirinhas, 1909. In-8.º (18,5 cm) de 356 p. ; E.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história da instrução primária em Portugal. Raro e muito interessante. A preocupação com novos métodos de ensino teve início no período imediatamente anterior à instauração da República (1907-1909), projectando o seu efeito reformador entre nós na década seguinte.
"Nas três primeiras décadas do século XX, num período que cobre o arco temporal que vai do declínio da monarquia aos primórdios da ditadura, com uma maior concentração nas extremidades do referido arco, realizou-se um conjunto de viagens de bolseiros portugueses a instituições educativas de países europeus considerados, desse ponto de vista, mais desenvolvidos. [...]
As deslocações vão realizar-se, no essencial, entre os anos de 1907 e 1908, ainda que uma parte dos relatórios seja publicada no Diário do Governo já em 1909. Um dos mais interessantes de entre os relatórios produzidos é o subscrito por Albano Ramalho, então professor primário, depois inspector escolar e um dos fundadores da Revista Escolar, uma das grandes revistas pedagógicas, com um carácter inovador, que se vai publicar entre os anos vinte e os anos trinta (Nóvoa, 2003). Albano Ramalho opta por uma concepção alargada relativamente ao solicitado relatório, publicando, para o efeito, um volume com cerca de três centenas e meia de páginas, intitulado Impressões sobre as escolas de França e Bélgica e crítica da educação e instrução primária em Portugal (Ramalho, 1909). O texto de Ramalho não é muito específico em relação ao percurso por ele seguido e às escolas de instrução primária visitadas (bem como jardins de infância), já que privilegia uma organização de base temática e procede a comparações de ordem geral entre, por um lado, as escolas belgas e francesas e, por outro, entre estas e as portuguesas. As referências a autores e a ideias inovadoras são abundantes. O autor sublinha a importância da “ideia nova”, de que ele próprio foi beneficiário, de se enviarem professores aos países que mais “progressos” têm realizado em “matéria de educação”, onde novos métodos e processos estavam a ser postos em prática e aproveita para elogiar o governante que a corporizou - João Franco -, então já afastado do poder, afirmando ser este um “princípio que, só por si, honra este estadista por o ter concebido e posto em prática.”
(Fonte: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4007/1/Imagens%20e%20leituras%20da%20educa%C3%A7%C3%A3o%20nova.pdf)
"Durante alguns annos de contacto com representantes do corpo educativo da primeira infancia em Portugal, tivemos occasião de conhecer, quasi directamente, pela experiencia, pelas exposições de uns cheias de descrença, pelos brados de indignação de outros, pelas pungentes reclamações de muitos e pela passividade de alguns, qual o systema educativo em Portugal e o estado da sua escola primaria. Uma lei do paiz convidou-nos a estudar diversos problemas de instrucção nas escolas primarias e normaes da França e Belgica.
Sahimos para fóra de Portugal. Durante alguns mezes nos encontrámos em contacto com povos de civilização muito differente da nossa. E assim vivemos entre educadores dos dois paizes, a dentro das suas escolas, em presença de alumnos e mestres.
Toda a energia que nos foi possivel dispender, a empregamos em conhecer os seus systemas educativos, os meios empregados para formarem uma geração - mais rica de saude, mais perfeita de corpo e completa de espirito. Cada passo que davamos para uma escola, para uma licção, para um jardim publico, para uma conferencia, recordava-nos o cahos da nossa instrucção nacional."
(Excerto do Prefacio)
Indice:
Livro I - Impressões sobre as escolas de França e Belgica. I. Educação fisica. II - Organização pedagogica e caracter scientifico e pratico dos programmas. III - A disciplina, a emulução e o respeito pela personalidade do alumno. IV - Processos modernos de educação e instrucção. V - Educação social. VI - A educação moral, religiosa e civica. VII - A agricultura e os jardins escolares. VIII - Os trabalhos manuaes, o desenho e a educação estetica. IX - O ensino das diversas disciplinas. X - Educação da infancia antes da escola primaria. XI - Educação da infancia anormal. XII - O ensino normal.
Livro II - Critica da educação e instrucção primaria em Portugal. I - A descentralização. II - Falta duma categoria de estabelecimentos de educação. As escolas maternaes. III - A miseria material, moral e intellectual. IV - Os sacrificios da Belgica pela instrucção. V - A independencia do professor. VI - O ensino obrigatorio. A escola não offerece confiança. VII - Reorganização do ensino normal. VIII - Um exemplo dos nossos processos de ensino. Confronto com os processos empregados na Escola Normal de Bruxellas. IX - A inferioridade mental da creança portuguêsa perante a francêsa e belga da mesma edade. X - O ensino da vida pratica não entra na escola portuguêsa. XI - A questão dos exames e a orientação do ensino. XII - Necessidade dum remodelação no nosso sistema de educação. XIII - A insufficiencia da instrucção primaria. Necessidade das instituições «post-scolaires». XIV - A crise moral e politica em Portugal. XV - Pensões de estudo no estrangeiro. XVI - A educação no regimento. XVII - Conclusão e juizo comparativo.
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura possessória na capa.
Raro.
Com interesse histórico.
A BNP tem registado apenas um exemplar na sua base de dados.
Indisponível

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