VIATURAS E ARREIOS DE MOBILISAÇÃO - ARSENAL DO EXÉRCITO : Repartição técnica. Lisboa, Tipografia da Cooperativa Militar, 1916. In-8.º (20,5 cm) de 24 p. (inc. capas) ; B.
1.ª edição.
Folheto militar de índole técnica com interesse para a história da Grande Guerra, demonstrativo do planeamento para o conflito que grassava há já 3 anos, e para o qual Portugal preparava a sua intervenção.
Ilustrado com quadros ao longo do texto.
Matérias:
Secção I - Viaturas de trem de combate de infantaria e cavalaria. Secção II - Viaturas de quarteis generais: a) Hipomoveis; b) Automoveis. Secção III - Hipomoveis de trens regimentais. Secção IV - Arreios para parelha de carros de trens regimentais e de combate : - Arreio para muar; - Equipamentos para solípedes.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. "Sombreado" de acidez à cabeça.
Raro.
Com interesse histórico.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
Indisponível
31 agosto, 2020
Etiquetas:
1ª E D I Ç Ã O,
1ª Guerra Mundial,
Exército,
História,
Militaria
30 agosto, 2020
OLIVEIRA, Antonio Maria d' - Élas. (Sátiras escandalosas). [S.l], Edição do Autor [Composto e Impresso na Americana - Tipografia, Lisboa], [1924?]. In-8.º (19 cm) de 70, [10] p. ; B.
1.ª edição.
Obra curiosa e algo insólita. Sátira poética dedicada ao "sexo fraco", composto por pequenas poesias maldizentes e brejeiras. Inclui uma poema satírico sobre a Grande Guerra.
No final do livro, em Apendice (para a critica e para os criticos), o autor, fazendo uso de ironia, "desanca" um crítico modernista pelas observações feitas aos temas tratados na sua obra anterior (que havia classificado de gastos e relhos), tendo Oliveira contraposto com, entre outras "pérolas": "O que ahi fica estampado dirige-se, sim, a muitos d'esses jovens criticos, tão enciclopedicos como tôlos, meninos dourados que, após terem sido reprovados nos seus estudos em qualquer modesto liceu, enveredaram pela literatura, quando a agricultura e o comercio exigem pulsos para uma enxada e espaduas robustas para uma alfandega."
...................................
"Este livro foi delineado no meu espirito n'uma linda manhã de Primavera encharcada de sol, embalsamada de perfumes; precisamente na manhã doirada em que ao beiral do meu telhado chegou o primeiro casal de andorinhas; n'uma manhã em que una labios frescos e purpurinos d'uma mulher bonita me insultaram, só porque eu cometi o estupendo, o monstruoso crime de lhes pedir um beijo!
Senti profundamente, no mais intimo da minha alma, a injustiça d'esse insulto. Eu não merecia o palavrão d'essa mulher. Não, não o merecia. Porque o beijo que eu lhe pedira, o beijo de que eu tinha sêde, não era um beijo que eu lhe podesse roubar n'um frenesi sensual, roçando pelo delirio, como Ela talvez desejasse. [...]
Se essa linda mulher, em vez de me insultar, me tivesse dádo esse beijo, eu tel-o-hia recebido com a mesma candura com que recebi a hostia no dia da minha primeira comunhão!
Preferiu insultar-me, lançando-me ás faces um formidavel palavão! Por isso - oh! vingança! sentimento hediondo, prazer inefavel dos Deuses! - jurei vingar-me! [...]
Eis aqui, minhas senhoras, em prósa vil, o que eu vos disse n'esse dia, baixinho, ao ouvido, entre apiedado e raivoso... Depois, escrevi o que ides lêr. - Um livrinho cheio de intuitos moralisadores, por muito paradoxal que isto vos pareça, por mais desbragado e imoral que os imoralões de cadastro o venham a julgar."
(Excerto do preâmbulo)
"Senhora livre e honesta
A homem de dinheiro farto -
Pede quantia modesta,
P'ra lhe pagar... n'um quarto!
Menina só, recolhida,
Bastante nova, amoravel...
Deseja ser... protegida
Por cavalheiro respeitavel."
(Excerto de Anuncios...)
"Tão unido, lá na terra,
Jamais houve outro casal...
Ele, um dia, foi p'ra a guerra
Bater-se por Portugal.
Ela chorou noite e dia,
Inconsolavel, febril.
Perdera a sua alegria,...
Morria em pleno abril!...
Se ao menos um filho houvesse...
(Lembrança do Bem-Amádo)
Talvez Ela assim podesse
Ver seu pranto mitigádo.
Entretanto, nas trincheiras,
No sólo humido da França
Ele luta, horas inteiras,
Tendo a Mulher na lembrança.
Lutou durante dois anos
E, afim, a guerra infernal
Terminou. E os bons serranos
Voltaram a Portugal.
Ei-lo volta com presteza
Ao lar... aos doces carinhos
Da Mulher que, por surpreza,
Lhe apresenta... dois filhinhos!..."
(Excerto de Amor... e Fidelidade!...)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos, recuperadas com fita gomada. Contracapa apresenta manchas de tinta, bem como algumas folhas no final do livro. Sem f. anterrosto. Rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
A BNP possui um exemplar no seu acervo.
30€
1.ª edição.
Obra curiosa e algo insólita. Sátira poética dedicada ao "sexo fraco", composto por pequenas poesias maldizentes e brejeiras. Inclui uma poema satírico sobre a Grande Guerra.
No final do livro, em Apendice (para a critica e para os criticos), o autor, fazendo uso de ironia, "desanca" um crítico modernista pelas observações feitas aos temas tratados na sua obra anterior (que havia classificado de gastos e relhos), tendo Oliveira contraposto com, entre outras "pérolas": "O que ahi fica estampado dirige-se, sim, a muitos d'esses jovens criticos, tão enciclopedicos como tôlos, meninos dourados que, após terem sido reprovados nos seus estudos em qualquer modesto liceu, enveredaram pela literatura, quando a agricultura e o comercio exigem pulsos para uma enxada e espaduas robustas para uma alfandega."
...................................
"Este livro foi delineado no meu espirito n'uma linda manhã de Primavera encharcada de sol, embalsamada de perfumes; precisamente na manhã doirada em que ao beiral do meu telhado chegou o primeiro casal de andorinhas; n'uma manhã em que una labios frescos e purpurinos d'uma mulher bonita me insultaram, só porque eu cometi o estupendo, o monstruoso crime de lhes pedir um beijo!
Senti profundamente, no mais intimo da minha alma, a injustiça d'esse insulto. Eu não merecia o palavrão d'essa mulher. Não, não o merecia. Porque o beijo que eu lhe pedira, o beijo de que eu tinha sêde, não era um beijo que eu lhe podesse roubar n'um frenesi sensual, roçando pelo delirio, como Ela talvez desejasse. [...]
Se essa linda mulher, em vez de me insultar, me tivesse dádo esse beijo, eu tel-o-hia recebido com a mesma candura com que recebi a hostia no dia da minha primeira comunhão!
Preferiu insultar-me, lançando-me ás faces um formidavel palavão! Por isso - oh! vingança! sentimento hediondo, prazer inefavel dos Deuses! - jurei vingar-me! [...]
Eis aqui, minhas senhoras, em prósa vil, o que eu vos disse n'esse dia, baixinho, ao ouvido, entre apiedado e raivoso... Depois, escrevi o que ides lêr. - Um livrinho cheio de intuitos moralisadores, por muito paradoxal que isto vos pareça, por mais desbragado e imoral que os imoralões de cadastro o venham a julgar."
(Excerto do preâmbulo)
"Senhora livre e honesta
A homem de dinheiro farto -
Pede quantia modesta,
P'ra lhe pagar... n'um quarto!
Menina só, recolhida,
Bastante nova, amoravel...
Deseja ser... protegida
Por cavalheiro respeitavel."
(Excerto de Anuncios...)
"Tão unido, lá na terra,
Jamais houve outro casal...
Ele, um dia, foi p'ra a guerra
Bater-se por Portugal.
Ela chorou noite e dia,
Inconsolavel, febril.
Perdera a sua alegria,...
Morria em pleno abril!...
Se ao menos um filho houvesse...
(Lembrança do Bem-Amádo)
Talvez Ela assim podesse
Ver seu pranto mitigádo.
Entretanto, nas trincheiras,
No sólo humido da França
Ele luta, horas inteiras,
Tendo a Mulher na lembrança.
Lutou durante dois anos
E, afim, a guerra infernal
Terminou. E os bons serranos
Voltaram a Portugal.
Ei-lo volta com presteza
Ao lar... aos doces carinhos
Da Mulher que, por surpreza,
Lhe apresenta... dois filhinhos!..."
(Excerto de Amor... e Fidelidade!...)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos, recuperadas com fita gomada. Contracapa apresenta manchas de tinta, bem como algumas folhas no final do livro. Sem f. anterrosto. Rubrica de posse na f. rosto.
Raro.
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*OLIVEIRA (António Maria de),
1ª E D I Ç Ã O,
1ª Guerra Mundial,
Erotismo,
Literatura Portuguesa,
Poesia,
Sátira
29 agosto, 2020
ARAGÓN (Capitão Sirius), J. de - O CONTINENTE AÉREO. Tradução de Gustavo Barroso. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1936. In-8.º (20 cm) de 190, [2] p. ; B. Colecção "Terramarear", vol. 43
1.ª edição.
Romance de ficção científica, originalmente publicado em Barcelona, com o título El continente aereo, em 1930. Invulgar e muito curioso.
"- Ha alguem vivo? perguntou uma voz forte e varonil, que ressoou com tom tragico-comico na escuridão da noite.
- Eu! respondeu outra voz com um suspiro que denotava a violenta dor que sofria seu dono.
- E eu! ouviu-se pouco depois, a maior distancia, com o mêsmo tom fraco e dolorido. Tambem não sei ainda se fiquei sem algum pedaço importante da minha pessôa. A julgar pela dor que tenho na perna, ela deve ter ficado inteiramente esmigalhada pela queda.
- Pois eu, replicou uma das vozes que haviam falado antes, tambem não sei se tenho inteiro o braço direito. Que maldita escuridão! Parece que caímos no fundo duma caverna.
- Dizes isto, amigo Balogh, porque não te deste ao trabalho de levantar os olhos para o céu, retrucou a voz que primeiro havia falado. Verias as estrelas brilhando lá em cima.
- Já tive ocasião de vê-las durante a queda, respondei ironicamente o outro, mas creio que, se sair com vida desta enrascada, nunca mais entro num aéroplano, nem que o nosso amigo Steg me classifique de retrogado."
(Excerto do Cap. I)
Indice:
I - Uma aterrissagem forçada. II - Em plena mitologia. III - De surpresa em surpresa. IV - O continente aéreo. V - Uma situação bastante dificil. VI - As maravilhas da cidade suspensa no espaço. VII - Algumas horas de vôo. VIII - Dante e Virgilio. IX - Sua bela majestade Ester da Persia. X - Ivanof vê com olhos da inteligencia. XI - Pettersen tambem começa a penetrar no misterio. XII - A pesca dos ginotos eletricos. XIII - A canção filandêsa. XIV - Uma festa social nos salões do Sahara. XV - O poder sugestivo duma canção. XVI - Onde afinal se descobre quem era Ivanof. XVII - As visões de terror da senhora Melania. XVIII - Dick Pettersen descobre afinal os segredos da cidade invisivel. XIX - Os mercadores persas. XX - A princesa Mirka conta a sua história. XXI - Pettersen prepara-se para o combate. XXII - O terrivel fim do continente aéreo. XXIII - Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas cansadas com defeitos e pequenas falhas marginais.
Raro.
Indisponível
1.ª edição.
Romance de ficção científica, originalmente publicado em Barcelona, com o título El continente aereo, em 1930. Invulgar e muito curioso.
"- Ha alguem vivo? perguntou uma voz forte e varonil, que ressoou com tom tragico-comico na escuridão da noite.
- Eu! respondeu outra voz com um suspiro que denotava a violenta dor que sofria seu dono.
- E eu! ouviu-se pouco depois, a maior distancia, com o mêsmo tom fraco e dolorido. Tambem não sei ainda se fiquei sem algum pedaço importante da minha pessôa. A julgar pela dor que tenho na perna, ela deve ter ficado inteiramente esmigalhada pela queda.
