30 junho, 2021

GONÇALVES, Eugénio Migueis - ELEMENTOS INDISPENSAVEIS AOS CANDIDATOS A CONDUTORES DE VIATURAS, AUTOMOVEIS E MOTOCICLOS E A CONDUTORES, PROPRIETÁRIOS E NEGOCIANTES DOS MESMOS.
Por... Segunda edição muito melhorada
. Lisboa, Edição do Autor. Depositario: Imprensa Moderna, [193?]. In-8.º (20 cm) de 216, [10] p. ; il. ; E.
Curioso manual automobilístico publicado nos anos 30 do século passado.
Livro ilustrado ao longo do texto com tabelas, croquis e desenhos esquemáticos, e uma estampa em página inteira: Edifício onde está instalada a séde da Associação dos Chauffeurs do Sul de Portugal (Antigo palacio Condes de Almada). Inclui ainda, no final, publicidade da época ligada ao ramo automóvel, bem como informações sobre seguros auto.
"A forma mais prática e fácil de aprender a guiar com todos os preceitos necessários, tanto para a frente como em marcha-atrás, é a seguinte:
1.º - Para as primeiras lições deverão os que não são instrutores escolher um local apropriado para o ínicio da aprendizagem, que deve ser plano, sem curvas nem precipícios, quanto mais extenso melhor, e em horas de pouco movimento de trânsito.
2.º - O aluno, antes de começar a conduzir, deverá receber do seu instrutor algumas explicações, indo a seu lado, e reparando bem como se manobram as alavancas, os pedais, e como se faz a direcção. Antes disto, porém, deverá saber como se põi a funcionar e como se pára o motor."
(Excerto de1.ª Parte Condução...Instruções de condução)
Índice:
1.ª Parte - Condução e outras manobras da direcção. 2.ª Parte - Resumo de teoria mecânica, que denominaremos de «Técnica». 3.ª Parte - Assuntos referentes a documentos a tratar na Comissão Técnica, e bem assim outros indispensaveis e extraídos do último Código da Estrada, sôbre condutores e viaturas, automoveis e outros regulamentares das disposições camarárias e trânsito.
Encadernação editorial com ferros gravados a seco e a negro na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Mancha ao longo da margem lateral, atinge as primeiras folhas do livro. Assinatura de posse na f. rosto e anterrosto.
Invulgar.
15€

29 junho, 2021

MARTINS, S. J., Diamantino - O PROBLEMA DE DEUS. [Por]... Professor da Faculdade de Filosofia de Braga. Braga, Livraria Cruz, 1957. In-8.º (20,5 cm) de 240, [4] p. ; B.
1.ª edição.
"Este livro, embora perigoso, pode ser lido por todos. É perigoso para quem não quer encontrar-se com Deus, porque talvez O encontre nele, sem Lhe poder fugir. É perigoso para quem nunca pensou o problema do Infinito, porque pode suscitar questões difíceis de resolver, ou que forçam os quadros habituais a que estamos acostumados.
Mas que há neste mundo que valha alguma coisa, que não seja igualmente perigoso?
Em milhares de anos não adiantou um passo o sistema das nossas relações com Deus. Oração, sacrifícios, altares datam desde milénios, assinalando através dos séculos uma mesma atitude fundamental.
Não podia ser doutra maneira, se tal sistema é da essência mesma do homem, e não forma passageira e acidental da sua existência terrestre."
(Excerto do Prólogo)
Índice:
Prólogo. | I - Do Nada ao Infinito. II - Dialéctica da Existência como Ser-para-Deus? III - Que é Deus? IV - Deus no Mundo Moderno. V - O Problema do Ateísmo. VI - O Ateísmo Russo. | Epílogo.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto.
Invulgar.
Indisponível

28 junho, 2021

RAMALHO, Albano - IMPRESSÕES SOBRE AS ESCOLAS DE FRANÇA E BELGICA E CRITICA DA EDUCAÇÃO E INSTRUCÇÃO PRIMARIA EM PORTUGAL.
Por... Professor ex-pensionista do Estado em França e Belgica
. Porto, Casa editora de Antonio Figueirinhas, 1909. In-8.º (18,5 cm) de 356 p. ; E.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história da instrução primária em Portugal. Raro e muito interessante. A preocupação com novos métodos de ensino teve início no período imediatamente anterior à instauração da República (1907-1909), projectando o seu efeito reformador entre nós na década seguinte.
"Nas três primeiras décadas do século XX, num período que cobre o arco temporal que vai do declínio da monarquia aos primórdios da ditadura, com uma maior concentração nas extremidades do referido arco, realizou-se um conjunto de viagens de bolseiros portugueses a instituições educativas de países europeus considerados, desse ponto de vista, mais desenvolvidos. [...]
As deslocações vão realizar-se, no essencial, entre os anos de 1907 e 1908, ainda que uma parte dos relatórios seja publicada no Diário do Governo já em 1909. Um dos mais interessantes de entre os relatórios produzidos é o subscrito por Albano Ramalho, então professor primário, depois inspector escolar e um dos fundadores da Revista Escolar, uma das grandes revistas pedagógicas, com um carácter inovador, que se vai publicar entre os anos vinte e os anos trinta (Nóvoa, 2003). Albano Ramalho opta por uma concepção alargada relativamente ao solicitado relatório, publicando, para o efeito, um volume com cerca de três centenas e meia de páginas, intitulado Impressões sobre as escolas de França e Bélgica e crítica da educação e instrução primária em Portugal (Ramalho, 1909). O texto de Ramalho não é muito específico em relação ao percurso por ele seguido e às escolas de instrução primária visitadas (bem como jardins de infância), já que privilegia uma organização de base temática e procede a comparações de ordem geral entre, por um lado, as escolas belgas e francesas e, por outro, entre estas e as portuguesas. As referências a autores e a ideias inovadoras são abundantes. O autor sublinha a importância da “ideia nova”, de que ele próprio foi beneficiário, de se enviarem professores aos países que mais “progressos” têm realizado em “matéria de educação”, onde novos métodos e processos estavam a ser postos em prática e aproveita para elogiar o governante que a corporizou - João Franco -, então já afastado do poder, afirmando ser este um “princípio que, só por si, honra este estadista por o ter concebido e posto em prática.”
(Fonte: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/4007/1/Imagens%20e%20leituras%20da%20educa%C3%A7%C3%A3o%20nova.pdf)
"Durante alguns annos de contacto com representantes do corpo educativo da primeira infancia em Portugal, tivemos occasião de conhecer, quasi directamente, pela experiencia, pelas exposições de uns cheias de descrença, pelos brados de indignação de outros, pelas pungentes reclamações de muitos e pela passividade de alguns, qual o systema educativo em Portugal e o estado da sua escola primaria. Uma lei do paiz convidou-nos a estudar diversos problemas de instrucção nas escolas primarias e normaes da França e Belgica.
Sahimos para fóra de Portugal. Durante alguns mezes nos encontrámos em contacto com povos de civilização muito differente da nossa. E assim vivemos entre educadores dos dois paizes, a dentro das suas escolas, em presença de alumnos e mestres.
Toda a energia que nos foi possivel dispender, a empregamos em conhecer os seus systemas educativos, os meios empregados para formarem uma geração - mais rica de saude, mais perfeita de corpo e completa de espirito. Cada passo que davamos para uma escola, para uma licção, para um jardim publico, para uma conferencia, recordava-nos o cahos da nossa instrucção nacional."
(Excerto do Prefacio)
Indice:
Livro I - Impressões sobre as escolas de França e Belgica. I. Educação fisica. II - Organização pedagogica e caracter scientifico e pratico dos programmas. III - A disciplina, a emulução e o respeito pela personalidade do alumno. IV - Processos modernos de educação e instrucção. V - Educação social. VI - A educação moral, religiosa e civica. VII - A agricultura e os jardins escolares. VIII - Os trabalhos manuaes, o desenho e a educação estetica. IX - O ensino das diversas disciplinas. X - Educação da infancia antes da escola primaria. XI - Educação da infancia anormal. XII - O ensino normal.
Livro II - Critica da educação e instrucção primaria em Portugal. I - A descentralização. II - Falta duma categoria de estabelecimentos de educação. As escolas maternaes. III - A miseria material, moral e intellectual. IV - Os sacrificios da Belgica pela instrucção. V - A independencia do professor. VI - O ensino obrigatorio. A escola não offerece confiança. VII - Reorganização do ensino normal. VIII - Um exemplo dos nossos processos de ensino. Confronto com os processos empregados na Escola Normal de Bruxellas. IX - A inferioridade mental da creança portuguêsa perante a francêsa e belga da mesma edade. X - O ensino da vida pratica não entra na escola portuguêsa. XI - A questão dos exames e a orientação do ensino. XII - Necessidade dum remodelação no nosso sistema de educação. XIII - A insufficiencia da instrucção primaria. Necessidade das instituições «post-scolaires». XIV - A crise moral e politica em Portugal. XV - Pensões de estudo no estrangeiro. XVI - A educação no regimento. XVII - Conclusão e juizo comparativo.
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura possessória na capa.
Raro.
Com interesse histórico.
A BNP tem registado apenas um exemplar na sua base de dados.
Indisponível

