21 agosto, 2023

PINA, Luís de -
SHERLOCK HOLMES NO PORTO.
Contribuição portuguesa para a história do romance policial científico. Guimarães, [s.n. - Oficinas Gráficas da Companhia Editora do Minho - Barcelos], 1961- In-4.º (23,5 cm) de 45, [3] p. ; [3] f. il. ; [6] p. il. ; B.
1.ª edição independente.
Separata da «Revista de Guimarães», vol. LXXI - n.ºs 1-2.
Interessante subsídio para a história da literatura policial ficcionada em Portugal.
Ilustrado com estampas em separado reproduzindo os retratos de Arthur Conan Doyle e do Prof. João de Meira, bem como fotogravuras relacionadas com o ambiente de trabalho do escritor inglês, e diversas plantas e croquis.
Exemplar valorizado pela dedicatória manuscrita do autor.
"Poderá a muitos parecer estranho o título dado a esta palestra [...]
A estranheza será tanto maior quanto é certo que esta personagem, apresentada pelo eminente médico Conan Doyle, em 1886, para o seu primeiro conto A study of Scarlet, nunca existiu na realidade.
Não passou de uma criatura imaginada pelo ilustre contista, mas tão bem realizada ou humanizada [...] que de todo o mundo chegavam à casa de Doyle ou à Direcção da Polícia de Londres cartas e missivas endereçadas ao famosíssimo detective Sherlock Holmes, entre as quais não faltavam, mesmo, ofertas de casamento.
Pode, pois, perguntar-se: - como é que esteve «materialmente» no Porto um ser fictício como Sherlock Holmes? E mais, pode inquirir-se: - existe da pena de Conan Doyle algum conto, novela ou romance passado nesta cidade, tão querida dos Ingleses e com tanta história britânica?
Não, senhor. Não tendo jamais existido uma pessoa com o nome Sherlock Holmes, também não poderia o Porto ter visto tal pessoa ou ela ter estado aqui; e Conan Doyle jamais teria escrito qualquer coisa sobre o Porto e menos ainda localizar nesta cidade qualquer das aventuras do seu polícia!
Quem em 1912 - já lá vai quase meio século - escreveu, em jornal portuense chamado Mundo Ilustrado e em seu volume 1.º, um conto com o título Sherlock Holmes no Porto, foi também um ilustre médico, formado na nossa Escola Médico-Cirúrgica em 1907, onde concluiu o curso com uma brilhantíssima dissertação que o juri classificou com 20 valores.
«Quem trouxe ao Porto», nesse ano de 1912, o famoso e imaginário detective Sherlock Holmes foi esse distinto médico que era natural de Guimarães. [...]
A «vinda» de Sherlock à nossa cidade serviu ao curioso escritor, então já Professor da Faculdade de Medicina, Mestre de Medicina Legal e Director da Morgue, para o fazer «intervir» num tenebroso crime cujo mistério a todos assombrou e para, com a sagacidade do engenho desse arguto britânico, compor o melhor de um outro conto, com cena decorrente no Porto, que intitulou O truc de Mr. Raymond.
Pois será tema na nossa conversa de hoje nada mais nada menos que a análise do conto do Prof. João de Meira, Sherlock Holmes no Porto, com o sub-título Um cadáver que se evade."
(Excerto da apresentação)
Exemplar em bochura, bem conservado.
Muito invulgar.
20€

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