31 julho, 2024

MASCARENHAS, Miguel J. T. - A MARIA DA FONTE : episodio da guerra civil. Por... Um Conto Portuguez. Porto, Typographia Lusitana, 1873. In-8.º (20,5 cm) de 302, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção decorre em plena guerra civil portuguesa.
Inclui no final do livro, com folha de rosto própria, mas sem alteração da sequência das páginas, uma pequena peça de teatro - Surpreza. Entre-acto original. O romance fecha com uma gravura do autor separada do texto, e com o seu agradecimento ao artista sr. José Arnaldo Nogueira Molarinho, natural de Guimarães, pela oferta da gravura em chapa, que serviu para a impressão do seu retrato.
Nada foi possível apurar acerca de Miguel Mascarenhas, que só terá publicado o presente livro (que levou quatro anos a concluir), a não ser a sua ligação a Guimarães, uma vez que assina a dedicatória e o prólogo do romance com essa indicação.
"Ao cahir da tarde de um dia que fôra borrascôso, no mez de Maria de 1846, avistavam-se, em preparados assentos de terreiro povoado de arvores floridas junto do atrio de nobre e vetusto domicilio, no valle de Sousa, das cercanias de Penafiel, tres formosas donzellas em colloquio intimo. O donaire de uma d'ellas e, a par do seu garbo senhoril, a riqueza e o bem posto de seus atavios, estremando-a das companheiras, annunciavam a elevada posição social a que pertencia. A natureza é que fôra egualmente prodiga para todas as tres no tocante a dotes physicos. Possuiam essas feições caracteristicas das nossas mimosas portuguezas - e não é cego patriotismo esta acerssão - que reunem o que ha de seductor em todos os typos do mundo. 
Chamava-se a fidalga D. Maria da Gloria da Mesquita Bandeira e Abendanho: por menos euphonico que pareça este ultimo appelido - seja aqui dito ligeiramente - é muito nobre e muito peninsular.
D. Maria achava-se no gôso de todas as caricias da familia, porque vira fallecer, um após outro, cinco irmãos varões, ficando a ser, por tal falta, o unico enlevo de seus nobres e abastados progenitores; como tambem usofruia o respeito admirativo de todos os mancebos de muitas leguas em redor da sua habitação, por ser esbelta."
(Excerto do Cap. I, Tres donzellas)
Bonita encadernação em meia de pele com cantos e lombada com nervuras e ferros gravados a ouro sobre rótulos vermelhos. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
45€
Reservado

30 julho, 2024

PORTUGAL - GUIDE PANORAMIQUE : GUIA PANORAMICO.
Lisbonne, Cintra, Estoris, Cascaes, Evora, Mafra, Alcobaça, Batalha Leiria, Figueira da Foz, Thomar, Coimbra, Bussaco, Porto, Braga, Amarante, Vianna do Castello, Vidago, Monchique, Praia da Rocha, Villa Nova de Portimão, Faro, Tavira, Villa Real de Santo Antonio. Offre au IV Congrès de Tourisme : Oferta al IV Congreso de Turismo. Lisbonne, Sociedade de Propaganda de Portugal, Mai 1911. In-4.º esguio (23x12,5 cm) de 95, [1] p. ; [1] planta ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Importante publicação sobre o turismo em Portugal, obra pioneira patrocinada pela Sociedade de Propaganda de Portugal, organismo criado no princípio do século XX com a finalidade de divulgar o país no exterior.
Edição bilíngue (francês/castelhano), preenchida com informações úteis, muito ilustrada com fotografias a p.b. das cidades, vilas e locais de norte a sul do país, e as paisagens, edifícios e monumentos relevantes que estas encerram.
Inclui, em separado, Planta de Lisboa a cores de generosas dimensões (33x42 cm) - Escala 1:15.000.
"A Sociedade Propaganda de Portugal, fundada em 1906 por um grupo da burguesia lisboeta, foi um organismo pioneiro na história do turismo português. Esta associação delineou um ambicioso projeto de modernização do país através da promoção da atividade turística, criando inúmeros planos relativos a transportes, urbanismo, melhorias na hotelaria e serviços, conservação de monumentos e uma persistente divulgação do país. Apesar destes esforços, a sua ação foi fortemente limitada pela sua condição de organismo privado que carecia de parceiros nos poderes públicos."
(Fonte: https://www.ics.ulisboa.pt/livros/sociedade-propaganda-de-portugal-e-construcao-do-turismo-moderno-1888-1911)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado, com pequenas falhas e defeitos. Por razão que não descortinamos, a folha que compreende a página 73/74  foi colocada no final do livro.
Raro.
Com interesse histórico.
20€

29 julho, 2024

FARIA, Maria do Céu Novais -
PASSAGEM DE NOMES DE PESSOAS E NOMES COMUNS EM PORTUGUÊS.
Por... Suplementos de "Biblos" - Série Primeira : 1 : Filologia Românica. Coimbra, Faculdade de Letras, 1943. In-4.º (24x17,5 cm) de [8], 91, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Ensaio etimológico, académico, pioneiro entre nós.
"Êste trabalho não tem a pretensão de ser completo e de satisfazer cabalmente a intenção da autora, que era registar todos os nomes próprios de pessoas que passaram à categoria de comuns; terá, no entanto, o mérito de servir de base a futuros trabalhos, visto ser o primeiro, que, no género, se faz em relação ao português. [...]
Os nomes registados são do português dos nossos dias; só acidentalmente foram recolhidos alguns, empregados por escritores de séculos passados, que se nos deparavam por acaso. [...]
Quando tratámos dos nomes de pessoas célebres, procurámos determinar, tanto quanto possível,a linguagem a que pertencem, bem como indicar o grau do seu emprêgo. Todos os outros nomes pertencem à linguagem corrente e popular e são, na maior parte dos casos, de emprêgo dialectal. O facto de se indicar para o uso de certos nomes esta ou aquela localidade, tal ou tal região, não quere de modo algum significar que tais palavras não possam ser empregadas em outras terras com o mesmo sentido, ou sentido diferente, dentro da mesma categoria de nome comum; quere simplesmente dizer que é dessas apenas que temos conhecimento.
Sempre que nos foi possível, procurou-se também apontar as condições em que os nomes registados neste trabalho são empregados, isto é, se têm em vista efeitos determinados, como, por exemplo, a ironia ou o humor - o que é muito difícil de fazer-se, por falta de informações seguras, sempre que se trata de emprêgos regionais."
(Excerto do Prefácio)
Índice geral:
Duo uerba (pelo Prof. Dr. J. Providência Costa) | Prefácio | Introdução - Nomes próprios e nomes comuns | Parte primeira - Nomes de pessoas aplicados a pessoas: I. Nomes célebres que designam o atributo que as celebrizou: A) Nomes de personagens reais: a) Nomes portugueses; b) Nomes de outras origens. B) Nomes de personagens fictícias: a) Nomes de origem literária; b) Nomes de origem clássico-mitológica. II. Nomes célebres que não designam o atributo que os celebrizou. III. Outros nomes de pessoas que designam uma qualidade. IV. Nomes de pessoas que designam uma profissão. V. Nomes de pessoas aplicados a indivíduos indeterminados. Parte segunda - Nomes de pessoas aplicados a animais. Parte terceira - Nomes de pessoas aplicados a animais. Parte quarta - Nomes de pessoas aplicados a coisas e idéias abstractas. ! Conclusões | Lista alfabética dos nomes próprios de pessoas passados a comuns que constam dêste trabalho | Principais obras consultadas | Adenda e corrigenda | Índice geral.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capa apresenta oxidação.
Muito invulgar.
15€

