31 maio, 2024

CARNEIRO, João Borges -
ESBOÇOS PALIDOS (contos).
Com um Prefacio de J. Pereira Sampaio (Bruno). Porto, Deposito : Livraria Magalhães & Moniz, 1908. In-8.º (16,5x12 cm) de [12], 151, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Interessantíssimo conjunto da contos, rústicos na sua maioria, eivados de algum sensualismo, mas sobretudo tristeza, pessimismo e sofrimento.
Obra enriquecida pelo prefácio de Sampaio Bruno.
Exemplar valorizado pela dedicatória manuscrita do autor à conhecida actriz Adelina Abranches (1866-1945).
"Bertha era a mais formosa, a mais captivante das companheiras.
Os abundantes cabelos d'um negro aveludado, todo em naturaes ondulações suavissimas, esbatia-se docemente nas faces assetinadas, alvas como a neve, em macios sombreados d'um encanto infinito.
E que graça a do seu olhar voluptuoso e meigo, que irresistivel feitiço onde ele se fitava muito quebrado, demoradamente atrahindo como um iman, deliciando como um beijo, prendendo como uma algema.
As fórmas do seu corpo divino, como feito de setim e neve, eram modelares, lindamente roliças - a suprema ostentação dos encantos peregrinos d'uma  mulher.
Uma noite, uma noite calida e abafadiça d'agosto, entrou no lupanar onde exercia sua profissão impudica um grupo ruidoso e alegre d'alguns rapazes."
(Excerto de A Cortezã)
"A aldeia acordara em festa.
Logo aos primeiros alvores da madrugada, serena e deleitosa, os sinos repicaram festivos e uma salva estrondosa de morteiros echoou estranhamente de quebrada em quebrada, até morrer muito ao longe, na infinidade das serras altas, de aspecto taciturno e agreste.
Á porta do brazileiro do Eirado, rodeada de populaça, uma philarmonica das mais afamadas dos arredores com os seus barretes de largos listões vermelhos em que se erguiam muito aprumados pennachos azues e brancos, tocava com garbo, pomposamente, uma marcha animada e forte.
Em cima, n'uma estreita janela onde duas saliencias de pedra sustentavam velhas panelas de mangericões e cravos, o brazileiro, com o cotovêlo fixo no parapeito, apoiando com a mão papuda o carão disforme, d'uma vermelhidão de tomate maduro, olhava altivo, com desdem requintado a multidão andrajosa e pobre que o contemplava boquiaberta, n'um grande pasmo de imbecilidade rude.
Fôra ha annos para o Brazil. Era então um rapaz esbelto, desempenado, creado aos rigores do frio, ás ardencias do sol alegre, feliz na placidez monastica da sua pequenina aldeia. N'esse tempo, qualquer rapariga da freguezia sentia imenso orgulho em tel-o como conversado. Foi, comtudo a Maria do Prado a que mais profundamente se lhe afeiçoou. Formosa, com a simplicidade rustica dos campos onde vivia, tinha tambem tido muitos pretendentes, que invariavelmente regeitava, a quem nunca dava fala."
(Excerto de A Camponeza)
Indice:
Prefacio | A Mendiga | Na Alameda | A Cortezã | A Camponeza | A Noiva | Sonhando | O Condemnado | Placidez e Tormenta | A Missa do Abade Novo | No Baile.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel nos cantos. Com falha assinalável de parte do papel da lombada.
Raro.
Indisponível

30 maio, 2024

ALMANACH DA GUERRA PARA O ANNO DE 1873
. [S.l.], [s.n.] - Vendem-se na Imprensa da Praça de Santa Thereza, 63, [1872?]. In-8.º (15x11 cm) de 32 p. (inc. capas) ; il. ; B.
1.ª edição.
Na capa, gravura de S. M. Guilherme - Imperador da Prussia.
Curiosíssimo almanaque para o qual não existem referências bibliográficas, incluindo a Biblioteca Nacional que não menciona. Terá sido o seu segundo ano de publicação (desconhecendo-se se houve mais) dado que no prólogo - intitulado Vale um vintem - é referido que o volume do primeiro ano terá sido bem recebido pelo público. Apesar do título que lhe dá nome, no interior não existem referências a guerras, sobretudo ao conflito Franco-Prussiano (1870-1871), tema momentoso aquando da organização do primeiro almanaque.
Os temas abordados são curiosos, alguns caricatos e muito muito interessantes, contendo matérias insólitas, cómicas e até uma poesia escabrosa e algo sanguinária dedicada a Diogo Alves, o famoso galego, assaltante e homicida do Aqueduto das Águas Livres, executado três décadas antes.
Inclui ainda um artigo de fundo dedicado aos entusiastas da caça: Guia do Caçador.
"Para fazer da mulher uma excellente companheira e conserval-a sempre assim, é preciso proceder do modo que se segue: prepare-se uma quantidade sufficiente d'essa agua pura a que se chama affeição, e ponha-se a mulher d'escabeche dentro d'ella; se a agua, durante esta operação, se tornar agitada, basta uma gota de balsamo de lisonjas para a fazer volta á quietação natural."
(Excerto de Receita para cosinhar uma mulher)
Contém este almanach:
Prologo : Vale um vintem | Juizo do anno | Aos lavradores e cultivadores | Familia Real [Dados genealógicos dos monarcas portugueses do século XIX] | Estações | [12 meses do ano - Santos/acontecimentos religiosos] | - Carapuças a molde para todas as cabeças - Bons conselhos (do Padre Manoel Bernardes) - Dialogo entre um Barbeiro e o Freguez - Guia do Caçador, com todas as posturas das camaras - Antiguidades - Uma mulher vendida - O papagaio e o pardal - Receitas para matar persevejos e moscas [Segredos mui certos e experimentados, para conservar as camas sem persevejos, os aposentos sem moscas] - Receita para cosinhar uma mulher - Poesia de Diogo Alves, na prisão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Sem registo na BNP.
35€

