CÁMEIRA, José Martins - ORDENS E RELATORIOS. Operações Militares sobre Fornos d'Algôdres e Lamego em 1919. Por... Major d'Infantaria. Castello Branco, Typographia da «Casa Progresso», [1919]. In-8.º (21 cm) de 31, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio histórico, com interesse táctico-estratégico, relativo ao período revolucionário apelidado "Monarquia do Norte".
Trata-se de um interessantíssimo manancial de ordens e relatórios redigidos pelo Major José Cámeira, comandante do 2.º grupo de metralhadoras, envolvido nas operações de combate aos insurrectos monárquicos sobre Fornos de Algodres e Lamego, no período compreendido entre 23 de Janeiro e 12 de Fevereiro de 1919.
Relatório muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao "Alferes... da bataria de Art.ª do Destacamento misto n.º 1".
"No desejo de satisfazer o pedido dos meus camaradas que fizeram parte dos destacamentos successivos do meu comando por ocasião da conspiração monarquica do norte, tomei o encargo, por este facto sómente, de compilar todas as ordens de operações e relatorios que elaborei, no decorrer do movimento insurrecional, quasi sem alterar a redação e muito menos a fórma e disposição, para não perder a sua principal caracteristica de originalidade - a mais aceitavel como lembrança - mas aonde certamente muito havia a rectificar, mórmente por não ter tido á minha disposição arquivo algum e em especial os regulamentos de campanha, de saude e de subsistencias e que a memoria nem sempre conseguia capazmente dispensar."
(Preâmbulo)
"No dia 23 de Janeiro, sendo comandante do 2.º grupo de metralhadoras, sou chamado ao quartel general da 2.ª divisão, provisoriamente instalado na cidade de Guarda, para assumir o comando das tropas de cobertura, algumas d'estas jà fixadas na margem esquerda do rio Mondego, n'uma linha de vigilancia e de segurança de cerca de 24 quilometros, assim distribuidas: 30 homens em Celorico da Beira, 50 em Juncaes, 60 em Cabra e 30 em Nespereira.
Uns 200 homens seguiam a caminho para reforço d'aquelas, tambem pertencentes ao regimento d'infantaria n.º 12.
Em virtude das instruções recebidas embarquei, por 12 horas, na estação de caminho de ferro da Guarda com as forças d'infantaria de reforço e mais uma secção de artilharia de montanha, acrescida de uns 100 homens apeados d'esta arma.
Desembarcada a secção de A. M. na estação de Celorico da Beira, segui com as restantes forças ate ás proximidades de Jejua, ponto escolhido para desembarque, d'onde se passou para a margem esquerda do rio Mondego e d'ali se marchou para Mosquitela, tendo o cuidado de tornear o alto do Pendão 2.º (537.∙.), de Penedia (525.∙.) e outros contiguos para a coluna não ser vista das tropas rebeldes.
Chegado a Mosquitela já depois do sol posto mandei ainda avançar cerca de 100 homens para Juncaes, ficando os restantes de reserva n'aquela povoação."
(Excerto da introdução)
A Revista Militar N.º 22 - Dezembro de 1922 - inclui um artigo do General Adriano Beça com o título As metralhadoras, onde elogia Cámeira: "Os oficiais deveriam possuir todo o curso da sua arma, ter menos de 30 anos de idade, os subalternos, não sendo admitidos nos grupos sem a respectiva especialização na Escola de metralhadoras pesadas. É êste o espirito dominante no corpo de oficiais que hoje constitue a élite dos grupos de metralhadoras, onde se encontram oficiais da envergadura do major José Martins Cámeira, que faz honra ao exército português e seria um elemento de inestimavel valor em qualquer outro exército europeu. Possue êle, alêm do saber profissional, a experiência da grande guerra e qualidades de comando, que o tornam um oficial prestigioso e lhe dão sobeja autoridade para, em assuntos técnicos emitir a sua opinião que deveria ser religiosamente acatada."
José Martins Cámeira (1878-?). "Militar, natural da Freguesia de Caria (Belmonte), residente em Castelo Branco. Nasceu a 06-10-1878. Era filho do Comendador Vicente Martins Ribeiro e de D. Piedade Pires Cameira Ribeiro. A sua carreira Militar, desde que em 1902 foi nomeado Alferes até que em 1935, já Coronel, foi nomeado Comandante Geral da PSP, foi sempre brilhantíssima. Exerceu professorado em escolas regimentais, tomou parte nas operações de Angola em 1935, no destacamento do Cuanhama como Comandante de Bateria, combatendo na Môngoa, Chana da Môngoa, Cacimbas, etc., bem como no combate de Nigiva, onde entrou com o seu destacamento. [Combateu na Primeira Guerra Mundial integrado nas forças do C.E.P. com o posto de capitão, sendo mais tarde promovido a major. Foi dos primeiros a embarcar para França, em 23.10.1916. Seguiu para o Q. G. do E. M. P. por ter sido colocado no E. M. Depois foi colocado como 2.º comandante de Infantaria 35. Foi comandante do 5.º Grupo de Metralhadoras, assumindo mais tarde o comando do Batalhão de Infantaria 14]. Fez parte do C.E.P. em França, e ali obteve promoções rápidas e comandos de responsabilidade, e combateu os revoltosos monárquicos do Norte em 1919 como comandante das tropas de cobertura junto do Mondego e coluna de operações de Lamego e Régua. Em 1920 foi Comandante da Escola de Metrelhadoras Pesadas e depois Instrutor de 1.º e 2.º grau na ECO. Fez o Curso de Metrelhadoras pesadas em França na “Machine Gun School” inglesa. Sendo Tenente-Coronel fez parte das forças que combateram, em 1931, os revoltosos das Ilhas Adjacentes, tomando parte no combate do Machico. Desempenhou muitas comissões técnicas importantes e constam na sua folha de serviços os mais altos louvores em serviço técnico e em campanha, tendo sido condecorado com o grau de Cavaleiro da Legião de Honra de França, a Medalha da Vitória e Medalhas Militares de Comportamento Exemplar (Cobre, Prata e Ouro), Medalha Militar de Prata das Campanhas do Exército de 1914 e 1915, Medalha Militar de Prata de Valor Militar (com letra C e Palma dourada); Medalha Militar de Bons Serviços (duas de Prata e uma de Ouro com letra C), Medalha Militar de Prata das Campanhas do Exército (França 1917 e 1918), Medalha Militar de Prata das Campanhas do Exército (Cuanhama, 1915), Cruz de Guerra e “fourvagères”, Cavaleiro da Torre e Espada com palma dourada, Comendador de Cristo, Comendador e depois Grande Oficial da Ordem Militar de Avis, etc."
(Fonte: https://www.facebook.com/1540060162973575/posts/1994210184225235/)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel.
Muito raro.
Com significado histórico e militar.
Sem registo na BNP.
75€
Reservado
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