28 julho, 2024

SILVEIRA, Alice Emília Belo Bettencourt e - TENTATIVA DE ESTUDO DO PESCADOR DO BISCOITINHO (Ilha Terceira).
Separata do Vol. XI, N.ºs 1-3 de Atlântida (Orgão do Instituto Açoriano de Cultura). Janeiro-Junho, 1967
. Angra do Heroísmo, [s.n.], 1967. In-8.º (21,5 cm) de 58, [2] p. ; [2] mapas ; il. ; B.
1.ª edição independente.
Curioso ensaio com interesse histórico, etnográfico e sociológico sobre o pescador do Biscoitinho - zona pertencente à freguesia de S. Mateus da Calheta, situada na Ilha Terceira. Estudo criterioso, por certo com tiragem reduzida.
Livro ilustrado no texto com quadros e tabelas, e em separado, com dois mapas:
- "Cidade de Angra do Heroismo e a freguesia de S. Mateus : Escala 1 : 25 000";
- "Freguesia e São Mateus : Escala 1 : 5000"
.
"As primeiras referências a S. Mateus da Calheta encontram-se na carta Ilha Terceira, integrada no «Atlas de Seis Cartas dos Açores» (Luís Teixeira, Museu Nacional de Florença), e na «Crónica de El-Rei D. António» (Fr. Pedro Frias). Em ambas as obras, anteriores a 1583, se alude a S. Mateus como sendo uma povoação com cerca de 20 vizinhos e dispondo de defesas contra piratas.
Em 1590 («Saudades da Terra» - G. Frutuoso) já a povoação era paróquia com vigário e igreja «muito fresca» com uma população de 40 vizinhos.
De acordo com Frutuoso, no final do século XVI as actividades piscatórias limitavam-se ao lançamento de redes, a partir de terra, na baía do Negrito. [...]
Todavia em meados do século XIX (Pdre. Jerónimo E. Andrade - «Topografia da Ilha Terceira» - 1843), para além da riqueza das terras e cultura, há já lugar a uma referência a um pequeno porto de barcos de pesca que abasteciam a cidade. Nesta época a população é de cerca de 1 400 habitantes, na sua grande maioria rurais, distribuídos por cerca de 500 fogos.
Com o desenvolvimento da pesca o centro da população desloca-se para Leste, em direcção ao porto, fixando-se os pescadores sobretudo no Biscoitinho."
(Excerto de 1 - Notícia histórica)
Plano: Introdução. | Capítulo I. História geral de S. Mateus. Enquadramento geográfico. População e sua composição. Vida e costumes: 1 - Notícia histórica; 2 - Relevo, costa e clima; 3 - Tipo de povoamento; 4 - População; 5 - Características gerais; 6 - Separação de facto entre pescadores e não pescadores; 7 - Equipamento. Capítulo II. Morfologia do Biscoitinho: 1 - Descrição da zona; 2 - Tipo de povoamento; 3 - Equipamento; 4 - População. Capítulo III. Aspecto económico-social da actividade do pescador. Condições em que é exercida. Remunerações. Outras formas de actividade: 1 - Regime de trabalho; 2 - Hierarquia e possibilidade de promoção profissional; 3 - Formas de remuneração; 4 - Remuneração média; 5 - Encargos profissionais; 6 - Desempenho profissional; 7 - Ajuda mútua «O Santo»; 8 - Inquérito profissional realizado junto do pescador do Biscoitinho. Capítulo IV. Ambiente do Pescador do Biscoitinho, aspectos gerais mais relevantes: 1 - Dimensão e composição média do agregado familiar; 2 - Habitação; 3 - Alimentação; 4 - Saúde; 5 - Composição de rendimento familiar; 6 - Composição da despesa familiar; 7 - Nível cultural; 8 - Comportamento religioso, moral e social; 9 - Utilização de tempos livres; 10 - Expectativas e aspirações. Capítulo V. Protecção legal ao trabalho. A Casa dos Pescadores: 1 - A Casa dos Pescadores e os seus fins; 2 - Acção da Casa dos Pescadores em S. Mateus; 3 - Como o pescadores encaram a instituição. Capítulo VI. Conclusões e sugestões.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Sem registo na BNP.
45€