29 maio, 2024

ALMEIDA, Antonio d' - DESCRIPÇÃO HISTORICA E TOPOGRAFICA DA CIDADE DE PENAFIEL. Por... [Lisboa], [Academia Real das Sciencias de Lisboa], [1830]. In-4.º (23,5x18,5 cm) de [4], 180, [4] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata factícia do Tomo X (2.ª parte) das «Memórias da Academia Real de Ciências de Lisboa».
Ilustrada no texto com gravura das armas da Cidade de Penafiel.
Contém: Tabelas - Rendas e Direitos Reaes do Concelho de Penafiel e "Mappas" (quadros alfanuméricos): Mappa da Povoação de Arrifana de Souza (Anno; Fogos; Almas - Maiores/Menores; Nascimentos - Legitimos/Naturaes; Cazamentos; Mortos - Maiores); Mappa da Povoação de Arrifana de Souza; Da População da Cidade e Freguezia 1771-1823 (Cidade; Aldeas; Nascimentos; Mortos); Termo da Cidade de Penafiel das Freguezias (Nome das Freguezias; Fogos; Homens; Mulheres; Total; Distancia da capital [do concelho]; Comarca Ecclesiastica de Penafiel [103 freguesias] (Parochias; Titulos; Padroados; Fogos; Almas; Rendimentos; Concelhos); Mappa das Companhias que formão a Capitania Mór das Ordenanças de Penafiel; Do Regimento de Milicias de Penafiel - Mappa dos Districtos com a população existente no anno de 1814 (Numero; Capital; Freguezias que dão recrutas; Fogos; Capitanias mores); Tabella da importancia da Decima (Cidade/Termo).
Obra de referência, rara, com significado histórico, sociológico, etnográfico e estatístico. A BNP não menciona.
Trata-se da edição original desta importante monografia, a mais consultada e citada em artigos/obras relacionadas com o tema, por certo, a mais interessante e completa que sobre Penafiel e o seu concelho se publicou entre nós.
"A Descripção Historica e Topografica da Cidade de Penafiel elaborada por António de Almeida foi enviada à Academia Real das Ciências. A obra divide-se em três partes, a primeira, como o autor referiu, tratava da fundação e antiguidade de Arrifana de Sousa, e do governo da localidade até à sua elevação a cidade e sede de bispado em 1770, a segunda à localidade já como cidade de Penafiel e a terceira à topografia da mesma. A primeira e segunda partes foram publicadas nas Memórias da Academia Real das Ciências, tendo depois também, saído em separata [1830] e posteriormente objeto de uma edição fac-similada publicada pela câmara municipal de Penafiel em 2006. A terceira parte encontra-se ainda manuscrita na Academia Real das Ciências - [Manuscrito]. Penafiel, 3.ª parte, 1815-1816."
(Fonte: Fernandes, Paula Sofia Costa, O hospital da misericórdia de Penafiel (1600-1850), Universidade do Minho : Instituto de Ciências Sociais, 2015)
"Proponho-me a escrever a Descripção Historica e Topografica da Cidade de Penafiel, devo advertir, que até ao anno de 1770 (como direi em seu lugar) ella foi sempre conhecida por Arrifana de Souza. Conformando-me pois com esta mudança de nome e de representação politica, eu divido a presente obra em tres partes: Na primeira tratarei de Arrifana de Souza, na segunda de Penafiel, e na terceira da Topografia da mesma Povoação."
(Capitulo Preliminar)
"Acha-se Arrifana de Souza no Reino de Portugal e na Provincia de Entre Douro e Minho, passando pelo meio della huma das estradas mais frequentadas do Reino, qual a que da Cidade do Porto sahe para a maior parte da Provincia de Tras os Montes, bem como para a Beira alta por Lamego. Fica-lhe a Cidade do Porto ao poente na distancia de seis legoas; ao norte a Villa de Guimarães em distancia quasi igual; ao nascente a Villa de Canavezes em distancia de duas legoas; e ao nordeste a d'Amarante aarredada quatro legoas; e ao sul o caes e povoação de Entr'ambos os Rios apartado duas legoas. Neste lugar se reune o rio Tamega ao Douro, vindo aquelle desde Amarante e Canavezes ao nascente de Arrifana de Souza na distancia de quatro, tres, duas, e pouco mais de huma legoa, servindo de limites ao Concelho de Penafiel desde a Freguezia de Luzim para baixo até se meter no Rio Douro; e aqui começa este Rio descendo até á villa de Melres, onde acaba o dito Concelho. Pelo poente corre o Rio Souza primeiramente em pequena distancia banhando terras da Freguezia, depois seguindo o rumo do sul faz limites ao Concelho de Penafiel até ao Lugar de Casconha, onde se mete no terreno do Concelho d'Aguiar de Souza na distancia de perto de duas legoas."
(Excerto de I - Da situação Geografica e Topografica de Arrifana de Souza)
Índice:
Capitulo Preliminar.
Parte I - De Arrifana de Souza. I - Da situação Geografica e Topografica de Arrifana de Souza. II - Da Fundação e antiguidade de Arrifana de Souza. III - Da Etymologia do nome Arrifana, e continuação da materia do Cap. II. IV - Da Forma do Governo d'Arrifana de Souza até ao anno de 1741. V - Do Julgado, Castello, e Cidade de Penafiel antiga. VI - De Anegia. VII - Dos Governadores e Senhores do Julgado de Penafiel. VIII - Do Foral do Concelho de Penafiel - [Rendas e direitos Reaes do Concelho de Penafiel]. IX - De algumas providencias publicas anteriores á creação do Lugar de Arrifana de Sousa em Villa. X - Da Erecção do Lugar d'Arrifana de Souza em Villa, e da sua Governança. XI - Providencias que a Camara e os Corregedores da Comarca derão para o bom regimen da Villa. XII - Da População da Villa de Arrifana de Souza. XIII - Das Armas antigas e modernas da Villa. XIV - De certas figuras que havião no cunhal de humas casas. XV - Das pessoas que mais se distinguirão em Arrifana de Souza. | Documentos [N.º 1 / N.º 2] |
Parte II - I - Da Creação da Villa de Arrifana de Souza em Cidade com o nome de Penafiel. II - Da População da Cidade e Freguezia. III - Das armas da Cidade de Penafiel. IV - Da origem do nome da Cidade de Penafiel. V - Do Termo da Cidade de Penafiel. VI - Da Administração Publica. VII - Da autoridade Ecclesiastica. VIII - Da erecção e suppressão do Bispado de Penafiel. IX - Do auditorio da Correição. X - Do Auditorio do Geral. XI - Da authoridade Municipal. XII - De algumas Providencias para o Regimen da Cidade e Termo. XII - Da authoridade Militar. XIV - Da Capitania Mór de Penafiel. XV - Do Regimento de Milicias de Penafiel. XVI - Do Monteiro Mór. XVII - Da Superintendencia das Coudelarias. XVIII - Da Fazenda Real. XIX - Dos mais ramos da Fazenda Real. XX - Dos Estabelecimentos Litterarios. XXI - Dos Varões illustres. | Documentos: N.º 1 - Carta de Lei da creação da Cidade de Penafiel; N.º 2 - Carta de Lei da Concessão e Termo á Cidade de Penafiel; N.º 3 - Termo da aceitação da bulla pelo Ex.mo Bispo do Porto; N.º 4 - Provimento do primeiro Vigario Geral de Penafiel; N.º 5 - Carta da nomeação do primeiro Corregedor e Provedor de Penafiel; N.º 6 - Auto de demarcação da Comarca de Penafiel; N.º 7 - Foral das Sisas das correntes de Penafiel; N.º 8 - Ordem sobre Rodas de Expostos; N.º 9 - Aviso para a nomeação de Capitão Mór.
António de Almeida (1767-1839). "Médico, escritor erudito, foi Presidente da Câmara Municipal de Penafiel. Formado em Medicina e bacharel em Filosofia. Exerceu Medicina, em Penafiel, por mais de 50 anos. Foi, para além de médico, um escritor erudito, publicando textos de Medicina, História, Arqueologia e Filologia, para além de vários estudos sobre Penafiel. Vários dos seus trabalhos foram publicados nas “Memórias da Academia Real das Ciências”, assim como no “Jornal Enciclopédico”, no “Jornal de Coimbra”, “Anais da Sociedade Literária Portuense”, “Revista Literária”, do Porto. Conhecido, ainda, pela sua faceta de beneficiente, tendo contribuído monetariamente para algumas obras de caridade, tal como a Ordem Terceira do Carmo, de Penafiel."
(Fonte: https://www.cm-penafiel.pt/visitar-penafiel/historia/personalidades/antonio-de-almeida/)
Exemplar em brochura, impresso em papel encorpado, revestido pelas capas originais, simples, lisas, em bom estado geral de conservação. Estudo incluído nas Memórias da Academia. Sem rosto próprio, conforme foi publicado. A última folha encontra-se restaurada, com parte do texto da penúltima página oculto, sob secção de papel aposto, contendo este algumas linhas manuscritas. Continuação do texto da página anterior?Discordância do proprietário sobre o conteúdo dessa parte do texto, levando à sua ocultação? Para desvendar com eventual recuperação por especialista.
Muito raro.
Com interesse histórico e bibliográfico.
Sem registo na BNP.
Peça de colecção.
Indisponível