- Pois eu, replicou uma das vozes que haviam falado antes, tambem não sei se tenho inteiro o braço direito. Que maldita escuridão! Parece que caímos no fundo duma caverna.
- Dizes isto, amigo Balogh, porque não te deste ao trabalho de levantar os olhos para o céu, retrucou a voz que primeiro havia falado. Verias as estrelas brilhando lá em cima.
- Já tive ocasião de vê-las durante a queda, respondei ironicamente o outro, mas creio que, se sair com vida desta enrascada, nunca mais entro num aéroplano, nem que o nosso amigo Steg me classifique de retrogado."
(Excerto do Cap. I)
Indice:
I - Uma aterrissagem forçada. II - Em plena mitologia. III - De surpresa em surpresa. IV - O continente aéreo. V - Uma situação bastante dificil. VI - As maravilhas da cidade suspensa no espaço. VII - Algumas horas de vôo. VIII - Dante e Virgilio. IX - Sua bela majestade Ester da Persia. X - Ivanof vê com olhos da inteligencia. XI - Pettersen tambem começa a penetrar no misterio. XII - A pesca dos ginotos eletricos. XIII - A canção filandêsa. XIV - Uma festa social nos salões do Sahara. XV - O poder sugestivo duma canção. XVI - Onde afinal se descobre quem era Ivanof. XVII - As visões de terror da senhora Melania. XVIII - Dick Pettersen descobre afinal os segredos da cidade invisivel. XIX - Os mercadores persas. XX - A princesa Mirka conta a sua história. XXI - Pettersen prepara-se para o combate. XXII - O terrivel fim do continente aéreo. XXIII - Conclusão.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas cansadas com defeitos e pequenas falhas marginais.
Raro.
Indisponível
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*ARAGÓN (Jesús de),
1ª E D I Ç Ã O,
Ficção Científica,
Romance
28 agosto, 2020
ALMEIDA JUNIOR, João de - A VIDA E A MORTE. Lisboa, Edições Excelsior, [1953?]. In-8.º (19,5 cm) de 70, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Reflexões do autor - adepto da possibilidade de vida para além da morte - alicerçadas na sua experiência, análise e percepção extra-sensorial.
"O espectáculo da dor humana na presença de ente querido cujos olhos se cerram para a vida terrena, emocionando-me profundamente, levou-me a pensar em escrever um livro no qual eu procuraria demonstrar que esta vida a que damos tanto apreço mais não é do que uma curta passagem pela Terra, e que a verdadeira vida - a vida que não acaba - é a vida do espírito no Espaço infinito. [...]
Um dia, recordando uma conversa que tinha ouvido e na qual se falara de parentes que numa sessão de espiritismo haviam dado provas a outras pessoas de minha família não só de que viviam no mundo espiritual, mas também de que continuavam a preocupar-se e a interessar-se pelos entes queridos que deixaram no mundo físico, fui levado a pensar que eu não tinha ninguém nesse mundo misterioso e para nós invisível que se preocupasse com a minha humilde existência. E isto porque aqueles que eu sabia serem meus verdadeiros amigos estavam então todos ainda neste mundo. Pois nesse mesmo instante - eram oito horas da manhã e eu encontrava-me a uma janela em frente da qual nada se via a não ser o vasto horizonte, e, olhando para baixo, os telhados de prédios bastante afastados - apareceu-me à distância apenas de uns trinta centímetros, uma religiosa, de rosto muito agradável, com o aspecto de quarenta e cinco a cinquenta anos, e, logo a seguir, um homem com o pescoço cortado e os cabelos em desalinho, aparentando ter trinta e cinco anos a trinta e sete anos.
Nem um nem outro tinham o aspecto de fantasmas, mas sim o de pessoas do mundo em que vivemos, com a cor natural do rosto em pessoas saudáveis, apesar do homem se apresentar de pescoço cortado.
O facto não podia deixar de me surpreender, mas era a resposta aos meus pensamentos.
Devo esclarecer que nessa ocasião a minha atitude em face do espiritismo e de todas as religiões era de completa indiferença. [...]
A minha vida tem estado muitas vezes em perigo, desde os meus mais verdes anos, e tenho passado por muitas vicissitudes. Pois eu vim a saber que os meus amigos do Além nunca me abandonaram e que foram sempre para mim a mão da Providência Divina, acorrendo na hora própria e realizando verdadeiros prodígios para me salvarem.
Julgar-me-ão um místico, mas não o sou, nem jamais o fui. Também não sou um doente: trabalho desde os catorze anos de idade, muitas vezes dezasseis horas por dia, e fui sempre saudável. (Afirmo isto como resposta àqueles que em todas as manifestações espirituais veem doentes ou anormais). E hoje, apesar de comigo se terem passado factos verdadeiramente extraordinários - tão extraordinários que não me atrevo a relatá-los, para que não me tomem por mentiroso - e apesar de comunicar regularmente com o Mundo Espiritual (não apenas em sessões de espiritismo, mas a qualquer hora e em qualquer lugar que me encontre) chego muitas vezes a perguntar a mim próprio se posso sequer considerar-me religioso, tão natural se me apresenta tudo o que vejo, oiço e observo nas relações enttre os dois mundos - espiritual e físico."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
Indisponível
1.ª edição.
Reflexões do autor - adepto da possibilidade de vida para além da morte - alicerçadas na sua experiência, análise e percepção extra-sensorial.
"O espectáculo da dor humana na presença de ente querido cujos olhos se cerram para a vida terrena, emocionando-me profundamente, levou-me a pensar em escrever um livro no qual eu procuraria demonstrar que esta vida a que damos tanto apreço mais não é do que uma curta passagem pela Terra, e que a verdadeira vida - a vida que não acaba - é a vida do espírito no Espaço infinito. [...]
Um dia, recordando uma conversa que tinha ouvido e na qual se falara de parentes que numa sessão de espiritismo haviam dado provas a outras pessoas de minha família não só de que viviam no mundo espiritual, mas também de que continuavam a preocupar-se e a interessar-se pelos entes queridos que deixaram no mundo físico, fui levado a pensar que eu não tinha ninguém nesse mundo misterioso e para nós invisível que se preocupasse com a minha humilde existência. E isto porque aqueles que eu sabia serem meus verdadeiros amigos estavam então todos ainda neste mundo. Pois nesse mesmo instante - eram oito horas da manhã e eu encontrava-me a uma janela em frente da qual nada se via a não ser o vasto horizonte, e, olhando para baixo, os telhados de prédios bastante afastados - apareceu-me à distância apenas de uns trinta centímetros, uma religiosa, de rosto muito agradável, com o aspecto de quarenta e cinco a cinquenta anos, e, logo a seguir, um homem com o pescoço cortado e os cabelos em desalinho, aparentando ter trinta e cinco anos a trinta e sete anos.
Nem um nem outro tinham o aspecto de fantasmas, mas sim o de pessoas do mundo em que vivemos, com a cor natural do rosto em pessoas saudáveis, apesar do homem se apresentar de pescoço cortado.
O facto não podia deixar de me surpreender, mas era a resposta aos meus pensamentos.
Devo esclarecer que nessa ocasião a minha atitude em face do espiritismo e de todas as religiões era de completa indiferença. [...]
A minha vida tem estado muitas vezes em perigo, desde os meus mais verdes anos, e tenho passado por muitas vicissitudes. Pois eu vim a saber que os meus amigos do Além nunca me abandonaram e que foram sempre para mim a mão da Providência Divina, acorrendo na hora própria e realizando verdadeiros prodígios para me salvarem.
Julgar-me-ão um místico, mas não o sou, nem jamais o fui. Também não sou um doente: trabalho desde os catorze anos de idade, muitas vezes dezasseis horas por dia, e fui sempre saudável. (Afirmo isto como resposta àqueles que em todas as manifestações espirituais veem doentes ou anormais). E hoje, apesar de comigo se terem passado factos verdadeiramente extraordinários - tão extraordinários que não me atrevo a relatá-los, para que não me tomem por mentiroso - e apesar de comunicar regularmente com o Mundo Espiritual (não apenas em sessões de espiritismo, mas a qualquer hora e em qualquer lugar que me encontre) chego muitas vezes a perguntar a mim próprio se posso sequer considerar-me religioso, tão natural se me apresenta tudo o que vejo, oiço e observo nas relações enttre os dois mundos - espiritual e físico."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
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27 agosto, 2020
FERRÃO, Alfredo - A PSYCHIATRIA NOS TRIBUNAES. Validade d'um testamento. Alegações finaes da Mizericordia de Santa Comba Dão. [Por]... Advogado : Santa Comba Dão. Santa Comba Dão, Typographia da Beira, 1917. In-4.º (23 cm) de 124 p. ; [1] f. err. ; B.
1.ª edição.
Processo legal que opôs a Misericórdia de Santa Comba Dão aos herdeiros de um seu benemérito que, apesar de ainda jovem, faleceria pouco tempo após o estabelecimento das disposições testamentarias favoráveis à instituição.
Livro muito valorizado pela dedicatória manuscrita do autor à Redacção do Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
"Em seu testamento de 24 de Abril de 1908, aprovado no dia 29 de egual mês e ano, legou José Luiz Alves Correia Matheus á Mizericordia da villa de Santa Comba Dão, uma pensão anual de 60$00, afim de esta corporação distribuir metáde, em vestuario, aos pobres e indigentes da freguezia, no dia do aniversario da morte do testador, e dar á outra metade o destino, que lhe aprouvér, de hermonia com os fins da mesma corporação.
No dia cinco de março de 1910 J. Luiz, saindo da sua cása e quinta da Via Cova onde, desde havia tempo, se isolára do convivio social, teve sob a influencia de alucinações auditivas, um ataque de alienação mental, sendo por esse motivo, submetido ao exame d'um conselho medico-legal que o julgou afectado de paranoia persecutória, e de seguida internado no Hospital Conde Ferreira, onde veio a falecer.
Môrto José Luiz, os seus pretensos herdeiros vêem a juizo com a presente acção procurando anular aquele testamento sob a alegação de que José Luiz não se encontrava em seu perfeito juizo ao tempo em que testou, porquanto já entám estáva aféctado de paranoia persecutória."
(Excerto de Sumario da questão)
"Nasceu José Luiz na villa de Santa Comba Dão em 19 de Abril de 1882. Recebeu os primeiros ensinamentos na sua terra natal, revelando-se inteligente e estudioso, indo depois para Braga onde cursou o lyceu e fês alguns exames.
Apoz uma curta estada na cidade do Porto, em cása de comercio d'um parente, regressou de vez a Santa Comba Dão, de posse de conhecimentos apreciaveis e d'uma certa ilustração.
Era bom cavaqueador, frequentava com assiduidade o gremio e apresentava-se correctamente vestido. Exerceu funcções de importancia social bastante eleváda, como vereador da Camara Municipal. Juiz de Direito substituto, e agente de varias cásas bancarias, mórmente do Banco de Portugal.
N'uns bailes realisados na sua terra pelo carnaval dos anos de 1906 e de 1907, teve José Luiz conhecimento com uma senhora, D. Estefania de Campos, por quem se tomou de amores, projectando casar com ela.
Estas suas relações amorosas foram muito contrariadas pela mãe, e sobretudo por uma tia, D. Piedade Correia, chegando a constár que esta o desherdaria se ele persistisse em realisar o casamento que projectara."
(Excerto de Breve relatorio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com manchas de acidez e pequenos defeitos.
Raro e muito curioso.
Sem registo bio-bibliográfico, incluindo na BNP.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível
1.ª edição.
Processo legal que opôs a Misericórdia de Santa Comba Dão aos herdeiros de um seu benemérito que, apesar de ainda jovem, faleceria pouco tempo após o estabelecimento das disposições testamentarias favoráveis à instituição.
Livro muito valorizado pela dedicatória manuscrita do autor à Redacção do Boletim da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
"Em seu testamento de 24 de Abril de 1908, aprovado no dia 29 de egual mês e ano, legou José Luiz Alves Correia Matheus á Mizericordia da villa de Santa Comba Dão, uma pensão anual de 60$00, afim de esta corporação distribuir metáde, em vestuario, aos pobres e indigentes da freguezia, no dia do aniversario da morte do testador, e dar á outra metade o destino, que lhe aprouvér, de hermonia com os fins da mesma corporação.