27 julho, 2024

LIMA, Jaime de Magalhães - A GUERRA : depoimentos de hereges. Coimbra, F. França Amado, Editor, 1915. In-8.º (18,5x12,5 cm) de XX, 172, [4] p. ; E.
1.ª edição.
Interessante ensaio filosófico sobre a Grande Guerra - publicado no segundo ano do conflito - e as prevísiveis consequências resultantes do mesmo para a humanidade.
"Um direito o nosso tempo conquistou plenamente - o direito da heresia. [...]
O direito da heresia, o direito de discutir, contestar e negar todas as ideias por qualquer modo dominantes, todas as convenções estabelecidas, todos os dogmas, todos os princípios e todos os preceitos da religião, da filosofia, da arte, da sciencia, da politica, e de quanta afirmação o nosso pensamento sonhe ou imponha... [...]
O cataclismo de 1914, turvando em ansiedade todos os corações, onde corações encontrou, ainda os mais débeis, foi um ensejo tremendo dêsse direito de heresia que uma lente e progressiva insistência anterior havia constituído e estabelecido firmemente em o nosso espírito; foi um ajuste de contas correspondente à magnitude sem precedentes da guerra que êle soltou."
(Excerto do Prologo)
Indice:
Prologo | Convulsões dum enfermo | Ganhos e perdas | Revisão de valores | Da arte de gastar e suas responsabilidades | O cavador e o profeta | Aparições.
Jaime de Magalhães Lima (1859-1936). Natural de Aveiro. Foi um pensador, poeta, ensaísta e crítico literário português, irmão do jornalista e político republicano Sebastião de Magalhães Lima. Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1888, onde conheceu Ramalho Ortigão, Oliveira Martins e o seu grande amigo Antero de Quental. Era admirador de Tolstoi, que conheceu quando foi à Rússia, conforme relata no seu livro Cidades e paisagens (1889). Dirigiu a revista Galeria Republicana (1882-1883) e colaborou na Revista de Portugal de Eça de Queiroz. Colaborou ainda com regularidade no mensário O Vegetariano, dirigido por Amílcar de Sousa e em diversas publicações periódicas, nomeadamente nas revistas: A semana de Lisboa (1893-1895), Branco e negro (1896-1898), Atlântida (1915-1920), Pela Grei (1918-1919) e na revista Homens Livres (1923). A sua bibliografia é variada. Escreveu romances, ensaios e biografias.
(Fonte: Wikipédia)
Magnífica encadernação meia de pele com nervuras e ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas originais.
Exemplar em bom estado de conservação. Com assinatura de posse na capa e f. rosto.
Muito invulgar.
Com interesse para a bibliografia WW1.
30€
Reservado

26 julho, 2024

L. A. -
CONTOS INFANTIS
. Lisboa, Livraria Ferin & C.ª, 1897. In-8.º (20,5x14 cm) de [8], 48 p. ; B.
1.ª edição.
Obra constituída por três contos moralistas dirigidos aos mais pequenos.
Nada foi possível apurar acerca do autor desta colectânea. A BNP não dispõe desta edição; antes dá notícia da segunda, datada de 1914, dando como autor "L. de Albuquerque".
Livro ilustrado com belíssimos desenhos no texto, capitulares e gravurinhas encimando cada uma das histórias.
"Era uma vez um cavalheiro, nobre e muito rico, que vivia á lei da grandeza. No meio do seu fausto e ostentação, manifestava sempre muita soberba e desamor para os pobres e pequeninos.
O braço e perna esquerdos, e grande parte do corpo, cobriram-se-lhe de uma crusta negra e aspera, que similhava ferrugem. Para encobrir a praga com que Deus o havia castigado, calçava uma luva que cerrava no pulso, e não tirava, nem de dia nem de noute."
(Excerto de O fidalgo de ferrugem)
Índice:
[Preâmbulo] | I - O fidalgo ferrugento. II - A Corcundinha. III - O Reino dos Sonhos.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Frágil com defeitos. Sem capas. F. rosto apresenta tosco restauro com fita gomada; na sequência do mesmo as 4 páginas iniciais, que incluem a f. anterrosto, foram colocadas no fim do livro. Deve ser encadernado.
Raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

25 julho, 2024

CHAVES, Domingos Vaz -
HISTÓRIA DA POLÍCIA EM PORTUGAL (formas de justiça e policiamento).
O Autor... Subchefe, da Polícia de Segurança Pública. 1.ª edição. 500 exemplares. [S.l.], [s.n. - Tipografia Simão - V. F. Xira], 2000. In-8.º (22,5x16 cm) de [4], 328, [2] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio histórico sobre a Polícia portuguesa.
Ilustrado com desenhos e fotografias - em página inteira - ao longo do livro, incluindo a cédula pessoal de Rosa Casaco, agente da PIDE envolvido no assassinato de Humberto Delgado.
Tiragem restrita a 500 exemplares.
"Durante a alta Idade Média, a defesa da ordem pública, estava como já se disse, a cargo das comunidades urbanas e rurais do paço real e dos senhores feudais, tendo-se esta situação prolongado até à introdução progressiva da orgânica "policial" em cada território municipal, a começar por Lisboa, onde em 12 de Setembro do ano de 1383, foi criado pelo rei D. Fernando, o primeiro corpo de Quadrilheiros, como forma de fazer face, a uma aterradora desorganização social e à ocorrência de crimes graves em catadupa.
Este "Corpo de Agentes Policiais", foi  de facto, a primeira instituição formal de natureza policial e foi criado por alvará régio, ficando subordinado à edilidade por um período de três anos, justificando-se a sua criação, com a necessidade de "eleger certos homens que vigiem sobre o sossego público"!...
(Excerto de Os primeiros Agentes Policiais (os Quadrilheiros))
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com sublinhados a lápis nos três últimos capítulos.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€