28 maio, 2024

O ASSASSINATO DE CAPITÃO FRYATT
. Londres: Eyre and Spottiswoode, Ltd., 1916. In-8.º (18x12 cm) de 48 p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Opúsculo da propaganda de guerra inglesa anti-germânica.
Processo do Capitão Charles Fryatt, comandante do «Brussels», navio da marinha mercante inglesa capturado pelas forças alemãs durante a Grande Guerra. Levado para a Bélgica e daí para a Alemanha, foi internado num campo de detenção e julgado em Conselho de Guerra por abalroamento de submarino alemão. Foi condenado à morte por fuzilamento.
Livro iIlustrado com estampas no texto, sendo algumas delas em página inteira. Inclui reprodução da carta de condolências que o rei Jorge V enviou à viúva do malogrado capitão.
"O Capitão Charles Algernon Fryatt era comandante do paquete Brussels, de Great Eastern Railway Company. Muitas das companhias ferroviarias inglezas possuem a sua linha de vapores, ligando os portos inglezes ao continente europeu; e apesar de serem algumas dessas linhas modificadas ou sustadas por efeito da guerra, a comunicação maritima com todos os paizes neutros continua ininterrupta, graças ao vigos e á eficiencia da marinha britanica.
Vencendo os perigos de minas e de submarinos, através da neblina e das tempestades no litoral hoje desprovido de faroes e de boias, os comandantes desses pequenos mas destemidos navios mercantes já bem conheciam os metodos e expedientes do submarino alemão. Tornaram-se peritos, a custo da intima experiencia que tiveram de tudo isso, sendo os primeiros a aprenderem a lição que a tragedia do Lusitania depois ensinou ao mundo inteiro.
Entre esses comandantes figurava o Capitão Fryatt, conhecido entre os seus como the pirate-dodger - "o evadido dos piratas"; e nas suas frequentes viagens de Harwich a Rotterdam, justificava elle plenamente esse sobrenome, até que por fim teve a desdita de cair nas mãos dos piratas."
(Excerto de A carreira do Capitão Fryatt)
Índice:
I. A Carreira do Capitão Fryatt. II. O Submarino U 33. III. A Presentação do Relogio. IV. A Captura do Brussels. V. As Primeiras Noticias na Inglaterra. VI. O Conselho de Guerra. VII. A Acusação. VIII. Era elle Franco-atirador? IX. A ultima, a mais longa das Viagens. X. O Epilogo.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com defeitos.
Raro.
Com interesse histórico.
35€
Reservado

27 maio, 2024

BOURBON, Francisco Peixoto P. da S. e - A OLIVEIRA E SEUS PRODUTOS NO RIFONEIRO POPULAR (II).
Separata da Junta Nacional do Azeite N.º 78 Ano XXIV - 1969. [Lisboa], JN do Azeite, 1969. In-4.º (23x16 cm) de 24 p. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante trabalho sobre o azeite e a sua participação nos ditos populares, sendo este dedicado aos rifões menos usuais.
Exemplar valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Alexandre de Almeida Santos.
Francisco de Paula Peixoto da Silva Bourbon (1908-1992) "Engenheiro agrónomo. Nasceu no seio de uma família da nobreza do Minho, sediada desde o século XIX na Casa de Melhorado, perto de Celorico de Basto. Concluiu os seus estudos em Lisboa, no Instituto Superior de Agronomia, tendo-se notabilizado principalmente na vida profissional como técnico de olivicultura. Foi funcionário superior do Ministério da Agricultura, exerceu cargos na Junta Nacional do Azeite e na Junta Nacional dos Lacticínios da Madeira e leccionou também em Agronomia. Deixou sobretudo obras de índole técnica, mas no ano da sua morte foi publicada uma edição bilingue do poema pessoano Inscriptions com uma introdução da sua lavra."
(Fonte: Wook)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico e etnográfico.
15€

