30 setembro, 2024

BARRADAS, Lereno A. -
VIAS ROMANAS DAS REGIÕES DE CHAVES E BRAGANÇA.
[Por]... Sócio da Associação dos Arq. Portugueses. Guimarães, [s.n. - Oficinas Gráficas da Companhia Editora do Minho, Barcelos], 1956. In-8.º (22,5x16 cm) de 
1.ª edição independente.
Separata do volume LXVI da «Revista de Guimarães».
Interessante subsídio histórico para o conhecimento das vias romanas na região de Trás-os-Montes.
Ilustrado com inúmeras fotografias em página inteira e quadros, tabelas e mapas, sendo alguns deles desdobráveis.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. José Coelho, "estudioso das vias romanas de Portugal".
Numa rápida passagem por Chaves, nos fins de 1938, tivemos a sorte de tomar conhecimento de um miliário de Augusto, inédito, abandonado na Serra da Pastoria, publicando acerca dele na boa revista «Brotéria», de Maio de 1939, e por amabilidade especial do saudoso Pe. Eugénio Jalhay, um artigo intitulado: «Um marco miliário da via romana de Braga a Chaves».
Voltando novamente à região, na passagem de 1954 para 1955, com mais demora,  procuramos esclarecer certas dúvidas que então se nos depararam sobre o que escrevemos, por meio de mais pormenorizada visita aos sítios por onde se supõe que tenha passado a via romana a que esse padrão deveria pertencer. Infelizmente o tempo foi bem mais escasso do que prevíamos, e por outro lado, insensìvelmente, fomos alargando o campo estudado a outras vias romanas das regiões de Chaves e Bragança."
(Excerto do Prólogo)
Índice:
Prólogo | I - Vias romanas. II - O tempo e as vias romanas. III - Esquema viário das regiões de Chaves e Bragança. IV - Via «Bracara Augusta - Aquas Flavias». V - Via «Aquae Flaviae - Asturicam Augustam». VI - Via «Aqua Flaviae - Pallantiam». VII - Via «Asturica Augusta - Campo mineiro de Jales». VIII - Via «Iria Flavia - Durium». IX - Via «Lucus AugustI - Durium» (Régua). X - O significado do «Padrão dos Povos». XI - Os padrões viários das regiões de Chaves e Bragança. | Apêndice | Obras consultadas | Quadros e Gráficos | Índice das gravuras.
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Cadernos soltos.
Muito invulgar.
Indisponível

29 setembro, 2024

SALOMÃO, Ricardo & GAMBOA, Pedro -
DETECTIVES PARTICULARES EM PORTUGAL.
Por... E ainda entrevistas com: Insp. Varatojo; Artur Cortês; Diplo; Dinis Machado. Lisboa, Margem, [1985]. Oblongo (17,5x24 cm) de 56, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Livro curiosíssimo, algo insólito, dá a conhecer o mundo dos serviços de investigação privados na década de 80.
Trata-se de uma reportagem sobre esta actividade marginal, de "espionagem", ilegal na época.
"Quem não conhece Columbo ou Mike Hammer como exemplos de detective americano, ou Sherlock Holmes e Miss Marple no caso inglês, ou ainda Poirot e Maigret no universo da língua francesa? Mas do "seu" detective o público português nada sabe. [...]
Nós quisemos saber quem é o detective português.
A legislação proíbe, ou, na melhor das hipóteses, não prevê a existência de investigação privada. Mas o facto é que nas "Páginas Amarelas" várias empresas de investigação anunciam os seus serviços; a verdade é que diariamente os jornais trazem nas colunas dos pequenos anúncios, ao lado dos astrólogos, das massagistas, dos clubes gay e das orações ao "Divino Espírito Santo", os préstimos de inúmeros detectives privados, na sua maioria sem qualquer espécie de qualificação ou princípios deontológicos, o que desperta a gula de muitos vigaristas.
Não estão dentro as regras legais, pouco se falando deles, mas... bem à nossa frente trabalham os detectives particulares.
Classe dividida por lutas e intrigas internas, está também dividida em tipos básicos, formando modelos que nos servem para uma apreciação global.
Saímos para a rua à procura do detective nacional e encontrámos quatro tipos distintos de detective. Estes quatro tipos agrupam-se em duas grandes divisões: As empresas e os free lancers. Para além desta distinção de "status" há naturalmente, e como seu efeito, um discurso que no primeiro grupo tem na "legalidade" o seu leitmotiv, em oposição ao outro grupo que se encontra num assumido discurso de marginalidade."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Introdução | Tipo I - O Troféu Tanit; - Ruper - O Homem da Rua. | Tipo II - "Há coisas que não queremos falar". | Tipo III - O Típico. Tipo IV - O Tipo; O Tipo na cidade | Contratipo - O Detective Barroco | Opinião: Polícia Judiciária - A Perspectiva do Estado; Inspector Varatojo - Governo devia Legalizar | Ficção: Diplo - O Detective possível; Artur Cortez; Dinis Machado.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Sem registo na BNP.
50€