27 junho, 2021

MATHIAS, Jorge - PORTUGAL E OS SEUS CAVALOS. Texto de... Fotografias: Carlos Gil e Jorge Barros. Design gráfico: José Cândido. Lisboa, Edições António Ramos, 1980. In-4.º (29cm) de 112, [2] p. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história equestre em Portugal: as raças cavalares nacionais; as principais feiras temáticas; a apresentação dos equídeos em competição e alta escola; em contexto tauromáquico, etc. Especial menção para o capítulo dedicado às corridas às lebres.
Livro impresso em papel de superior qualidade, profusamente ilustrado a p.b. e a cores.
Apreciado e muito procurado.
Índice:
História da Equitação em Portugal. | Os Cavalos Portugueses: O Cavalo Lusitano; O Cavalo do Sorraia; O Cavalo Alter; O Garrano; O Cavalo de Toureio. | A Estação Zootécnica Nacional e o Centro Nacional de Produção Cavalar. | Feiras de Portugal: A Feira da Golegã; Feira do Ribatejo; A Feira de Vila Franca de Xira. | A "Escola de Mafra". | Diversas Escolas de Equitação. | Museu Nacional dos Coches. | As Corridas às Lebres. | À Guisa de Epílogo. | Alguns livros de equitação escritos por portugueses do século XIV ao XIX.
Encadernação cartonada do editor com sobrecapa policromada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
25€

26 junho, 2021

LOURINHO, Manuel H. - PRISIONEIROS PORTUGUESES NA ALEMANHA. (Guerra de 1914-1918). Porto, Edição do Autor [Imp. Inova], [1980]. In-8.º (21 cm) de 165, [3] p. ; il. ; B.
1ª edição.
Memórias de cativeiro do autor, prisioneiro dos alemães após a batalha do Lys, em 9 de Abril de 1918.
Livro ilustrado extratexto com reproduções fotográficas da época.
"A história da vida dos oficiais portugueses prisioneiros de guerra na Alemanha durante a conflagração 1914-1918 não está feita. Alguns livros escritos sobre o assunto são desconhecedores do dossier colectivo que a Comissão Central dos prisioneiros de guerra tinha em seu poder. Não é de estranhar, pois, que o seu valor histórico seja incompleto, até mesmo nulo, na maior parte dos casos. Assim, o que vai ficar escrito neste livro é a projecção real e documentada do que foi a vida dos oficiais portugueses nos meses que durou o seu cativeiro e principalmente desde que a Comissão Central foi investida no seu mandato. [...]
A publicação deste livro é, pois, um serviço e uma homenagem à verdade do que se passou, um apontamento histórico, até agora desconhecido."
(Excerto da Introdução)
Manuel Hermenegildo Lourinho (1891-1978). Militar português, tenente médico. Mobilizado para França, integrou o Corpo Expedicionário Português durante a Grande Guerra. Tomou parte na Batalha de La Lys, em 9 de Abril de 1918, sendo feito prisioneiro dos alemães. Após a libertação regressa a Portugal, onde é condecorado com a Cruz de Guerra e colocado como Capitão Médico do Batalhão de Caçadores n.º 1, em Portalegre."
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