26 maio, 2024

CABRAL, José Curry da Camara -
DO VALOR DO METHODO NUMERICO NA MEDICINA EM GERAL E PARTICULARMENTE NA CIRURGIA.
Dissertação de Concurso. Por... Candidato a um dos logares vagos na Secção Cirurgica da Escola Medico-Cirurgica de Lisboa. Lisboa, Typographia Universal de Thomaz Quintino Antunes, Impressor da Casa Real, 1875. In-4.º (23x15 cm) de 163, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Tese académica do conhecido médico e professor José Curry Cabral, patrono do hospital de Lisboa que ainda hoje tem o seu  nome. Trata-se de um estudo crítico sobre a aplicação das teorias matemáticas e estatísticas à medicina, sobretudo à especialidade cirúrgica.
Raro e importante.
"Os que, mais fracos, têem de limitar-se a viver nas planicies, e só a custo podem trepar a um ou outro comoro, n'este immenso campo do saber, embora uma ou outra vez descubram um ponto de vista novo, tão accidentado é o terreno e tão movediça a atmosphera, embora antevejam que no seu novo horisonte estão os germens de uma grande verdade, não têem voz para a proclamarem, mas têem o dever, ao menos, a enunciarem, para que seja fecundada e desenvolvida, se os que lhe podem dar valor acharem que vale a pena fazel-o.
Eu sou dos que vivem na planicie e dos que se allumiam com a luz que vem do alto, tendo apenas o cuidado de procurar distinguir quaes os raios a que devo offerecer uma superficie absorvente e quaes os que devo receber sobre uma superficie reflectidora.
Esta minha dissertação é tão sómente o resultado d'essas dilligencias empregadas mais para satisfazer a razão, do que para afagar as crenças que se inspiram na simples tradição, ou nas revelações da auctoridade.
Quem abre os livros de medicina, quem lê os artigos de jornaes, quem sobretudo indaga os progressos da therapeutica, encontra-se sempre com os algarismos; - sobretudo em therapeutica, na parte de applicação da sciencia, é commum que o argumento principal a favor de tal ou tal medicamento provenha do algarismo das curas. Não raro se disputam primazias conforme o numero de casos favoraveis; dos numeros avultados, nasce a confiança em tal methodo de tratamento, como preferivel a tal outro.
Em presença da feição nova que tomou a sciencia na nossa epoca, creando processos, que nos parecem os mais capazes de conduzir á verdade, - se o numerismo se tivesse restringido mais nas suas applicações, se para todos apresentasse os symptomas da decadencia, se o vissemos ceder o logar á nova ordem de processos, não valeria muito a pena entreter longas locubrações com um methodo que a lei do progresso tinha feito pertencer á historia.
Mas não; as estatisticas pullulam de todos os lados; parece mesmo serem um elemento necessario para fundamentar as crenças."
(Excerto do preâmbulo - Antes de entrar em materia)
Índice:
[Dedicatória] | Antes de entrar em materia | Introducção | Parte Primeira - Fundamentos do Methodo Numerico: - A theoria das probabilidades; - A lei dos grandes numeros; - A theoria das medias; - Principios da estatistica; - Recapitulação. Parte Segunda - Applicação dos principios fundamentaes do methodo numerico aos factores medicos - Determinação dos limites d'essa applicação:  - Campo em que vae ser posta a discussão; - Erros originaes do numerismo; - Propagação da maior parte dos erros originaes do methodo. - Correcção de alguns d'elles; - A estatistica medica; - Natureza dos factos medicos; - O numero, o facto e a observação; - A certeza medica e o numerismo; - Limites de applicação do calculo aos factos medicos. Parte Terceira: - A estatistica em cirurgia; - Conclusão.
José Curry da Câmara Cabral (Lisboa, 1844-1920). "Mais conhecido por Curry Cabral, foi um médico, lente de medicina da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e um dos mais afamados investigadores e professores portugueses na área das ciências médicas. Foi presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa e vogal do Conselho Superior de Instrução Pública. Foi homenageado na designação do Hospital Curry Cabral."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com manchas e pequenas falhas de papel.
Muito raro.
Peça de colecção.
150€
Reservado

25 maio, 2024

GOMES, Joaquim Maximo Virginiano - A BIBLIA DA NATUREZA, OU A RELIGIÃO CATHOLICA, DEMONSTRADA PELA NATUREZA E RAZÃO, por..., e traduzida do inglez por seu sobrinho José João Gomes Junior, Proprietario, do Pezo da Regoa. Porto, Typographia do Portugal, 1856. In-8.º (18,5x12 cm) de 176, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Obra curiosa, algo extremista, visão religiosa de um crente português radicado em Londres.
No capítulo intitulado Philosophismo, totalmente dedicado à vinda do Anti-Cristo, o autor disserta sobre a explicação para o fenómeno, incluindo o esquema alfanumérico que conjuga o número da Besta - o 666.
Raro e muito interessante.
"Meu benevolo leitor, o gosto particular que fiz desta Obra não foi a vaidade, nem a ostentação de querer figurar na republica litteraria, foi sómente excitado na grande utilidade que pode resultar do estudo  desta - Biblia da Natureza - pela sua instrucção christan, de tal modo demonstrado pela natureza e razão, que todos podem conhecer a brilhante eloquencia do seu immortal auctor. Esta excellente obra foi impressa em Dublin na lingua ingleza; e como o auctor era portuguez mandou para Portugal alguns exemplares d'ella, e conhecendo eu a rara sabedoria do seu auctor, por ser meu tio, excitou-me o desejo de a querer ler; mas como não sabia o inglez, lancei mão de um diccionario, que foi o meu unico mestre, e emprehendi a ardua tarefa da sua traducção. Vendo eu, pois, a excellencia desta immortal obra, que, apezar de reszmida no volume, é grande no valor, assentei que um rico thesouro destes não devia ser desconhecido aos portuguezes, que ignoram a lingua ingleza, por não apparecer até agora na lingua portugueza um compendio da Biblia da Natureza, que se possa comparar com este, ou que seja bastante para supprir a sua falta; persuadi-me então que devia aproveitar uma tam boa occasião de mostrar o meu affecto patriotico, consagrando alguma parte da minha applicação, e trabalho ao aproveitamento da nação portugueza."
(Excerto de Advertencia do traductor)
"Pela besta do Apocalipse entendem os mysticos o reinado da Idolatria, e do anti-christo.
Eis-aqui, o que vemos hoje á risca. Anti-christo é quem nega Christo; mas principalmente certo impio que afinal apparecerá á testa do mundo idolatra, e se declarará contra Christo. Nós o que já vemos, são seitas, e apostazias; por tanto falta vir incorporar-se a esta sinagoga o seu impio chefe. Diz "que adorarão a besta os que habitam a terra, aquelles cujos nomes não estão escriptos no livro da vida." D'aqui se vê que a idolatria será geral; mas que Satanaz não terá poder de enganar os eleitos de Deus; mas só os reprobos. A estes fará a besta que sejam marcados na mão, ou nas testas, e só comprem, ou vendam os que tem a marca da besta. [...]
Pela marca da besta se podem entender os signaes dos filhos da luz, e sua matricula; assim como a cruz, e o baptismo são os signaes d'um christão. Muitos acharão o numero da besta 666 no nome grego Maometis; e o mesmo numero acharão na palavra = apostata.
Eis-aqui um nome geral que serve a todo o membro da seita anti-christan, e a todo o abjurador da fé. Veja-se a obra intitulada = Percursores do Anti-christo.
(Excerto Philosophismo - Glossa 5)
Index das materias que contem esta obra:
Atheismo | Deismo | Philozophismo | Chistianismo | Catholicismo | Breve Nota | Conclusão.
Joaquim Máximo Virginiano Gomes. Natural de Vila Franca, Régua. Agente da Casa Ferreira em Londres, cidade onde cedo se radicou. Foi amigo e homem de confiança de António Bernardo Ferreira I, que nele delegou a tarefa de divulgar e vender o vinho da Porto, num projecto pioneiro de internacionalização da marca "Ferreira". Sem o sucesso desejado, nem por isso António Bernardo Ferreira deixou de encarregar Virginiano Gomes da orientação do seu filho único, António Bernardo Ferreira II - primo e futuro marido de D. Antónia, a "Ferreirinha" - nos seus estudos na capital inglesa. Mandou imprimir em Dublin «A Biblia da Natureza...» (escrita em inglês), obra posteriormente traduzida e publicada no Porto em 1856 (com 2.ª edição em 1864) por seu sobrinho José João Gomes Júnior. Publicou ainda - também no Porto - o título O burro philosopho ou theatro das humanas chimeras (1856).
Encadernação coeva em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

