16 novembro, 2020

VASCONCELLOS, Amadeu de - OS COMETAS. Porto, Liv. Chardron de Lello & Irmão, 1910. In-8.º (19 cm) de 149, [3] p. ; il. ; E. Col. Sciencia Para Todos, I
1.ª edição.
Curioso tratado de ciência astronómica, vanguardista para a época.
Livro ilustrado com esquemas e desenhos explicativos, gravuras e dois retratos em página inteira de Edmond Halley e Isaac Newton.
Amadeu Cerqueira de Vasconcellos (1878-1952). "Numa época em que ainda persistia a ideia da incompatibilidade entre a religião e a ciência, o padre portuense Amadeu Cerqueira de Vasconcelos (1878-1952) foi capaz de conciliar as actividades de divulgador científico com as de apologista do catolicismo, lutando assim contra “a apregoada antinomia entre a sciencia e a fé”.
Amadeu de Vasconcelos viveu longos períodos da sua vida em Paris e aí escreveu e publicou vários dos seus livros e artigos ─ em Português e Francês ─ em prol da ciência, contra a maçonaria e a favor do catolicismo e de um nacionalismo original.
Para além de um escritor prolífico, O padre Amadeu de Vasconcelos foi crítico severo da sociedade civil e eclesiástica do seu tempo. No Porto, teve acesas polémicas com as autoridades episcopais, os professores do seminário, o secretário do bispo e o próprio bispo. As agressões verbais e escritas chegaram a tal ponto que o secretário episcopal o padre Manuel Pereira Lopes ─ um jovem arrogante e pedante, acabado de regressar de Roma com um doutoramento em Teologia ─ prometeu ajustar contas com o incómodo padre ameaçando “partir-lhe a cara em plena rua”. A ameaça, prometida e muito anunciada, concretizou-se no dia 2 de Julho de 1907. O próprio bispo D. António Barroso rematou a agressão física com uma agressão moral: “uma pena de suspensão de 30 dias”, que foi muito criticada nos jornais da época e que reforçou o sentimento anti-clerical que então existia no Porto e em quase todo o país. O padre Amadeu de Vasconcelos não se resignou com tais humilhações, como o demonstram os vários artigos, que publicou na imprensa, e os manuscritos, que tencionava publicar em 1908 e nos quais revela dramaticamente a sua revolta contra o “cynismo” do bispo e o “pedantismo” do seu secretário “bruta-montes”.
Muitos foram os assuntos que abordou na sua extensa obra escrita. Publicou livros de crítica social, política, filosófica e religiosa. No que respeita à divulgação científica, a sua actividade foi igualmente notável. Publicou vários livros, panfletos e artigos que contribuíram certamente para elevar o nível da cultura científica portuguesa. Podem ler-se alguns dos seus artigos em jornais como o Campeão Escolar, O Bem Publico e A Voz Publica. Entre os seus livros contam-se três volumes do Anno Scientifico e Industrial referentes aos anos de 1903, 1904 e 1905, publicados respectivamente em 1904, 1905 e 1906, O Radium (1907), A Telegrafia sem Fio (1907), A Aerostação (1908), A Aviação (1909), A Conquista dos Pólos (1910), Os Cometas (1910), Qual é a Forma da Terra (1915), O Ar Liquido e Os Submarinos (1916). Foi director e redactor único de revistas de divulgação científica como Universo (quinzenal, 1909) e Sciencia para Todos (1910, 1925). Escreveu ainda livros didácticos que foram adoptados no ensino oficial: Lições Praticas de Sciencias Naturaes, Noções de Physica (em colaboração com Eduardo Ferreira dos Santos Silva, 1906) e Lições Practicas de Physica (1919). Todas estas obras tiveram várias edições.
O padre Amadeu de Vasconcelos, que também usou os pseudónimos Mariotte e Remy Lusol, era um homem recto, conservador, nacionalista, defensor da verdade e, nas sua próprias palavras, “desconhecia a cobardia”."
(Fonte (com a devida vénia): http://oholoscopio.blogspot.com/2007/08/o-padre-amadeu-de-vasconcelos-mariotte.html)
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação. 
Muito invulgar.
25€

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