25 junho, 2021

RIBEIRO, Victor - A VIDA LISBOETA NOS SECULOS XV E XVI.
(Pequenos quadros documentaes). PEDITORIO E PEDINTES. Por...
Lisboa, Of. Tip. - Calçada do Cabra, 7, 1910. In-4.º (28 cm) de 36 p. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante subsídio para a história da mendicidade na capital ao longo dos séculos XV e XVI. Separata do Archivo Historico Portuguez, Vol. VIII., dedicada pelo autor a Anselmo Braancamp Freire. Inclui reprodução de diversos documentos da época.
Opúsculo n.º 19 de uma tiragem declarada de apenas 21 exemplares.
"A mendicidade, aspecto exteriorisado da miseria, constitui sempre nas sociedades mediévicas e modernas um grande problema social, não só quando, na sua essencial pureza, representa a verdadeira desgraça e desvalimento dos mendicantes, senão tambem, quando essa mendicidade se torna, como é frequente, uma especulação torpe á commiseração das bôas e compadecidas almas. [...]
Em Lisboa, nos seculos XV e XVI, os mendigos eram em avultado numero; a Estatistica manuscripta de Lisboa (1562) diz-nos:
«Vem á cidade mil homens e mulheres pobres, que andam pedindo esmola, e tem-o por officio, que tiram muito dinheiro para suas mantenças.»
Estes numerosos mendigos achavam-se congregados em Confrarias, de duas das quaes nos resta memoria, a de Santo Aleixo, na egreja da Misericordia, e a do Menino Jesus, que era só de cegos, sita na freguezia de S. Jorge, e depois na de S. Martinho."
(Excerto do estudo)
Victor Maximiano Ribeiro (Lisboa, 1862 - Lisboa, 1930). "Escritor e jornalista, colaborou em muitos jornais e revistas do seu tempo, elencadas por Inocêncio Francisco da Silva e por Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues. Pertenceu a diversas  instituições  científicas. Historiador e publicista, os seus estudos históricos, ainda que "sem grande critério na selecção dos dados apresentados" (José Mattoso), têm elementos de muita valia, particularmente para a história da assistência em Portugal durante a época moderna. Com vasta obra publicada, uma de maior tiragem e outra integrando colecções populares e ilustradas, os seus trabalhos são apreciados e tiveram impacto historiográfico, sendo alguns recorrentemente citados em estudos de especialidade."
(Fonte: http://dichp.bnportugal.pt/imagens/ribeiro_victor.pdf)
Livro em brochura, por aparar, em bom estado geral de conservação.
Muito raro.
Com interesse histórico e olisiponense.
35€

24 junho, 2021

RIBEIRO, Manoel - SENTIDO DE VIVER
. Lisboa, Guimarães & C.ª - Editores, 1909. In-8.º (18 cm) de 156, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original da segunda obra do autor, tendo a primeira - Imperiosa Verdade, scena em verso - sido publicada no ano anterior, em 1908.
"Livro de poemas. Nestes versos de pendor autobiográfico [Manuel Ribeiro] dá conta do embate com o ambiente da capital e a busca espiritual que acalentava: desiludido com a situação da Igreja, que considerava ter traído o  ideal cristão, sente-se «outra vez novo, apaixonado e ardente» no estudo da «razão oculta» da exploração e injustiça social, isto é, a questão social emerge no seu percurso como instância de vivência espiritual."
(Fonte: Pinto, Sérgio - Manuel Ribeiro)

"Que é isto que sentimos, meu irmão,
nesta rajada súbita que passa?
Que doida luta é esta que espedaça
os nossos cérebros de comoção?

Tudo o que se não explica e se não sabe?
Tudo o que torna o pensamento enfermo?
Tudo isso que se sente e que não cabe
na incisão geométrica dum termo?

Ah, que ao menos saibamos nós senti-la
esta ancia, que é a vida verdadeira,
de alargarmos a alma e de expandi-la
para abraçar a natureza inteira."

(Excerto de Sentido de viver)

Manuel Ribeiro (1879-1942). "Escritor alentejano vindo da militância do socialismo revolucionário, marcado pelo contacto com a religiosidade interiorista da Cartuxa de Miraflores, publicou em 1922, de regresso à pátria, o romance O Deserto que espelha o ambiente de misticismo aí vivido nos dias passados entre uma comunidade monástica da mais rigorosa clausura. Situado em Castela-a-Velha e fronteiro a Burgos, o mosteiro é uma bela jóia artística e um oásis de espiritualidade que proporcionou ao ficcionista profundas vivências religiosas e estéticas que o teriam aproximado do catolicismo em cuja fé morreu."
(Fonte: https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4420.pdf)
Encadernação em meia de pele com cantos, e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Com pequenos defeitos na lombada. Sem f. anterrosto. Assinatura de posse na folha que precede o texto.
Raro.
Indisponível

23 junho, 2021

GOMES, Adelino & CASTANHEIRA, José Pedro - OS DIAS LOUCOS DO PREC [do 11 de Março ao 25 de Novembro de 1975]. Prefácio de Gonçalo M. Tavares. [Lisboa], Expresso : Público, 2006. In-4.º (27 cm) de 431, [1] p. ; mto il. ; E.
1.ª edição.
PREC (Processo Revolucionário em Curso). Importante subsídio para o estudo do conturbado período da vida nacional conhecido por "Verão quente de 75".
Livro impresso em papel de superior qualidade, profusamente ilustrado com desenhos e fotografias da época, a p.b. e a cores.
"Em 2005, o Expresso e o Público revisitaram oito meses e meio que mediaram entre a tentativa de golpe de 11 de Março e o 25 de Novembro de 1975.
Concebidas e desenvolvidas em inteira autonomia, as duas iniciativas editoriais empenharam-se em apurar, com rigor, a cronologia noticiosa daquele período. A selecção dos factos fez-se, quase sempre, a partir da imprensa escrita do tempo. [...]
Os textos publicados em cada um dos jornais são facilmente reconhecíveis: os do Expresso abrem cada capítulo, à maneira de uma entrada longa ou de um artigo-síntese; os do Público narram os desenvolvimentos noticiosos quotidianos, de que vão apresentando uma espécie de revista de imprensa. [...]
Entre Abril de 1974 e Abril de 1976, data da aprovação da Constituição, seguida da vitória presidencial de Ramalho Eanes sobre Otelo Saraiva de Carvalho, os portugueses viveram, seguramente, os tempos mais exaltantes da segunda metade do século XX.
O secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, entre outros, viu o Portugal do imediato pós 25 de Abril como um caso perdido para o então chamado "mundo livre".
Nesse período, em particular entre 11 de Março e 25 de Novembro de 1975 - a cuja narração jornalística o presente livro precede -, o País encontrou-se, por mais de uma vez, à beira da guerra civil."
(Excerto da introdução)
Encadernação editorial policromada.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto.
Invulgar.
Com interesse histórico.
30€

