BOSSI (Milesbo), Emilio - JESUS CHRISTO NUNCA EXISTIU. Traducção de Augusto de Castro. Lisboa, Livraria do Povo : Silva & Carneiro, [1909]. In-8.º (19x14 cm) de 233, [7] p. ; E.
1.ª edição.
Edição original portuguesa de Jesus Christo nunca existiu, ensaio negacionista da existência de Cristo.
Trabalho publicado por Bossi em 1904, simultaneamente em Bellinzona (Suiça) e Milão (Itália), sob o pseudónimo Milesbo, editado entre nós volvidos poucos anos. Raro e muito curioso.
"Emilio Bossi desfaz peça por peça, com competência e meticulosidade, (330 referências bibliográficas) qualquer conceito abstrato que nossa cultura possa ter desenvolvido em torno de um personagem chamado Jesus Cristo, demonstrando que ele é uma figura totalmente mítica, como outras divindades como Apolo ou Mitra, porque aqueles que escreveram sobre Jesus nunca o conheceram senão por ouvir dizer, portanto, Jesus não era uma pessoa real, mas um conto mitológico e nasceu de uma criação coletiva, passada de boca em boca. A obra de Emilio Bossi, vulgo Milesbo, apesar de ter sido divulgada pela primeira vez em 1905, é quase inédita na Itália e faz parte dos estudos sobre o cristianismo arcaico em defesa da teoria da contemplação da divindade, bem como da inexistência de Jesus Cristo. Ele era um filho de Deus? Este não é um tópico de pesquisa histórica e, portanto, nem deste teste. Ele realmente viveu, ainda é uma pessoa física? Bossi declara com um Não categórico que demonstra com provas e evidências, que Não, não há nenhum traço de evidência ou sombra de suspeita sobre a possível existência deste homem chamado Jesus Cristo. Por outro lado, a ciência mitológica, auxiliada pela filosofia, arqueologia e pelas descobertas dos viajantes, declarou que as lendas, mitos, narrativas e preceitos do Antigo e do Novo Testamento não passam de variações feitas antes do cristianismo, especialmente na China, Judéia, Pérsia, Mesopotâmia e Egito."
(Fonte: https://www.ibs.it/gesu-cristo-non-mai-esistito-ebook-emilio-bossi/e/9788829522293)
"Uma primavera nova agita a vida humana; é a primavera da edade positiva que se inaugura sob um duplo aspecto: por um lado, ou seja no campo moral, este jáz sob espessa camada de gelo e trevas invernaes, e as novas idéas, fecundadas pelo saber positivo, encontram obstaculo fatal ao seu desenvolvimento na vetusta bagagem tradiccional das falsas idéas formadas pela educação religiosa que sobrevive em virtude da força da inercia... [...]
Já é tempo de restabelecer a unidade do mundo moral e do mundo material, do pensamento e da acção, do ideal e da realidade, porque a vida é una e identicas são as leis que regem o mundo physico e o mundo moral.
Basta para isso, applicar á sciencia moral, ainda na infancia, os methodos que fizeram triumphar a sciencia positiva, isto é, a liberdade na investigação, o experimentalismo como instrumento e o racionalismo como systema.
É preciso fazer taboa raza de todas as crenças tradiccionaes para conservar apenas os materiaes que resistam á critica, e abandonar os restantes ao seu destino, utilisando sómente aquelles, reunindo-os ao que a experiencia e o exame vão elaborando, na construcção do novo edificio moral, que deve coroar o soberbo, explendido e immortal edificio dos descobrimentos positivos e de util applicação, que a sciencia vem levantando ha tempo com actividade cada vez mais intensa e febril, para que da união de ambos os monumentos nasça o novo templo: o Templo da Humanidade.
Animados por esta ordem de idéas, applicámos a nossa modestissima obra ao exame da crença duas vezes millenaria, a crença em Jesus Christo, partindo, para isso, do ponto onde já chegaram a critica historica, a exegese biblica, a sciencia mythologica e a theoria da evolução applicada á investigação das origens naturaes do christianismo.
Este exame, que é absolutamente extranho a qualquer conceito theologico ou anti-theologico, não visa outro fim que só por amor á verdade, demonstrar que Jesus Christo nunca existiu."
(Excerto da Introducção)
Índice:
Introducção | Christo na Historia | Christo na Biblia | Christo na Mythologia | Formação impessoal do christianismo | Conclusão | Notas | Conclusão do tradutor.
Emilio Bossi (1870-1920). "Foi um livre pensador, jornalista, advogado e escritor suíço. Nasceu em Bruzella. Formou-se em direito na Universidade de Genebra. Escreveu sob o pseudónimo Milesbo. Foi editor (1896-1902) e diretor (1915-1920) do jornal Gazzetta Ticinese e fundou o jornal L'Idea moderna em 1895. Em 1906 fundou L'Azione, um grupo radical-democrático. Foi um dos fundadores da Unione Radicale Sociale Ticinese, grupo político que pedia a separação entre a Igreja e o Estado. Bossi era um defensor da teoria do mito de Cristo. Em 1904 escreveu o livro Gesù Cristo non è mai esistito (Jesus Cristo nunca existiu)."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação simples em meia de percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Exemplar de trabalho, contém sublinhados e notas manuscritas em rodapé. Carimbo de posse na f. rosto.
Raro.
Com interesse histórico.
A BNP tem no seu acervo apenas um exemplar.
20€
Sem comentários:
Enviar um comentário