28 setembro, 2024

AGUILAR, Eduardo de -
LAGRIMAS E ROSAS. Peça dramatica, em prosa.
Preço 800 (oitenta centavos). Porto, Companhia Nacional Tipográfica, 1921. In-8.º (19x12,5 cm) de 29, [3] p. ; B.
1.ª edição.
Curiosa peça de teatro de teor confessional, dedicada pelo autor ao "Ex.mo Sr. Tenente Coronel Luiz de Mello e Athayde, ilustre dirétôr de «A Luz»".
Rara e muito interessante.
"A cena representa a cela habitada por Sóror Manuela. Á D. A. o catre - É D. B. uma mesa sobre a qual se veem varios livros sacros e uma caveira - Á E. um pequeno altar, sobre o qual está um crucifixo rodeado de jarrões com rosas. Ao F. uma porta, tendo ao largo uma alta fresta gradeada. É de noite.
Ao levantar o pano, muito lentamente, ouve-se ao longe um côro de freiras, acompanhado a orgão. Esse côro prolonga-se ate ás primeiras frases de Manuel. Depois vae-se sumindo até findar. Manuel, enquanto o pano sobe e depois, durante uns segundos, acha-se sentada e com a cabeça enterrada entre as mãos. Parece adormecida. A seus pés, de joelhos e fitando-a docemente, Sóror Candida. Ambas vestem o habito negro, de escapulario branco."
(Introito)
Eduardo de Aguilar (1875-1942). “Nasceu no Porto a 5 de Março de 1875, falecendo em Lisboa no ano de 1942. Além da função de contabilista que exerceu mais tardiamente, é com ligação à área das letras, nomeadamente através da actividade jornalística, que Eduardo de Aguilar se estreia no plano profissional. Com uma obra literária de cariz popular que oscila entre a tendência neo-romântica e incursões no realismo, Eduardo de Aguilar foi autor do livro de versos Cantigas à Bandarra (1924), a única obra poética que se lhe conhece, tendo-se destacado, sobretudo, enquanto romancista e autor dramático. No âmbito do romance, género a partir do qual granjeou a simpatia da crítica jornalística, publicou, no ano de 1912, A morgadinha de Silvares, a edição a favor da Sociedade das Escolas Liberais intitulada De profundis e O mistério da ressurreição. No ano seguinte, foi autor do romance Tragédias de Roma, que atraiu a atenção e as melhores críticas da imprensa da época, e, em 1921, publicou Amores Trágicos e o romance realista A caminho das trevas. Seguiram-se-lhes Almas gentis de namorados e Os fidalgos do cruzeiro, ambos publicados em 1922, e posteriormente O ilustre Bernardo, Vida de miseráveis e Entre espadas e amores, tendo sido ainda autor do romance campestre Os sinos da minha aldeia (1941)."
(Fonte: http://vcp.ul.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=43&Itemid=122#porto_01)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas vincadas, manchada na capa frontal.
Raro.
Indisponível