No dia cinco de março de 1910 J. Luiz, saindo da sua cása e quinta da Via Cova onde, desde havia tempo, se isolára do convivio social, teve sob a influencia de alucinações auditivas, um ataque de alienação mental, sendo por esse motivo, submetido ao exame d'um conselho medico-legal que o julgou afectado de paranoia persecutória, e de seguida internado no Hospital Conde Ferreira, onde veio a falecer.
Môrto José Luiz, os seus pretensos herdeiros vêem a juizo com a presente acção procurando anular aquele testamento sob a alegação de que José Luiz não se encontrava em seu perfeito juizo ao tempo em que testou, porquanto já entám estáva aféctado de paranoia persecutória."
(Excerto de Sumario da questão)
"Nasceu José Luiz na villa de Santa Comba Dão em 19 de Abril de 1882. Recebeu os primeiros ensinamentos na sua terra natal, revelando-se inteligente e estudioso, indo depois para Braga onde cursou o lyceu e fês alguns exames.
Apoz uma curta estada na cidade do Porto, em cása de comercio d'um parente, regressou de vez a Santa Comba Dão, de posse de conhecimentos apreciaveis e d'uma certa ilustração.
Era bom cavaqueador, frequentava com assiduidade o gremio e apresentava-se correctamente vestido. Exerceu funcções de importancia social bastante eleváda, como vereador da Camara Municipal. Juiz de Direito substituto, e agente de varias cásas bancarias, mórmente do Banco de Portugal.
N'uns bailes realisados na sua terra pelo carnaval dos anos de 1906 e de 1907, teve José Luiz conhecimento com uma senhora, D. Estefania de Campos, por quem se tomou de amores, projectando casar com ela.
Estas suas relações amorosas foram muito contrariadas pela mãe, e sobretudo por uma tia, D. Piedade Correia, chegando a constár que esta o desherdaria se ele persistisse em realisar o casamento que projectara."
(Excerto de Breve relatorio)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas frágeis com manchas de acidez e pequenos defeitos.
Raro e muito curioso.
Sem registo bio-bibliográfico, incluindo na BNP.
Com interesse histórico e regional.
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§ AUTÓGRAFOS,
*FERRÃO (Alfredo),
1ª E D I Ç Ã O,
Direito,
Psiquiatria,
Santa Comba Dão,
Tribunais,
Universidade de Coimbra
26 agosto, 2020
MONSARAZ, Alberto de - COIMBRA CHEIA DE GRAÇA. [Coimbra], Coimbra Ediora, Limitada, 1951. In-8.º (19,5 cm) de 86, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Capa de Maria da Conceição de Costa Lobo.
Obra poética sobre a "cidade dos estudantes". A Coimbra, cidade alma, oferenda dum poeta escolar, que nela em tempos viveu, sentiu, cantou...
"Coimbra Doutora fala-nos... Ensina.
Em torno é verde o campo; lembra, ao vê-lo,
Um capelo de cânones, capelo
Que assenta bem nos ombros da colina.
Tudo respira erudição latina.
E Coimbra chama, evoca... o seu apelo
São dez séculos mortos a intendê-lo,
Dez séculos de lenda e de neblina.
A voz das coisas, a sonhar, repete
Endeixas de Camões e de Garrett,
Elegias febris de António Nobre...
E, ouvindo-a, o pranto alvíssimo do rio
Orvalha os prados, trémulo, erradio...
É a saudade, em lágrimas, que os cobre!"
(Terra de Encantos, Horizonte)
Índice:
Oferenda. | Terra de Encantos: Horizonte; A Padroeira; Choupal; Conventos; Penedo da Saudade; Lapa dos Esteios; Quinta das Lágrimas; Na Mata; O «Espírito Santo»; Passado. | «In Illo Tempore»: «Asas» na aula; Juventude; Rapazes; Mocidade; Coimbra, és Tu... | Sonata em Dó: Alegro; Adágio; Adágio acentuado; Final. | Fecho: Minerva Mutilada; Renasce; Voto.
Alberto de Monsaraz (Lisboa, 1889 - 1959). "2.º conde de Monsaraz, foi um político e poeta cultor do parnasianismo histórico. Militante monárquico, opôs-se activamente ao regime republicano, o que o forçou repetidamente ao exílio. Quando, em Janeiro de 1919, Paiva Couceiro voltou a tentar o derrube do regime republicano pela via da força e proclamou a Monarquia do Norte, Alberto Monsaraz foi um dos aderentes, juntando-se às forças entrincheiradas no Forte de Monsanto. Ficou gravemente ferido no combate de Monsanto, Lisboa, travado a 24 de Janeiro de 1919, no qual as tropas republicanas esmagaram a revolta monárquica. Em resultado dos ferimentos recebidos, perdeu o rim direito e ficou com um estilhaço de granada permanentemente alojado no fígado, o que deteriorou em definitivo a sua saúde. Aderiu ao movimento do Integralismo Lusitano tendo dirigido os seus órgãos de imprensa, nomeadamente A Monarquia e Nação Portuguesa, tornando-se numa das suas figuras centrais. Após a instauração do regime do Estado Novo, assumiu as funções de secretário-geral do Movimento Nacional-Sindicalista, liderado por Francisco Rolão Preto, acabando por ser novamente forçado ao exílio quando o movimento foi proscrito pelo regime salazarista."
Exemplar em brochura, bem conservado. Capas levemente oxidadas.
(Fonte: wikipédia)
Raro.
35€
1.ª edição.
Capa de Maria da Conceição de Costa Lobo.
Obra poética sobre a "cidade dos estudantes". A Coimbra, cidade alma, oferenda dum poeta escolar, que nela em tempos viveu, sentiu, cantou...
"Coimbra Doutora fala-nos... Ensina.
Em torno é verde o campo; lembra, ao vê-lo,
Um capelo de cânones, capelo
Que assenta bem nos ombros da colina.
Tudo respira erudição latina.
E Coimbra chama, evoca... o seu apelo
São dez séculos mortos a intendê-lo,
Dez séculos de lenda e de neblina.
A voz das coisas, a sonhar, repete
Endeixas de Camões e de Garrett,
Elegias febris de António Nobre...
E, ouvindo-a, o pranto alvíssimo do rio
Orvalha os prados, trémulo, erradio...
É a saudade, em lágrimas, que os cobre!"
(Terra de Encantos, Horizonte)
Índice:
Oferenda. | Terra de Encantos: Horizonte; A Padroeira; Choupal; Conventos; Penedo da Saudade; Lapa dos Esteios; Quinta das Lágrimas; Na Mata; O «Espírito Santo»; Passado. | «In Illo Tempore»: «Asas» na aula; Juventude; Rapazes; Mocidade; Coimbra, és Tu... | Sonata em Dó: Alegro; Adágio; Adágio acentuado; Final. | Fecho: Minerva Mutilada; Renasce; Voto.
Alberto de Monsaraz (Lisboa, 1889 - 1959). "2.º conde de Monsaraz, foi um político e poeta cultor do parnasianismo histórico. Militante monárquico, opôs-se activamente ao regime republicano, o que o forçou repetidamente ao exílio. Quando, em Janeiro de 1919, Paiva Couceiro voltou a tentar o derrube do regime republicano pela via da força e proclamou a Monarquia do Norte, Alberto Monsaraz foi um dos aderentes, juntando-se às forças entrincheiradas no Forte de Monsanto. Ficou gravemente ferido no combate de Monsanto, Lisboa, travado a 24 de Janeiro de 1919, no qual as tropas republicanas esmagaram a revolta monárquica. Em resultado dos ferimentos recebidos, perdeu o rim direito e ficou com um estilhaço de granada permanentemente alojado no fígado, o que deteriorou em definitivo a sua saúde. Aderiu ao movimento do Integralismo Lusitano tendo dirigido os seus órgãos de imprensa, nomeadamente A Monarquia e Nação Portuguesa, tornando-se numa das suas figuras centrais. Após a instauração do regime do Estado Novo, assumiu as funções de secretário-geral do Movimento Nacional-Sindicalista, liderado por Francisco Rolão Preto, acabando por ser novamente forçado ao exílio quando o movimento foi proscrito pelo regime salazarista."
Exemplar em brochura, bem conservado. Capas levemente oxidadas.
(Fonte: wikipédia)
Raro.
35€
25 agosto, 2020
SAUSSAY, Victorien du - MEMORIAS D'UMA PARTEIRA. (As victimas do amor). Trad. de Bernardo d'Alcobaça. Lisboa, Typographia Lusitana Editora, 1909. In-8.º (20 cm) de XIX, [1], 311, [1] p. ; E.
1.ª edição.
Obra proibida de circular na época. Trata-se de uma narrativa com forte pendor moralista e laivos de erotismo, em contracorrente com os dictames da época.
"A virtude nem sempre é bella; é, muitas vezes, uma coisa cruel.
Ha pessoas virtuosas que não são admiraveis e que ninguem deve imitar.
Certos crimes hediondos são o resultado d'uma virtude tão barbara, tão impediosa e nefasta, que merecem a piedade e a absolvição.
N'uma sociedade hypocrita e má todo o individuo tem o direito de proceder livremente, mesmo contra a lei, dado que não leze o proximo. [...]
A maior parte das leis que dirigem o procedimento das mulheres foram naturalmente elaboradas pelos homens; são, portanto, odiosas. Cerebros de cretinos ou de féras produziram monstruosidades. [...]
E a mulher tão sómente ficará livre dos velhos grilhões que, successivamente, a algemaram, no dia em que fôr unica senhora do corpo, quando puder dispôr incondicionalmente, voluntariamente, da faculdade que a natureza de impoz de copular.
A sociedade creou o casamento legal, mas creou egualmente a mãe illegitima.
No primeiro caso o filho é, ou pode ser acolhido jubilosamente; no segundo, mesmo antes de nascido, as injurias alliam-se aos máus tratos, e a mãe como o filho envolvem-se n'uma mortalha de vergonha e ignominia.
Emquanto a sociedade fôr a madrasta que fere, pune e emporcalha, a mulher terá o direito de não querer ser mãe.
Crime! dirão. Qualquer mulher, seja ella o que fôr, não tem o direito de privar a sociedade de um individuo! Mas tem essa sociedade o direito de sacrificar, immolar á sua virtude hipocrita essa mulher, seja ella o que fôr?
Que a sociedade se transforme, se quer que a mulher execute a sua funcção maternal; para colher é necessario semear.
Presentemente, no começo do seculo XX, se qualquer pobre rapariga, que amou ou foi seduzida - o amor e a seducção podem ser egualmente seguidos de abandono - fica gravida, é expulsa do seio da familia, vulgarmente abandonada pelo amante, insultada e vilipendiada pela sociedade, privada dos meios de ganhar a vida, porque nenhum trabalho que confiam. A que recorrerá? Quaes são as esperanças d'essa creatura enfraquecida, martyrizada pela gravidez? Tem de escolher duas soluções: o suicidio ou o abortamento.
Há ainda uma terceira, que não é mais seductora do que as outras: a prostituição, com a falsa independencia que lhe é inherente. Algumas desgraçadas optam por ella, e a sociedade nem por isto lhes quer peor.
Ha crimes de abortamento que são admiraveis sacrificios de commiseração. Escrevi propositadamente este livro - livro que não me dará a sympathia nem a estima dos que fazem profissão de ser os mais puros d'entre os humanos, o que pouco me importa - escrevi este livro, suggestionado pela necessidade de dizer, corajosamente, e expor, lealmente, o que pode passar-se, em certos momentos, no coração d'uma mulher digna e d'uma mulher corajosa. Simula-se ignora, muito propositadamente, que uma parteira é, acima de tudo, uma mulher, quer dizer um ente essencialmente sensivel, exageradamente sujeita a deixar influenciar-se, capaz de sentir e de vibrar, logo que lhe toquem o nervosismo, logo que appelarem para os seus sentimentos. Ninguem aprecia com inteira imparcialidade as situações em que muitas vezes se vê collocada; ninguem sabe os logros macabros de que é victima.
Uma mulher narrou-me com empolgante franqueza algumas das peripecias tristes da sua soberba existencia. Conta vinte e oito annos de serviços excepcionais. Aparou nas mãos vinte mil creanças, ttalvez mais. Quantos a conhecem, estimam e respeitam.
Este livros encerra essas peripecias lamentaveis da sua vida, a historia simples das horas consagradas ás victimas do amor, e as victimas do amor são anjos."
