02 setembro, 2024

ABREU, Solano de -
PALESTRAS. Fanatismo. Mutualidade. Beneficiencia. Patria. Arte.
Edição de Antonio Augusto Salgueiro. Abrantes 1912. Abrantes, Typographia Morgado, 1912. In-8.º (22x16,5 cm) de 38, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Conjunto de palestras proferidas entre 1901 e 1912 subordinadas a temas diversos, alguns relacionados com Abrantes, terra natal do autor.
Obra desconhecida de Solano de Abreu, não mencionada nas biografias consultadas e sem registo na Biblioteca Nacional. Por certo com tiragem reduzida.
Com indubitável interesse para a compreensão do pensamento deste importante vulto da cultura abrantina nalgumas matérias momentosas.
"No homem ha o arrojo da concepção, o delineamento da forma, a firmesa da execução, mas, sem a influencia dum ideal extranho, todo esse trabalho é como uma luz sem calor, um céo sem sol, um reflexo sem brilho, um corpo sem alma. Só a mulher tem, propriamente em si, harmonias que são trechos de inspirada musica; dedicações, que são estancias de heroicos poemas; deveres cumpridos, que são scenas de arrebatadores dramas; sacrificios feitos, que são martirios de gloriosa redempção; attitudes, energias, lagrimas, sorrisos, recusas, supplicas que têm sido retratadas pelo pincel dos mais habeis pintores, e representadas pelo cinzel dos mais talentosos estatuarios.
Quando lhe negam essa justiça desconhecem-lhe de todo o seu valor como primeira cellula do organismo social. Os povos primitivos tratavam-n'a como escrava, porque para elles a familia não assentava em bases definidas, nem estava cimentada com amor santificado com que o christianismo a solidificou.
Nas sociedades modernas ha ainda quem a considere como ser inutil, porque ha quem a furte á organisação do lar, onde ella brilha com o resplendor de todas as suas virtudes, para lhe atrophiar o espirito no celibato em nome duma religião, que, nas suas verdadeiras doutrinas, lhe marca outro fim, e lhe indica outro destino. [...]
A redempção da mulher pelos tormentos, pelos sacrificios, pelas abnegações, suggerida pelo misticismo religioso, é falsa porque é fanatica, é anti-social e deshumana, porque despedaça cruelmente, barbaramente, os carissimos laços da familia."
(Excerto de Fanatismo)
Francisco Eduardo Solano de Abreu (1858-1941). "Nasceu a 19 de Julho de 1858 em Abrantes, tendo-se formado em Direito pela Universidade de Coimbra em 1885. Embora tenha exercido advocacia e a magistratura, foi noutras áreas que se tornou conhecido na sociedade abrantina, nomeadamente como empresário agrícola e sobretudo na área de assistência social, onde a sua filantropia o tornou estimado de muita gente a quem ajudou a minorar múltiplas carências socio-económicas. A título de exemplo refira-se a fundação em 1921 da Sopa dos Pobres ligada ao Montepio Abrantino a cujos corpos sociais pertenceu. Pelas suas atividades humanitárias recebeu o grau de Comendador da Ordem de Benemerência e a medalha de Mérito, Filantropia e Generosidade.
Homem de cultura e amante das atividades cénicas, foi diretor do jornal "Correio de Abrantes e escreveu romances e peças de teatro, como a revista "No País da Aletria" que foi representada no desaparecido Teatro Ator Taborda. Solano de Abreu faleceu em 1941."
(Fonte: ae1abrantes.esdrsolanoabreu.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e falhas de papel marginais. Com mancha antiga de humidade junto da lombada. Interior correcto.
Raro.
Sem registo na BNP.
20€

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