24 julho, 2024

NOGUEIRA, José Maria Antonio -
A ESTABILIDADE DOS ENCARGOS PIOS, NÃO É INCOMPATIVEL COM A ABOLIÇÃO DOS MORGADOS.
Memoria offerecida ao actual Enfermeiro-Mór do Hospital Nacional e Real de São José, Por... Lisboa, Typoographia de M. F. das Neves & C.ª, Rua de S. Vicente, á Guia, n.º 3. 1853. In-8.º (21x15 cm) de 35, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Contestação do autor à previsível supressão dos encargos pios, instituição de particular importância para o financiamento da caridade, hospitais e demais estabelecimentos de ajuda aos mais desfavorecidos. Precede a exposição propriamente dita um apontamento histórico em vários capítulos relacionado com o tema.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
Raro. A BNP não menciona.
Explicação prévia:
De acordo com o Decreto-Lei n.º 43209, de 10 de outubro de 1960, "consideram-se legados pios todas as deixas destinadas a fins religiosos ou à criação, manutenção ou desenvolvimento de obras de assistência, previdência e educação ou a fins análogos, bem como os encargos de natureza idêntica, instituídos em qualquer instrumento público." 
(Fonte: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/43209-1960-514054)
"A instituição de morgados desenvolveu-se sobretudo a partir do século XIII. Foi uma forma institucional e jurídica para defesa da base territorial da nobreza e perpetuação da linhagem. As capelas surgiam quando a afectação de domínios e seus rendimentos se destinavam a serviços religiosos por alma dos instituidores, normalmente a “aniversários” de missas. Os morgados constituíam um “vínculo” que não podia ser objecto de partilhas; era transmitido ao filho varão primogénito, no entanto, na falta deste poderia passar à linha feminina, enquanto não houvesse descendente varão. Era obrigatório o envio à Torre do Tombo de um exemplar da instituição de morgados e de capelas. Os morgados e capelas eram então considerados um entrave ao desenvolvimento económico, além de provocarem graves problemas sociais. A partir daquela data, surgem diversas leis restritivas (Decreto de 30 de Julho de 1860, que aumentou o rendimento mínimo necessário e obrigou ao registo de todos os existentes), até que em 1863, a 19 de Maio, passados agora 150 anos, foi publicada através da Direcção Geral da Administração Política, Ministério dos Negócios do Reino, a “Carta de lei pela qual ficam desde já abolidos todos os morgados e capelas actualmente existentes no continente do reino, ilhas adjacentes e províncias ultramarinas e declarados alodiais os bens de que se compõem”."
(Fonte: https://antt.dglab.gov.pt/exposicoes-virtuais-2/extincao-dos-morgados-e-capelas/)
"A abolição dos morgados é um pensamento, que vai adquirindo o consenso da opinião publica. Na presente Camara dos Senhores Deputados, appareceram já tres projectos de lei para a extincção d'aquelles, em dois dos quaes, seus authores, acabam por um traço de penna os encargos pios. Se do nosso voto dependesse aquella abolição, por certo que lh'o dariamos com mais, ou menos alterações das disposições contidas n'aquelles projectos, principalmente na parte que diz respeito ao acabamento dos referidos encargos, ponto em que temos opinião diametralmente opposta.
É a demonstração desta nossa opinião, que pretendemos fazer nesta Memoria."
(Introdução)
Índice:
[Dedicatória] | [Introdução] | Os encargos, ou legados pios, antes das leis de 9 de Setembro de 1769, e de 3 de Agosto de 1770 | Reforma dos encargos, ou legados pios, feita pelas leis de 9 de Setembro de 1769, e 3 d'Agosto de 1770 | Os encargos e legados pios, posteriores ás leis de 1769 e 1770 | I - Que não tendo depois das leis de 1769 e 1770, reapparecido os abusos introduzidos na instituição das capellas e morgados, deve conservar-se a parte util desta instituição - os encargos pios. II - A fazenda do Hospital, e Misericordia, não recebeu augmento por creação de novos encargos pios, desde as referidas leis de 1769, e 17470. III - A permanencia dos encargos pios, applicados hoje ao Hospital, e Misericordia, não é incompativel com a abolição dos morgados. Della não resultam os prejuizos inherentes á circulação de bens; e muito menos a offensa dos principios de economia politica, ou o ataque ás idéas do verdadeiro progresso. IV - Da abolição dos encargos pios, deve resultar o crescimento da desgraça publica, - ou pelo augmento dos impostos a fim de compensar o Hospital e Misericordias a perda de taes encargos, ou pelo forçado abandono de um grande numero de infelizes, a quem se não possa socorrer.
José Maria António Nogueira (1822-1884). "Prolífico publicista. Associado correspondente da Secção de Arqueologia, 1876. Escriturário, colaborador da imprensa periódica, arqueólogo, militar. Editor de O rebelde : quinzenario de estudantes."
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
30€

23 julho, 2024

MOREIRAS, Francislei T. -
O CANDOMBLÉ.
A Herança Africana no Brasil, um Breve Estudo Sobre a Religião e a Dança dos Orixas. Almada, ISEIT : Instituto Superior de Estudos Interculturais e Transdiciplinares - Unidade de Investigação em Antropologia, 2002. In-fólio (30x21 cm) de [3], 27 f. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso ensaio antropológico "sobre alguns aspectos da religião Afro-Brasileira conhecida como Candomblé, da autoria de Francislei T. Moreira, licenciado Cum Laude em Antropologia da Dança pela San Francisco State University, Califórnia, e Mestre em Antropologia da Dança pela New York University e pela Universidade Nova de Lisboa".
Trabalho académico raro e muito interessante. A BNP refere a obra com a indicação "sem informação exemplar".
Ilustrado no texto com desenho esquemático da "Estrutura do Terreiro", local onde se realizam as cerimónias de Candomblé.
"Quando fui morar nos Estados Unidos da América, o distanciamento cultural, e os cursos em Licenciatura e Mestrado em Antropologia Social e Cultural, o segundo, com a ênfase em dança, fizeram-me reflectir sobre vários aspectos da cultura brasileira, mas desta vez com a perspectiva de um investigador. Durante este tempo tive o privilégio de participar activamente nas cerimónias religiosas de origem africana na área metropolitana de Nova York, mais precisamente no condado de Brooklyn. Reforço o termo privilégio porque as religiões conhecidas como "Orixa Worship" (Culto ao Orixá) e "Santeria" ainda sofrem um certo preconceito devido aos factores de incorporação pelos espíritos e também por causa do ritual de sacrifício de animais. Este último aspecto, particularmente, é um facto de altas críticas e perseguição nos Estados Unidos devido aos movimentos de grupos de defesa dos animais. Mas, como Clifford Geertz diz, ao nosso ponto de vista, o que as pessoas fazem podem ser bastante estranhas. Fiquei exposto a situações de facto muito estranhas e curiosas, e por isso mesmo fascinante a nível de antropologia.
Como anotar tudo o que via, vivia e depois tentar descodificar para ser fiel à religião, em respeito à cena cultural? Havia também o factor de não poder revelar tudo o que era testemunha, já que há aspectos que devem ser mantidos em segredo por aqueles que passaram pela iniciação. Não foi o meu caso, o de passar por todo o processo de iniciação, mas houve uma confiança tácita por parte de Sacerdotes e Sacerdotisas tanto no Brasil como em Nova York, e, por uma questão ética, certas coisas não puderam ser incluídas neste texto.
A investigação sobre as danças dos orixás, os deuses e deusas do panteão Afro-brasileiro em Candomblé prossegue. Ainda há muito para conhecer sobre o que faz da dança um elemento de importância fundamental entre o mundo terreno e o sagrado."
(Excerto da Introdução)
"O tráfego de escravos para o Brasil começou no século dezasseis, e terminou com a abolição da escravatura em 1888. As culturas africanas principais, as quais forneceram escravos para o Brasil entre os séculos dezasseis e dezanove foram Bantu, Sudanesa, e a Islamica-Sudanesa. Pela perspectiva de Roger Bastide (1978), o tráfego escravo foi responsável pela quebra daquelas culturas e de suas religiões. Estas, asquais "estavam ligadas a certos tipos de organização familiar ou de clãs, assim como a ambientes biogeográficos específicos (florestas e savanas tropicais), também à estrutura de vila e comunidade", foram capazes de juntarem-se no Brasil. A maneira principal desta unidade religiosa foi o Candomblé.
As cerimónias de Candomblé são chamadas "giras" e acontecem em sítios chamados "terreiros". [...]
As cerimónias do Candomblé têm por objectivo estabelecer uma comunicação directa com os espíritos que governam as forças naturais como o vento, as tempestades ou fenómenos naturais como, por exemplo, o arco-íris. Estas forças naturais são chamadas "Orixás" e elas podem ser espíritos divinos que foram uma vez reis históricos e rainhas na África assim como figuras mitológicas."
(Excerto de O Candomblé: a herança africana ao Brasil)
Índice:
Apresentação | Introdução | O Candomblé: a herança africana ao Brasil | As Danças Rituais | Exu | Obatalá ou Oxalá (Oxalufã e Oxaguiã) | Iansã (Oyá) | Ogum | Oxum | Oxumaré | Yemanjá (Iemanjá) | Omolu (Obaluaiê) | Xangô | Oxossi | Obá | O Processo de Iniciação| O Calendário Cerimonial do Candomblé | Conclusão | Bibliografia.
Exemplar em brochura, presos por agrafes, em bom estado de conservação.
Raro.
45€

