17 outubro, 2023

REDONDO, Belo e VIEIRA, Tomé -
CRIMES E CRIMINOSOS CÉLEBRES.
I. Diogo Alves e a sua quadrilha. Lisboa, Guimarães & c.ª - Editores, [1930]. In-8.º (19x12 cm) de 119, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Livro composto por uma séria de ensaios acerca de conhecidos criminosos e os crimes que os conduziram à "celebridade", sendo o maior e mais importante o estudo dedicado a Diogo Alves (c. 1810-1841), galego radicado em Portugal, conhecido pela sua propensão para a criminalidade violenta e por "actuar" no Aqueduto das Águas Livres, onde esperava as vítimas, e bastas vezes, após consumar os assaltos, as atirar dali abaixo.
"Diogo Alves nasceu na Galiza, numa localidade próxima de Lugo. Como tantos galegos neste período, veio para Portugal à procura de trabalho e de uma vida melhor. Diogo Alves tinha apenas 13 anos e, segundo Alberto Câmara e Santos Júnior (Santonillo), trabalhou honestamente como moço de recados e boleeiro em Lisboa.
São também estes autores que nos indicam que Diogo Alves começou a frequentar uma taberna para os lados de Benfica e que a sua passagem por ali, principalmente o relacionamento com a proprietária, Gertrudes Maria, conhecida como “a Parreirinha”, rapidamente conduziu o galego para maus caminhos, da bebida e do vício do jogo.
É a partir do seu relacionamento com a Parreirinha e a frequência da taberna que Diogo Alves, com a alcunha “O Pancada”, organiza a sua quadrilha e inicia a sua carreira como ladrão de casas abastadas. Acompanhavam o galego, António Palhares (soldado), Manuel Joaquim da Silva, conhecido como o “Beiço Rachado” (também soldado), João das Pedras, o “Enterrador” e Claudino coelho, o “Pé de dança”."
(Fonte: https://historialx.com/os-crimes-de-diogo-alves/)
"Com esta obra, os autores não pretendem satisfazer a curiosidade mórbida de certo público, nem atender a predilecções doentias dos que se comprazem na contemplação da miséria e da desgraça. Por isso, nas páginas que se seguem, a verdade suplanta a imaginação, o romance é preterido pela reportagem - ou não fôssemos nós os repórteres das secções criminais dos dois maiores diários portugueses."
(Excerto do Prefácio)
"A pena capital foi abolida entre nós em 1842. E Diogo Alves, um dos ultimos condenados à morte, celerado que a fôrca libertou das malhas sombrias e torturantes do remorso, chega até aos nossos dias deformado pela lenda. [...]
Tudo isto concorreu,  sem dúvida, para que a personalidade de Diogo Alves, entregue ao sabor de desvairadas paixões, não tivesse chegado completa, inteira na sua exacta expressão, até o nosso tempo. Por outro lado, o terror que a sua sinistra figura semeou e a hediondez dos seus crimes, acicatando a imaginação popular, tam fàcilmente impressionável, legaram-nos uma personagem que não é absolutamente a verdadeira, com traços que, a-pesar-de inexactos, são vivos, de sugestivo recorte. [...]
Pela ferocidade das suas proezas é um criminoso sem igual, que aniquila vidas só pela ânsia de roubar. Mais do que o sangue das suas vítimas, o que o perturba e comove é o ouro que lhes arranca. Durante anos, desfaz existências por dez réis de mel coado, na impunidade mais absoluta. Mas, certo dia, o remorso toca-o, desperta-lhe no peito um coração que parecia empedernido e o seu espírito envolve-se na noite sombria da pior, da mais cruel expiação: do arco grande do aqueduto das águas Livres precipita nas terras de Campolide, de uma altura de 62 metros, depois de roubar o pouco dinheiro que ela tinha, uma pobre mulher que levava uma filhinha ao colo; no espaço, a caminho do abismo onde não tardaria a desfazer-se a sua carne tenra, a pequenita, sem compreender a maldade que ia arrancar-lhe a vida e à mãi, sorriu - diz o Povo, com doce e ingénuo sorriso, ao assassino...
Diogo Alves ficou, desde então, condenado."
(Excerto de Diogo Alves e a sua quadrilha)
Índice:
Prefácio | Diogo Alves e a sua quadrilha | O homem nu | O falso casamento dos «Irmãos Unidos» | Proezas dum gatuno elegante | «Giraldinha», a Flor do Crime.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas cansadas com mancha de humidade.
Invulgar.
Com interesse histórico e criminal.
20€

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