03 novembro, 2019

ALMADA, José de - CONVENÇÕES ANGLO-ALEMÃS RELATIVAS ÀS COLÓNIAS PORTUGUESAS. Por... Consultor Colonial do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Lisboa, Edições do Estado Maior do Exército, 1946. In-4.º (24,5 cm) de 149, [7] p. ; [1] mapa ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história da diplomacia entre as duas potências europeias - Inglaterra e Alemanha, e Portugal como "espectador interessado", no período de altos e baixos - avanços e recuos, que se seguiu à assinatura do Ultimato até à Primeira Guerra Mundial, tendo como ponto de discussão as colónias portuguesas em África, e a sua "redivisão" pelas potências assinaladas.
Ilustrado com um mapa desdobrável: Africa : Sohth of Equador, Showing existing Boundary Treaties (55,5x44cm).
"No início da segunda metade do séc. XIX, parecia que as relações luso-germânicas tinham à sua frente um futuro promissor. A evolução da política, contudo, veio perturbar este panorama: a fundação do II Reich e a evolução da questão colonial envenenaram gradualmente a convivência entre os dois Países, tendo sido, efetivamente, a segunda que cavou as mais fundas desinteligências entre Portugal e a Alemanha. [...]
Portugal atravessava grave crise financeira e necessitava de acelerar o desenvolvimento dos territórios africanos. Devido à escassez de fundos, a 16 de maio de 1896, encetou negociações com Londres para a obtenção de um empréstimo, fornecendo em troca a garantia sobre as alfândegas coloniais. A Alemanha interveio, pois pretendia o empréstimo em comum e não que as potências o fizessem em separado. Assim, propôs à Inglaterra, um empréstimo comum a Portugal, garantido pelos rendimentos das alfândegas coloniais, atribuídos a um e a outro país de acordo com uma divisão em “esferas de influência». No caso hipotético de Portugal não pagar ou se houvesse distúrbios graves que levassem à queda do Império, cada país assumiria as respectivas responsabilidades dentro da sua esfera de influência.

A Inglaterra não desejava a Alemanha como inimiga, pelo que iniciou conversações, em junho de 1898. Era importante garantir a neutralidade alemã, dado que esta só deixaria de apoiar os boer se a Inglaterra assinasse um acordo para a “redivisão” da África Austral em «esferas de influência». A 30 de agosto de 1898, procedeu-se à assinatura, entre ingleses e alemães, de três documentos: convenção sobre o possível pedido de empréstimo feito por Portugal; convenção secreta para a hipótese de Portugal não poder manter as suas colónias africanas ao Sul do Equador e a ilha de Timor; nota
secreta sobre concessões nas «esferas de influência». Os dois Países comprometiam-se a um empréstimo comum, dividindo os rendimentos das alfândegas de Angola, Moçambique e Timor. [...]

Em 1912, a Inglaterra questionou a aliança com Portugal, que se encontrava fragilizado pela conjuntura pós-revolucionária da Primeira República, iniciando uma revisão formal do acordo secreto de 1898, com a Alemanha, o que agravava a situação financeira de Portugal, provocando um empréstimo mútuo, com a garantia das alfândegas coloniais. Desta vez, as promessas e facilidades oferecidas pela Inglaterra procuravam desencorajar os alemães de prosseguirem o seu programa naval (para a partilha da Ásia), desenvolvido na última década do séc. XIX e que só “poderia ser um desafio direto a Inglaterra”.
Segundo a versão alemã, o preâmbulo da Convenção deveria prevenir e obviar as “complicações internacionais de uma possível crise financeira em Portugal, nomeadamente mantendo a sua integridade e independência e preservando os interesses das colónias alemãs e inglesas contíguas às portuguesas.” Os trabalhos para a revisão decorreram em 1913, nunca tendo sido publicado um texto final, entre outros motivos, porque a França teve conhecimento das negociações, sobre as quais começou a suscitar dúvidas.
Seguiu-se a Grande Guerra, o que impediu a conclusão do “famigerado” acordo."

(Fonte: https://www.revistamilitar.pt/artigo/921)
Índice:
Introdução. | I Parte: As Convenções de 1898. | II Parte: A Convenção de 1913.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
40€

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