22 julho, 2024

CORDEIRO, Jayme Frederico -
DICCIONARIO DE EQUITAÇÃO.
Por... Tenente-coronel do estado maior de infanteria. Lisboa, Tip. e Lith. de Adolpho, Modesto & C.ª : Fornecedores da Sociedade de Geographia, 1885 [capa 1886]. In-8.º (20,5x13,5 cm) de 113, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curioso dicionário, abrangendo todos os termos relacionados com equitação conhecidos na época.
Trabalho pioneiro, raro, e muito interessante.
"Os diccionarios constituem hoje um meio commodo de vulgarisação scientifica, porque facilitam a todos os que não dispõem de tempo necessario para a leitura de bons tratados, nem dos meios pecuniarios para os adquirirem, o poderem alcançar, com pequeno trabalho e insignificante dispendio, noções geraes sobre cada um dos pontos relativos á sciencia de que esses diccionarios se occupam. [...]
Em Portugal já alguma cousa se tem feito ultimamente n'este sentido, e pena é que ainda hoje o seu numero seja tão limitado, que em muitas occasiões se lamente a falta d'esses livros.
Foi isso que nos succedeu quando recentemente precisámos consultar o Regulamento para a instrucção da cavallaria publicado em 1878, e mais sensivel se nos tornou essa falta, por sermos estranhos á nobre arma a que esse regulamento diz respeito. [...]
Recorrendo aos livros que podémos colher sobre o assumpto, á bem conhecida e classica Arte do marquez de Marialva, e áquelle regulamento tão desenvolvido e claro na instrucção e deveres do soldado de cavallaria, de todos elles extrahimos as definições dos termos, locuções e phrases que constituem a technologia d'esta arte."
(Excerto de Advertencia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenas falhas de papel. Interior correcto.
Raro.
75€

21 julho, 2024

SOUSA, José de Campos e -
PALMELA E OS DU MAURIER.
Reparos a uma obra de Daphne du Maurier. Pelo sócio efectivo... Separata de Arqueologia e História - 8.ª série das publicações, volume XII. Lisboa, Associação dos Arqueólogos Portugueses, 1966. In-4.º (25,5x19 cm) de [6], 28 p. (153-180 pp.) ; [1] f. il. ; B.
1.ª edição independente.
Contestação de Campos e Sousa à possibilidade de laços familiares entre a família Du Maurier e o Duque de Palmela, D. Pedro de Sousa Holstein (1781-1850), sugestionados por Daphne du Maurier (1907-1989), importante escritora inglesa contemporânea, na sua obra autobiográfica - Les du Maurier.
Livro ilustrado em separado com o retrato do Duque de Palmela.
Valorizado pela dedicatória autógrafa do autor "ao ilustre jornalista e velho amigo Raúl Rego".
"Há tempo que desejo alinhar em letra de imprensa alguns reparos a Les du Maurier, mas tarefas mais instantes me têm impedido de o fazer. Aproveito, agora, o ensejo que se me depara, num momento de acalmia, para dar a conhecer as objecções em mim suscitadas pela leitura do momento surpreendente. Farei por arrancar de sobre a nudez fraca da verdade o manto opaco da fantasia... (Que a sombra benévola de Eça me perdoe a adaptação atrevida).
Antes de mais, é imperioso salientar que Les du Maurier não é apresentada como obra de ficção. A própria autora a apregoa como biografia, e a indigita como crónica, pretendendo convencer os leitores da veracidade do texto, graças a uma solene e afectuosa dedicatória à parentela..."
(Excerto de Intróito)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
10€

