1.ª edição.
Número
da apreciada Colecção "Iniciação" dedicada à expedição de 1920 ao Everest, a montanha mais alta do planeta, numa época em que os conhecimentos técnicos e desportivos sobre a matéria eram limitados.
Obra de divulgação, algo naif à luz do que hoje se sabe sobre o assunto, motivo de interesse e curiosidade.
Opúsculo ilustrado no texto com: um mapa rudimentar dos Himalaias; três fotogravuras: Um pico nos Himalaias; Aresta nordeste do Everest; Um pico ao nascer do sol.
"Os Himalaias, que constituem o grupo de montanhas mais importante da terra, ficam situados na região do norte da Índia e estendem-se por tôda a fronteira entre o território que se encontra sob o domínio inglês, o reino do Nepal, o reino de Butan e o reino do Tibet. [...]
De todos os montes é o mais alto o Everest, e assim chamado em honra de um alto funcionário britânico, sob cuja direcção se fizeram os trabalhos preparatórios da carta tipográfica dos Himalaias; até 1849 julgava-se que outros picos se elevavam mais, mas os cálculos vieram mostrar que era ao Everest que pertencia a realeza da montanha. [...]
O aspecto do Everest é diferente quando se contempla do lado da Índia ou do lado do Tibet; pelo sul, aparece rodeado de outros picos que lhe roubam parte da sua beleza; [...] quando o tempo está mau, o que sucede quási sempre, o Everest aparece rodeado por um colar de nuvens, e os turbilhões de vento levantam-lhe, nos flancos e no cimo, toneladas de neve que se espalha no ar e se confunde ao longe com a névoa; solitário e altivo, defendido pelos vendavais e pelas tempestades de trovões que de quando em quando desabam sobre êle, o Everest parece desafiar tôda a tentativa de escalada.
Mas basta que uma emprêsa pareça impossível, para que os homens sintam desejos de a tentar; o sonho dos melhores alpinistas, dos mais sólidos e ágeis trepadores de montanhas, tem sido o de conquistar o Everest; há certamente o interêsse científico; conviria que se pudesse estudar o efeito de uma altitude tam elevada, depois do esfôrço do ataque, sôbre o organismo humano e que se soubesse também alguma cousa de seguro sôbre a meteorologia da montanha; mas é fora de dúvida que o aspecto desportivo tem sobrelevado os outros em todos os que se têm arriscado a escalar o Everest ou, sequer, a aproximar-se dele.
Efectivamente, já é proeza notável chegar junto do monte; às dificuldades naturais, que são enormes, com as torrentes que tudo arrastam na sua passagem, as cordilheiras que barram o acesso, as tempestades de neve, o calor insuportável dos vales, a espessura da floresta, vêm juntar-se as dificuldades políticas: o Nepal e o Tibet contam-se entre os países mais fechados da terra; vivem no perpétuo receio do estrangeiro e defendem-se não permitindo a entrada senão em condições muito especiais e quando os governos se encontram bem dispostos em política internacional; caso contrário, arrisca a vida todo aquêle que ultrapassar a fronteira.
Nenhuma, porém, destas dificuldades assustou os homens que, em 1920, se lembraram de organizar uma expedição ao Everest, sob a inspiração e com o auxílio da Sociedade Real de Geografia de Londres e do Club Alpino."
(Excerto do texto)
George Agostinho Baptista da Silva
GCSE (Porto, 1906 - Lisboa, 1994). "Foi um filósofo, poeta, ensaísta,
professor, filólogo, pedagogo e tradutor português. O seu pensamento
combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia,
afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano.
Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático empenhado,
através da sua vida e obra, na mudança da sociedade. Passou considerável
tempo de sua vida no Brasil.
Realizando
um percurso académico notável, de 1924 a 1928, Agostinho da Silva fez
Filologia Clássica, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
tendo concluído a licenciatura com 20 valores. Em 1929, somente um ano
depois de se licenciar, e quando contava apenas 23 anos, defendeu a sua
dissertação de doutoramento a que deu o título O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas, doutorando-se com louvor.
Depois disso começou a escrever para a revista Seara Nova, colaboração que manteve até 1938.
Criou o Núcleo Pedagógico Antero de Quental em 1939, e em 1940 publicou Iniciação: cadernos de informação cultural.
Foi preso pela polícia política em 1943, abandonando o país no ano
seguinte (1944) em direção à América do Sul, passando pelo Brasil,
Uruguai e Argentina, no seguimento da sua oposição ao Estado Novo.
Regressou
a Portugal em 1969, após a doença e morte de Salazar e a sua
substituição por Marcello Caetano, facto que deu origem a alguma
abertura política e cultural no regime. Desde então continuou a escrever
e a lecionar em diversas universidades portuguesas, dirigindo o Centro
de Estudos Latino-Americanos da Universidade Técnica de Lisboa, e no
papel de consultor do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa (atual
Instituto Camões)."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
25€
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