23 novembro, 2019

RIBEIRO, Thomaz - JORNADAS. Primeira parte: Do Tejo ao Mandovy. Coimbra, Livraria Central de José Diogo Pires - Editor, 1873. In-8.º (19 cm) de 403, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante livro de crónicas de viagem publicado em duas partes. O presente volume trata da 1.ª parte das Jornadas. A segunda parte seria publicada no ano seguinte (1874), com o sub título: Entre palmeiras (de Pangim a Salsete e Pondá).
Livro muitíssimo valorizado pela dedicatória autógrafa do autor a Juvenal Palmeirim.
"Viaja-se para instrucção ou para recreio. Tambem se viaja para recobrar saude. Não sei d'outros fins que tenha o viajar.
Eu por mim, despachado em março de 1870 secretario geral do governo da India, no meu trajecto por Hespanha, França, Egypto, Aden e Bombaim, até Goa, não posso rigorosamente dizer que viajei, porque nem levava intento de estudar nem de divertir-me, nem de retemperar a saude, e só sim de jornadear, para chegar ao meu destino.
É por isso que chamo jornadas e não viagens ao meu despretencioso itinerario.
Nos poucos dias em que descançava, e até nas carruagens inquietas do caminho de ferro e no toldo balouçado dos navios, tomei apontamentos fugitivos dos paizes que iamos percorrendo. São esses apontamentos que hoje vos offereço."
(Excerto do preâmbulo, Aos meus leitores)
Tomás António Ribeiro Ferreira (Parada de Gonta, Tondela, 1 de Julho de 1831 - Lisboa, 6 de Fevereiro de 1901), mais conhecido por Tomás Ribeiro (Thomaz Ribeiro, na época), foi um político, publicista, poeta e escritor ultra-romântico português. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, exerceu advocacia durante pouco tempo, pois cedo enveredou pela carreira política.
Membro destacado do Partido Regenerador, foi Presidente da Câmara Municipal de Tondela, Deputado, Par do Reino, Ministro da Marinha, Ministro das Obras Públicas e Governador Civil dos distritos de Braga e do Porto. Foi ainda secretário-geral do governo da Índia Portuguesa e embaixador de Portugal no Brasil. Eleito sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa foi presidente da sua Classe de Letras. Escritor e jornalista multifacetado, Tomás Ribeiro deixou uma obra vastíssima.
Foi pai da poetisa Branca de Gonta Colaço e avô do escritor Tomás Ribeiro Colaço.
Concluiu os seus estudos preparatórios no Liceu de Viseu, tendo de seguida ingressado no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Em Coimbra, integrou-se no grupo de O Novo Trovador e no círculo de António Feliciano de Castilho, cultivando amizades e influências que o acompanhariam ao longo das suas carreiras política e literária. Concluiu o seu curso de Direito em 1855.
Já era deputado quando publicou em 1862 a obra D. Jaime ou a dominação de Castela, que tinha escrito, em verso, quando estava no Brasil e antes do exílio do imperador D. Pedro II com a sua família para o Reino de Portugal a quem dirigia. Antecipadamente enaltecia a pátria que depois veio a acolher o monarca, fazendo-lhe recordar a sua grandiosa história comum e a beleza que lá iria encontrar, com a célebre frase "Jardim da Europa à beira-mar plantado”.
Logo depois, com seu consentimento, este poema foi editado com o propósito de parecer inspirado nas rivalidades entre Portugal e Espanha e de carácter marcadamente anti-iberista, o que na ocasião estava longe de ser politicamente correcto. Com esta publicação Tomás Ribeiro foi projectado para a ribalta literária, não apenas devido ao mérito intrínseco da sua obra, mas também devido a uma elogiosa Conversação preambular da autoria de António Feliciano de Castilho que prefaciava a obra. Nesse prefácio, Castilho considera o jovem autor comparável a Luís de Camões, afirmando que o poema é mais adequado ao ensino da língua portuguesa que Os Lusíadas. O poema foi um grande êxito, com sucessivas edições em Portugal e no Brasil. Valeu-lhe logo em 1862 a eleição para sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa.
O louvor de Castilho, num prefácio longo em que exalta a autenticidade nacionalista e a simplicidade natural da obra de Tomás Ribeiro, foi um dos pretextos que levaria anos depois, em 1865, a despoletar o choque latente entre os poetas do Romantismo e a nova geração de intelectuais na célebre Questão Coimbrã. Este conflito literário e cultural opôs, de um lado, os poetas românticos, e de outro, os jovens escritores e poetas que pugnavam pela abertura literária de Portugal ao Realismo, corrente que já dominava na literatura europeia, com destaque para a francesa, a tradicional cultura de referência da intelectualidade portuguesa.
Tomás Ribeiro faleceu em Lisboa no dia 6 de Fevereiro de 1901, tendo sido sepultado no lisboeta Cemitério dos Prazeres."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel. Assinatura de posse do proprietário, destinatário da oferta do autor, na capa. Deve ser encadernado.
Raro.
75€

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