27 agosto, 2020

FERRÃO, Alfredo - A PSYCHIATRIA NOS TRIBUNAES. Validade d'um testamento. Alegações finaes da Mizericordia de Santa Comba Dão. [Por]... Advogado : Santa Comba Dão. Santa Comba Dão, Typographia da Beira, 1917. In-4.º (23 cm) de 124 p. ; [1] f. err. ; B.
1.ª edição.
Processo legal que opôs a Misericórdia de Santa Comba Dão aos herdeiros de um seu benemérito que, apesar de ainda jovem, faleceria pouco tempo após o estabelecimento das disposições testamentarias favoráveis à instituição.
Livro muito valorizado pela dedicatória manuscrita do autor à Redacção do Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
"Em seu testamento de 24 de Abril de 1908, aprovado no dia 29 de egual mês e ano, legou José Luiz Alves Correia Matheus á Mizericordia da villa de Santa Comba Dão, uma pensão anual de 60$00, afim de esta corporação distribuir metáde, em vestuario, aos pobres e indigentes da freguezia, no dia do aniversario da morte do testador, e dar á outra metade o destino, que lhe aprouvér, de hermonia com os fins da mesma corporação.
No dia cinco de março de 1910 J. Luiz, saindo da sua cása e quinta da Via Cova onde, desde havia tempo, se isolára do convivio social, teve sob a influencia de alucinações auditivas, um ataque de alienação mental, sendo por esse motivo, submetido ao exame d'um conselho medico-legal que o julgou afectado de paranoia persecutória, e de seguida internado no Hospital Conde Ferreira, onde veio a falecer.
Môrto José Luiz, os seus pretensos herdeiros vêem a juizo com a presente acção procurando anular aquele testamento sob a alegação de que José Luiz não se encontrava em seu perfeito juizo ao tempo em que  testou, porquanto já entám estáva aféctado de paranoia persecutória."
(Excerto de Sumario da questão)
"Nasceu José Luiz na villa de Santa Comba Dão em 19 de Abril de 1882. Recebeu os primeiros ensinamentos na sua terra natal, revelando-se inteligente e estudioso, indo depois para Braga onde cursou o lyceu e fês alguns exames.
Apoz uma curta estada na cidade do Porto, em cása de comercio d'um parente, regressou de vez a Santa Comba Dão, de posse de conhecimentos apreciaveis e d'uma certa ilustração.
Era bom cavaqueador, frequentava com assiduidade o gremio e apresentava-se correctamente vestido. Exerceu funcções de importancia social bastante eleváda, como vereador da Camara Municipal. Juiz de Direito substituto, e agente de varias cásas bancarias, mórmente do Banco de Portugal.
N'uns bailes realisados na sua terra pelo carnaval dos anos de 1906 e de 1907, teve José Luiz conhecimento com uma senhora, D. Estefania de Campos, por quem se tomou de amores, projectando casar com ela.
Estas suas relações amorosas foram muito contrariadas pela mãe, e sobretudo por uma tia, D. Piedade Correia, chegando a constár que esta o desherdaria se ele persistisse em realisar o casamento que projectara."
(Excerto de Breve relatorio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com manchas de acidez e pequenos defeitos.
Raro e muito curioso.
Sem registo bio-bibliográfico, incluindo na BNP.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível

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