22 junho, 2021

ERDMANN, Carl - O PAPADO E PORTUGAL NO PRIMEIRO SÉCULO DA HISTÓRIA PORTUGUESA
. Coimbra, Coimbra Editora, 1935 [aliás, Braga, Cabido Metropolitano e Primacial Bracarense; Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, 1996]. In-4.º (26 cm) de [6], 94, [2] p. ; B.
Edição fac-símile - por certo com tiragem reduzida - desta obra ímpar do Prof. Carl Erdmann, importante contributo para a história do relacionamento entre as mais altas autoridade eclesiásticas e o primeiro rei de Portugal, que veio trazer uma nova luz à questão da independência nacional.
"O alargamento da esfera de influência papal no oeste da península ibérica data do período entre o fim do século XI e o fim do século XII. Se anteriormente a Gregório VII não existiam relações entre Roma e o clero galaico-lusitano, depois de Alexandre III a sujeição de Portugal ao organismo da igreja católica romana é um facto. Em 1095 o condado de Portugal é separado da Galiza e entregue ao conde Henrique de Borgonha, conservando-se, no entanto, dentro do reino de Leão. Noventa anos mais tarde seu filho Afonso I deixa Portugal como reino independente, independência que se manteve até hoje através das vicissitude dos tempos. [...]
Sabe-se que o primeiro rei de português tornou o seu país tributário da Santa Sé. O motivo desta oblação conhece-se também: assegurar a independência portuguesa em face da vizinha Castela. Das relações entre Portugal e a cúria nesta época, êste foi o único facto que até agora atraiu a atenção, o que, naturalmente levou a concluir que a Santa Sé teve um interesse particular e conseqüentemente uma parte activa na formação da independência portuguesa. Um estudo mais profundo desmente, porém, esta opinião. Ao contrário, a cúria, tendo sempre em vista na península ibérica o objectivo supremo da concentração de tôdas as forças para a luta com os infiéis, opôs-se por isso mesmo, durante muito tempo, à criação dum Portugal independente. Isto foi, para Portugal, um facto de grande transcendência.. A autoridade dos papas, mesmo quando êles se abstinham de intervir directamente nos negócios dos estados seculares, era tão grande que o reconhecimento ou não-reconhecimento dos pequenos estados formados na Península era para estes duma importância capital. [...] É natural  que a separação política de Portugal e dos reinos vizinhos se tornasse dificílima, visto o clero português estar sujeito ao domínio dos príncipes da igreja castelhana. E como a organização eclesiástica dependia do papado, todos os esforços deviam tender ao reconhecimento da independência política e da autonomia  eclesiástica pela Santa Sé.
Considerados assim os acontecimentos daquela época, os planos e êxitos do fundador da dinastia portuguesa - o conde Henrique de Borgonha - e de seu filho Afonso, primeiro rei de Portugal, aparecem-nos a uma nova luz. Só agora se pode apreciar devidamente o papel extraordinário desempenhado por um homem, cuja acção não foi ainda julgada devidamente. Refiro-me ao arcebispo João Peculiar de Braga, que suportou sôbre os seus ombros, durante quatro decénios, quási todas as negociações com Roma. Se Portugal conseguiu por fim, graças ao reconhecimento por parte da cúria, assegurar a sua independência política e autonomia eclesiástica em relação aos estados vizinhos, isso pode considerar-se obra sua."
(Excerto da Introdução)
Matérias:
Introdução. | 1. - As primeiras relações entre Roma e Portugal. 2. - Maurício de Braga e Diego de Compostela. 3. - Inocêncio II e o juramento de vassalagem de D. Afonso Henriques. 4. - A luta contra o primado de Toledo. | Apêndice: I - Os bispo D (D. Diogo) de Compostela, A (D. Afonso) de Tuy, M (D. Munio) de Mondonhedo, P (D. Pedro) de Lugo, D (D. Diogo) de Orense e H (D. Hugo) do Porto participaram ao bispo G (D. Gonçalo) de Coimbra as resoluções do Sínodo de Compostela e convidaram-no a entrar na confraternidade que estabeleceram e a sanar as suas diferenças com Santiago e Porto. (1147) 17 de Novembro. II - Os bispos D. Gonçalo de Coimbra e D. Hugo do Porto ajustam entre si que o Douro valha como fronteira entre os dois bispados com excepção daqueles territórios ao sul do Douro que Gonçalo houvesse por bem ceder voluntáriamente. (1114,  de Dezembro). III - B (D. Bernardo), arcebispo de Toledo e legado da Santa Sé, ordena ao abade G (D. Gaudemiro) de S. Tirso, que exorte a população da região de Vizela até Antuã a obedecer ao bispo D. Hugo do Porto, sob pena de interdição. 1115 (comêço). IV - O bispo D. João de Coimbra queixa-se ao arcebispo D. João de Braga. (1154-1155). V - Actas do Concílio (de Valladolid, convocado pelo cardeal-legado Jacinto na presença do rei Afonso VII de Castela). (Janeiro de 1155). VI - Inquirição de testemunhas sôbre a sentença de suspensão pronunciadas no Concílio de Valladolid (Janeiro de 1155) pelo Cardeal-legado Jacinto contra o bispo D. João de Braga (Tuy 1182) 4 de Novembro.
Carl Erdmann (1898-1945). Foi um historiador alemão, especializado em história política e intelectual medieval. Ficou conhecido, sobretudo pelos estudos que desenvolveu sobra as Cruzadas, bem como pelo seu trabalho na recolha e tratamento de correspondência entre as elites seculares e eclesiásticas no século XI. Publicou vários trabalhos relacionados com Portugal na Idade Média. É considerado um dos estudiosos alemães mais influentes e importantes da cultura política medieval no século XX. Faleceu nas fileiras do exército alemão no final da 2.ª Guerra Mundial.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

21 junho, 2021

CANTO, Jorge Brum do - CHAIMITE.
Um filme de...
[S.l.], [s.n. - Composto e Impresso na Gráfica Monumental, Lda.], 1953. In-4.º (25 cm) de [12] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Folheto explicativo de Chaimite, filme realizado por Jorge Brum do Canto, em 1953, sobre as campanhas africanas de Mouzinho e a captura por este do régulo rebelde Gungunhana.
Livrinho ilustrado com cenas do filme e o retrato dos actores.
"Dentro da extraordinária teoria de feitos que em sol maior natural se orquestram nas nossas campanhas da Ocupação - esta conta os vátuas invasores do pedaço moçambicano sobe a primeiro plano com a força dum paradigma e dum símbolo.
No filme, tentámos não só dar a revivescência de seres e circunstâncias que que amanheceram ensolarados de heroísmo numa época tristemente crepuscular, como despertar, ao espírito do espectador e a par dessa canção de gesta, o amor pela terra de África tão portuguesa como a de cá - através do espírito construtivo que, na cidade, eleva o «Chai-Chai» primeiro de café a restaurante e depois a hotel - e que, no campo, impulsiona Daniel recém-casado a lançar os alicerces duma cidade futura, transformando o inapropriado mato virgem em valor real de properidade."
(Excerto de A razão de Chaimite)
Matérias: A razão de Chaimite. | Jorge Brum do Canto - Director e interprete. | Os protagonistas de Chaimite. | Para além do que se vê, pelo Prof. Doutor Luiz Pinto Coelho. | O fundo musical de Chaimite. | Chaimite : um documento digno do prestígio do nosso exército. | [Palavras patrióticas de Mouzinho]. | Ficha técnica e artística de Chaimite.
Exemplar brochado - com estampa colada na capa frontal - em bom estado geral de conservação. Capas algo oxidadas.
Raro.
Peça de colecção.
20€