24 maio, 2024

BRANDÃO, Fernando de Castro -
SALAZAR : uma bibliografia passiva
. [S.l.], Edição do Autor, 2008. In-4.º (23x16 cm) de 126, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio bibliográfico sobre António de Oliveira Salazara, o controverso Presidente do Conselho e figura maior do Estado Novo.
"O interesse crescente pelo Estado Novo, nomeadamente pelo seu mentor, António de Oliveira Salazar, é uma inelutável realidade.
Após os anos negros de verdadeiro "obscurantismo", que se seguiram ao golpe militar do 25 de Abril de 1974, quanto a estas matérias respeitou, eis que se inicia o retorno a um desejável equilíbrio.
O distanciamento de mais de três décadas, baixa a poeira que o Estado autoritário havia levantado. O acesso livre, ou quase, a fontes documentais de grande importância, têm permitido a realização de estudos do maior interesse. [...]
Para bem ou para mal o País viveu "habitualmente", como desejava o Chefe do Governo.
A História se encarregará de analisar, criteriosamente, meio século de vida dos portugueses. Mas, até esse julgamento, muito haverá ainda por fazer. Apresenta-se ciclópica a tarefa, para aqueles que a empreendem. Há domínios de tamanha complexidade, que desvendar os seus meandros exigirá árdua investigação, probidade e paciência.
A historiografia portuguesa representa, quiçã, um dos domínios da cultura que mais beneficiou com o restabelecimento da liberdade de expressão. Por isso, não temos dúvidas que, de ano para ano, se multiplicarão os estudos sobre a figura e a obra, daquele que foi um estadista, na verdadeira acepção da palavra: Oliveira Salazar."
(Excerto de Apresentação)
Índice:
Apresentação | Bibliografia | Adenda - Artigos de imprensa | Autores citados.
Fernando de Castro Brandão (n. 1943). "Licenciou-se em História na Faculdade de Letras e foi assistente do Prof. Jorge Borges de Macedo durante dois anos. Ingressou na carreira diplomática em 1973 e o seu primeiro posto no estrangeiro foi em Porto Alegre (Brasil), até 1979. Serviu no México e no Gabinete do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, a partir de julho de 1983. Foi depois destacado para o cargo de Cônsul-Geral em Boston, EUA, e em Luanda; e para embaixador em Islamabad e Caracas. Em 2002 foi nomeado Presidente do Instituto Diplomático, cargo que desempenhou até ser colocado na Embaixada em Praga. Em 2007 foi feito Embaixador "full-rank", atingindo o limite de idade no exterior em novembro do ano seguinte."
(Fonte: Wook)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
15€

23 maio, 2024

PINTO, J. Roberto -
O TRATAMENTO PENITENCIÁRIO DE MULHERES.
[Por]....  Director da Penitenciária de Lisboa. [S.l.], [s.n.], [1969?]. In-4.º (24x18 cm) de 75, [1] p. ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata do 25.º volume do Boletim da Administração Penitenciária e dos Institutos de Criminosos.
Importante ensaio sobre a população prisional feminina em Portugal elaborado no final da década de 60 do século passado. Estudo relevante dada a especificidade do assunto - a mulher em privação de liberdade - e a ausência de fontes bibliográficas sobre o tema. Raro. A BNP não menciona.
Ilustrado com 20 "mapas" - tabelas e quadros estatísticos - no final do livro.
"O tratamento de condenados em instituição prisional, com as máximas ou as mínimas condições de segurança, com maior ou menor limitação de liberdade, continua a apresentar, aqui e além, acentuados particularismos que, por um lado, nos levam aos extremos do estranho e até do desencorajamento e, por outro, nos induzem a persistir na experiência, no esforço e no desejo de conseguir o fim a que se propõe a administração. [...]
Não teremos de levantar aqui a questão da entidade competente para deliberar a respeito da classificação.
Tão-pouco neste estudo se procura abranger o que se passa no campo da actividade judicial até ao momento de ser proferida a sentença penal que imponha a uma mulher determinada sanção para ser executada em instituição penitenciária.
Pretendemos, sim, ter em conta a autonomia da administração para afectar o delinquente a este ou àquele estabelecimento ou, quando não for tanto, a possibilidade de sujeição a um regime de execução da pena considerado como adequado, de molde a obter-se da pena o efeito de reinserção social que se pretende alcançar.
E por isso não c remos que, quanto a princípios básicos do tratamento penitenciário de mulheres, considerando a necessidade da prévia elaboração de um plano de reintegração social, devamos entender que haja qualquer diferença a estabelecer entre aquilo que esteja pensado, dito e ensaiado no campo do tratamento penitenciário de homens.
Resta saber se, quanto a mulheres, os métodos de tratamento deverão revestir características especiais. Há tipos da sua criminalidade a ter em conta, e há também características da sua personalidade que não poderemos menosprezar. Com uns e outros teremos de jogar para a criação da ideia do tratamento penitenciário de mulheres delinquentes. [...]
Também para mulheres, o problema da segurança dos estabelecimentos ou, pelo menos, o de secções de segurança diferente, consoante motivos relacionados com a própria delinquente, toma posição proeminente.
Os propósitos de evasão não são raros entre a população feminina dos estabelecimentos prisionais. A possibilidade de ascender a um regime menos limitado, quer o da segurança média que o regime aberto - quando não haja motivos, após a observação, para a integração, logo de início, em regime aberto - servirá ùtilmente com o factor de valorização e de observação a explorar."
(Excerto de Algumas considerações acerca do tema)
Índice:
I Parte - Algumas considerações acerca do tema. Conclusões. II Parte - Aspectos da criminalidade feminina em Portugal. A acção da Cadeia Central de Mulheres. | Mapas [Tabelas e Quadros].
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e sociológico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
45€

