20 agosto, 2023

MACHADO, Falcão - COIMBRA, TERRA DE LENDAS : Lendas de Coimbra e Contos de Estudantes.
Colectânea de... Edição Comemorativa das Festas do Sexto Centenário da Rainha Santa Isabel
. Lisboa, Editor: Manuel Gonçalves, [1936?]. In-8.º (20,5 cm) de 125, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante compilação de pequenos contos da história de Portugal (18) e episódios da vida estudantil coimbrã (18). Textos anteriormente publicados em folhetins, na sua maioria, no Diário de Coimbra, em nome de Ala Bastro - o pseudónimo do autor.
"Eram os mouros os senhores de Coimbra, a que chamavam Medina-Colimbria, e davam-se muito bem com os frades do importante convento do Lorvão.
Porém, estes frades, conheciam que era muito importante passar Coimbra para o poder dos cristãos, visto que eram os cristãos os defensores da fé dos monges, que os mouros sòmente toleravam.
Imaginaram os frades um estratagema para os leoneses entrarem em Coimbra; e, concebido o seu plano, vão dois monges ter com o rei de Leão, a quem expõem o seu plano de conquista.
O monarca, D. Fernando, o «Magno», numa caçada que fizera, avançara muito para o sul e chegara a avistar Coimbra, cidade cuja beleza o encantou; toma-la, era seu intimo desejo, porque os seus olhos deslumbrados iam-se pela encantadora Medina-Colimbria.
Não prestando muita atenção ao plano dos frades, mas acedendo às intancias de Rui Dias de Bivar, o «Cid Campeador», guerreiro destemido, e de D. Sisnando, moçarabe culto da sua côrte, resolveu vir pôr cêrco a Coimbra, onde chegou no dia 20 de Janeiro de 1064."
(Excerto de Coimbra, Terra de Lendas - O Arco da Traição)
"Senhor de vastas terras alentejanas, onde sob o sol fecundo e criador cresciam uberrimos e fartos campos verdes de trigais que, quando doirado, eram sinal certo de abundancia de pão, o morgado resolvera, para matar o tedio que o envolvia no «monte» solarengo onde habitava, vir formar-se a Coimbra.
Para cá veio montado num velho macho troteiro e de boa estampa, e seguido por um criado, fiel servidor da casa e homem de prudente conselho.
Instalado em «republica», a vida de boemia alegre dos rapazes não agradou ao morgado, de seu animo aborrecedor de esturdias e espalhafatos.
A frequencia às aulas tambem lhe era monotona: as prelecções dos mestres enfastiavam-no, e à vida não achava já aquele sabor naturista e epicuristico, porque a sua idade pesava e o seu corpo obeso não lhe permitia «cavalarias altas» em serenatas às filhas de Coimbra, noute alta, nas vielas tortuosas e sombrias da Alta vetusta e medieval, ou no Choupal, ouvindo os gorgeios dos rouxinois alternando com o murmurio cantante das aguas do Mondego, que corria vagaroso beijando avida e gulosamente as pernas às lavadeirinhas gentis.
Não. Não era para ele esta vida de estudante de Coimbra, porque a mocidade já a passara e não voltaria."
(Excerto de Contos de Estudantes - Coimbra, terra de doutores)
Índice:
Intróito. | Coimbra, Terra de Lendas - [18 lendas]. | Contos de Estudantes - [18 contos].
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com pequenos defeitos. Contracapa apresenta alguns (poucos) escritos a caneta.
Muito invulgar.
35€

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