27 setembro, 2024

CEBOLA, Luís -
MEMÓRIAS DE ESTE E DO OUTRO MUNDO. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso nas Oficinas Gráficas Scarpa, Lda. - Lisboa], 1957. In-8.º (19x12 cm) de 98, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Livro de memórias do conhecido médico alienista Luís Cebola. Encontra-se organizado em duas partes: a primeira - Memórias deste mundo - diz respeito às suas memórias, desde rapaz novo até à sua situação de médico reputado; a segunda - Memórias do outro mundo - inclui as reflexões sobre o seu trabalho na área da psiquiatria.
Contém ainda referências ao poeta Fernando Pessoa, bem como a Egas Moniz, seu colega, por quem manifesta alguma aversão e antipatia.
"Quase todo este livro foi escrito em 1953, ao correr da pena, sob a forma de episódios, extraídos do subconsciente e de velhos papeis, guardados há muitos anos. Eis a razão de nem sempre seguirem a ordem cronológica.
Também lhes juntei breves recordações de viagens de estudo em vários países, iniciativas de progresso que criei no Hospital Psiquiátrico do Telhal, e alguns trechos das minhas obras, versando novos temas de Psicopatologia e Direito Penal, em relação com a loucura, porque as edições se encontram esgotadas."
(Excerto da Nota preliminar)
Índice:
Nota preliminar. | Primeira Parte - Memórias deste mundo. | Segunda Parte - Memórias do outro mundo.
José Luís Rodrigues Cebola Júnior (Alcochete, 1876 - Lisboa, 1967). "Foi um psiquiatra, director clínico da Casa de Saúde do Telhal e escritor português. Luís Cebola, médico alienista, estudou no Colégio Almeida Garrett, em Aldeia Galega (actual Montijo), onde completou os três primeiros anos do curso liceal, sendo depois transferido para o Liceu Nacional de Évora. De 1895 a 1900, realizou a preparação para os estudos médico-cirúrgicos na Escola Politécnica de Lisboa. Estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa de 1899 a 1906. A decisão de seguir a especialidade de doenças nervosas ou psiquiatria surgiu, segundo Cebola, durante o 4.º ano do curso, após a leitura do livro, Les psychonévroses et leur traitement moral (1904), do neuropatologista suíço Paul Charles Dubois (1848-1918). Em 1906 defendeu a sua tese inaugural, A Mentalidade dos Epilépticos, sob a orientação do Professor Miguel Bombarda no Hospital de Rilhafoles. O objectivo do seu trabalho consistiu em investigar se havia alguma lei psicopatológica nos escritos e obras artísticas (desenhos, cartas, livros, etc.) dos epilépticos aí internados.
Luís Cebola foi nomeado director clínico da Casa de Saúde do Telhal (pertencente à Ordem Hospitaleira de São João de Deus), a 2 de Janeiro de 1911, por Afonso Costa em representação do Governo Provisório da República Portuguesa, cargo que desempenhou até 1948. Enquanto director clínico parece ter sido responsável pela introdução e desenvolvimento da ergoterapia ou laborterapia, que visava a recuperação dos pacientes através do trabalho dirigido. E ainda, pela prática de uma psiquiatria social ou comunitária, i.e., uma terapêutica humanitária que visava incentivar a interacção social entre pacientes, médicos, enfermeiros, irmãos e familiares, através da prática de ofícios e de actividades artísticas, lúdicas e desportivas.
Inspirado pelas muitas viagens de estudo que fez pela Europa, com o objectivo de se manter informado em relação às inovações teóricas e metodológicas que ocorriam na psiquiatria, Luís Cebola pretendia que a Casa de Saúde do Telhal se transformasse numa instituição moderna, estando na vanguarda das terapêuticas e apostando no melhoramento da qualidade dos pavilhões e espaços exteriores. Pretendia seguir o exemplo da assistência moral aos alienados e das colónias agrícolas que visitara na Bélgica, França e Inglaterra, onde observara resultados muito positivos na evolução dos pacientes. Por volta de 1925, fundou na Casa de Saúde do Telhal um museu ergoterápico ou “da loucura”, segundo as palavras do próprio Cebola, onde reuniu obras artísticas (esculturas, desenhos, pinturas, poemas, etc.) produzidas pelos seus pacientes. Cebola estimulou ainda, com o apoio dos Irmãos Hospitaleiros, a produção de periódicos manuscritos pelos pacientes nos quais estes relatavam eventos do quotidiano e publicavam os seus poemas, escritos e anedotas. Luís Cebola terá também proposto aos Irmãos de São João de Deus a criação de uma Escola de Enfermagem. Esta foi fundada em 1936 e ficou sob a direcção de Meira de Carvalho, clínico geral, que entrara na Casa de Saúde do Telhal em 1931, como médico assistente. No final do ano de 1936, Cebola iniciou um curso de psiquiatria que funcionava em paralelo às aulas de enfermagem geral, visando ensinar aos Irmãos os princípios modernos da assistência a alienados."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Primeiras páginas levemente amarelecidas na margem lateral por acção da humidade.
Muito invulgar.
25€

Sem comentários:

Enviar um comentário