(Excerto do Prefacio)
Encadernação simples, cartonada, em meia de percalina. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Páginas amarelecidas por acção do tempo, com uma outra mancha.
Raro e muito curioso.
Indisponível
1.ª edição.
Obra proibida de circular na época. Trata-se de uma narrativa com forte pendor moralista e laivos de erotismo, em contracorrente com os dictames da época.
"A virtude nem sempre é bella; é, muitas vezes, uma coisa cruel.
Ha pessoas virtuosas que não são admiraveis e que ninguem deve imitar.
Certos crimes hediondos são o resultado d'uma virtude tão barbara, tão impediosa e nefasta, que merecem a piedade e a absolvição.
N'uma sociedade hypocrita e má todo o individuo tem o direito de proceder livremente, mesmo contra a lei, dado que não leze o proximo. [...]
A maior parte das leis que dirigem o procedimento das mulheres foram naturalmente elaboradas pelos homens; são, portanto, odiosas. Cerebros de cretinos ou de féras produziram monstruosidades. [...]
E a mulher tão sómente ficará livre dos velhos grilhões que, successivamente, a algemaram, no dia em que fôr unica senhora do corpo, quando puder dispôr incondicionalmente, voluntariamente, da faculdade que a natureza de impoz de copular.
A sociedade creou o casamento legal, mas creou egualmente a mãe illegitima.
No primeiro caso o filho é, ou pode ser acolhido jubilosamente; no segundo, mesmo antes de nascido, as injurias alliam-se aos máus tratos, e a mãe como o filho envolvem-se n'uma mortalha de vergonha e ignominia.
Emquanto a sociedade fôr a madrasta que fere, pune e emporcalha, a mulher terá o direito de não querer ser mãe.
Crime! dirão. Qualquer mulher, seja ella o que fôr, não tem o direito de privar a sociedade de um individuo! Mas tem essa sociedade o direito de sacrificar, immolar á sua virtude hipocrita essa mulher, seja ella o que fôr?
Que a sociedade se transforme, se quer que a mulher execute a sua funcção maternal; para colher é necessario semear.
Presentemente, no começo do seculo XX, se qualquer pobre rapariga, que amou ou foi seduzida - o amor e a seducção podem ser egualmente seguidos de abandono - fica gravida, é expulsa do seio da familia, vulgarmente abandonada pelo amante, insultada e vilipendiada pela sociedade, privada dos meios de ganhar a vida, porque nenhum trabalho que confiam. A que recorrerá? Quaes são as esperanças d'essa creatura enfraquecida, martyrizada pela gravidez? Tem de escolher duas soluções: o suicidio ou o abortamento.
Há ainda uma terceira, que não é mais seductora do que as outras: a prostituição, com a falsa independencia que lhe é inherente. Algumas desgraçadas optam por ella, e a sociedade nem por isto lhes quer peor.
Ha crimes de abortamento que são admiraveis sacrificios de commiseração. Escrevi propositadamente este livro - livro que não me dará a sympathia nem a estima dos que fazem profissão de ser os mais puros d'entre os humanos, o que pouco me importa - escrevi este livro, suggestionado pela necessidade de dizer, corajosamente, e expor, lealmente, o que pode passar-se, em certos momentos, no coração d'uma mulher digna e d'uma mulher corajosa. Simula-se ignora, muito propositadamente, que uma parteira é, acima de tudo, uma mulher, quer dizer um ente essencialmente sensivel, exageradamente sujeita a deixar influenciar-se, capaz de sentir e de vibrar, logo que lhe toquem o nervosismo, logo que appelarem para os seus sentimentos. Ninguem aprecia com inteira imparcialidade as situações em que muitas vezes se vê collocada; ninguem sabe os logros macabros de que é victima.
Uma mulher narrou-me com empolgante franqueza algumas das peripecias tristes da sua soberba existencia. Conta vinte e oito annos de serviços excepcionais. Aparou nas mãos vinte mil creanças, ttalvez mais. Quantos a conhecem, estimam e respeitam.
Este livros encerra essas peripecias lamentaveis da sua vida, a historia simples das horas consagradas ás victimas do amor, e as victimas do amor são anjos."
(Excerto do Prefacio)
Encadernação simples, cartonada, em meia de percalina. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Páginas amarelecidas por acção do tempo, com uma outra mancha.
Raro e muito curioso.
Indisponível
24 agosto, 2020
VIEIRA, Affonso Lopes - EM DEMANDA DO GRAAL. Por... Lisboa, Portugal Brasil Lda : Sociedade Editora, [1922]. In-8.º (19 cm) de 386, [8] p. ; B.
1.ª edição.
Apreciada compilação de escritos - ensaios, conferências e pequenos textos em prosa e em verso, na sua edição original.
"Aos portugueses que não saibam ler e sejam a última gente primitiva e cristã da nossa Terra, e ao escol de espíritos dos que leram tudo e sintam o exílio da amada Pátria, ofereço, dedico e consagro estas páginas que exaltam o nosso lirismo, e onde o mais humilde dos poetas buscou contribuir para reaportuguesar Portugal tornando-o europeu, procurando, através da selva escura, salvar também a sua alma."
(Dedicatória)
Index:
Dedicatória. | Conferências e outras palavras [11 textos]. | Algumas prosas [8 textos]. Páginas soltas e folhas do diário [22 textos]. | Poemas: O exílio; As velas; Amor; A Galiza. | Da Linguagem e do Canto. | Epílogo: O Túmulo dos Jerónimos.
Exemplar brochado, na sua quase totalidade por abrir, em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Muito invulgar.
Indisponível
1.ª edição.
Apreciada compilação de escritos - ensaios, conferências e pequenos textos em prosa e em verso, na sua edição original.
"Aos portugueses que não saibam ler e sejam a última gente primitiva e cristã da nossa Terra, e ao escol de espíritos dos que leram tudo e sintam o exílio da amada Pátria, ofereço, dedico e consagro estas páginas que exaltam o nosso lirismo, e onde o mais humilde dos poetas buscou contribuir para reaportuguesar Portugal tornando-o europeu, procurando, através da selva escura, salvar também a sua alma."
(Dedicatória)
Index:
Dedicatória. | Conferências e outras palavras [11 textos]. | Algumas prosas [8 textos]. Páginas soltas e folhas do diário [22 textos]. | Poemas: O exílio; As velas; Amor; A Galiza. | Da Linguagem e do Canto. | Epílogo: O Túmulo dos Jerónimos.
Exemplar brochado, na sua quase totalidade por abrir, em bom estado de conservação. Capas oxidadas.
Muito invulgar.
Indisponível
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*VIEIRA (Afonso Lopes),
1ª E D I Ç Ã O,
Conferências / Discursos,
Ensaios,
Galiza,
História,
Literatura Portuguesa,
Poesia,
Prosa
23 agosto, 2020
NOMES PESSOAIS : colectânea com cerca de 23.000 nomes individuais, alfabetada e coordenada por número de letras e sílabas. A mais completa obra do género até hoje publicada, de grande utilidade, especialmente para uso de charadistas e cruzadistas. Lisboa, «A Charada» : Jornal de Propaganda e Cultura Charadística, 1958. In-8.º (18 cm) de [2], 140 p. ; B.
1.ª edição.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
15€
1.ª edição.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
A BNP dispõe de apenas um exemplar no seu acervo.
15€
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1ª E D I Ç Ã O,
Charadismo / Cruzadismo,
Curiosidades
22 agosto, 2020
CEBOLA, Luiz - ALMAS DELIRANTES. [Por]... Director-Clinico do Manicomio do Telhal. Lisboa, Comercial Grafica, L.da, 1925. In-4.º (24 cm) de 194, [4] p. ; [17] f. il. ; B.
1.ª edição.
Viagem ao "mundo" dos alienados empreendida por Luís Cebola (1876-1967), conceituado médico alcochetano do primeiro quartel do século XX, especialista em doenças do foro mental.
Livro ilustrado com 17 fotogravuras intercaladas no texto, incluindo o retrato do autor.
"Ha vinte anos, iniciei as minhas viagens através dum outro mundo.
Jamais me embrenhei nessas regiões bisarras, sem registar uma nota interessante que me ajudasse a desvendar os misterios da Vida e da Morte.
Trilhando ocultas verêdas, muitas vezes me julguei incapaz de prosseguir; mas, a certa altura da jornada, surpreendia aspectos e panoramas tão atraentes, que, no regresso, abraçava satisfeito a meditação àcêrca dos homens e das coisas. Foi assim que comecei a compreender o sentido verdadeiro dos factos, assinalados no ciclo das existencias que dantes reputava obscuras.
No convivio com as almas de esse mundo abandonei todas as vaidades. Desci então ao abismo onde se esconde a noite; e de lá trouxe a coragem inalterável que desarma os perigos e amacia os obstáculos.
A flor magnifica da Filosofia desabrochára em meu ser. Agora já eu podia demandar o Palacio encantado.
Um dia logrou penetra-lo, enfim, a labareda que me consumia o espírito, retemperando-o para as lutas da Verdade.
Postas em jogo as minhas virtudes de criatura adaptavel, debrucei-me na Varanda Ideal sobre a multidão estranha.
Analisei-a.
Emocionei-me.
Vi o pensamento voar aos páramos do Infinito Vi as concepções atingirem as grandesas inegùaláveis. Vi as trévas faulharem as fulgurações do genio.
Assisti ao desenrolar dos sentimentos: ora suavíssimos, como um arroio cristalino, ora encapelados em vagalhões que tudo subvertem na sua queda. [...]
A plástica e o ritmo tinham as suas demonstrações funambulescas.
E, a fechar o cortejo, a cavalgada nevoenta dos indigentes de sol, de amôr e de energia. Sombra, indiferença, afrrapo. A miseria suprema das consciencias apagadas. O esquecimento. A cinza. O túmulo. Nada.
Foram estas impressões, colhidas nos departamentos da Loucura que me sugeriram este livro destinado àqueles que os desconhecem. Acharão nele algumas das mil facetas dos espíritos que desvairam."
(Excerto do Proemio)
"Quando na estrada que vai do berço á campa, nós presentimos o perigo iminente da queda final, logo, por instinto, mobilisamos os recursos máximos da defesa: apenas alguns tresloucados resolvem ficar á margem, devorando-se a si próprios.
O mineiro a esburacar as entranas da Terra; o fogueiro tressuando á boca da fornalha; o medico no ataque aos infinitamente pequenos que semeiam o flagelo das epidemias; o mergulhador devassando as profundesas abissais; todos, em suma, não obstante arrastarem o pesado madeiro da crucificação saúdam a Vida, com os lábios afeitos ás lamentações pungentes; enamoram-se dela, com os olhos já cansados de tantos horisontes sinistros; e entretecem-lhe corôas de rosas, com as mãos que amortalham dia a dia os altissimos ideais.
Este apêgo á existencia manifesta-se igualmente nos alienados cuja euforia se mostra ilimitada, enquanto as familias lhes desejam a morte.
Singular contraste, pondo em relevo uma ironia amarga!"
(Excerto de Na fronteira da Morte)
Indice do texto: Proemio. | Onde se encontra a Felicidade. | Mascaras. | Na fronteira da Morte. | Paraisos artificiaes. | O Amor. | Aparições macabras. | Sátira e filosofia. | Os Lobisomens. | A Moral. | Revivescência. | Historia triste. | As Bruxas. | Sombras fugidias. | Museu. | A Serpente do Mal. | Cantor boemio. | Dialogos. | Onde se esconde a maior Dôr.
Luís Cebola publicou em 1925 o volume Almas delirantes, onde apresentava diversas psicopatologias não de um ponto de vista médico-científico, mas elaborando retratos metafóricos e líricos, demonstrando que a perceção que tinha sobre os doentes ultrapassava a de objetos de estudo científico, constituindo um processo de identificação, empatia e compaixão. Cebola definia os estados psicopatológicos por oposição à normalidade, salientando, todavia, que estas doenças poderiam surgir em qualquer indivíduo, funcionando o livro simultaneamente como um aviso aos leitores. O volume permitia-lhe ainda divulgar o Museu da Loucura, que criara na Casa de Saúde do Telhal, e a arte dos seus pacientes, colocando-se assim na posição de mensageiro entre o universo fechado do hospital psiquiátrico e a sociedade portuguesa.
(Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-59702018000100143&lng=en&nrm=iso&tlng=pt)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Manchado de humidade, no pé e à cabeça, com maior relevância no início e no final do livro.