20 junho, 2021

RIBEIRO, Victor - AS LOTARIAS DA MISERICORDIA E A ACADEMIA DAS SCIÊNCIAS. Por... Coimbra, Imprensa da Universidade, 1914. In-4.º (23,5 cm) de 32 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso trabalho sobre o relacionamento da Lotaria, administrada pela Misericórdia de Lisboa, com o governo da República.
Livro valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"É êrro corrente hoje, e que tenho ouvido repetir, até a um inteligente e ilustrado ministro da República, que as lotarias são do Estado, e é êste quem subvenciona com parte dos lucros delas os estabelecimentos de beneficiência e assistência, quando a verdade histórica manda rectificar tal asserção. [...]
Apenas direi que na Gazeta [de Lisboa] , em 9 de dezembro de 1783, se noticiava o estabelecimento da nova lotaria anual de 360.000 cruzados, cujos lucros, formados por 12%, que tirariam aos prémios, seriam divididos em três quinhões iguais, sendo um para o Hospital de Todos os Santos, outro para o Hospital dos Expostos, (serviço que desde 1636 ficou englobado nas obrigações da Misericordia de Lisboa), e o terceiro para a Acadamia das Sciências. [...]
Rectificando pois desta fórma as erroneas afirmativas, que aliás de boa fé, se teem feito de ser originariamente do Estado a nossa Lotaria quando, desde a sua fundação, como se vê no Plano e nos bilhetes da primeira extracção e de todas as subsequentes, se designou sempre pertencer à Misericordia de Lisboa, compartilhando esta instituição de caridade os lucros havidos, com outros institutos e com o próprio Estado, em odediência a petições ou despachos do govêrno, que assim, em diversos tempos até ao presente, o teem determinado."
(Excerto do texto)
índice:
As lotarias da Misericordia a a Academia das Sciências. |. Notas: I - A primeira lotaria, em 1784. A) Como se vendeu. B) Prémios que se pagaram. II - Sequência das lotarias no seu primeiro quinquagenário segundo as colecções existentes no Arquivo da Misericordia de Lisboa. A) Planos e instrucções. B) Colecção de bilhetes. C) Relações de números premiados. III - Loterias brasileiras nos meados do século XIX. IV - As rodas da Lotaria.
V - Bibliografia.
Victor Maximiano Ribeiro (Lisboa, 1862 - Lisboa, 1930). "Escritor e jornalista, colaborou em muitos jornais e revistas do seu tempo. Historiador e publicista, os seus estudos históricos, ainda que “sem grande critério na selecção dos
dados apresentados” (José Mattoso), têm elementos de muita valia, particularmente para a história da assistência em Portugal durante a época moderna.  Investigador erudito, a sua biblioteca pessoal era constituída por obras de autores cimeiros do seu tempo. Com vasta obra publicada, uma de maior tiragem e outra integrando colecções populares e ilustradas, os seus trabalhos são apreciados e tiveram impacto historiográfico, sendo alguns recorrentemente citados em estudos de especialidade."
(Fonte: http://dichp.bnportugal.pt/imagens/ribeiro_victor.pdf)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
15€

19 junho, 2021

GALLIS, Alfredo - AMOR OU FARDA. Romance contra o militarismo. Lisboa, Antiga Casa Bertrand, 1907. In-8.º (20 cm) de 242, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Rara e muitíssimo interessante obra do autor, um pouco diferente das demais dada a devoção bem expressa à causa do anti-militarismo. Nas primeiras vinte páginas do livro A. Gallis discorre sobre a doutrina e as suas consequências para as sociedades.
Livro proibido de circular pela censura do Estado Novo.
Título de posse na f. anterrosto e na última página de texto em nome de Antonio Marques Proença, 1º Sargento.
"Em these, como base fundamental e essencia philosophica da sua missão mundial, o militarismo é um crime!
Esse crime porém encontra atenuantes nas multiplas manifestações da malevolencia humana desde os primeiros dias da sua apparição sobre a Terra.
O que é o militarismo?
É uma fracção methodicamente organisada e equipada de todos os povos, cuja missão consiste em defender esses povos dos attentados que contra elles outros lhes queiram dirigir, ou, variando de tactica, agredir os estranhos quando assim pareça conveniente e proveitoso para as ambições e interesses dos invasores."
(Excerto do Proemio)
"Verdadeiramente radiosa aquella linda anhã de setembro, d'uma limpidez de ceu azul que fascinava a vista, e de uma pureza atmospherica que aspirada a plenos pulmões levava ao sangue uma nova e depurativa reviviscenia. [...]
Estava-se em plena vindima, e para cima de cento e oitenta pessoas, homens e mulheres, procediam á colha do cacho.
Montado na sua egua baia, magnifico exemplar de Alter, o morgado, de jaqueta e chapeu de aba larga, cinta de seda preta e botas altas, sahira do solar pouco depois do romper do sol, e accendendo o seu inseparavel charuto, dirigira-se á vinha que ficava a dose kilometros de distancia da casa da sua residencia.
Alexandre Simão Vaz de Albuquerque, moço fidalgo da casa real, descendente de uma familia nobre da Beira, e mais conheçido pelo morgado da Almoana, vastos dominios que herdara dos seus maiores e constituia o morgadia de sua casa, contava á data 60 annos incompletos.
Era um homem de avantajada estatura, reforçado, de modos affaveis e simples, trigueiro e corado, de espessa cabelleira e longas barbas brancas que lhe davam ao rosto o complemento senhoril e fidalgo que se notava logo á primeira vista nas suas maneiras e trato.
Bacharel formado em direito, depois da sua formatura passara alguns annos em Lisboa uma vida elegante frequentando a melhor sociedade onde a sua opulenta fortuna lhe permittia ostentar todas as exigencias do seu caracter altivo, generoso e fidalgo."
(Excerto do Cap. I)
Joaquim Alfredo Gallis (1859-1910). "Nasceu em Lisboa em 1859 e morreu a 24 de Novembro de 1910. Foi administrador do concelho do Barreiro entre 1901 e 1905. Escritor e jornalista, exerceu o cargo de escrivão da Corporação dos Pilotos da Barra de Lisboa, onde conheceu o rei D. Carlos, com quem mantinha boas relações. Era secretário do governo civil de Lisboa quando ocorreu a mudança de regime, em 1910.
Estreou-se no jornal Instituições, em 1879. Colaborou em Tempo, Universal, Jornal do Comércio, Liberal, Ecos da Avenida e Diário Popular. Escreveu os dois volumes que serviram de complemento à História de Portugal de Pinheiro Chagas, com o título Um Reinado Trágico, datados de 1908 e 1909.
"Rabelais" é um dos o pseudónimos de Alfredo Gallis. Em finais do século XIX, o mais prolífero autor português de livros licenciosos foi Rabelais, vulgarmente confundido, nos catálogos das bibliotecas, com o reputado escritor francês do século XVI.
Autor de mais de quarenta títulos, quer de temática histórico-filosófica , quer de temática pornográfica, de Rabelais disse Brito Aranha, no Dicionário Bibliográfico Português: «Alfredo Gallis dispunha de uma individualidade própria e com mais alguma disciplina e ilustração poderia ter deixado um nome de destaque na literatura do seu tempo. Infelizmente a prodigalidade da sua produção e a vivacidade e crueza com que se comprazia em descrever as cenas mais escandalosas duma sociedade corrupta prejudicaram muito a sua obra. Vendo tudo sob o aspecto de um sensualismo exagerado, os tipos dos seus romances, traçados em geral com muita frieza, eram deformados pelos vícios mais repugnantes e a acção desses romances passava-se em geral nos meios mais depravados e desonestos.»"
(Fonte: https://tintadachina.pt/produto/aventuras-galantes/)
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar algo envelhecido, em bom estado geral de conservação.
Raro.
85€

