26 abril, 2021

CANDIDO, Doutor Zeferino - O CANHÃO VENCE... A VERDADE CONVENCE. Pelo... Da Universidade de Coimbra. Lisboa, Livraria Ferreira, 1915. In-8.º (22,5cm) de 177, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Obra apologista da neutralidade portuguesa na guerra que se desenrolava no cenário europeu. Neste ensaio, o autor escreve sobre o conflito, abordando a situação nacional e a política de alianças.
"Foi sempre minha opinião que Portugal se devia manter neutral, perante o conflito que conflagra e subverte a Europa. [...]
Apezar do meu isolamento, do firme e calculado proposito da minha abstenção politica, senti um forte e triste abalo com a noticia do que se passou na sessão parlamentar de 7 de Agosto e com os fogosos e bélicos arremessos de grande parte da imprensa portugueza. Dando-se a circumstacia de se achar então á frente do governo um homem com quem mantenho, desde a mocidade, relações de intima e não interropida amisade, que a diversidade de modos de ver politico não destroe, pensei do meu dever patriotico manifestar-lhe, em carta, o meu sentir e tambem o meu apelo para a sua autoridade, com o fim de moderar tendencias belicicosas e apaixonadas que tinha e tenho por muito prejuciaes á independencia e aos interesses do paiz. [...]
O Doutor Bernardino Machado foi habil. Simulando e até, por alguns actos concretos, insinuando, mesmo, uma disposição belicosa a favor dos aliados, foi mobilisando forças, que nunca mandou senão para as colonias, sob o justificado motivo da sua defeza. Conseguiu sacar do parlamento uma autorisação unanime e ilimitada para dar á mobilisação a amplitude que quizesse, e, assim, ia andando e certamente procurava vencer a situação. Quando viu que a facção mais guerreira da camara lhe percebeu o jogo e o obrigava a mostral-o, atirou-lhe com o poder, colocando a situação politica n'um gáchis, em que, habilmente, envolveu a todos, sem exceptuar a presidencia da Republica, a quem a sua conhecida ambição não tinha, decerto, desejo de poupar.
A retirada do Doutor Bernardino Machado, a subida ao poder do partido mais propenso á beligerancia, factos lamentaveis que se seguiram, certamente derivados dessa impatriotica orientação, motivaram este trabalho."
(Excerto do texto)
Matérias:
Preambulo. | I - Portugal e França. Cap. II - Portugal e Belgica. Cap. III - Portugal e Ingalterra. IV - Portugal e a Allemanha. V - A Inglaterra no atual conflito. VI - A atitude da Inglaterra no atual conflito - Um discurso de Sir Edward Grey. VII - Um discurso de Sir David Lloyd George no Queens Hall de Londres. - Divida de honra. - França e Belgica em 1870. - Um pedaço de papel. - A desculpa da Allemanha. - A confiança da Belgica. - As atrocidades. - O caso da Servia. - A dignidade da Servia. - O irmao pequeno da Russia. - As nações pequenas. | Conclusão
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Assinatura de posse na f. rosto.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e bibliográfico.
Indiponível

Sem comentários:

Enviar um comentário