MARTINS, José F. Ferreira - A GRANDE AMOROSA (romance). Por... Porto, Livraria Civilização Editora, 1938. In-12.º (14 cm) de 222, [2] p. ; B. Colecção Civilização, N.º 89
1.ª edição.
Romance-ensaio sobre o amor e a sensualidade cuja acção decorre em Lisboa.
"A Grande Amorosa transparece através duma ligeira descrição da sentimentalidade dessas mulheres, que, se ocultam, em geral, por imposição, aos cálidos olhares do homem, êle as adivinha como possuindo qualidades que o pudor não consegue nelas sufocar.
Para a bailadeira, assim como para toda a mulher hindu, o amor é, na verdade, a conquista da sua liberdade física. Mesmo assim ele prefere esta, que lhe representa a hora radiante da sua vida, porque se sente liberta do anátema que os preceitos sociais lhe impõem despòticamente, livrando-se da escravidão a que alguns dogmas religiosos a submetem.
Ela não sabe o que amar, até ao dia em que, partindo as grilhetas da submissão, que a força a vender o corpo, se deixa prender nos laços do amor, nascido espontâneamente no seu peito. Nesta altura, ela surge em tôda a sua beleza moral, do pântano social onde se escraviza, para entrar radiante e perfumada, nos domínios do amor em que se individualiza.
A bailadeira, quando ama, submete-se e humilha-se, reconhecendo sòmente que é amor, quando até a vida possa dar em holocausto, ao homem.
Fá-lo, então, livremente, e não como escrava.
E, assim, ela ama com ardência, ama com loucura, e junto do homem a quem se entrega espontâneamente, como se o seu deus fôsse, ela cai em delíquo, sofrendo docemente e alcançando os céus estrelados da sua felicidade, nos seus braços amorosos..."
(Excerto do Prólogo, A «Grande Amorosa» (Bailadeira))
"Março primaveril. Era um dia risonho, formoso dia de sol resplendente, jardins matizados de irídias fascinadoras, e cheios de rosas voluptuosas bailando das hastes ao sabor da brisa fresca. O ar puro, impregnado de perfumes dulcíssimos, alimenta as almas com feitiços enganadores.
Nos largos e nas ruas de Lisboa brilha a felicidade, expande a ventura, viceja a paz. A cidade baixa, sorridente, vive horas de alegria. No olhar dos homens e das mulheres luz a esperança, e no coração, talvez, o cândido amor, que amparado na Virtude volteja em busca dos paraísos em que sonha... e, par a par, deambula o Vício a sorver do cálice da amargura as falazes doçuras da vida.
São cinco da tarde, hora elegante, hora da moda. As principais ruas assemelham-se às alamedas dum jardim florido, onde miríades de formosas borboletas adejam em volteios alegres.
Era uma segunda-feira, dia da semana em que se admiram as montras, através de vidros polidos, em caprichosos arranjos, as últimas criações em chapéus, vestidos, bóinas, bordados, todos êsses mil e um atractivos, que fazem a felicidade da mulher, do homem, dos ricos e até dos pobres.
A essa hora, mais ou menos, apeando-se na Praça de Camões e atravessando ligeira o Largo das Duas Igrejas, seguia pelo Chiado abaixo, uma formosa dama, em talheur cinzento-claro, de corte elegante.
- Linda mulher, não há dúvida... - confidenciou o vélho e incorrigível galã, Carlos Marques, ao companheiro do lado.
- O que nela admiro, meu vélho, são aqueles formosíssimos olhos verdes, que têm expressão tão sedutora e... decidida."
(Excerto do Cap. I da Primeira Parte, Doçuras do Amor)
Índice:
Prólogo. Primeira Parte - Doçuras do Amor. Segunda Parte - Triunfo do Amor. Terceira Parte - Chamas do Amor.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Lomdada idem. Sem f. anterrosto.
Raro.
20€
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