18 junho, 2021

CUNHA, A. Gonçalves - TROVAS DE COIMBRA. Quadras da Tradição da Saudade e do Amor.
Capa de António Victorino. Ilustrações de João Carlos e António Victorino
. Coimbra, Livraria Cunha, 1931. In-8.º (19 cm) de 134, [6] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Obra poética sobre Coimbra, profusamente ilustrada com belíssimos desenhos ao longo do texto.

"Coimbra, - terra das musas,
arraial dos estudante; -
a trovar já te recusas,
já não és o que eras dantes.

Já não ris e já não amas;
velhas crenças vens traíndo.
Restam cinzas de altas chamas;
teu romance é quási findo."

(Coimbra na Tradição e na Saudade, I - II)

Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
20€

16 junho, 2021

A POPULAÇÃO DE PORTUGAL EM 1798. O CENSO DE PINA MANIQUE.
Com introdução de Joaquim Veríssimo Serrão
. Paris, Fundação Calouste Gulbenkian : Centro Cultural Português, 1970. In-4.º (25,5 cm) de XXX, 144, [2] p. ; [2] f. il. ; C. Fontes Documentais Portuguesas - I
1.ª edição.
Importante trabalho oitocentista de recolha de dados estatísticos sobre a população residente em Portugal no final do século XVIII. Com relevância histórica e sociológica.
Livro impresso em papel de superior qualidade, ilustrado com duas estampas extratexto: a reprodução do frontispício do Livro e do 'mapa' estatístico que abre o manuscrito.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Veríssimo Serrão ao conhecido historiador Dr. Guilherme de Oliveira Santos.
"Constitui o primeiro volume desta séria o Livro que contém as freguesias que há em Lisboa, no seu termo e nas diversas terras deste Reino, manuscrito que se conserva nos «Archives Historiques du Ministère de la Guerre», em Vincennes, onde tem a cota: Mss. 1355.
Trata-se do censo da população portuguesa no ano de 1798, mandado executar pelo então Intendente-Geral da Polícia de Lisboa, Diogo Inácio de Pina Manique, e em que se indicam as províncias, cidades, vilas, freguesias e lugares do reino e os respectivos fogos. Esse documento, do mais alto interesse para a história demográfica do país, faz-se acompanhar de um estudo prévio em que se pretendem explicar as razões que estiveram na base do recenseamento e as medidas tomadas pelo Intendente-Geral para obter esse quadro numérico. Não se veja nesse intróito o estudo exaustivo que a matéria exige, mas apenas uma tentativa de esclarecimento histórico para integrar o censo de 1798 no quadro político da época.
O nome de Pina Manique fica assim ligado à história de tão valioso documento que, estamos certos disso, passa a constituir uma fonte de consulta imprescindível para todos os historiadores da fase posterior à Administração pombalina."
(Excerto do Prefácio)
"Não constitui novidade histórica que no ano de 1798, por ordem de Diogo Inácio de Pina Manique, teve lugar uma contagem dos habitantes do reino com o fim de obter recrutas para o Exército. Mas sucede que o referido censo ficou inédito apesar do seu interesse para a história social portuguesa, ignorando-se também as formas a que obedeceu o recrutamento e a concreta actuação que nele teve o Intendente-Geral da Polícia de Lisboa. [...]
O censo de 1798 teve uma finalidade imediata, de interesse militar, no recrutamento de tropas para a defesa do reino. Mas os seus dados têm o mais alto valor na medida em que dão a conhecer a população por comarcas, cidades, vilas, freguesias e fogos, numa contagem que atendendo aos meios de comunicação da época pode considerar-se, tanto quanto possível, rigorosa e global.
Sabe-se, por outro lado, que os Governadores, Corregedores e os Juízes de Fora e ordinários cumpriram com rapidez as ordens emanadas do Intendente-Geral, tendo feito a verificação do número de habitantes por fogos - que abrangeu os povoados mais reduzidos - entre Maio e Setembro daquele ano."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Prefácio. | Introdução. | Livro que contem as freguesias que há em Lisboa no seu termo, e nas diversas terras deste Reyno. | Freguesias de Lisboa e seu termo. | Comarca de Santarém. | Comarca de Tomar. | Comarca de Leiria. | Comarca de Torres Vedras. | Comarca de Setúbal . | Comarca de Ourém. | Comarca de Alenquer. | Comarca de Ribatejo. | Comarca de Chão de Couce. | Comarca de Alcobaça. | Comarca de Coimbra. | Comarca de Viseu. | Comarca de Lamego. | Comarca de  Guarda. | Comarca de Castelo Branco. | Comarca de Trancoso. | Comarca de Aveiro. | Comarca de Pinhel. | Comarca de Linhares. | Comarca de Feira. | Comarca de Arganil. | Comarca de Porto. | Comarca de Penafiel. | Comarca de Guimarães. | Comarca de Viana do Castelo. | Comarca de Barcelos. | Comarca de Valença. | Comarca de Braga. | Comarca de Miranda. | Comarca de Moncorvo. | Comarca de Bragança. | Comarca de Vila Real. | Comarca de Évora. | Comarca de Elvas. | Comarca de Portalegre. | Comarca de Ourique. | Comarca de Aviz. | Comarca de Vila Viçosa. | Comarca de Beja. | Comarca de Crato. | Comarca de Taveira. | Comarca de Lagos. | Comarca de Faro.
Encadernação editorial com ferros gravados a seco e a verde na pasta anterior e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
Com indubitável interesse histórico e estatístico.
45€

15 junho, 2021

PIMENTEL, filho, Alberto - A MORTE DE CHRISTO.
(Monographia medica). Por... Da "Sociedade das Sciencias Medicas de Lisboa"
. Lisboa, Livraria Central de Gomes de Carvalho, editor, 1902. In-8.º (19 cm) de 127, [1], XII, [4] p. ; B.

