01 novembro, 2020

VASCONCELLOS, Luiz Mendes de - DO SITIO DE LISBOA : sua grandeza, povoação, e commercio, etc.
Dialogos de... Reimpressos conforme a edição de 1608. Novamente correctos, e emendados
. Lisboa, Na Impressão Regia, M. DCCC. III. [1803]. Por Ordem Superior. In-8.º (15 cm) de VII, [1], 297, [3] p. ; E.
Interessante obra de exaltação da cidade de Lisboa em forma de diálogos.
"A obra Do sítio de Lisboa (1.ª edição em 1608) exalta as excelentes qualidades do sítio da cidade de Lisboa. Para que escreveu ele os seus diálogos? Em primeiro lugar, para convencer Filipe II a mudar de Madrid para Lisboa a capital do seu império; depois para combater o estonteamento da nossa política ultramarina, que consistiu em se perverter o objectivo comercial (para que se fizera a descoberta) com as ideias de conquista; e ainda para dar emenda ao erro básico da economia portuguesa, que consistiu em não assentar o comércio marítimo numa base de fixação, isto é, um alicerce bem seguro de produção metropolitana, integralmente organizada. De passagem, o nosso Autor trata com mestria diversos temas, tais como a fortificação de Lisboa por meio dum canal de Sacavém a Alcântara, a organização de represas e regadio das lezírias, e outros. Além de documento histórico, não deixa de fornecer reflexões úteis para o presente."
(Fonte: wook)
"He tão natural a todos os homens o amor da patria, que quando não tivera outras razões, esta só me podia obrigar a escrever os presentes Dialogos, e muito mais quando as eleições que fizerão alguns Principes antigos, e outros de nossos tempos, de alguns sitios, para sustentar nelles o pezo de seus Imperios, e a approvação que para o mesmo faz Claudio Ptolomeo do monte Argentario, como duro estimulo, fazem força a todo o entendimento, que conhece as excellentes qualidades do sitio de Lisboa, para que não consinta que fiquem em silencio sendo por ellas mais digno que todos de huma alta consideração. Mas ainda para isto se me oferecêrão outras razões muito mais forçosas; porque entendendo quanto convem a esta Monarchia voltar Sua Magestade todo o seu entendimento ás causas do mar, e que todas se farão melhor com a sua presença, e que esta Cidade com ella receberá grandissima utilidade, pois quando não tiver outra, basta a de servir o seu Principe aonde elle veja o seu fidelissimo animo; pareceo-me que seria cousa utilissima mostrar, como a Cidade de Lisboa he mais apta para as cousas do mar, a respeito desta Monarchia, que outra alguma, e que nella terá abundantemente a Corte  de Sua Magestade não só todo o que para sustento commum he necessario, mas as mais preciosas cousas do Mundo, e ElRei as melhores recreações, que se podem desejar, para que por todas estas razões se conheça, que esta Cidade he mais digna que todas, da sua assistencia. E para que este meu intento pudesse conseguir o fim que pretendo, entendi, que o melhor modo, era fazer commum a todos por meio da Impressão estes Dialogos, porque andando de mão em mão, póde ser que cheguem á de algum nobre, e generoso de Espirito, que estime manifestar a Sua Magestade o que de utilidade, e justo deleite lhe offerece o sitio de Lisboa."
(Excerto do preâmbulo, Aos leitores)
Luís Mendes de Vasconcelos (c. 1542-1623). "Commendador da Ordem de Christo, Capitão mór nas armadas do Oriente, onde militou muitos annos, e Governador de Angola pelos de 1617 a 1620. Foi natural de Lisboa, e não de Evora, como pareceu ao P. Francisco da Fonseca na sua Evora gloriosa, pag. 413. Ignoram se precisamente as datas em que nascêra e morrêra, porém sabe se que foi pae de Joanne Mendes de Vasconcellos, que tanto se distinguiu por seus feitos militares nas guerras da acclamação.
São interlocutores n'esta obra um Politico, que segundo a interpretação do auctor da Bibliotheca Historica de Portugal (pag. 108 da segunda edição) se crê ser o Conde da Castanheira, ministro d'el rei D. João III e avô materno, dizem, de Luis Mendes: um Soldado, em quem pretendem ver Martim Affonso de Sousa, ex governador da India: e um Philosopho, que é tido, com razão ou sem ella, pelo bispo D. Jeronymo Osorio, a cuja instancia se accrescenta que fôra composto o Sitio de Lisboa. Quanto a esta ultima parte, parece me supposição mais que gratuita, para não dizer abertamente falsa.
Osorio morreu, como é sabido, em 1580, e Mendes de Vasconcellos dando á luz a sua obra em 1608, explica se no prologo em termos que, se não me engano, indicam ser a composição d'ella de mui recente data. O nosso illustre economista, o sr. A. de O. Marreca, em um artigo inserto no Archiro Universal, tomo III, sob o titulo João de Barros, Luis Mendes de Vasconcellos e o commercio da India (reproducção, me parece, de outro que publicára no Panorama (1842) pag. 378 e 379) fala de Vasconcellos e da sua obra com subido louvor, referindo se ao modo por que n'esta discursou ácerca das conquistas da India, e contestou a sua utilidade.
«O seu bom siso, e alguns capitulos da Politica de Aristoteles, revelaram lhe verdades que só muitos annos depois foram apregoadas e desenvolvidas pela eschola italiana, e pelos economistas inglezes e francezes (Arch. Univ. tomo III, pag. 82).”
(Inocêncio T. V, pp. 306)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Manuseado. Pastas algo desgastadas. Lombada com falha de pele nas extremidades.
Invulgar.
Com indubitável interesse histórico e olisiponense.
55€

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