20 julho, 2024

AMORIM, Francisco Gomes de - OS SELVAGENS. Por... Lisboa, Livraria Editora de Mattos Moreira & C.ª, 1875. In-8.º (17x10,5 cm) de 307, [5] p. ; E.
1.ª edição.
Romance cuja acção decorre no Brasil. Trata-se da edição original da "primeira tentativa de romance" publicado em livro, nas palavras do autor, que oferece ao conselheiro Bartholomeu dos Martyres Dias e Sousa.
"No tempo em que os hespanhoes assombraram com as suas crueldades o grande imperio dos incas, todos os peruvianos, que puderam escapar da carnificina e não quizeram viver escravos dos algozes de seus paes e irmãos, se internaram nos desertos profundos e desconhecidos do Brazil.
A tribo dos tapajós, rival das dos chiquitos e carapuchas, que se dintinguira sempre pela sua sabedoria durante a paz e por brilhantes feitos de armas na guerra contra os estrangeiros, atravessou o rio Ucayale, desceu pela margem direita do Amazonas, passou o Jauary na fronteira, e, mettendo-se nas florestas virgens, caminhou por ellas até ás faldas da serra dos Parecis. Encontrando ali as nascentes de um grande rio, cujas aguas crystallinas e transparentes deixavam ver, a duas e tres braças de profundidade, numerosos cardumes de peixe, estabeleceu o povo emigrado as suas primeiras tabas ou aldeias.
Eram as terras ferteis de caça e de fructos, mas povoadas todas por gentio bravo e feroz, como os tigres e onças, que n'ellas abundavam. Apesar de justos e equitativos, os tapajós traziam presentes na memoria os motivos da sua expatriação, e a necessidade obrigou-as a aproveitar a lição recebida dos conquistadores do Perú."
(Excerto de I - Os indios mundurucús)
Francisco Gomes de Amorim (Avelomar, Póvoa de Varzim, 13 de agosto de 1827- Lisboa, 4 de novembro de 1891). "Poeta, jornalista e dramaturgo português, emigrou com dez anos para o Brasil, tendo sido caixeiro, em Belém do Pará. Vítima dos maus tratos de patrões portugueses, Gomes de Amorim fugiu para o sertão amazónico, onde por acaso encontrou, na cabana de uma família indígena, o poema Camões, de Almeida Garrett, episódio que dá início à sua vida de poeta, conforme relata no prefácio autobiográfico de Cantos Matutinos (1858). De volta ao Portugal, em 1844, depois de dez anos de ausência, estreita a relação de amizade que une Gomes de Amorim a Almeida Garrett, que tendo publicado o Romanceiro e Cancioneiro Geral, em 1843, irá influenciar o amigo e discípulo na valorização da cultura popular. A essa primeira influência soma-se a das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, em 1871, que irão desembocar no movimento nacionalista de valorização do mundo rural, enquanto repositório das raízes da Nação. É nesse contexto impregnado de amor à Pátria e de preservação das tradições populares que desponta As Duas Fiandeiras, “romance de costumes populares”, publicado por Gomes de Amorim em 1881 (embora escrito em 1866), pela prestigiosa editora de David Corazzi de Lisboa, dentro do selo “Horas Românticas”. A dedicatória da obra, evocação da paisagem amazónica, e a geografia da narrativa, a Avelomar natal, configuram as duas pátrias às quais o autor dizia pertencer. Retratados com fidelidade e verosimilhança, os tipos humanos que povoam As Duas Fiandeiras vêm ao encontro da caracterização regionalista nos quadros do realismo-naturalismo, ao mesmo tempo em que respondem pela idealização de uma ruralidade mítico-simbólica, com a qual se inicia a narrativa: “Ainda lá não chegaram os esplendores e os vícios da civilização, que ilustra e corrompe tudo (...)”.
(Fonte: Biblioteca Digital)
Encadernação em sintético com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Com uma ou outra pequena falha de papel no interior, sem prejudicar o texto. Sem f. ante-rosto.
Raro.
25€

19 julho, 2024

FLORES, Francisco Moita - A MORTE VIOLENTA E OS PRIMÓRDIOS DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
. Lisboa, Centro Português de Estudos Sobre a Morte, 1994. In-8.º (20x14,5 cm) de 97, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Invulgar estudo histórico sobre investigação criminal. A BNP não menciona.
Ilustrado com fotogravuras em página inteira, incluindo o cadáver de Sidónio Pais, na morgue, pouco tempo após o atentado que o vitimou.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrada do autor.
"A segunda metade do sec. XIX transporta para o centro do debate científico o estudo do crime e dos criminosos. Na teorética do cientismo de finais do século, escorada nos alicerces mais profundos no positivismo comteano e no antropologismo darwinista, a ciência, liberta dos espartilhos metafísicos e da explicação teológica da vida e do mundo, estaria em condições de atingir o verdadeiro conhecimento da natureza humana. [...]
É através desta contextualização que o cientismo vai procurar construir uma metodologia de construção de prova judiciária expurgada dos seus elementos de avaliação subjectiva, e sustentada pelo acervo de informação determinada pela demonstração científica da verdade sobre qualquer acto criminoso."
(Excerto de 2. Morte Violenta e Polícia Científica)
Índice:
Preâmbulo | 1. Morte e Secularização. 2. Morte Violenta e Polícia Científica. 3. Sidónio Pais: A síntese do passado e do presente. Conclusão | Anotações | Bibliografia.
Francisco Moita Flores (1953). "Nasceu em 1953 em Moura, Alentejo. Formou-se em Biologia e foi professor secundário antes de ingressar na Polícia Judiciária em 1978. Trabalhou na PJ até 1990 investigando furtos, assaltos e homicídios. Mais tarde voltou à PJ como diretor e participou do programa Casos de Polícia da SIC. Licenciou-se em História e desenvolveu uma carreira de sucesso como escritor, tendo recebido vários prémios em Portugal."
(Fonte: https://pt.slideshare.net/slideshow/francisco-moita-flores/13220970)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e criminal.
Sem registo na BNP.
30€

