LOBATO, Manuel Pereira - A QUEDA D'UM GIGANTE : romance original do seculo XVI. Lisboa, Lucas & Filho - Editores, 1875. In-8.º (17,5 cm) de 272 p. ; il. ; B. Bibliotheca Universal Dedicada ao Visconde de Castilho, N.º 16
1.ª edição.
Romance histórico cuja acção decorre no reinado de D. Sebastião. Obra dedicada pelo autor a Teixeira de Vasconcelos.
Livro ilustrado na 1.ª página de texto com uma capitular e uma bonita gravura da autoria de Leote.
"Ia o anno do Senhor de 1574 a meio do ultimo quartel quando occupava o throno de Portugal esse louco de Alcacer-Quibir a quem o povo intitulou o desejado.
Estava elle então em Tanger.
Embarcara para lá com os fidalgos da sua casa, as guardas e quatrocentas lanças do duque de Bragança.
Fôra ver a Africa e experimentar o mouro.
E fôra contra o parecer de todos os velhos guerreiros e dos homens sisudos da nação.
Mas o principe ardia em febre se não realisasse esse sonho querido da sua infancia.
Embalaram-n'o com as proezas de Carlos Magno, e disseram-lhe que havia de ser imperador de Marrocos e o destruidor do islamismo.
Deploravel educação, e desgraçadas as consequencias d'ella!
Estando em Tanger commettia loucuras inacreditaveis. Desafiava os mouros, batia-se com elles, e arriscava insensatamente a vida, que era tão preciosa para a nação.
O povo soube isto. E soube-o por uns fidalgos que elle deportara em virtude de o contrariarem, contendo-o e reprimindo-o nos seus impetos guerreiros.
Depois de uma refrega, em que felizmente ficamos victoriosos, não lhe permittiram os fidalgos que perseguisse os mouros, receando alguma emboscada.
O rei deportou-os, porque o tinham ferido no seu orgulho.
Estes fidalgos chegaram a Lisboa no dia 15 de novembro, e contaram o que se passara em Tanger.
Não foi preciso mais nada para o povo se amotinar.
Poucas horas depois da noticia começaram os murmurios nas lojas, os agrupamentos nas ruas, e misteiraes e negociantes e alguns fidalgos velhos romperam em clamores contra o escrivão da puridade.
Faziam este homem causa principal das loucuras do principe.
Martim Gonçalves da Camara, padre da Companhia, era o primeiro ministro d'el-rei e o seu pricipal conselheiro.
O irmão d'elle, Luiz Gonçalves, fôra o perceptor e educara D. Sebastião para protector do Instituto e não para governador do reino.
Desenvolvera-lhe as inclinações naturaes para o grande e para o maravilhoso, para a guerra e para a conquista. O seu fim era desvial-o dos negocios internos do paiz para firmar o poder já então importante da Companhia de Jesus."
(Excerto do Cap. I, Abaixo o escrivão)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Manuseado. Capas e lombada frágeis com defeitos. F. rosto exibe pequena falha de papel no canto superior direito. Interior com manchas da acidez.
Invulgar.
Indisponível
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