BESSA, Alberto - A GIRIA PORTUGUEZA : esboço de um diccionario de «calão». Contendo uma larga copia de termos e phrases empregadas na linguagem popular de Portugal e Brazil, com as respectivas significações, colhidas na tradição oral e em documentos, livros e jornaes antigos e modernos, incluindo muitas palavras ainda não citadas como de "giria" em diccionario algum. Por... Da Academia de Sciencias de Portugal [...]. Com um prefacio do illustre Professor Dr. Theophilo Braga. 3.º milhar. LINGUAGEM POPULAR. Lisboa, Livraria Central Editora, 1919. In-8.º (18 cm) de [2], XXXI, [1], 334, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Importante dicionário de gíria portuguesa, cujos termos e informações o autor recolheu da tradição oral e(ou) escrita.
Muito valorizado pelo extenso prefácio de Teófilo Braga.
"A creação dos vocabulos da giria, do calão e modismos vulgares é um phenomeno da linguagem muito diverso da formação primitiva das palavras desenvolvidas organicamente pela articulação de uma raiz no seu thema, e d'este nos seus prefixos, suffixos e desinencias nominaes e verbaes, constituindo um complexissimo apparelho de expressão de ideias. Embora separados pela circumstancia do tempo, os dois processos resultam da mesma actividade, suscitado um pela acção inconsciente da tradição e do automatismo que impera na linguagem de um povo, e o outro pelas exigencias do meio social, que pelas suas transformações rapidas influe para dar-se expressão a novas relações. Exemplificaremos em duas palavras a differença dos dois processos formativos: Aspecto e Alfarrabista. A primeira palavra provém de uma raiz trilitera primitiva, spc, que encerra a ideia de vêr, de representar , de considerar subjectivamente. [...]
Quando porém adoptou a palavra Alfarrabista para designar o vendedor de livros velhos, differenciando-o do livreiro, obedeceu á necessidade de caracterisar um ramos restricto do commercio de livros, que o grande desenvolvimento d'esse negocio levou a dividir ou especialisar; formou-se a palavra do thema Alfarrabio, nome dado na linguagem das escholas a qualquer livro velho ou mesmo atrazado na doutrina; penetrando na origem particularista, vê-se que nas escholas da Edade Media Al-Farabi era o nome de um dos mais celebres philosophos arabes da Eschola de Bagdad, do fim do seculo IX, um dos sustentaculos do aristotelismo; mas não pára aqui o porquê do nome, pois que chamando-se este philosopho arabe Abu-Naçr-Mohammed-ben-Mohammed-ben-Tarckhan, foi chamado Al-Farabi por ser natural da provincia de Farab na Transoxiana. O que é mais notavel ainda, é que as obras philosophicas de Al-Farabi não foram traduzidas em latim, e não entrando nas escholas de Paris, como é que este nome se universalisou tomando um sentido generico no calão das escholas e até no plebeismo vulgar?"
(Excerto do Prefácio, Sobre a linguagem da giria em Portugal)
Encadernação inteira de pele com ferros gravados a seco e a ouro nas pastas e na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. As primeiras páginas apresentam manchas de acidez.
Muito invulgar.
Indisponível
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