1.ª edição.
Ensaio médico sobre a morte de Jesus Cristo, que contempla uma vertente histórico-filosófica sobre ciência e religião, tendo com pano de fundo o sudário de Turim, cuja "descoberta", em 1902, por Paul Vignon, despertou consciências e avivou paixões, pretexto para as reflexões do autor.
"O sudário é uma peça rectangular de linho com cerca de 4,5 metros de comprimento e 1,1 de largura. O tecido apresenta a imagem de um homem de 1,83m de altura que parece ter sido crucificado, com feridas consistentes com as que Jesus sofreu antes de sua crucificação no relato bíblico. A 28 de maio de 1898, o fotógrafo italiano Secondo Pia tirou a primeira fotografia ao sudário e constatou que o negativo da fotografia assemelhava-se a uma imagem positiva do homem, o que significava que a imagem do sudário era, em si, um negativo.
Em 1902, o biólogo francês Paul Vignon levantou a hipótese, até hoje desmentida, de que o desenho de Jesus teria sido feito a partir de substâncias naturalmente exaladas por um corpo morto e misturado aos aloés, plantas usadas nos ritos judaicos."
(Fonte: wikipédia)
"Este trabalho não tem intuitos religiosos: é uma monographia puramente medica. Ocioso seria trazer para a tela da discussão assumptos irritantes, fazer ressurgir a pretendida rivalidade entre sciencia e religião. E sobre ocioso, enfadonho.
Convenção-se os senhores theologos, de uma vez para sempre, de que se esmiuçamos os segredos da natureza, o fazemos impellidos pela sêde de verdade, eterno e doce tormento que nos subjuga o espirito e nos leva a rebuscar a origem da vida, a razão da sua existencia e o fim para que caminha. [...]
Pelo presente trabalho, não lograrei a honra de ser inscripto no Index.
Cautelosamente afastei d’elle todas as considerações de ordem puramente religiosa. A ideia fundamental da monographia, a interpretação medica da morte de Christo, foi-me avigorada pelas recentes investigações scientificas sobre o celebre sudario de Turim. A imprensa portugueza muito pela rama deu conta d’essa palpitante questão, de modo que, na hora actual, a maioria dos portuguezes cultos desconhece o assumpto.
Na primeira parte da monographia, limito-me a expor as conclusões a que a sciencia chegou a respeito do lençol de Christo. Para isso me socorri do trabalho do naturalista francez Paulo Vignon, a cuja intervenção o mundo scientifico deve o conhecimento do sudario. Trabalho notavel sob todos os pontos de vista, de uma clareza e verdade scientifica muito para louvar, está por certo destinado a levantar interessante discussão, tão palpitante e intrincado é o assumpto.
Depois, na segunda parte do meu trabalho, procurarei investigar, á face da sciencia medica, qual a verdadeira causa da morte de Christo, ajudado pelos dados inesperados que o sudario de Turim veio revelar.
Não desconheço a delicadeza do assumpto, nem a sua grande difficuldade. E devo desde já dizer que me não offusca a vaidade de ter cortado o nó gordio.
Formulo hypotheses, que alias procurei assentar em alicerces seguros. Só os da minha classe poderão discutil-as com consciencia e só ás suas observações responderei, se acaso a monographia lhes merecer a importancia de me chamarem á liça."
(Excerto do preâmbulo)
Matérias:
[Preâmbulo]. |  O lençol de Christo. | A morte de Christo. | Notas. | Bibliographia.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
Indisponível

14 junho, 2021

GLORIA AOS VENCIDOS DE 31 DE JANEIRO! [S.l.], [s.n.], [1927]. In-fólio (32,5x21 cm) de 1 f. ; B.
1.ª edição.
Folha volante impressa na frente. Manifesto subscrito por "um grupo de estudantes republicanos" que contestam o regime pela intenção de homenagear os 'vencidos de 31 de Janeiro' (1891), pretexto para a crítica feroz ao regime ditatorial e suas opções políticas.
“O reacionarismo triunfante, não contente em ter estrangulado a Republica, cobre-a ainda nos seus vilissimos sarcasmos.
Suprimida a Constituição, todas as leis, todas as liberdades, todos os direitos que constituem a essencia do regime republicano e, ainda por cima, escarnecendo, afrontando a inteligencia e a dignidade do Pôvo portuguez, a ditadura, diz-se republicana!
Prepara-se para, num simulacro de eleições, adquirir uma aparencia de legalidade que lhe permita efectuar o emprestimo externo com que intenta prolongar, por mais algum tempo, o seu régabófe administrativo e financeiro. […]
E são estes miseraveis tartufos, traidores á Patria e á Republica, que ainda ousam, num cumulo de audacia ultrajante, querer associar-se á comemoração dos gloriosos vencidos de 31 de Janeiro!
Para traz, vilões!
A vossa atitude é uma cobardissima profanação! […]
As vossas homenagens aos vencidos do 31 de Janeiro teem qualquer coisa de satanico e de hediondo. É como se os espetros de D. Carlos de Bragança e do major Graça saissem dos seus túmulos e viessem, com o riso sardonico e macabro das suas caveiras, lançar flores sobre as campas dos seus heroicos adversários.
Não, mil vezes não! […]
Vós, ditadores, vós sois os diretos descendentes dos miguelistas que para as cadeias, para o exilio, para a deportação, para a fôrca, atiravam, aos milhares, os liberais. Os vossos partidários da Liga do Alecrim, comandados pelo conde de Silves, espancando republicanos na Brazileira de Lisboa e partindo o mobiliário, são os dignos representantes dos caceteiros miguelistas, dos trauliteiros sidonistas. […]
Restauremos a Republica se queremos ser dignos de glorificar os vencidos.
Um grupo de estudantes republicanos."
(Excerto do manifesto)
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
20€

13 junho, 2021

FARIA, Eduardo de - E, QUANDO A GUERRA ACABOU...
Drama em 1 acto
. Lisboa, Tipografia L. C. G. G., 1932. In-8.º (17,5 cm) de 18, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Peça de teatro do tema "Grande Guerra" de Eduardo de Faria, autor de outras obras subordinadas ao mesmo assunto, tais como: Auto das três almas (1929); Expedicionários (1931); Herois e seus fantasmas (1934); Éramos três irmãos (1936).
Opúsculo dedicado pelo autor aos irmãos Mac-Bride - Alberto e Eugénio - médicos portugueses que integraram o contingente português na Flandres.
"A cêna representa a salinha de visitas dum manicómio. Ao centro, uma mesa com ilustrações já desfolhadas e cebosas pelo uso. Cadeiras de vêrga encostadas às paredes. Ao fundo, uma janela que deita para a cêrca. Não há flores em jarras, nem quadros a animar o ambiente frio e desconfortável. De fora, chega, volta e meia, um grito que arrepia, tornado mais negro ainda êsse sombrio quadro."
(Excerto da apresentação da cena)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Rubrica de posse na f. rosto (canto superior direito).
Raro.
Com interesse para a bibliografia WW1.
Indisponível