Raro e muito curioso.
1.ª edição.
Viagem ao "mundo" dos alienados empreendida por Luís Cebola (1876-1967), conceituado médico alcochetano do primeiro quartel do século XX, especialista em doenças do foro mental.
Livro ilustrado com 17 fotogravuras intercaladas no texto, incluindo o retrato do autor.
"Ha vinte anos, iniciei as minhas viagens através dum outro mundo.
Jamais me embrenhei nessas regiões bisarras, sem registar uma nota interessante que me ajudasse a desvendar os misterios da Vida e da Morte.
Trilhando ocultas verêdas, muitas vezes me julguei incapaz de prosseguir; mas, a certa altura da jornada, surpreendia aspectos e panoramas tão atraentes, que, no regresso, abraçava satisfeito a meditação àcêrca dos homens e das coisas. Foi assim que comecei a compreender o sentido verdadeiro dos factos, assinalados no ciclo das existencias que dantes reputava obscuras.
No convivio com as almas de esse mundo abandonei todas as vaidades. Desci então ao abismo onde se esconde a noite; e de lá trouxe a coragem inalterável que desarma os perigos e amacia os obstáculos.
A flor magnifica da Filosofia desabrochára em meu ser. Agora já eu podia demandar o Palacio encantado.
Um dia logrou penetra-lo, enfim, a labareda que me consumia o espírito, retemperando-o para as lutas da Verdade.
Postas em jogo as minhas virtudes de criatura adaptavel, debrucei-me na Varanda Ideal sobre a multidão estranha.
Analisei-a.
Emocionei-me.
Vi o pensamento voar aos páramos do Infinito Vi as concepções atingirem as grandesas inegùaláveis. Vi as trévas faulharem as fulgurações do genio.
Assisti ao desenrolar dos sentimentos: ora suavíssimos, como um arroio cristalino, ora encapelados em vagalhões que tudo subvertem na sua queda. [...]
A plástica e o ritmo tinham as suas demonstrações funambulescas.
E, a fechar o cortejo, a cavalgada nevoenta dos indigentes de sol, de amôr e de energia. Sombra, indiferença, afrrapo. A miseria suprema das consciencias apagadas. O esquecimento. A cinza. O túmulo. Nada.
Foram estas impressões, colhidas nos departamentos da Loucura que me sugeriram este livro destinado àqueles que os desconhecem. Acharão nele algumas das mil facetas dos espíritos que desvairam."
(Excerto do Proemio)
"Quando na estrada que vai do berço á campa, nós presentimos o perigo iminente da queda final, logo, por instinto, mobilisamos os recursos máximos da defesa: apenas alguns tresloucados resolvem ficar á margem, devorando-se a si próprios.
O mineiro a esburacar as entranas da Terra; o fogueiro tressuando á boca da fornalha; o medico no ataque aos infinitamente pequenos que semeiam o flagelo das epidemias; o mergulhador devassando as profundesas abissais; todos, em suma, não obstante arrastarem o pesado madeiro da crucificação saúdam a Vida, com os lábios afeitos ás lamentações pungentes; enamoram-se dela, com os olhos já cansados de tantos horisontes sinistros; e entretecem-lhe corôas de rosas, com as mãos que amortalham dia a dia os altissimos ideais.
Este apêgo á existencia manifesta-se igualmente nos alienados cuja euforia se mostra ilimitada, enquanto as familias lhes desejam a morte.
Singular contraste, pondo em relevo uma ironia amarga!"
(Excerto de Na fronteira da Morte)
Indice do texto: Proemio. | Onde se encontra a Felicidade. | Mascaras. | Na fronteira da Morte. | Paraisos artificiaes. | O Amor. | Aparições macabras. | Sátira e filosofia. | Os Lobisomens. | A Moral. | Revivescência. | Historia triste. | As Bruxas. | Sombras fugidias. | Museu. | A Serpente do Mal. | Cantor boemio. | Dialogos. | Onde se esconde a maior Dôr.
Luís Cebola publicou em 1925 o volume Almas delirantes, onde apresentava diversas psicopatologias não de um ponto de vista médico-científico, mas elaborando retratos metafóricos e líricos, demonstrando que a perceção que tinha sobre os doentes ultrapassava a de objetos de estudo científico, constituindo um processo de identificação, empatia e compaixão. Cebola definia os estados psicopatológicos por oposição à normalidade, salientando, todavia, que estas doenças poderiam surgir em qualquer indivíduo, funcionando o livro simultaneamente como um aviso aos leitores. O volume permitia-lhe ainda divulgar o Museu da Loucura, que criara na Casa de Saúde do Telhal, e a arte dos seus pacientes, colocando-se assim na posição de mensageiro entre o universo fechado do hospital psiquiátrico e a sociedade portuguesa.
(Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-59702018000100143&lng=en&nrm=iso&tlng=pt)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado geral de conservação. Manchado de humidade, no pé e à cabeça, com maior relevância no início e no final do livro.
Raro e muito curioso.
Indisponível
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*Casa de Saúde do Telhal,
*CEBOLA (Luís),
1ª E D I Ç Ã O,
Ciência,
Filosofia,
História,
Psicologia,
Psiquiatria,
Saúde
21 agosto, 2020
SANTOS, João Marinho dos - PARA A HISTÓRIA DA AUTONOMIA DOS AÇORES - A INTRODUÇÃO FORÇADA DA FISIOCRACIA NO ARQUIPÉLAGO. [S.l.], Revista Portuguesa de História, 1996. In-8.º (23 cm) de 20 p. (576-593 pp.) ; B. Separata da Revista Portuguesa de História : t. XXXI, Vol. I (1996)
1.ª edição independente.
Interessante estudo sobre o relacionamento da Coroa com o arquipélago dos Açores durante o período pombalino, tendo como pano de fundo a questão cerealífera.
"A 26 de Fevereiro de 1771, um alvará assinado pelo Marquês de Pombal decretava que, de futuro, seria «livre a extracção dos referidos trigos das Ilhas dos Açores para esta Cidade de Lisboa em beneficio commum da Capital do Reino [...]», exceptuando somente a situação «em que se verifique falta de trigos para o sustento dos moradores das respectivas Ilhas, no qual caso as Cameras farão praticar provisoriamente a reserva da terça parte [...]». [...]
Entre as considerações circunstanciais ou enquadradoras do referido diploma (já que o Poder Central não duvidaria da forte contestação que ele suscitaria no arquipélago), referiam-se os «intoleraveis monopolios de trigos que se faziam nas ilhas dos Açores a beneficio dos officiais das respectivas Cameras e de outras Pessoas poderosas» e o reconhecimento que as ilhas eram «adjacentes» do Reino, ou seja, províncias suas, e nestas, o «pão» era comercializado para «onde» [as pessoas} querem, e mais interesse lhe faz». [...]
Nos Açores, como aliás em outros «senhorios/donatarias», estava estabelecido que um dos direitos reais a observar deveria ser a obrigatoriedade da moeda corrente ser a cunhada no Reino, ainda que este princípio nem sempre fosse cumprido. Com efeito, o fluxo monetário a partir de Portugal manteve-se, por norma, extremamente débil e os «atravessadores» locais, fiéis a alguns princípios do mercantilismo, retinham a pouca moeda reinol e, para os seus negócios com o estrangeiro, recorriam, o mais possível, aos «reales» e às letras de câmbio. Assim, quando, concretamente, a guerra estalou entre o Prior do Crato e Filipe II e o primeiro decidiu bater moeda em Angra, algumas relações informam que havia, então, na Terceira «muy poco dinero y pastel» ou havia pouco dinheiro mas «muitas peças de oiro e prata»."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€
1.ª edição independente.
Interessante estudo sobre o relacionamento da Coroa com o arquipélago dos Açores durante o período pombalino, tendo como pano de fundo a questão cerealífera.
"A 26 de Fevereiro de 1771, um alvará assinado pelo Marquês de Pombal decretava que, de futuro, seria «livre a extracção dos referidos trigos das Ilhas dos Açores para esta Cidade de Lisboa em beneficio commum da Capital do Reino [...]», exceptuando somente a situação «em que se verifique falta de trigos para o sustento dos moradores das respectivas Ilhas, no qual caso as Cameras farão praticar provisoriamente a reserva da terça parte [...]». [...]
Entre as considerações circunstanciais ou enquadradoras do referido diploma (já que o Poder Central não duvidaria da forte contestação que ele suscitaria no arquipélago), referiam-se os «intoleraveis monopolios de trigos que se faziam nas ilhas dos Açores a beneficio dos officiais das respectivas Cameras e de outras Pessoas poderosas» e o reconhecimento que as ilhas eram «adjacentes» do Reino, ou seja, províncias suas, e nestas, o «pão» era comercializado para «onde» [as pessoas} querem, e mais interesse lhe faz». [...]
Nos Açores, como aliás em outros «senhorios/donatarias», estava estabelecido que um dos direitos reais a observar deveria ser a obrigatoriedade da moeda corrente ser a cunhada no Reino, ainda que este princípio nem sempre fosse cumprido. Com efeito, o fluxo monetário a partir de Portugal manteve-se, por norma, extremamente débil e os «atravessadores» locais, fiéis a alguns princípios do mercantilismo, retinham a pouca moeda reinol e, para os seus negócios com o estrangeiro, recorriam, o mais possível, aos «reales» e às letras de câmbio. Assim, quando, concretamente, a guerra estalou entre o Prior do Crato e Filipe II e o primeiro decidiu bater moeda em Angra, algumas relações informam que havia, então, na Terceira «muy poco dinero y pastel» ou havia pouco dinheiro mas «muitas peças de oiro e prata»."
(Excerto do texto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€
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*SANTOS (João Marinho dos),
1ª E D I Ç Ã O,
Açores,
Autonomia,
Comércio,
História,
História de Portugal,
Mercantilismo,
Pombalina
20 agosto, 2020
O EMBARQUE : um dia na História de Portugal. Prefácio: D. Duarte, Duque de Bragança. Apresentação: João Marques de Almeida (Tibúrcio). Introdução: Jorge de Morais. Selecção e Notas: Manuel J. Gandra. [Ericeira], Acontecimento : Estudos e Edições, Ldª., [1992]. In-8.º (21 cm) de [4], 299, [1] p. ; il. ; B.
"Este livro é o mais completo trabalho documental, escrito e iconográfico, publicado até ao momento sobre este tema: o embarque da família real para o exílio." (wook).
Conjunto de testemunhos e depoimentos de personalidades que, directa ou indirectamente, estiveram envolvidos na fuga da Família Real para o exílio, a partir da Ericeira, rumo a Gibraltar.
Livro ilustrado ao longo das páginas do texto com desenhos e fotogravuras, bem como fac-símiles de missivas e correspondência relacionada com o assunto, na sua maioria em página inteira.
"O primeiro drama político da República foi, sem dúvida, o golpe por definição antidemocrático que lhe deu vida.
Recordemos que até à véspera do 5 de Outubro de 1910 o partido republicano não conseguira conquistar mais do que 7% do Eleitorado nacional.
Decidiu-se, então, pelo golpe... numa das mais liberais e democráticas monarquias da época. O embarque da Família Real, na Ericeira, foi, por outro lado, o primeiro drama humano (agravado alguns dias depois pelo decreto do Governo Provisório da República de proscrição para sempre da Família de Bragança) da implantada República.
Este livro é assim um testemunho de dois dramas."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Prefácio. | Apresentação. | Introdução. | I - Aires de Sá. II - Francisco Maria Pino da Rocha. III - D. Tomás de Mello Breyner. IV - José de Azevedo Coutinho. V - José Tomás. VI - Júlio Ivo: Inquérito feito em Mafra: Inquérito feito na Ericeira. VII - Tomás Joaquim de Almeida. VIII - Patrocínio Ribeiro. IX - José Jacob Bensabat: A verdade dos factos. X - José Camarate Carrilho. XI - Hilário dos Santos Pereira. XII - D. Manuel II. XIII - António Serrão Franco. XIV - João Jorge Moreira de Sá: Aclarando a verdade. XV - D. Amélia: Entrevista de Leitão de Barros à Rainha D. Amélia.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
25€
"Este livro é o mais completo trabalho documental, escrito e iconográfico, publicado até ao momento sobre este tema: o embarque da família real para o exílio." (wook).
