17 maio, 2023

ABOIM, David -
NO RESCALDO DA GRANDE GUERRA
. Lisboa, [s.n. - Composto e Impresso na Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra - Lisboa], 1951. In-4.º (23,5 cm) de 63, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Colectânea de artigos escritos pelo autor n'A Voz dos Combatentes : porta-voz dos combatentes Portugueses na Grande Guerra, semanário da Liga dos Combatentes, cujo projecto teve duração de apenas 7 anos.
Obra rara, com significado para a bibliografia WW1.
"Três grandes objectivos estratégicos orientaram as operações alemãs na frente ocidental: a tomada de Paris; dividir em dois os exércitos aliados, separando os franceses dos ingleses; alcançar os portos de Boulogne e de Calais.
O primeiro, tentado por duas vezes, no princípio e no fim da guerra, conduz de ambas elas às vitórias do Marne; para conseguir o segundo desencadeiam os alemães a ofensiva a ofensiva do Somme; finalmente o terceiro é tentado com a série de operações iniciadas no dia 9 de Abril de 1918, e que passaram a figurar nos livros dos escritores militares que da Guerra Mundial se têm ocupado, sob a designação de Batalha do Lys segundo uns, de Batalha do Norte segundo outros.
São evidentes os resultados desastrosos que teria para a causa dos aliados o alcance de qualquer destes objectivos. [...]
Foi para conseguir este último objectivo que os alemães desencadearam sobre a 2.ª Divisão Portuguesa e as duas Divisões Inglesas situadas nos seus flancos, a grande ofensiva que havia de passar à história com o nome de Batalha do Lys. O general Mordacq não hesita em classificá-la, no seu livro Le Ministère Clémenceau, de «manobra estratégica de grande envergadura», a contestar a opinião de certos críticos militares que a colocam na categoria dos «ataques secundários» ou «ataques de ordem táctica». [...]
Fosse, porém, uma simples diversão ou ofensiva de objectivos estratégicos, o que é fora de dúvida é que a Batalha do Lys pertence ao número das três ou quatro grandes arremetidas dos alemães sobre a frente ocidental, classificando W. Churchill o dia 12, dia em que as tropas de Ludendorff foram detidas no seu avanço, como o ponto culminante de toda a guerra, depois do Marne.
A ofensiva do dia 9 de Abril veio encontrar as tropas portuguesas sem condições de resistência. O desfalque dos efectivos, junto à exaustação resultante duma prolongada permanência na frente e os factores de ordem moral, que não era por certo o que menos contava neste somatório de circunstâncias aniquiladoras, faziam com que o C. E. P. não estivesse em condições de suportar um choque do inimigo. [...]
Apesar da desproporção do número, as nossas tropas bateram-se, porém, com notável valentia, havendo actos isolados de bravura dignos duma página de epopeia. Começando o bombardeamento às 4 horas - um bombardeamento horroroso, insustentável - por volta  das 8 inicia o inimigo o assalto à nossa desmantelada 1.º linha, protegido por um nutrido fogo de barragem e pela espessura do nevoeiro. Esta é tomada sem resistência, caindo logo após a 2.ª linha, com igual facilidade. Mas agora começa a defesa desesperada, homérica, dos fragmentos das unidades, que não haviam sido aniquilados no ataque inicial. Protegidos pelas dobras do terreno, metidos em crateras de granadas e em farrapos de trincheira, restos dos batalhões destroçados fazem moderar a aceleração do avanço..."
(Excerto de A acção dos portugueses na batalha do Lys)
Índice:
Explicação prévia | O nosso dever | A F. I. D. A. C. [Federação Interaliada dos Antigos Combatentes] e a Paz | Um novo livros de Wells | Aniversário da F. I. D. A. C. | Emigração | Cuidemos dos vivos | A Conferência do Desarmamento | A acção dos portugueses na batalha do Lys | A «Fidac» estuda o problema da Paz | Paul Domer | Um grande amigo  dos Combatentes Portugueses | Faria Afonso | Exigências alemãs sobre a igualdade de armamentos | Fecho de contas | Uma Homenagem [ao Dr. Alberto Mac Bride] | Hora Difícil I | Hora Difícil II | Hora Difícil III | O Valor duma Cruz de Guerra | Os combatentes e os problemas internacionais | Portugal e a Fidac | O armistício | 9 de Abril.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas manchadas, com vinco e assinatura de posse. Mesma assinatura de posse na f. ante-rosto.
Raro.
Com interesse histórico.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
Indisponível

Sem comentários:

Enviar um comentário