05 maio, 2024

ARRIEGAS, Arthur - A CANÇÃO DA MINHA TERRA - FADOS - Com prefacio do illustre poeta e dramaturgo D. João da Camara. Bibliotheca do «Rei Sagára» - N.2. Lisboa, [Arthur Arriegas (Editor)]. Composição e impressão - C. do Cabra, n.º 7, 1907. In-8.º (16x11 cm) de 63, [1] p. ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição.
Rara e curiosa obra de poesia fadista da autoria de Artur Arriegas (1883-1924), músico, jornalista, editor e produtor teatral, conhecido no meio boémio da época por 'Rei Sagára'. Muito valorizado pelo prefácio de D. João da Câmara (1852-1908), romancista e dramaturgo português.
Livro ilustrado com belíssimo desenho na capa (não assinado), e em extra-texto com um retrato do autor.
"Ouve-se uma guitarra.
Ergue-se uma voz cantando um mote.
A guitarra é desafinada, avinhada a voz, mote obsceno. Logo lhe faz a glosa uma estupidez hypocrita, condemnando o fado e a poesia popular.
Uma guitarra esconde-se com pudor; um poeta, que, uma noite, fez uns versos á lua cheia, nega-os, apavorado, como S. Pedro negou a Christo. E, porque n'uma toada de piegueira em tom menor ou em quatro versos de pé quebrado, um dia, coube uma desvergonha, o juiz Acacio, com o falso pudor acceso nas bochechas, condemna musica e redondilhas ás trevas dos bêcos mal afamados.
Ora a verdade é que as canções populares portuguezas se distinguem pelo sentimento, na poesia e na musica, de todas as canções do mundo, talvez unica arte em que conservamos a nossa originalidade.
Teem um cunho especial, inconfundivel, e foram fonte purissima, luminosa, em que beberam grandes lyricos desde Bernardim até João de Deus. [...]
Lindo titulo este: A Canção da Minha Terra! O auctor é de Lisboa; creio que d'aqui não costuma sahir. Não o terão commovido as alvoradas do campo, quando os melros saudam o sol, nem as melancolias do entardecer, quando sobem mansinhas para o céo columnas de fumo em cada lar; mas, á esquina d'uma rua, encontram-se uns olhos bonitos que sorriem, ou uma mãe que, chorando, aperta um filho aos peitos esvasiados. E onde ha risos e lagrimas pode viver a poesia."
(Excerto do Prefacio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Peça de colecção.
45€

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