22 maio, 2024

BAUDRILLART, Mgr Alfred - O CLERO FRANCEZ NO EXERCITO. Pelo... Reitor do Instituto Catholico de Paris. Paris, [s.n. - Dubreuil, Frèrebeau & Cia - Paris], 1918. In-4.º (24 cm) de 31, [1] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Interessante opúsculo sobre a participação da Igreja francesa na Grande Guerra, obra da autoria de Alfred Henri Marie Baudrillart (1859-1942), insigne prelado católico francês, elevado ao cardinalato em 1935.
Livro muito ilustrado com fotogravuras ao longo do texto.
"É muito simples a missa do capellão militar! O altar não é de marmore nem de bronze; compõe-se apenas de uma prancha mal aplainada. Não se vêm lustres nem armação, porém alguns pobres ornatos amarrotados ou maculados pela lama invasora da trincheira. Ha muito tempo que se utilisam. Não importa, porquanto conservam o seu poder evocador. Assemelham-se a essas bandeiras dilaceradas pela metralha, que todos saudam com respeito, por mais rôtas que estejam; representam sempre o ideal da Patria; e as roupas sacerdotaes, vestidas nas trincheiras, eclipsam a riqueza das mais douradas casulas. Uma cruz domina o altar, e ahi o padre pronunciará as eternas palavras que dão a vida. Estranho contraste: o ministro da paz está no meio dos guerreiros e alli representa um papel de primeira ordem. Sim, essa missa, essa visão pacifica, vae restituir a coragem a homens que soffrem; vae desvendar ás almas o ideal, o misterio; vae, por alguns instantes, afastar os soldados das suas preocupações materiaes; vae eleval-os acima d'elles proprios. Sursum corda! dirá o sacerdote, e á sua voz os corações se elevarão: o campanario da aldeia apparecerá ao longe."
(Excerto de I - Sursum corda)
Índice:
I - Sursum corda. II - Aquelle que se compadece. III - Aquelles que se recordam.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com significado histórico.
35€
Reservado

21 maio, 2024

BRAGA, Theophilo - FREI GIL DE SANTAREM. Lenda faustiana da Primeira Renascença. Por... Alma Portugueza. Porto, Livraria Chardron, 1905. In-8.º (19,5x12 cm) de XXIII, [1], 376 p. ; E.
1.ª edição.
Versão dramática da lenda de S. Frei Gil de Santarém, religioso português que por amor vendeu a alma ao Diabo.
"Gil Rodrigues de Valadares, filho do Alcaide-mór de Coimbra, frequenta as Escholas do Mosteiro de Santa Cruz. Absorve-se na meditação das doutrinas neoplatonicas, que actuam na primeira Renascença, do seculo XIII, as quaes suscitando a theoria do Amor, que se manifesta no ideal do novo Lyrismo dos Trovadores, na acção heroica da Cavalleria, no culto mystico da Virgem, prestando novo Symbolos á Arte, na contemplação da Natureza pelas investigações experimentaes dos Alchimistas que preparam as inducções da Sciencia, tambem coincidem com a formação das Irmandades e Jurandas em que fortifica o Proletariado.
Entre estas correntes complexas, que determinam a agitação revolucionaria d'esse seculo, Gil de Valadares chega á concepção platonica: O Poder, a Sciencia e o Amor, como as trez manifestações divinas por excellencia."
(Excerto de I - A primeira Renascença - Symbolisação artistica)
Dom Gil Rodrigues de Valadares, O.P., também conhecido sob os nomes de São Frei Gil de Portugal, São Frei Gil de Vouzela, São Frei Gil de Santarém, ou simplesmente São Frei Gil (Vouzela, c. 1190 - Santarém, 14 de maio de 1265). "Foi um frade dominicano médico, taumaturgo, teólogo e pregador português dos séculos XII e XIII, beatificado pelo Papa Bento XIV a 9 de Maio de 1748. É um dos beatos portugueses com maior projecção nacional e internacional. Sobre São Frei Gil e o seu percurso de vida teceram os séculos numerosas lendas e histórias. De acordo com uma história popular, ele foi abordado em sua jornada por um estranho cortês que prometeu ensinar a arte da magia em Toledo. Como pagamento, diz a lenda, o estranho exigiu que Gil entregasse sua alma ao demónio e assinasse o pacto com seu sangue. Gil obedeceu, e depois de se dedicar sete anos ao estudo da magia sob a direção de Satanás, foi para Paris, obteve facilmente o grau de doutor em medicina e realizou muitas curas maravilhosas. Uma noite, enquanto ele estava trancado em sua biblioteca, um cavaleiro gigante, armado da cabeça aos pés, teria aparecido a ele e, com sua espada desembainhada, exigiu que Gil mudasse sua vida perversa. O mesmo espectro apareceu pela segunda vez e ameaçou matar Gil se ele não se refizesse. Há quem acrescente que a sua conversão tivera início apenas na mesma cidade de Paris e se consumara em Palência, onde entrara na Ordem dos Pregadores. Giles voltou a Portugal, depois de tomar o hábito de São Domingos no mosteiro recentemente erguido em Palência, por volta de 1221. Pouco depois, seus superiores o enviaram para a casa dominicana em Santarém. Ali ele levou uma vida de oração e penitência, e, ainda de acordo com as lendas, por sete anos sua mente foi atormentada pelo pensamento do pacto que ainda estava nas mãos de Satanás. Finalmente, narra seu biógrafo, o diabo foi compelido a entregar o pacto e colocá-lo diante do altar da Santíssima Virgem."
(Fonte: Wikipédia)
Belíssima encadernação inteira de pele com ferros gravados a ouro na lombada, e com cercadura e desenho de Teófilo Braga com o seu inconfundível guarda chuva gravados a seco e a ouro na pasta anterior. Preserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado e pintado à cabeça. Carimbo de posse na f. rosto e ex-libris no verso da mesma. Sem f. ante-rosto.
Muito invulgar.
Indisponível

