28 agosto, 2020

ALMEIDA JUNIOR, João de - A VIDA E A MORTE. Lisboa, Edições Excelsior, [1953?]. In-8.º (19,5 cm) de 70, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Reflexões do autor - adepto da possibilidade de vida para além da morte - alicerçadas na sua experiência, análise e percepção extra-sensorial.
"O espectáculo da dor humana na presença de ente querido cujos olhos se cerram para a vida terrena, emocionando-me profundamente, levou-me a pensar em escrever um livro no qual eu procuraria demonstrar que esta vida a que damos tanto apreço mais não é do que uma curta passagem pela Terra, e que a verdadeira vida - a vida que não acaba - é a vida do espírito no Espaço infinito. [...]
Um dia, recordando uma conversa que tinha ouvido e na qual se falara de parentes que numa sessão de espiritismo haviam dado provas a outras pessoas de minha família não só de que viviam no mundo espiritual, mas também de que continuavam a preocupar-se e a interessar-se pelos entes queridos que deixaram no mundo físico, fui levado a pensar que eu não tinha ninguém nesse mundo misterioso e para nós invisível que se preocupasse com a minha humilde existência. E isto porque aqueles que eu sabia serem meus verdadeiros amigos estavam então todos ainda neste mundo. Pois nesse mesmo instante - eram oito horas da manhã e eu encontrava-me a uma janela em frente da qual nada se via a não ser o vasto horizonte, e, olhando para baixo, os telhados de prédios bastante afastados - apareceu-me à distância apenas de uns trinta centímetros, uma religiosa, de rosto muito agradável, com o aspecto de quarenta e cinco a cinquenta anos, e, logo a seguir, um homem com o pescoço cortado e os cabelos em desalinho, aparentando ter trinta e cinco anos a trinta e sete anos.
Nem um nem outro tinham o aspecto de fantasmas, mas sim o de pessoas do mundo em que vivemos, com a cor natural do rosto em pessoas saudáveis, apesar do homem se apresentar de pescoço cortado.
O facto não podia deixar de me surpreender, mas era a resposta aos meus pensamentos.
Devo esclarecer que nessa ocasião a minha atitude em face do espiritismo e de todas as religiões era de completa indiferença. [...]
A minha vida tem estado muitas vezes em perigo, desde os meus mais verdes anos, e tenho passado por muitas vicissitudes. Pois eu vim a saber que os meus amigos do Além nunca me abandonaram e que foram sempre para mim a mão da Providência Divina, acorrendo na hora própria e realizando verdadeiros prodígios para me salvarem.
Julgar-me-ão um místico, mas não o sou, nem jamais o fui. Também não sou um doente: trabalho desde os catorze anos de idade, muitas vezes dezasseis horas por dia, e fui sempre saudável. (Afirmo isto como resposta àqueles que em todas as manifestações espirituais veem doentes ou anormais). E hoje, apesar de comigo se terem passado factos verdadeiramente extraordinários - tão extraordinários que não me atrevo a relatá-los, para que não me tomem por mentiroso - e apesar de comunicar regularmente com o Mundo Espiritual (não apenas em sessões de espiritismo, mas a qualquer hora e em qualquer lugar que me encontre) chego muitas vezes a perguntar a mim próprio se posso sequer considerar-me religioso, tão natural se me apresenta tudo o que vejo, oiço e observo nas relações enttre os dois mundos - espiritual e físico."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
Indisponível

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