Conjunto de testemunhos e depoimentos de personalidades que, directa ou indirectamente, estiveram envolvidos na fuga da Família Real para o exílio, a partir da Ericeira, rumo a Gibraltar.
Livro ilustrado ao longo das páginas do texto com desenhos e fotogravuras, bem como fac-símiles de missivas e correspondência relacionada com o assunto, na sua maioria em página inteira.
"O primeiro drama político da República foi, sem dúvida, o golpe por definição antidemocrático que lhe deu vida.
Recordemos que até à véspera do 5 de Outubro de 1910 o partido republicano não conseguira conquistar mais do que 7% do Eleitorado nacional.
Decidiu-se, então, pelo golpe... numa das mais liberais e democráticas monarquias da época. O embarque da Família Real, na Ericeira, foi, por outro lado, o primeiro drama humano (agravado alguns dias depois pelo decreto do Governo Provisório da República de proscrição para sempre da Família de Bragança) da implantada República.
Este livro é assim um testemunho de dois dramas."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
Prefácio. | Apresentação. | Introdução. | I - Aires de Sá. II - Francisco Maria Pino da Rocha. III - D. Tomás de Mello Breyner. IV - José de Azevedo Coutinho. V - José Tomás. VI - Júlio Ivo: Inquérito feito em Mafra: Inquérito feito na Ericeira. VII - Tomás Joaquim de Almeida. VIII - Patrocínio Ribeiro. IX - José Jacob Bensabat: A verdade dos factos. X - José Camarate Carrilho. XI - Hilário dos Santos Pereira. XII - D. Manuel II. XIII - António Serrão Franco. XIV - João Jorge Moreira de Sá: Aclarando a verdade. XV - D. Amélia: Entrevista de Leitão de Barros à Rainha D. Amélia.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
25€
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19 agosto, 2020
PAXECO, Fran - ANGOLA E OS ALEMÃIS. Maranhão, Tipogravura Teixeira, 1915. In-8.º (21 cm) de 339, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante ensaio sobre os antecedentes que conduziram à política africanista da Alemanha, as suas pretensões coloniais e a sua particular apetência por Angola, possessão portuguesa, tendo sido a sua cobiça e política ultramarina determinantes para o eclodir da Grande Guerra (1914-1918).
"Esqueciam-se até de que Portugal existia, tantos fôram os vilipéndios que o fizeram curtir as instituiçõis espulsas e os seus asséclas. Mas o cinco de outubro, emancipando-nos de tiranêtes inclassificaveis, retemperou-nos, robusteceu-nos a alma. Agora mesmo, com o ciclópico impulso adquiridos, nesta hora de universal angústia, ao entrechoque da matéria bruta e do espírito vivificador, sairam do magnificiente anfiteatro do Tejo, rizonhas, entuziásticas, a defender as restantes jemas dos tempos áureos, sobranceiras e destemidas massas de patriotas. Vão honrar os inapagaveis brazõis dos nossos homens de armas, lá nessa feracíssima Angola, onde outrora portuguêzes e brazileiros, unidos num só corpo, esgrimiram contra o bátavo audaciozo, - como amanhã hão de seguir pors plainos da Europa, varonis e altivos, a ferir batalha com os que propugnam a imorredoira cauza da humanidade.
Os revolucionàrios de 1910 clamaram-nos, tal o Cristo da fábula ao lázaro: - Levanta-te, e caminha! E o luzíada, partidas as gragalheiras, desmaniatado, reencetou a marcha interrompida, forte e sereno, na certêza absoluta de que o dia do seu crepúsculo só soará quando o radiante sol da civilização dezaparecer da Terra."
(Último parágrafo do livro)
Sumário:
Proémio. | I - Os Sintomas. II - A Partilha. III - A Provincia. IV - A Gula Teutonica.
Fran Paxeco (nascido Manuel Francisco Pacheco) (Setúbal, 1874 - Lisboa, 1952). "Foi um jornalista, escritor, diplomata e professor português. Pai de Elza Fernandes Paxeco, primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi cônsul de Portugal no Maranhão, no Pará, em Cardiff e em Liverpool. Em 1915 publica Angola e os Alemães e segue para Lisboa onde chega a 27 de Maio. Ocupa, entre outros cargos, o de secretário particular do Presidente da República, Bernardino Machado, mas continuando como cônsul de Portugal no Maranhão (tinha sido promovido a cônsul de 2.ª classe, em 4 de Julho de 1914). Escreve Portugal não é Ibérico. É perseguido pelo Estado Novo, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros nunca mais lhe atribuiu nenhuma missão diplomática."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capas. Alvo de restauro na f. rosto e na última folha (em branco). Deve ser encadernado.
Raro.
Com interesse histórico.
Indisponível
1.ª edição.
Interessante ensaio sobre os antecedentes que conduziram à política africanista da Alemanha, as suas pretensões coloniais e a sua particular apetência por Angola, possessão portuguesa, tendo sido a sua cobiça e política ultramarina determinantes para o eclodir da Grande Guerra (1914-1918).
"Esqueciam-se até de que Portugal existia, tantos fôram os vilipéndios que o fizeram curtir as instituiçõis espulsas e os seus asséclas. Mas o cinco de outubro, emancipando-nos de tiranêtes inclassificaveis, retemperou-nos, robusteceu-nos a alma. Agora mesmo, com o ciclópico impulso adquiridos, nesta hora de universal angústia, ao entrechoque da matéria bruta e do espírito vivificador, sairam do magnificiente anfiteatro do Tejo, rizonhas, entuziásticas, a defender as restantes jemas dos tempos áureos, sobranceiras e destemidas massas de patriotas. Vão honrar os inapagaveis brazõis dos nossos homens de armas, lá nessa feracíssima Angola, onde outrora portuguêzes e brazileiros, unidos num só corpo, esgrimiram contra o bátavo audaciozo, - como amanhã hão de seguir pors plainos da Europa, varonis e altivos, a ferir batalha com os que propugnam a imorredoira cauza da humanidade.
Os revolucionàrios de 1910 clamaram-nos, tal o Cristo da fábula ao lázaro: - Levanta-te, e caminha! E o luzíada, partidas as gragalheiras, desmaniatado, reencetou a marcha interrompida, forte e sereno, na certêza absoluta de que o dia do seu crepúsculo só soará quando o radiante sol da civilização dezaparecer da Terra."
(Último parágrafo do livro)
Sumário:
Proémio. | I - Os Sintomas. II - A Partilha. III - A Provincia. IV - A Gula Teutonica.
Fran Paxeco (nascido Manuel Francisco Pacheco) (Setúbal, 1874 - Lisboa, 1952). "Foi um jornalista, escritor, diplomata e professor português. Pai de Elza Fernandes Paxeco, primeira senhora doutorada pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Foi cônsul de Portugal no Maranhão, no Pará, em Cardiff e em Liverpool. Em 1915 publica Angola e os Alemães e segue para Lisboa onde chega a 27 de Maio. Ocupa, entre outros cargos, o de secretário particular do Presidente da República, Bernardino Machado, mas continuando como cônsul de Portugal no Maranhão (tinha sido promovido a cônsul de 2.ª classe, em 4 de Julho de 1914). Escreve Portugal não é Ibérico. É perseguido pelo Estado Novo, e o Ministério dos Negócios Estrangeiros nunca mais lhe atribuiu nenhuma missão diplomática."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capas. Alvo de restauro na f. rosto e na última folha (em branco). Deve ser encadernado.
Raro.
Com interesse histórico.
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18 agosto, 2020
OS CÃES. Amigos e defensores dos homens - A VIDA DOS ANIMAES.
Lisboa, Alfredo David : Encadernador, [1911?]. In-8.º (17,5 cm) de 196, [4] p. ;
il. ; E. Bibliotheca da Infancia, VIII
1.ª edição.
Monografia sobre o cão dirigida ao público infanto-juvenil.
Inclui interessantes histórias de cães passadas sobretudo em Lisboa.
Monografia sobre o cão dirigida ao público infanto-juvenil.
Inclui interessantes histórias de cães passadas sobretudo em Lisboa.
Ilustrada
com 21 magníficas estampas, sendo a maioria impressas sobre em página inteira sobre papel
couché, reproduzindo desenhos e e fotogravuras dos
animais.
"Defensores e guardadores dos ricos, amigos dos pobres e das creanças, e unicos seres que se dedicam até á morte - os cães são, mas ainda que os gatos, os animaes domesticos por excellencia, e teem desempenhado sempre na vida do homem e na historia social da Humanidade um papel importantissimo."
(Excerto do Cap. O cão e o homem)
"O Pardal que pertence áquella raça de cães allemães que tão bons resultados teem dado na organização das brigadas extrangeiras dos cães da policia, foi levado para a esquadra [dos Caminhos de ferro] e alli se acclimou de tal maneira que ficou fazendo parte d'aquella secção da policia de Lisboa, onde era sinceramente estimado.
Poucos dias depois de alli ter dado entrada, praticou o Pardal a sua primeira façanha.
Estava de serviço o cabo guerra, e em frente da porta da esquadra girava no passeio a sentinella. Eram cerca de 11 horas da noite.
Entrou um preso, um vadio, que, aproveitando um momento de distracção do guarda, saiu correndo, do gabinete do cabo e transpondo de um pulo a porta da rua, foi direito a um electrico que passava, saltando para a plataforma com o carro em andamento.
O Pardal vendo-o fugir, segui-o furioso, e saltando tambem para o carro, tal barafunda e gritaria alli fez que o electrico teve de parar na Fundição, onde o preso foi recapturado pelo mesmo policia, que seguira no encalço do cão.
Ensinado a intervir nas desordens e a separar os desordeiros, o Pardal não pode vêr duas pessoas agarradas uma á outra.
Aconteceu uma noite ir com o chefe rondar uns guardas que estavam de serviço no Lusitano Club; o cão tanto se incommodou ao vêr os pares dansantes, que irrompendo pelas sala de baile, poz todos em debandada, sem que os mordesse, tornando-se necessaria a rapida e energica intervenção do chefe, para que o baile, tão extraordinariamente interrompido, pudesse continuar.
Por causa d'esta mania o Pardal tem de ficar preso nas vesperas de Santo Antonio e de São João."
(Excerto do Cap. VII, O cão da policia)
Indice:
I - O cão e o homem. II - O defensor do homem. III - O cão salvador do homem. IV - O amigo das creanças. V - O cão de trabalho. VI - O cão de caça.VII - O cão da policia- VIII - Os cães na guerra. IX - Os cães actores. X - O cão de Lisboa. XI - O culto do cão.
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro e ouro nas pastas e na lombada.
"Defensores e guardadores dos ricos, amigos dos pobres e das creanças, e unicos seres que se dedicam até á morte - os cães são, mas ainda que os gatos, os animaes domesticos por excellencia, e teem desempenhado sempre na vida do homem e na historia social da Humanidade um papel importantissimo."
(Excerto do Cap. O cão e o homem)
"O Pardal que pertence áquella raça de cães allemães que tão bons resultados teem dado na organização das brigadas extrangeiras dos cães da policia, foi levado para a esquadra [dos Caminhos de ferro] e alli se acclimou de tal maneira que ficou fazendo parte d'aquella secção da policia de Lisboa, onde era sinceramente estimado.
Poucos dias depois de alli ter dado entrada, praticou o Pardal a sua primeira façanha.
Estava de serviço o cabo guerra, e em frente da porta da esquadra girava no passeio a sentinella. Eram cerca de 11 horas da noite.
Entrou um preso, um vadio, que, aproveitando um momento de distracção do guarda, saiu correndo, do gabinete do cabo e transpondo de um pulo a porta da rua, foi direito a um electrico que passava, saltando para a plataforma com o carro em andamento.
O Pardal vendo-o fugir, segui-o furioso, e saltando tambem para o carro, tal barafunda e gritaria alli fez que o electrico teve de parar na Fundição, onde o preso foi recapturado pelo mesmo policia, que seguira no encalço do cão.
Ensinado a intervir nas desordens e a separar os desordeiros, o Pardal não pode vêr duas pessoas agarradas uma á outra.
Aconteceu uma noite ir com o chefe rondar uns guardas que estavam de serviço no Lusitano Club; o cão tanto se incommodou ao vêr os pares dansantes, que irrompendo pelas sala de baile, poz todos em debandada, sem que os mordesse, tornando-se necessaria a rapida e energica intervenção do chefe, para que o baile, tão extraordinariamente interrompido, pudesse continuar.