20 maio, 2024

TAVARES, Maria José Ferro -
HISTÓRIA DE PORTUGAL MEDIEVO (Economia e Sociedade)
. Lisboa, Universidade Aberta, 1992. In-fólio (30x21 cm) de 515, [5] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa: Montagem de iluminuras de: Arquivo Nacional da Torre do Tombo - Missal do Lorvão; Biblioteca Municipal do Porto - Iluminados de Santa Cruz de Coimbra.
Obra de fôlego - de generosas dimensões - sobre a História de Portugal na Idade Média.
Trata-se do manual da disciplina de História de Portugal Medievo produzido pela Universidade Aberta para apoio dos alunos do Ensino à Distância.
Ilustrado com desenhos, fotografias, quadros e mapas ao longo do livro, na sua maioria impressos em página inteira, sendo alguns deles desdobráveis.
"O território que viria a ser Portugal, no século XII, ocupou uma parte das províncias romanas da Callaecia, entre o Douro e Minho, e da Lusitania, entre aquele e o Tejo.
Estender-se-ia, até meados do século XIII para além deste rio, acabando por atingir o mar com que ficaria limitado a Ocidente e a Sul. [...]
A sua vizinhança com o mar e a sua posição na parte ocidental da Península Ibérica iriam colocá-lo, entre dois pólos de influências, provenientes umas por via marítima e outras por via terrestre. Por esta, penetraram os povos germanos, no início do século V, enquanto os mouros e os normandos, em rotas de sentido oposto, nos séculos VIII e IX-X, respectivamente, o fariam por mar."
(Excerto de Os reinos bárbaros (411-711))
Maria José Ferro Tavares (n. 1945). "Nasceu em Lisboa, em 1945. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1969. Doutorou-se em História Medieval pela Universidade Nova de Lisboa (1981) e obteve a sua agregação nesta instituição, onde foi professora associada e catedrática de nomeação definitiva, desde 1991. Foi membro dos Conselhos Directivos da Faculdade de Letras, (1974-77). Foi presidente do Conselho Científico do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (1992-93). Foi directora da Unidade de Ensino à Distância, vice-reitora e reitora da Universidade Aberta (1989-2006), sendo a primeira mulher em Portugal a ocupar tais funções académicas.
Exemplar em brochura, bem conservado. Com notas e sublinhados a lápis no texto.
Invulgar.
25€

19 maio, 2024

GARCIA, Joaquim -
BARCA-VOLANTE : arte de pesca de lançamento circular.
Privilegiada por Alvará Regio. Tavira, Typ. Burocratica, 1885. In-8.º (20,5x13,5 cm) de 31, [1] p. ; [1] f. desdob. ; B.
1.ª edição.
Inovadora arte de cerco, ou de lançamento circular, desenvolvida no Algarve, que pretendia reunir o melhor de várias artes de pesca, incluindo os "galeões", técnica desenvolvida com bons resultados pelo país vizinho, mas dispendiosa e não totalmente adequada à faina portuguesa.
Esta curiosa monografia - muito rara - foi concebida e mandada imprimir por Joaquim Garcia, o proprietário do "privilégio régio" (detentor exclusivo deste empreendimento pesqueiro), na Tipografia Burocrática (1882-1912), inovador projecto tipográfico tavirense de João Gil Pessoa, primo direito do pai de Fernando Pessoa. É de realçar a consciência ambiental do autor, expressa na preocupação que o "varrimento" do fundo mar com artes de pesca desenvolvidas para o efeito causa ao ecossistema, e as graves consequências daí resultantes para o futuro das pescas.
Ilustrado no final com desenho esquemático de grande dimensões (58x55 cm) representando o funcionamento da Barca-volante.
"Quando se examina a carta da Europa, reconhece-se facilmente que Portugal é, em relação á sua população e á sua area, uma das nações d'esta parte do mundo que dispõe de maior extensão de costa maritima. [...]
Desde a Ponta de S.to Antonio, junto á foz do Guadiana, até Caminha, em todas as zonas departamentaes, ha numerosos pontos apropriados ao exercicio da pesca; aos quaes, ora n'uns ora n'outros, concorre todos os annos bastante pescaria; e mais concorrerá, de certo, se alguma vez se pozerem em pratica todos os meios preventivos, que se oppozerem á devastação dos prados submarinos, e á retenção e destruição da massa embryonaria proveniente da desova fecundada e dos numerosos cardumes de peixes pequenissimos, cuja extincção é uma das causas que mais poderosamente concorre, para o escasseamento da pesca domiciliaria e de arribação em alguns dos nossos districtos maritimos. Apezar, porém, do inestimavel valor d'essa riqueza que a provida mão da natureza tão generosamente nos proporciona, temos deixado jazer no mais deploravel estado de atrazo, a industria que tem por fim o emprego dos meios destinados ao aproveitamento de tão magnifica fonte de producção."
(Excerto de Duas palavras)
Indice:
I - Duas palavras. II - Artes de cêrco. III - Galeões. IV - Barca-volante. V - Armação do apparelho e seu lançamento ao mar.. VI - Barcascas ou artes de chavega. VII - Comparação entre a barca-volante e as barcas actuaes ou artes de chavega. VIII - Comparação entre a barca-volante e os galeões. IX - Differenças economicas entre a barca-volante e os galeões. X - Companhas. XI - Observações geraes.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Contracapa apresenta secção de papel que aí esteve colado.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
45€