18 julho, 2024

BREVE NOTICIA SOBRE AS CALDAS DO GEREZ.
Estabelecimentos thermaes e hydrotherapicos - Portugal. Porto, Typographia do «Commercio do Porto», 1900. In-8.º (22x14,5 cm) de 38, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa monografia de propaganda às Caldas do Gerês, composta por um resumo das características técnicas das suas águas, sendo a segunda parte da obra dedicada aos testemunhos de diversas personalidades, sobretudo da classe médica, recomendando os banhos e exaltando as propriedades e sãs qualidades das águas.
Contém um quadro no texto com o nome das nascentes (12) que abastecem as Caldas do Gerês, incluindo dados estatísticos sobre o seu caudal e temperatura.
"A povoação das Caldas do Gerez deve a sua existencia e desenvolvimento ás suas aguas thermaes e á concorrencia crescente de doentes que aos seus banhos e bebida vão pedir a cura dos seus males.
Moedas encontradas recentemente junto ás nascentes vieram indicar que os romanos as frequentaram e foram utilisadas tambem nos seculos XIII, XIV e XV. [...]
Nos dias maiores os raios solares só desde as 7 horas da manhã ás 5 da tarde dão no povoado, permittindo passeios sem sol durante as restantes horas do dia. As tardes e manhãs são frescas e agradaveis; as variantes de temperatura são frequentes; o ar é vivo, tonico e puro, constantemente renovado pelas brisas da montanha. As aguas potaveis são excellentes pela sua frescura e pureza, quasi isentas de saes terrosos.
A localidade, muito melhorada nos tres ultimos annos, é a mais importantes do concelho de Terras de Bouro, a que pertence. Conta cerca de 250 habitantes. Durante a epocha termal juntam-se, por vezes, perto de 800 forasteiros e doentes; em todo o periodo de banhos a concorrencia annual tem sido cerca de 2:000, tende, porém, a augmentar rapidamente.
Uma avenida com largos passeios e arborisação, ainda em conclusão, atravessa a estancia de sul a norte; é na Avenida das Aguas que estão os principaes edificios.
Os hoteis principaes são do sul para o norte: Hotel do Parque, Hotel Ribeiro, Hotel Universal, Hotel Araujo, Hotel Continental e Hotel Central. Em todos ha mesa redonda com alimentação mixta para adietados e não adietados, ás horas indicadas para cada hotel. Poderá haver meza especial ou alimentação no quarto, com pequeno augmento de preço. Preços, comprehendendo quarto, serviço e alimentação, de 1$000 a 1$800 réis diarios por pessoa.
Ha chalets e casas mobiladas para alugar, podendo fornecer tambem louças e roupas - Chalet Fernandes, Chalet Tait, Chalet Ribeiro, Chalet Santiago, etc. Casa Passos, Casa Neves, Casa Monteiro e outras. Preços, de 1$000 a 4$500 réis diarios."
(Excerto da Introdução)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Sem capas.
Raro.
15€

17 julho, 2024

MELLO, Francisco do Rosario e - NOVENA DE SÃO NICOLÁO. Ordenada a promover, e augmentar seu Culto, e dedicada aos seus Devotos. Pelo Prior... Lisboa, Tip. do Gratis, Rua dos Douradores n.º 43 B, 1840. In-8.º (14x10 cm) de [2], 56, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Obra de divulgação do Santo protector da paróquia de S. Nicolau - onde o autor era prior - para instrução dos devotos frequentadores do templo.
Rara, com interesse histórico, religioso e olisiponense.
"O Glorioso S. Nicoláo Bispo de Myra, deve ser um objecto digno do nosso respeito, e da nossa devoção. A sublime Santidade da sua vida, a multidão de seus assombrosos milagres, e a universalidade do seu culto lhe conseguem um direito especial a exigir dos nossos corações os devoto obzequios de veneração, e de amor. As pessoas, que assistem na sua Freguezia, ainda são mais obrigadas a desempenhar este dever, porque não podem deixar de reconhecer neste Santo Bispo um assiduo Protector dos Infermos pobres no estabelecimento da Irmandade da Caridade unicamente instituida para seu socorro, e que tão admiravelmente se tem conservado, e augmentado, prodigalisando sem diminuição a assistencia, de que carece um doente, destituido de meios, e recursos."
(Excerto de Dedicatoria aos devotos de S. Nicoláo)
Francisco do Rosário e Melo (?-1856). Antigo frade de Xabregas e pároco em São Nicolau, Lisboa, onde se distinguiu pelo meritório trabalho religioso, incansável no restauro da igreja e aquisição de sinos novos. É da sua autoria o recenseamento da freguesia de São Nicolau de Lisboa no ano de 1841, empresa que realizou com pormenor digno de nota para a época.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Conserva as capas de protecção originais. Primeira parte do livro apresenta cor ligeiramente rósea que se vai desvanecendo, por acção de humidade que terá desbotado da capa para o interior.
Raro.
20€

16 julho, 2024

GUEDES, Lívio da Costa -
PRÁTICA E DEFESA DO CATOLICISMO - Alguns Exemplos Medievais
. [S.l.], [s.n.], 1987. In-4.º (23x16 cm) de 
1.ª edição independente.
Estudo sobre o período medieval religioso, dedicado sobretudo ao século XII - o da fundação da nacionalidade -,  e a importância que as ordens monásticas tiveram entre nós.
Trabalho publicado em separata do 56.º volume do Boletim do Arquivo Histórico Militar.
Ilustrado no texto com mapas, plantas, desenhos e reproduções de gravuras antigas.
"A Igreja vivendo no mundo e sendo composta por homens, está ligada e comprometida com o destino destes. Vai então conhecendo actualizações sucessivas, sob formas em que intervêm os inúmeros factores que cada época vai impondo e, neste aspecto, pode dizer-se que a Igreja muda, refelectindo em cada momento da História as decisões, nem sempre isentas de erros, dos que a constituem.
Inicialmente de composição muito heterogénea, desde logo formou dois grupos - o dos judeo-cristãos e o dos helenistas - sendo o primeiro perseguido por ocasião do martírio de S. Estevão (c. 35) e o segundo, apoiado pelo apostolado de S. Paulo (c. 10-67), leva a mensagem evangélica à costa mediterrânica e inicia a expansão universal do cristianismo. [...]
Durante o século X, numa época violenta e atormentada, em que leigos poderosos abusam constantemente da sua força para vexar o clero, só a reforma do monaquismo faz renascer a esperança. A partir do século XI, as transformações sucedem-se: a Igreja suscita movimentos de paz, reforma os costumes e a estrutura eclesiástica; na longa luta das investiduras, o clero acaba por adquirir a liberdade; os monges procuram novas formas de  realizar o seu ideal, restaurando a vida pobre e simples e o trabalho manual; a vitalidade expansiva da cristandade manifesta-se com vigor nas cruzadas que restituem à Igreja a Terra Santa (1099). No século XII, completada a reforma eclesiástica e monacal, surge uma época de equilíbrio, marcada pela acção de grandes chefes e intelectuais.
A extraordinária complexidade da História da Igreja, recheada de inúmeras convulsões e reformas, ricas no número de homens notáveis pela sua intelectualidade, religiosidade, habilidade política e até valor militar, não permite expor em poucas linhas o estudo de um único aspecto que seja da sua actividade, tal a diversidade de implicações que normalmente lhe estão subjacentes. Optamos então por tentar proporcionar uma visão ampla do ambiente religioso e político que veio a caracterizar o século XII, referindo não só os factores que o influenciaram como aquele que se pode considerar determinante - o islão -, motor de um expansionismo que cobriu durante séculos uma grande parte da superfície terrestre e pôs em luta sangrenta e porfiada cristãos e muçulmanos, durante toda a Idade Média; depois as reacções a esse expansionismo - o grande movimento das cruzadas e a formação da Ordens Militares religiosas - por serem duas iniciativas da Igreja que polarizaram a actividade guerreira medieval, e ainda, o caso particular da reconquista cristã, causadora de acções políticas influenciaram a génese dos reinos peninsulares."
(Excerto do Preâmbulo)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Invulgar.
Com interesse histórico.
15€

