TERRA, José - CANTO DA AVE PRISIONEIRA. Poemas. [S.l.], Edição do Autor, 1949. In-4.º (25 cm) de 44 p. ; B.
1.ª edição.
Edição original da primeira obra do autor, rara e muito apreciada, publicada quando o poeta tinha apenas 21 anos. Proibida de circular pela censura do Estado Novo.
"Eu sou o benjamim
Dos poetas portugueses.
Pobre benjamim
Nos vaivéns da miséria e dos revezes!
Eu sou o benjamim
Dos que ouviram a voz da liberdade
E preferem ficar eternamente mudos
A cantar loas à impiedade!
Eu sou o benjamim
Dos poetas do meu povo.
Povo!
Eu te dou meu corpo e minha alma,
Meu coração, meu sangue novo!
Eu sou o benjamim
Dos cantores da nova primavera
Em nossas mãos florida, em nossas mãos,
No coração que espera!...
[...]
Eu sou o benjamim
Dos poetas portugueses.
E não sei cantar de outra maneira..."
(Excerto de Pórtico)
José Terra (pseudónimo literário de José Fernandes da Silva) (Prozelo, Arcos de Valdevez, 1928 - Paris, 2014). "Poeta, foi, ao longo da vida, professor universitário (regente das Cátedras de Português das Universidades de Paris 8 / Saint-Denis e da Sorbonne Paris IV), filólogo, historiador, ensaísta, crítico e tradutor. Co-fundador e co-editor das revistas Árvore (1951-53) e Cassiopeia (1955), que tiveram um papel fundamental na renovação da poesia portuguesa dos anos 50, distinguiu-se, nesse campo, com a publicação de quatro livros há muito esgotados, balizados entre 1949 e 1959. Colaborou em várias revistas, e os seus poemas foram incluídos em diversas antologias do género.
A obra em livro começou em 1949, quando o poeta tinha só 21 anos, com a edição de autor do Canto da Ave Prisioneira, que inclui poemas escritos entre 1945 e 1949 (o livro, objecto de apenas duas recensões críticas, de Mário Dionísio na Vértice e de Alfredo Guisado na República, foi logo apreendido pela censura). Além do apelo de liberdade que percorre todos os poemas, o título e a sugestiva capa com um desenho de José Viana Dionísio (o futuro actor José Viana), na qual se vê uma ave batendo as asas para escapar das malhas de arame farpado, não podiam iludir os censores."
(Fonte: Esteves, José Manuel da Costa - A poesia de José Terra: o acto criador como acto libertador, 2013)
Exemplar em brochura bem conservado. Rasgão na capa, sem perda de papel.
Raro.
45€
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