18 maio, 2024

GOMES, Celestino - MARIA DA DÔRES. [S.l.], [s.n. - Tipografia "Beira-Mar" - Ilhavo], MCMXXII [1922]. In-8.º (16,5X11 cm) de 57, [3] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante novela, algo densa, de cunho modernista. Maria das Dores, a moça que dá nome ao livro, definha por causa de um amor impossível.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao jornalista aveirense Manuel Lavrador.
"Lentamente, na indecisão de seu andar nostálgico, Maria das Dôres descera a velha escada de granito escuro. Estiraçada, a sombra desenhava arabescos de roixo-cinza nos lilaseiros floridos do jardim onde ela viera sentar-se.
Na candura suavíssima dos seus desaseis anos incompletos, Maria das Dôres, mimosa figurinha de iluminura a cujo oiro tostado do cabelo o sol arrancava scintilas, costumava distrair fenilmente os olhos côr de alecrim nos verdes canteiros bordados de primaveras e gardénias, emquanto no regaço lhe repousava, a tempos olvidado, o volume do romance predilecto.
Raro se topariam mágoas naquêles olhos sombreados dum lilás delido, que raro, também, na sua alma de menina entrara alguma contrariedade maior que o vestido com que a modista faltou.
Tudo, nela, era graça e sorriso. Tanto, que fôra de costume já os pobresinhos tristes de chagas e velhos aleijões conhecerem-na pelo alvorecer de chilreantes risos com que acolhê-los vinha, junto do nicho musgoso da sua casa solarenga, cada segunda-feira, a dar-lhes a piedosa esmola semanal."
(Excerto do Cap. I)
João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo, 1899 - Lisboa, 1960). "Foi um médico, professor, escritor e pintor português. Pertence à segunda geração de artistas modernistas portugueses. Foi pintor e ilustrador, área em que utilizou o nome João Carlos; escreveu sobre medicina; dedicou-se à literatura de ficção, à crítica e história da arte, sob o nome Celestino Gomes."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação inteira de pele com cercadura dourada na pasta anterior e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Capas cansadas; impresso em papel de fraca qualidade.
Raro.
25€

17 maio, 2024

I ROMAGEM AOS JERÓNIMOS : 1963 - CLUB DE REGATAS VASCO DA GAMA
. Rio de Janeiro - Brasil, [Clube de Regatas Vasco de Gama - Nobre Gráfica Editora Ltda - Barão de Bom Retiro], [1963]. In-4.º (23x16 cm) de 97, [7] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Memória da primeira romagem de uma comitiva do Vasco da Gama, popular clube carioca, ao Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa, no ano de 1963.
Livro raro, por certo com tiragem reduzida, profusamente ilustrado com fotografias a p.b. relacionadas com a viagem a Portugal, incluindo eventos com a presença de figuras de proa do regime português: o PR Almirante Américo Tomaz, o PC Prof. António de Oliveira Salazar e o Almirante Henrique Tenreiro. Registe-se ainda, a título de curiosidade, o registo fotográfico do banquete oferecido pela direcção do Sport Lisboa e Benfica à comitiva brasileira no Estoril, e da presença da equipa profissional de Benfica e Belenenses na homenagem prestada nos Jerónimos ao navegador português.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do presidente do clube vascaíno - Manoel Joaquim Lopes - a Jorge Felner da Costa, Director do Centro de Turismo de Portugal no Rio de Janeiro e do Secretariado Nacional da Informação, Cultura Popular e Turismo (SNI), em Lisboa.
"Este documentário da Primeira Romagem aos Jerónimos realizada no ano administrativo de 1963 - sexagésimo quinto da fundação - é oferecido aos vascainos para guarda e lembrança do grande ato da vida social do Club de Regatas Vasco da Gama, em terras portuguêsas e em louvor de seu Imortal Patrono.
Dizemos "Primeira Romagem" porque confiamos plenamente no espírito cívico-sentimental dos associados de nossa agremiação para esperar outras visitas à Pátria-Mãe, berço do Almirante Navegador.
A Romagem aos Jerónimos, é indispensável que se explique, não representou uma promoção, no sentido moderno da expressão. Constitui o prosseguimento da tradicional linha de luso-brasilidade que desde a fundação do Club de Regatas Vasco da Gama se vem mantendo lealmente, para satisfação de quantos se agrupam em tôrno de sua gloriosa bandeira.
A fundação ocorreu quando o mundo político festejava com Portugal o 4º Centenário do Descobrimento do Caminho Marítimo das Índias.
A 9 de Setembro de 1900, durante a solenidade da posse do presidente Leandro Augusto Martins, na modesta sede da Travessa do Maia (mais tarde Passeio Público), inaugurou-se o retrato de Vasco da Gama oferecido pelo sócio João Rodrigues de Oliveira. Uma composição livre, sem traços precisos da real fisionomia do homenageado, fixadas todavia as linhas características do marinheiro e descobridor destemido."
(Excerto de Sentido histórico da Romagem)
Encadernação em percalina com ferros gravados a seco e a ouro na pasta anterior e na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e desportivo.
35€

16 maio, 2024

PORTUCALE, Antonio de -
O ENCANTADO.
Versos de... (Com desenhos, capa e vinhetas de Eduardo Malta). Porto, Tipografia da Renascença Portuguesa, [1919]. In-8.º (16,5x12 cm) de 98, [6] p. ; [8] f. il. ; B.
1.ª edição.
Obra poética magnificamente ilustrada por Eduardo Malta que assina as capas, as vinhetas no texto e as 8 estampas em separado impressas sobre papel couché.

"Oh! meu Anto! meu «Só» de triste sorte!
Pelos teus Olhos vi tão bem o Ceu
Que, se o meu Sônho sobrevive á morte,
O que de mim estar será só teu!

Nasci; sorri; sonhei... Amei, um dia,
(Sonhava ainda...) e nunca fui amado!
E a minh'alma ficou, sósinha e fria,
Na indiferença do Mundo regelado.

E nunca mais esta Melancolia,
Que ao cahir da noitinha sinto ao lado,
Deixou de atormentar na mão esguia
Meu pobre Coração de torturado!...

Os meus castelos - Torreões de Sônho
Que em horas brancas, aureoraes ergui -
Vi-os ruir ao vendaval medonho!

Então, sobre a ruina, á tempestade,
Com prantos de Alma e Sangue, contruí
Uma Fonte de Magua e de Saudade."

(Da minha Magua - Á memoria de Antonio Nobre, poeta e martyr.)

Índice:
Inscripção | Da Minha Magua | Da Minha Terra | Do Meu Amor | Da Minha Saudade | Fecho.
António de Sousa (1898-1981). "Poeta português, nascido em 1898, no Porto, e falecido em 1981, em Oeiras, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, colaborou em Ícaro, Byzancio, Tríptico, Presença, Portucale, O Diabo, Revista de Portugal, Vértice, Litoral. Autor de obras poéticas situadas na confluência de várias correntes estéticas (O Encantado foi editado pela Renascença Portuguesa; Caminhos, pelas edições Seara Nova e Ilha Deserta, pelas edições Presença), mas filiadas num lirismo tradicional de cunho intimista, revelando a influência de António Nobre, perpassadas por isotopias marítimas onde se plasma o destino irremediavelmente degredado de um sujeito poético que se autoanalisa irónica ou dolorosamente nas suas contradições."
(Fonte: Infopédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com defeitos
Raro.
25€
Reservado