12 junho, 2021

LOPES, Manuel - MYSTERIOS DE ALEM TUMULO : a evolução do espirito.
O livro publicado até hoje, que melhor nos fala das verdades eternas, ao alcance de todas as intelligencias
. Lisboa, Henrique Torres - Editor, 1925. In-8.º (19,5 cm) de 206, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante trabalho sobre espiritismo e a vida para além da morte.
Livro raro, sem referências bibliográficas, para além do exemplar que a BNP dá notícia. Ilustrado com um retrato do autor.
"Se os homens comprehendessem a origem fundamental da sua existencia, e soubessem que os espera alem da morte, a felicidade ou a tortura, abster-se-iam de praticar no mundo tantas iniquidades, que a humanidade vae lentamente expiando, perante a justiça Eterna!...
O Eterno fim do universo é a evolução do Espirito. Este, unindo-se á materia, em contacto com o fluido vital, produz a vida!..."
(Retirado do verso da capa)
"Já no outono da vida, quando o mundo já não tem encantos para nós, porque vivemos das recordações do passado, quando a aurora que illuminou  a nossa estrada da vida, vae declinando do zenith para o nadir; quando a luz da esperança terrena se apaga lentamente, quizemos ainda arrancar uma petala d'essa flôr mysteriosa, embalsamada com os perfumes do céo, que se chama a alma -, e lançal-a no mundo para que a humanidade, aspirando-lhe os arômas salutares, enveredasse pelo caminho da verdade.
Pensámos em dar à publicidade mais um livro...
Dois motivos concorreram para o escrevermos: o goso indefenido em que entretemos o Espirito durante a sua concepção e contextura, e o inexplicavel desejo de legar à humanidade, que tão erradamente caminha pela tenebrosa estrada da vida, a luz necessaria para que as trevas da ignorancia se dissipem, e os homens comprehendam para que foram creados e qual a sua missão na terra.
É um compendio de sans doutrinas e verdades eternas, o livro que óra damos á estampa.
Chamando em nosso auxilio a theosophia, a metaphysica e a psychologia, tivemos em vista imprimir no nosso humilde trabalho a maior porção de luz possivel, para que não restassem duvidas sobre as verdades que adeante expômos..."
(Excerto de Á Humanidade, para meditar)
Indice:
Bibliografia. | Estudos psychologicos. | Dedicatoria (Á humanidade). | Prefacio. | A consciencia humana. | Preambulos. | Noções preliminares. | Segunda parte (Prefacio). | Introducção. | Revelações dos Espiritos Superiores. | Terceira parte. | Methodo para trabalhar. | Convertido por um sorriso. | Considerações. | Conclusão. | Appendice.
Encadernação inteira de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Carminado no corte superior. Conserva a capa de brochura frontal.
Exemplar em bom estado de conservação. Capa oxidada.
Raro.
A BNP dá notícia de apenas um exemplar.
Indisponível

11 junho, 2021

CALISTO, João Maria Baptista - ALGUMAS PALAVRAS SÔBRE O ESTADO ACTUAL DAS PRISÕES EM GERAL E SUA REFÓRMA.
Por... Lente Cathedratico da Faculdade de Medicina na Universidade, e Socio Effectivo no Instituto de Coimbra
. Coimbra, Imprensa da Universidade, 1860. In-8.º (22,5 cm) de 58 p. ; B.
1.ª edição.
Interessante trabalho sobre as prisões que dá uma ideia dofuncionamento destes estabelecimentos em Portugal na pimeira metade do século XIX. Aborda as condições de detenção, quer em termos morais e psicológicos, quer físicos dos reclusos, bem como as regras do sistema prisional, a higiene, o crime nas prisões, e as condições técnicas e de salubridade dos edifícios que servem o propósito de detenção.
"O estado actual das prisões em geral, está ainda longe de satisfazer as exigencias da epoca, e a necessidade da sua reforma é cousa incontestavel. Esta reforma está sendo presentemente o objecto de meditações, e ensaios practicos em todos os paizes civilisados, e é o assumpto, que mais deve chamar a attenção da auctoridade pública, e dos governos philantropicos e reformadores. [...]
Estes logares, onde se encerram os homens para os reter ou punir, estas casas ou estabelecimentos publicos aonde se guardam e conservam fechados tanto os culpados, como os suspeitos de crime ou delicto, e muitas vezes até os innocentes, parecem ser o contrasenso do progresso e da civilisação, e ao mesmo tempo uma formal antithese ás ideias de fraternidade, de humanidade, e sobretudo de liberdade individual. [...]
Entretanto os homens vivem em sociedade, têm instinctos e paixões, muitos são máus, e mesmo muito máus por natureza, ou podem tornar-se maús, perversos, malvados, sanguinarios e ladrões; a sociedade póde ser perturbada, as suas leis infringidas, a propriedade, honra e vida dos cidadãos atacada e destruidas. [...]
As prisões são portanto um mal necessario, e um corollario de toda a legislação penal. Ellas só devem existir auctorisadas pela justiça ou pela razão publica.. Ellas só devem ser prisões e não o inferno dos homens.
Até aos fins do seculo último, e principios do corrente, as cadeias em vez de servirem de detenção e expiação do crime, eram antes logares de soffrimentos, de miseria e horror; em vez de servirem de casas de correcção, pelo contrário, eram, e desgraçadamente ainda são, escólas da mais abjecta immoralidade. Vingar o ultraje ou injúria feita á sociedade por alguns dos seus membros, era quasi o unico pensamento, que n'aquelles tempos preoccupava os homens. Eis a razão por que os prisioneiros eram por toda a parte cruelmente tractados, e muitos tractados até como animaes ferozes. [...]
Em muitas prisões ainda se practicam certos usos, e se procede para com os presos da maneira a mais nociva á saude e moral d'estes desgraçados. [...]
Debaixo do pretexto d'adopção ou filliação, commettem os prisioneiros muitas vezes actos de violencia, como pancadas, e outros máus tractamentos, nos que dão pela primeira vez entrada nas prisões, extorquindo-lhes á força alguma coisa com o titulo de pagar a patente. Estes rigores que as leis não permittem, estes actos brutaes de deshumanidade, irritam e fazem desesperar, com razão, o prisioneiro, e podem por seus resultados fazer-lhes perder a saude. Toda a pena, todo o soffrimento ou severidade inutil, é sempre, alem de injusto, um ataque aos direitos da humanidade.
Observaremos tambem, que em muitas prisões os carcereiros escolhem para oos presos ricos, em prejuizo dos pobres, os melhores quartos ou salas de habitação, com as melhores camas e todas as mais commodidades possiveis, ficando d'este modo separados dos outros, em quanto que os quartos, e as casas mais insalubres, e tudo o que é peior fica para os desgraçados, que não têm dinheiro para lhes pagar."
(Excerto da primeira parte do estudo)
Exemplar em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com manchas e pequenos defeitos; capa frontal apresenta rasgão lateral (sem perda de papel). Mancha visível na capa atinge três primeiras folhas do livro, progressivamente mais desvanecidas.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível