07 agosto, 2020

MACHADO, General Ernesto - O C. E. P. NÃO FOI SÓ O 9 DE ABRIL. (Excerto do Livro Recordações, em preparação, do mesmo autor). [S.l.], [s.n. - Composto e impresso na Tipografia da L. C. G. G. - Lisboa], 1956. In-4.º (23,5 cm) de 56, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Memórias da Grande Guerra do General Ernesto de França Machado, oficial do C. E. P. que integrou a 1.ª Divisão Portuguesa na Flandres.
Inclui reproduzida correspondência entre as chefias portuguesas e inglesas, bem como louvores por acções e feitos militares em combate.
"Em 19 de Junho de 1917 segui de Lisboa para França, via Madrid, mobilizado para o C. E. P.
Desci na estação de Air-sur La Lys, em Junho ainda, e logo me dirigi para o Q. G. da 2.ª Divisão portuguesa em formação, o qual estava instalado no chalet de St. André, próximo de aquela pequena cidade da Flandres francesa. Quando ali me apeei encontrei-me com D. José da Serpa Pimentel, então major e chefe do estado maior de aquela Divisão. A vida ia colocar-me a seu lado até ao momento em que, esbatidos os ecos da Batalha de França e terminada a Grande Guerra, a minha Divisão (a I.ª) deixou a planície monotona da Flandres. [...]
A guerra parada, a enervante guerra de trincheiras, com os seus constantes e inúmeros problemas a resolver, não demanda do General [Gomes da Costa] e do seu Quartel General menos esforço do que a guerra de movimento. É uma ilusão supor que a guerra estabilizada exige, da parte do comando, menos tensão de espírito do que a batalha ofensiva; de facto, mercê de factores vários, a defensiva tem maior acção sobre os nervos.
E para as tropas pesado é o fardo. Permanecer imóvel sob o fogo rolante do inimigo, na lama, na humidade e no frio, por vezes na fome e na sede; ou ficar oculto,dobrado sobre si mesmo, nos abrigos ou crateras esperando um inimigo superior em forças e surgir fora dum ninho seguro para lançar-se sobre quem se esforça para trazer consigo a nossa perda, eis o quadro. [...]
A 1.ª Divisão portuguesa foi na linha um elemento de força e de valor, disciplinado e eficaz, correcto e altivo, perfeitamente à altura das suas congéneres inglesas, ao lado das quais cooperava, além da 2.ª Divisão.
A ela me refiro, em especial, não por menos consideração pela 2.ª Divisão que, vítima de culpas que não eram suas, cumpriu como pôde o seu dever no dia 9 de Abril de 1918 - acção conhecida nos seus detalhes, nas suas causas e efeitos, através de relatórios e de várias publicações -, mas por ser aquela a que pertencia e em que trabalhei, em que vivi a sua vida; aquela que dia e noite acompanhei no pulsar dos seus bons e maus momentos, da alegria e da calma ansiedade. Diante dos meus olhos passam, com grande nitidez, os homens e os factos, as madrugadas de raid, a satisfação dos nossos êxitos e a arrelia dos do inimigo."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

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