Por causa d'esta mania o Pardal tem de ficar preso nas vesperas de Santo Antonio e de São João."
(Excerto do Cap. VII, O cão da policia)
Indice:
I - O cão e o homem. II - O defensor do homem. III - O cão salvador do homem. IV - O amigo das creanças. V - O cão de trabalho. VI - O cão de caça.VII - O cão da policia- VIII - Os cães na guerra. IX - Os cães actores. X - O cão de Lisboa. XI - O culto do cão.
Encadernação editorial inteira de percalina com ferros gravados a seco e a negro e ouro nas pastas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
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17 agosto, 2020
MAIA, José Joaquim Rebello - ROMA E O ESPIRITISMO. Opusculo dedicado ao Rmo. Sr. Prior da Parochial Igreja de Santa Justa da Cidade de Lisboa. Com uma carta preambular ao Exm. Sr. Conselheiro Saldanha Marinho. Por... Questão Religiosa. Rio de Janeiro, Typ. do - Globo - Rua dos Ourives n. 51, 1877. In-8.º (18,5 cm) de 84 p. ; B.
1.ª edição.
Ensaio sobre as questões doutrinárias que separam o Catolicismo do Espiritismo. O autor dedica a obra ao Prior de Santa Justa (Lisboa), que terá "tratado rudemente" a memória de seu irmão, o médico Ayres Maia, no seu enterramento civil.
"Entre duas idéas oppostas que se debatem para uma dellas ser verdadeira deve a outra necessariamente ser falsa; assim a affirmativa da existencia do inferno que a igreja catholica sustenta está em opposição a essa mesma existencia que o Espiritismo refuta.
Préga a igreja a necessidade do eterno castigo da culpa como co-relação do premio da virtude tambem eterno. Nega o Espiritismo a eternidade desse castigo como monstruosa desilgualdade entre a punição e o crime, porque desigualdade não seria justiça, e sustenta a eternidade do premio como principio do sublime attributo do amor e da bondade infinita do Creador.
Examinemos, pois, estas doutrinas diametralmente oppostas, esta questão que é nossa, que mais do que nenhuma outra interessa ao nosso futuro, e vejamos se a luz da razão illuminando o quadro poderá mostrar-nos de qual dos dous lados se eostenta o brilho da verdade."
(Excerto do Cap. I, A queda dos anjos e o inferno)
Matérias:
Carta preambular ao Exm. Sr. Conselheiro Saldanha Marinho. | Dedicatória ao Rmo. Sr. Prior da Parochial Igreja de Santa Justa da Cidade de Lisboa. | A meu irmão o Sr. Diogo Maia. | I - A queda dos anjos e o inferno. II - Creação do Mundo. | III - A reincarnação e o premio eterno.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel.
Raro.
Indisponível
1.ª edição.
Ensaio sobre as questões doutrinárias que separam o Catolicismo do Espiritismo. O autor dedica a obra ao Prior de Santa Justa (Lisboa), que terá "tratado rudemente" a memória de seu irmão, o médico Ayres Maia, no seu enterramento civil.
"Entre duas idéas oppostas que se debatem para uma dellas ser verdadeira deve a outra necessariamente ser falsa; assim a affirmativa da existencia do inferno que a igreja catholica sustenta está em opposição a essa mesma existencia que o Espiritismo refuta.
Préga a igreja a necessidade do eterno castigo da culpa como co-relação do premio da virtude tambem eterno. Nega o Espiritismo a eternidade desse castigo como monstruosa desilgualdade entre a punição e o crime, porque desigualdade não seria justiça, e sustenta a eternidade do premio como principio do sublime attributo do amor e da bondade infinita do Creador.
Examinemos, pois, estas doutrinas diametralmente oppostas, esta questão que é nossa, que mais do que nenhuma outra interessa ao nosso futuro, e vejamos se a luz da razão illuminando o quadro poderá mostrar-nos de qual dos dous lados se eostenta o brilho da verdade."
(Excerto do Cap. I, A queda dos anjos e o inferno)
Matérias:
Carta preambular ao Exm. Sr. Conselheiro Saldanha Marinho. | Dedicatória ao Rmo. Sr. Prior da Parochial Igreja de Santa Justa da Cidade de Lisboa. | A meu irmão o Sr. Diogo Maia. | I - A queda dos anjos e o inferno. II - Creação do Mundo. | III - A reincarnação e o premio eterno.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel.
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16 agosto, 2020
GUERRA, António Joaquim Ribeiro - OS DIPLOMAS PRIVADOS EM PORTUGAL DOS SÉCULOS IX A XII. Gestos e atitudes de rotina dos seus autores materiais. Lisboa, Centro de História da Universidade de
Lisboa, 2003. In-4.º (24 cm) de 447, [1] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Dissertação de Doutoramento em Letras na área de Paleografia e Diplomática apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Livro profusamente ilustrado ao longo do texto, a p.b. e a cores, com gravuras, fac-símiles de documentos medievos, quadros, gráficos e tabelas estatísticas.
"Os testemunhos escritos analisados neste trabalho dizem respeito à área territorial compreendida a Norte do rio Tejo, região já reconquistada desde o ano de 1147, apesar dos avanços e recuos conhecidos das forças presentes nos conflitos. Na verdade, o eco dos reencontros bélicos foi ouvido bem longe, atraiu à região novos braços para a refrega, para o repovoamento.
Os diplomas, cujo estudos nos propomos estudas, sob a perspectiva já acima anunciada, não tinham por objectivo testemunhar a trama política e social vivida na região de proveniência. Mas de forma indirecta, num ou noutro caso, fazem eco de um quotidiano em que o pão nosso de cada dia não era igual para todos. Ao encetarmos o seu estudo não podíamos ignorar a vivência quotidiana daqueles que no-los legaram. Nas palavras, muitas vezes repetidas nos quirógrafos do século XII, vemos o anseio que seria bastante generalizado; "Fiat pax et veritas in diebus nostris".
Os séculos XI e XII decorrem em clima de violência. São as intrigas, as tiranias senhoriais, as relações feudo-vassálicas tempestivas, as várias invasões que, Norte a Sul, despontam por todo o lado, carreando consigo a angústia, o medo, a fome, a vilania torpe, as violações, o saque. No século XII a Igreja beneficiou de movimento reformador, a vida monástica foi reformada."
(Excerto do Cap. I, O espólio documental)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
20€
1.ª edição.
Dissertação de Doutoramento em Letras na área de Paleografia e Diplomática apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Livro profusamente ilustrado ao longo do texto, a p.b. e a cores, com gravuras, fac-símiles de documentos medievos, quadros, gráficos e tabelas estatísticas.
"Os testemunhos escritos analisados neste trabalho dizem respeito à área territorial compreendida a Norte do rio Tejo, região já reconquistada desde o ano de 1147, apesar dos avanços e recuos conhecidos das forças presentes nos conflitos. Na verdade, o eco dos reencontros bélicos foi ouvido bem longe, atraiu à região novos braços para a refrega, para o repovoamento.
Os diplomas, cujo estudos nos propomos estudas, sob a perspectiva já acima anunciada, não tinham por objectivo testemunhar a trama política e social vivida na região de proveniência. Mas de forma indirecta, num ou noutro caso, fazem eco de um quotidiano em que o pão nosso de cada dia não era igual para todos. Ao encetarmos o seu estudo não podíamos ignorar a vivência quotidiana daqueles que no-los legaram. Nas palavras, muitas vezes repetidas nos quirógrafos do século XII, vemos o anseio que seria bastante generalizado; "Fiat pax et veritas in diebus nostris".
Os séculos XI e XII decorrem em clima de violência. São as intrigas, as tiranias senhoriais, as relações feudo-vassálicas tempestivas, as várias invasões que, Norte a Sul, despontam por todo o lado, carreando consigo a angústia, o medo, a fome, a vilania torpe, as violações, o saque. No século XII a Igreja beneficiou de movimento reformador, a vida monástica foi reformada."
(Excerto do Cap. I, O espólio documental)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
20€
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*GUERRA (António Joaquim Ribeiro),
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História,
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Paleografia,
Teses/Dissertações Universitárias
14 agosto, 2020
CASTELLO BRANCO, Camillo - LUIZ DE CAMÕES : notas biographicas. Prefacio da setima edição do Camões de Garrett. Porto e Braga, Livraria Internacional de Ernesto Chardron - Editor, 1880. In-8.º (19 cm) de 78, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Obra publicada originalmente na 7.ª edição do poema Camões, de Almeida Garrett, e nesta edição em separado, associando-se desta forma, Camilo, às comemorações centenárias do grande vate português.
"O protagonista do sempre formoso poema de Almeida-Garrett é um Luiz de Camões romantico, remodelado na phantasia melancolica d'um grande poeta exilado, amoroso, nostalgico. A ideal tradição romanesca impediu, com as suas nevoas irisadas de fulgores poeticos, passante de duzentos e cincoenta annos, que o amador de Natercia, o trovador guerreiro, fosse aferido no escalão commum dos bardos que immortalisaram, a frio e com um grande socego de metrificação, o seu amor, a fatalidade do seu destino em centurias de sonetos. Garrett fez uma apotheose ao genio, e a si se ungiu ao mesmo tempo principe reinante na dynastia dos poetas portuguezes, creando aquella incomparavel maravilha litteraria. Ensinou a sua geração sentimental a vêr a corporatura agigantada do poeta que a critica facciosa de Verney e do padre José Agostinho apoucára a uma estatura pouco mais que regular.
Camões ressurgiu em pleno meio-dia do romantismo do seculo XIX, não porque escrevêra os Lusiadas, mas porque padecera d'uns amores funestissimos. O seculo XVIII citava-o apenas nos livros didacticos e nas academias eruditas, como exemplar classico em epithetos e figuras da mais esmerada rhetorica. Tinha cahido em mãos estirilizadoras dos grammaticos que desbotam sapientissimamente todas as flôres que tocam, apanham as borboletas, prégam-as para as classificarem mortas, e abrem lista de hyperboles e metaphoras para tudo o que transcende a legislatura codificada de Horacio e Aristoteles."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Páginas apresentam leves manchas de oxidação.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível
1.ª edição independente.
Obra publicada originalmente na 7.ª edição do poema Camões, de Almeida Garrett, e nesta edição em separado, associando-se desta forma, Camilo, às comemorações centenárias do grande vate português.
"O protagonista do sempre formoso poema de Almeida-Garrett é um Luiz de Camões romantico, remodelado na phantasia melancolica d'um grande poeta exilado, amoroso, nostalgico. A ideal tradição romanesca impediu, com as suas nevoas irisadas de fulgores poeticos, passante de duzentos e cincoenta annos, que o amador de Natercia, o trovador guerreiro, fosse aferido no escalão commum dos bardos que immortalisaram, a frio e com um grande socego de metrificação, o seu amor, a fatalidade do seu destino em centurias de sonetos. Garrett fez uma apotheose ao genio, e a si se ungiu ao mesmo tempo principe reinante na dynastia dos poetas portuguezes, creando aquella incomparavel maravilha litteraria. Ensinou a sua geração sentimental a vêr a corporatura agigantada do poeta que a critica facciosa de Verney e do padre José Agostinho apoucára a uma estatura pouco mais que regular.
Camões ressurgiu em pleno meio-dia do romantismo do seculo XIX, não porque escrevêra os Lusiadas, mas porque padecera d'uns amores funestissimos. O seculo XVIII citava-o apenas nos livros didacticos e nas academias eruditas, como exemplar classico em epithetos e figuras da mais esmerada rhetorica. Tinha cahido em mãos estirilizadoras dos grammaticos que desbotam sapientissimamente todas as flôres que tocam, apanham as borboletas, prégam-as para as classificarem mortas, e abrem lista de hyperboles e metaphoras para tudo o que transcende a legislatura codificada de Horacio e Aristoteles."
(Excerto do Cap. I)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Páginas apresentam leves manchas de oxidação.
Invulgar e muito apreciado.
Indisponível
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*CASTELO BRANCO (Camilo),
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História,
História de Portugal,
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13 agosto, 2020
FALCÃO, Garibaldi - MULHERES, AMOR E CIUMES. Nos Salões da Alta Roda. [Lisboa], Casa Editora Nunes de Carvalho, [192-]. In-8.º (21,5 cm) de 464 p. ; B.