15 julho, 2024

DOUSSIN-DUBREUIL, J. L. - CARTAS ÁCERCA DOS PERIGOS DO ONANISMO (Masturbação) e conselhos relativos ao tratamento das molestias de delle resultão. Por... Passadas do francez a portuguez para uso da mocidade brasileira pelo Dr. João Candido de Deos e Silva, Natural do Pará, Dignitario da Imperial Ordem do Cruzeiro, etc. Rio de Janeiro, Em Casa dos Editores-Proprietarios Eduardo & Henrique Laemmert, [1842]. In-8.º (17,5x11,5 cm) de 134, [2] p. ; E.
1.ª edição brasileira.
Livro curiosíssimo. Decidiu-se o autor pela sua publicação após tomar conhecimento "dos espantosos e rapidos progressos que faz diariamente o vicio da masturbação", e os malefícios para a saúde associados a tais práticas.
Obra rara, originalmente editada em Paris (1813) com o título Lettres sur les dangers de l'onanisme. A BNP tem recenseado 1 exemplar desta obra, sem no entanto nomear editor, data e local de edição.
"No século XVIII europeu, o onanismo - termo utilizado à época para designar a patologia associada à prática da masturbação - recebeu distintas interpretações para alertar o que a medicina e a religião consideravam ser um flagelo social prejudicial à saúde e uma profanação aos preceitos cristãos. Enquanto o discurso religioso condenou o praticante em nome de uma pretensa moral, o campo médico buscou descrever incessantemente todos os desvios. Durante dois séculos, pôde se observar a existência de publicações que enunciavam sádicas perseguições e condenações na tentativa de reprimir a prática da masturbação. [...]
A tradução dessas obras para o português, nos séculos subsequentes aos originais ingleses e franceses, possibilitou que o discurso sobre a sexualidade e, especificamente, o combate ao onanismo repercutisse no espaço luso-brasileiro. Não obstante, estes discursos religiosos e médicos atuavam na constituição de uma sociedade profundamente cristã devota que, em grande medida, era guiada pelos “bons costumes” manifestados por representações dos protocolos sociais aplicados nos grandes centros urbanos europeus.
Para o século XIX, identificamos a existência de dois manuais médicos franceses, ambos traduzidos para o português, que alertavam implacavelmente os perigos do onanismo em crianças e jovens. O primeiro, composto por epístolas masculinas, foi publicado na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1842 pelo jurista João Cândido de Deus e Silva (1787-1860). Tratar-se-ia de uma versão traduzida da obra Lettres sur les dangers de l'onanisme (1813), divulgada em Paris pelo médico francês Jacques-Louis Doussin-Dubreuil (1762- 1831)."
(Ripe, Fernando, Sobre o “funesto hábito” da masturbação infantil, in Revista Brasileira de História & Ciências Sociais - RBHCS, Vol. 14 Nº 28, Janeiro - Junho de 2022)
"As cartas, que aqui apresento, vão taes quaes as escrevi a um mancebo, que se destinava ao estudo da medicina, e que se havia entregado ao onanismo, mas que m'o declarou a tempo ainda proprio para o curar. [...]
Admirarão talvez o ter eu tratado de tão importante materia com um mancebo que se deve suppôr de vinte annos de idade, quando muito, e de o haver eu feito medico de seus camaradas; mas, por pouco que se haja reflectido, ter-se-ha notado que os rapazes confião uns aos outros de bom grado aquillo que encobrem a pessoas mais velhas. [...]
Neste momento recebo eu noticia da morte de um filho unico de quinze annos de idade, cuja residencia não dista da minha. Este desgraçado moço não declarou que usava da masturbação, senão quando se vio proximo a perder a vida."
(Excerto de Discurso Preliminar)
Taboa das Materias:
Discurso Preliminar | Primeira Carta. Ao Sr. ***, Estudante em Bordéos. Carta II. Carta III. Descripção dos signaes que dão a conhecer o individuo que se dá ao onanismo. Carta IV. Indica o Autor novos signaes por onde se conhecem os mancebos que se entregão ao onanismo, e reputa menos equivoco a magreza diaria apezar do muito comer. Carta V. Reflexões do Autor ácerca dos temperamentos. | Conselhos sobre o modo de tratar os masturbadores | Factos que provão quão difficultoso é deixar o habito do onanismo; frequentes e involuntarias perdas de liquido seminal | Dieta | Do uso dos purgativos na cura destas enfermidades ! Se póde ser util a sangria para combater os effeitos do onanismo? | Se podem, os que se dão a esses excessos, usar de clysteres contra longa constipação? | Se podem colher grande utilidade do uso do leite? | Do uso dos banhos quentes | Do uso dos banhos frios | Do exercicio | Conselhos de Willaume a respeito do onanismo | Explicação de alguns termos que se encontrão | Nomes dos autores citado no decurso esta obra.
Jacques-Louis Doussin-Dubreuil (Saintes, 1762 - Paris, 1831). "Foi um médico e cirurgião francês. Pioneiro na vacinação, foi o fundador da Société Royale Académique des Sciences de Paris (dissolvida em 1826), da Société d'Encouragement pour l'Industrie Nationale e da Société Galvanique et de Recherche Physique. Aprendeu cirurgia com o pai, então em Paris, tendo sido um dos primeiros a declarar-se a favor da vacinação (vacinou os próprios filhos). Membro da Société Centrale de Vaccine, propôs depósitos de vacinas por toda a França, o que ajudou a reduzir os efeitos de uma epidemia de varíola. Foi médico-chefe do gabinete de caridade do 10.º Bairro de Paris."
(Fonte: Wikipédia)
Encadernação em meia de percalina com ferros gravado a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível