25 maio, 2024

GOMES, Joaquim Maximo Virginiano - A BIBLIA DA NATUREZA, OU A RELIGIÃO CATHOLICA, DEMONSTRADA PELA NATUREZA E RAZÃO, por..., e traduzida do inglez por seu sobrinho José João Gomes Junior, Proprietario, do Pezo da Regoa. Porto, Typographia do Portugal, 1856. In-8.º (18,5x12 cm) de 176, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Obra curiosa, algo extremista, visão religiosa de um crente português radicado em Londres.
No capítulo intitulado Philosophismo, totalmente dedicado à vinda do Anti-Cristo, o autor disserta sobre a explicação para o fenómeno, incluindo o esquema alfanumérico que conjuga o número da Besta - o 666.
Raro e muito interessante.
"Meu benevolo leitor, o gosto particular que fiz desta Obra não foi a vaidade, nem a ostentação de querer figurar na republica litteraria, foi sómente excitado na grande utilidade que pode resultar do estudo  desta - Biblia da Natureza - pela sua instrucção christan, de tal modo demonstrado pela natureza e razão, que todos podem conhecer a brilhante eloquencia do seu immortal auctor. Esta excellente obra foi impressa em Dublin na lingua ingleza; e como o auctor era portuguez mandou para Portugal alguns exemplares d'ella, e conhecendo eu a rara sabedoria do seu auctor, por ser meu tio, excitou-me o desejo de a querer ler; mas como não sabia o inglez, lancei mão de um diccionario, que foi o meu unico mestre, e emprehendi a ardua tarefa da sua traducção. Vendo eu, pois, a excellencia desta immortal obra, que, apezar de reszmida no volume, é grande no valor, assentei que um rico thesouro destes não devia ser desconhecido aos portuguezes, que ignoram a lingua ingleza, por não apparecer até agora na lingua portugueza um compendio da Biblia da Natureza, que se possa comparar com este, ou que seja bastante para supprir a sua falta; persuadi-me então que devia aproveitar uma tam boa occasião de mostrar o meu affecto patriotico, consagrando alguma parte da minha applicação, e trabalho ao aproveitamento da nação portugueza."
(Excerto de Advertencia do traductor)
"Pela besta do Apocalipse entendem os mysticos o reinado da Idolatria, e do anti-christo.
Eis-aqui, o que vemos hoje á risca. Anti-christo é quem nega Christo; mas principalmente certo impio que afinal apparecerá á testa do mundo idolatra, e se declarará contra Christo. Nós o que já vemos, são seitas, e apostazias; por tanto falta vir incorporar-se a esta sinagoga o seu impio chefe. Diz "que adorarão a besta os que habitam a terra, aquelles cujos nomes não estão escriptos no livro da vida." D'aqui se vê que a idolatria será geral; mas que Satanaz não terá poder de enganar os eleitos de Deus; mas só os reprobos. A estes fará a besta que sejam marcados na mão, ou nas testas, e só comprem, ou vendam os que tem a marca da besta. [...]
Pela marca da besta se podem entender os signaes dos filhos da luz, e sua matricula; assim como a cruz, e o baptismo são os signaes d'um christão. Muitos acharão o numero da besta 666 no nome grego Maometis; e o mesmo numero acharão na palavra = apostata.
Eis-aqui um nome geral que serve a todo o membro da seita anti-christan, e a todo o abjurador da fé. Veja-se a obra intitulada = Percursores do Anti-christo.
(Excerto Philosophismo - Glossa 5)
Index das materias que contem esta obra:
Atheismo | Deismo | Philozophismo | Chistianismo | Catholicismo | Breve Nota | Conclusão.
Joaquim Máximo Virginiano Gomes. Natural de Vila Franca, Régua. Agente da Casa Ferreira em Londres, cidade onde cedo se radicou. Foi amigo e homem de confiança de António Bernardo Ferreira I, que nele delegou a tarefa de divulgar e vender o vinho da Porto, num projecto pioneiro de internacionalização da marca "Ferreira". Sem o sucesso desejado, nem por isso António Bernardo Ferreira deixou de encarregar Virginiano Gomes da orientação do seu filho único, António Bernardo Ferreira II - primo e futuro marido de D. Antónia, a "Ferreirinha" - nos seus estudos na capital inglesa. Mandou imprimir em Dublin «A Biblia da Natureza...» (escrita em inglês), obra posteriormente traduzida e publicada no Porto em 1856 (com 2.ª edição em 1864) por seu sobrinho José João Gomes Júnior. Publicou ainda - também no Porto - o título O burro philosopho ou theatro das humanas chimeras (1856).
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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