1.ª edição.
Curioso romance de costumes cuja acção decorre em França.
"Por entre a multidão de mascarados e não mascarados, que numa noite de sabado gordo enchiam os corredores da Opera, atravessou um dominó, evidentemente masculino, trazendo no capuz um laço de fitas azues e amarelas.
Aquele dominó subiu a escada que levava aos camarotes de segunda ordem, começando a passear no corredor. Volvidos minutos, um outro dominó, que trazia egualmente um laço de fitas azues e amarelas, aproximou-se, e, em voz baixa, feminina:
- Childe-Harold. - Disse ele.
- Fausto, - respondeu o dominó masculino.
A mulher enfiou o braço no do homem, que a conduziu ao pequeno salão dum dos camarotes de boca.
Logo que ali entraram, o homem tirou a mascara. O rosto duma pureza de linhas ideal, tinha uma encantadora expressão de melancolia, expressão absolutamente estranha á beleza pagã. Cabelos pretos e anelados emolduravam aquela nobre e graciosa fisionomia. Tirára a mascara, dizemos, esperando que aquela que o acompanhava fizesse o mesmo. Era sem duvida uma mulher, mas que estava mascarada de modo a não ser reconhecida. O capuz do dominó, puxado para o rosto, não deixava vêr os cabelos. O dominó muito amplo, disfarçava-lhe a estatura; as luvas e os sapatos, impediam que se vissem as mãos e os pés, indicios reveladores. Parecia estar comovida. Quiz falar, mas as palavras expiraram-lhe nos labios."
(Excerto do Cap. III)
Garibaldi Falcão (1863-1944). Jornalista, escritor e tradutor português, sobre o qual existem poucas referências biográficas. Publicou duas obras sobre a Grande Guerra - A Batalha do Marne (1916) e Historia Illustrada da Guerra (18 vols em 5 tomos) (1915-17). Editou ainda alguns romances, onde sobressai o presente Amor, Mulheres e Ciume - que não consta da base de dados da Biblioteca Nacional -, e um outro, também dedicado ao tema da Grande Guerra, - A heroina de Portugal (1917). Traduziu autores conhecidos, como, ente outros, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Tolstoi, Pitigrill e Emílio Salgari.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
25€
1.ª edição.
Curioso romance de costumes cuja acção decorre em França.
"Por entre a multidão de mascarados e não mascarados, que numa noite de sabado gordo enchiam os corredores da Opera, atravessou um dominó, evidentemente masculino, trazendo no capuz um laço de fitas azues e amarelas.
Aquele dominó subiu a escada que levava aos camarotes de segunda ordem, começando a passear no corredor. Volvidos minutos, um outro dominó, que trazia egualmente um laço de fitas azues e amarelas, aproximou-se, e, em voz baixa, feminina:
- Childe-Harold. - Disse ele.
- Fausto, - respondeu o dominó masculino.
A mulher enfiou o braço no do homem, que a conduziu ao pequeno salão dum dos camarotes de boca.
Logo que ali entraram, o homem tirou a mascara. O rosto duma pureza de linhas ideal, tinha uma encantadora expressão de melancolia, expressão absolutamente estranha á beleza pagã. Cabelos pretos e anelados emolduravam aquela nobre e graciosa fisionomia. Tirára a mascara, dizemos, esperando que aquela que o acompanhava fizesse o mesmo. Era sem duvida uma mulher, mas que estava mascarada de modo a não ser reconhecida. O capuz do dominó, puxado para o rosto, não deixava vêr os cabelos. O dominó muito amplo, disfarçava-lhe a estatura; as luvas e os sapatos, impediam que se vissem as mãos e os pés, indicios reveladores. Parecia estar comovida. Quiz falar, mas as palavras expiraram-lhe nos labios."
(Excerto do Cap. III)
Garibaldi Falcão (1863-1944). Jornalista, escritor e tradutor português, sobre o qual existem poucas referências biográficas. Publicou duas obras sobre a Grande Guerra - A Batalha do Marne (1916) e Historia Illustrada da Guerra (18 vols em 5 tomos) (1915-17). Editou ainda alguns romances, onde sobressai o presente Amor, Mulheres e Ciume - que não consta da base de dados da Biblioteca Nacional -, e um outro, também dedicado ao tema da Grande Guerra, - A heroina de Portugal (1917). Traduziu autores conhecidos, como, ente outros, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Tolstoi, Pitigrill e Emílio Salgari.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
25€
12 agosto, 2020
MONIZ, Egas - OS PINTORES DA LOUCURA. Conferência realizada na Sociedade Nacional das Belas Artes na inauguração da exposição do Grupo Silva Pôrto, em 7 de Fevereiro de 1930. Por... Separata dos números 1 e 2 do III vol. (Março e Junho de 1930) do Archivo de Medicina Legal, publicado sob a direcção do prof. dr. Azevedo Neves. Lisboa, Imprensa Nacional, 1930. In-4.º (26 cm) de 12 p. ; [6] f. il. ; B.
1.ª edição independente.
Interessante estudo psiquiátrico associado à pintura, vertido sob a forma de conferência.
Ilustrado em separado com a reprodução de 8 telas de conhecidos mestres distribuídas por 6 folhas de papel couché.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Egas Moniz ao conhecido médico cirurgião terceirense Prof. Augusto Monjardino, fundador da Maternidade Alfredo da Costa.
"Falar de loucura, que anda tam longe destas paragens, seria, em meu entender, fugir ao compromisso, manifestando boa-vontade. Não colheu o ardil. Aceitaram o tema. E aqui estou para tratar do assunto que vai, decerto, desagradar, mas cuja responsabilidade não cabe a mim sòmente.
Os neurologistas e psiquiatras interessam-se pela pintura, fora dos domínios da emoção, pelos assuntos mórbidos que alguns artistas tratam nos seus quadros e ainda num propósito de interpretação de certas obras de arte como elemento de análise psiquiatra dos seus autores. [...]
Sob dois aspectos pode encarar-se o tema desta palestra: pintores da loucura alheia e pintores surpreendidos pela alienação mental transladando para a tela fases da sua psicose."
(Excerto da Conferência)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos, e pequena falha de papel no canto superior esquerdo da capa frontal. Com sinais de humidade à cabeça, incluindo a capa e as estampas. Assinatura de posse na capa, primeira e última folha de texto.
Raro.
Indisponível
1.ª edição independente.
Interessante estudo psiquiátrico associado à pintura, vertido sob a forma de conferência.
Ilustrado em separado com a reprodução de 8 telas de conhecidos mestres distribuídas por 6 folhas de papel couché.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do Prof. Egas Moniz ao conhecido médico cirurgião terceirense Prof. Augusto Monjardino, fundador da Maternidade Alfredo da Costa.
"Falar de loucura, que anda tam longe destas paragens, seria, em meu entender, fugir ao compromisso, manifestando boa-vontade. Não colheu o ardil. Aceitaram o tema. E aqui estou para tratar do assunto que vai, decerto, desagradar, mas cuja responsabilidade não cabe a mim sòmente.
Os neurologistas e psiquiatras interessam-se pela pintura, fora dos domínios da emoção, pelos assuntos mórbidos que alguns artistas tratam nos seus quadros e ainda num propósito de interpretação de certas obras de arte como elemento de análise psiquiatra dos seus autores. [...]
Sob dois aspectos pode encarar-se o tema desta palestra: pintores da loucura alheia e pintores surpreendidos pela alienação mental transladando para a tela fases da sua psicose."
(Excerto da Conferência)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com defeitos, e pequena falha de papel no canto superior esquerdo da capa frontal. Com sinais de humidade à cabeça, incluindo a capa e as estampas. Assinatura de posse na capa, primeira e última folha de texto.
Raro.
Indisponível
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1ª E D I Ç Ã O,
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História,
Pintura,
Psiquiatria
11 agosto, 2020
FRAGOSO, Fernando - HOLLYWOOD EM LISBOA. Encontros e desencontros com as vedetas de cinema, que a guerra trouxe a Portugal. Lisboa, Vida Mundial Editora, 1942. In-8.º (19 cm) de 184, [8] p. ; B.
1.ª edição.
Obra publicada em plena 2.ª Guerra Mundial. Conjunto de depoimentos e reportagens jornalísticas a propósito do fluxo de personalidades ligadas ao cinema internacional que se refugiou em Portugal após a eclosão do conflito.
"A guerra trouxe a Portugal algumas das mais célebres vedetas mundiais. Lisboa, Cais da Europa, assistiu, dêste modo, à luzida parada das figuras que se habituara a admirar, imaterializadas em sombra e luz. Quando menos se esperava, desfeito o equilíbrio do sistema «astral» euro-americano, presenciámos, surpreendidos e interessados, o espectáculo duma chuva de estrêlas, sôbre as ruas e hoteis da cidade - estrêlas de todos os tamanhos e feitios, com a luz própria do seu talento ou com a chama duma publicidade engenhosa e bem estudada. [...]
Tôdas, grande e pequenas, cintilantes ou apagadas, viviam uma hora difícil, pela inquietação de Marte, que desorganizara as constelações existentes...
A guerra, com efeito, eclodira em França. E, quinze dias depois das primeiras notícias da invasão, aquele país capitulava, quási sem ter tempo de combater. O êxodo, iniciado semanas antes, atingiu, em poucos dias, proporções fabulosas. Portugal acolheu, então, com a hospitalidade proverbial do seu povo, essas vedetas, que traziam ainda no olhar o pavor do pesadelo vivido.
O que vão ler não é um romance nem uma obra literária, na acepção pretenciosa do termo. É, sim, e apenas, a reportagem, o depoimento dum jornalista que, por dever de ofício, surpreendeu algumas das figuras mais gradas da tela, nas horas de incerteza, nas horas dramáticas que viviam - e as traz, agora, ao convívio dos leitores, tais como elas são na vida real. [...]
Nas páginas que se seguem, há capítulos para ler e meditar - confissões e desabafos de produtores e realizadores, actos de contrição e actos de fé dos que têm responsabilidades nos destinos do Cinema."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com pequeno "rendilhado" de traça visível nas últimas folhas do livro, à cabeça, sem atingir a mancha tipográfica.
Invulgar e muito interessante.
Indisponível
1.ª edição.
Obra publicada em plena 2.ª Guerra Mundial. Conjunto de depoimentos e reportagens jornalísticas a propósito do fluxo de personalidades ligadas ao cinema internacional que se refugiou em Portugal após a eclosão do conflito.
"A guerra trouxe a Portugal algumas das mais célebres vedetas mundiais. Lisboa, Cais da Europa, assistiu, dêste modo, à luzida parada das figuras que se habituara a admirar, imaterializadas em sombra e luz. Quando menos se esperava, desfeito o equilíbrio do sistema «astral» euro-americano, presenciámos, surpreendidos e interessados, o espectáculo duma chuva de estrêlas, sôbre as ruas e hoteis da cidade - estrêlas de todos os tamanhos e feitios, com a luz própria do seu talento ou com a chama duma publicidade engenhosa e bem estudada. [...]
Tôdas, grande e pequenas, cintilantes ou apagadas, viviam uma hora difícil, pela inquietação de Marte, que desorganizara as constelações existentes...
A guerra, com efeito, eclodira em França. E, quinze dias depois das primeiras notícias da invasão, aquele país capitulava, quási sem ter tempo de combater. O êxodo, iniciado semanas antes, atingiu, em poucos dias, proporções fabulosas. Portugal acolheu, então, com a hospitalidade proverbial do seu povo, essas vedetas, que traziam ainda no olhar o pavor do pesadelo vivido.
O que vão ler não é um romance nem uma obra literária, na acepção pretenciosa do termo. É, sim, e apenas, a reportagem, o depoimento dum jornalista que, por dever de ofício, surpreendeu algumas das figuras mais gradas da tela, nas horas de incerteza, nas horas dramáticas que viviam - e as traz, agora, ao convívio dos leitores, tais como elas são na vida real. [...]
Nas páginas que se seguem, há capítulos para ler e meditar - confissões e desabafos de produtores e realizadores, actos de contrição e actos de fé dos que têm responsabilidades nos destinos do Cinema."
(Excerto do Prefácio)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Com pequeno "rendilhado" de traça visível nas últimas folhas do livro, à cabeça, sem atingir a mancha tipográfica.
Invulgar e muito interessante.
Indisponível
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