REIS, A. Ribeiro dos - FUTEBOL : divulgação das suas leis. Texto oficial e sua interpretação. Questionário para árbitros. Gráficos explicativos. [Lisboa], Edição do Autor, [1943]. In-8.º (19,5 cm) de [4], 277, [3] p. ; [24] p. pub. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante contributo para a história da arbitragem e o conhecimento das leis do jogo por António Ribeiro dos Reis, uma das mais insignes figuras do nosso futebol. Ontem como hoje, agora como há 80 anos, verifica-se que a arbitragem foi (e é) terreno fértil para justificar más decisões em campo e fora dele.
Livro ilustrado com desenhos esquemáticos no texto, e 24 páginas em separado dedicadas exclusivamente à promoção de marcas de produtos e serviços.
Muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa de Mestre Ribeiro dos Reis à redacção do "Diário de Coimbra".
"A divulgação das leis do jôgo constitue uma necessidade urgente para debelar a crise de arbitragem, que é um dos problemas mais graves do nosso futebol, pelos incidentes a que dá margem e que tanto perturbam o ambiente dos jogos.
Num artigo sôbre árbitros e arbitragens, publicado há tempo na revista «Stadium» pelo nosso camarada Candido de Oliveira, entre outras causas da crise fixava-se esta:
«Ignorancia das leis do jôgo, pela grande maioria dos dirigentes, dos jogadores e dos espectadores, o que concorre para serem consideradas erradas uma boa percentagem de decisões do árbitro, que estão absolutamente certas!».
Tem carradas de razão o nosso ilustre camarada.
Dos vários milhares de espectadores que entre nós assistem a desafios de futebol podem quási apontar-se a dedo os que alguma vez se deram ao trabalho de consulta e estudar o Código do Jôgo.
A maioria sabe de ouvido os pontos principais, mas não está habilitada a profundar o espírito da lei, porque nunca teve o cuidado de a ler com interêsse.
No entanto, todos se julgam com autoridade, para apreciar a acção do árbitro, flagelando-o até com as críticas mais irreverentes.
E o que se diz em relação aos espectadores diz-se em relação aos próprios dirigentes - tantas vezes injustos nas suas apreciações precipitadas e que se revestem de maior gravidade por partirem de quem partem - e estende-se até aos próprios jogadores. [...]
O ensino das regras de jôgo aos seus praticantes deve constituir uma das mais importantes missões dos treinadores ou de qualquer outro dirigente que esteja em contacto assíduo com aqueles.
Por tudo isto nos parece extremamente útil a tarefa de divulgação das Leis do Jôgo.
A êsse objectivo consagramos o presente livrinho. Vamos passar em revista as Leis do Código do Jôgo, procurando profundar o seu espírito e aclarar o seu texto; esclarecendo pontos duvidosos para evitar embaraços e dificuldades; estudando os casos menos frequentes, que podem constituir surpreza e exemplificando com casos concretos, a solução a adoptar."
(Excerto de A abrir...)
António Ribeiro dos Reis (1896-1961). Foi um militar, jogador de futebol, dirigente e jornalista desportivo português, fundador do jornal A Bola, conjuntamente com Cândido de Oliveira e Vicente de Melo.
"Se como jogador e jornalista pediu meças aos melhores, ficou também com um lugar na história do futebol como treinador, seleccionador, árbitro e dirigente. Na qualidade de treinador, foi campeão pelo Benfica em 1929/30, vencedor da Taça de Portugal em 1952/53 e seleccionador nacional entre 1924 e 1926 e entre 1933 e 1934. Foi na Casa Pia que estudou, se fez homem e descobriu o fascínio pelo futebol e atletismo. Estreou-se com a camisola do Benfica, a sua grande paixão, contra o Sacavenense, no campo de Sete Rios, com uma vitória por 8-0. Tinha 16 anos. Não foi futebolista de classe, mas revelou-se sempre de grande utilidade no Benfica pela sua estonteante velocidade (que lhe valera títulos de campeão de atletismo na estafeta do clube). Sempre que o Benfica entrava em crise técnica era convidado a tomar conta da equipa, em jeito sebastiânico. Sempre gratuitamente. Viveu momentos de glória, mas a conquista mais arrebatante foi o campeonato de Lisboa de 1932. Há 13 anos que o Benfica nada ganhava nas primeiras categorias, ofuscados pelo Belenenses e pelo Sporting. Assinou o seu último título pelo Benfica em 1953, coroado com uma vitória de 5-0 sobre o FC Porto de... Cândido de Oliveira! No primeiro Portugal-Espanha, Ribeiro dos Reis desempenhou vários papéis. Ele próprio recordou mais tarde: «fui avançado-centro, a seguir ao jogo escrevi a crónica para o Sport de Lisboa, onde era redactor, e por fim, no banquete, na altura dos brindes, tive de ler o discurso da Federação portuguesa, pois o delegado oficial, o sr. Raul Nunes, mal podia falar devido a uma inflamação da laringe...»."
(Fonte: https://www.record.pt/futebol/futebol-nacional/liga-bwin/benfica/detalhe/100-anos-ribeiro-dos-reis)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Vestígios antigos de humidade marginal na capa e f. rosto. Páginas com acidez própria da qualidade do papel.
Muito invulgar.
Peça de colecção.
75€
Sem comentários:
Enviar um comentário