27 setembro, 2024

CEBOLA, Luís -
MEMÓRIAS DE ESTE E DO OUTRO MUNDO. Lisboa, [s.n. - Composto e impresso nas Oficinas Gráficas Scarpa, Lda. - Lisboa], 1957. In-8.º (19x12 cm) de 98, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Livro de memórias do conhecido médico alienista Luís Cebola. Encontra-se organizado em duas partes: a primeira - Memórias deste mundo - diz respeito às suas memórias, desde rapaz novo até à sua situação de médico reputado; a segunda - Memórias do outro mundo - inclui as reflexões sobre o seu trabalho na área da psiquiatria.
Contém ainda referências ao poeta Fernando Pessoa, bem como a Egas Moniz, seu colega, por quem manifesta alguma aversão e antipatia.
"Quase todo este livro foi escrito em 1953, ao correr da pena, sob a forma de episódios, extraídos do subconsciente e de velhos papeis, guardados há muitos anos. Eis a razão de nem sempre seguirem a ordem cronológica.
Também lhes juntei breves recordações de viagens de estudo em vários países, iniciativas de progresso que criei no Hospital Psiquiátrico do Telhal, e alguns trechos das minhas obras, versando novos temas de Psicopatologia e Direito Penal, em relação com a loucura, porque as edições se encontram esgotadas."
(Excerto da Nota preliminar)
Índice:
Nota preliminar. | Primeira Parte - Memórias deste mundo. | Segunda Parte - Memórias do outro mundo.
José Luís Rodrigues Cebola Júnior (Alcochete, 1876 - Lisboa, 1967). "Foi um psiquiatra, director clínico da Casa de Saúde do Telhal e escritor português. Luís Cebola, médico alienista, estudou no Colégio Almeida Garrett, em Aldeia Galega (actual Montijo), onde completou os três primeiros anos do curso liceal, sendo depois transferido para o Liceu Nacional de Évora. De 1895 a 1900, realizou a preparação para os estudos médico-cirúrgicos na Escola Politécnica de Lisboa. Estudou na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa de 1899 a 1906. A decisão de seguir a especialidade de doenças nervosas ou psiquiatria surgiu, segundo Cebola, durante o 4.º ano do curso, após a leitura do livro, Les psychonévroses et leur traitement moral (1904), do neuropatologista suíço Paul Charles Dubois (1848-1918). Em 1906 defendeu a sua tese inaugural, A Mentalidade dos Epilépticos, sob a orientação do Professor Miguel Bombarda no Hospital de Rilhafoles. O objectivo do seu trabalho consistiu em investigar se havia alguma lei psicopatológica nos escritos e obras artísticas (desenhos, cartas, livros, etc.) dos epilépticos aí internados.
Luís Cebola foi nomeado director clínico da Casa de Saúde do Telhal (pertencente à Ordem Hospitaleira de São João de Deus), a 2 de Janeiro de 1911, por Afonso Costa em representação do Governo Provisório da República Portuguesa, cargo que desempenhou até 1948. Enquanto director clínico parece ter sido responsável pela introdução e desenvolvimento da ergoterapia ou laborterapia, que visava a recuperação dos pacientes através do trabalho dirigido. E ainda, pela prática de uma psiquiatria social ou comunitária, i.e., uma terapêutica humanitária que visava incentivar a interacção social entre pacientes, médicos, enfermeiros, irmãos e familiares, através da prática de ofícios e de actividades artísticas, lúdicas e desportivas.
Inspirado pelas muitas viagens de estudo que fez pela Europa, com o objectivo de se manter informado em relação às inovações teóricas e metodológicas que ocorriam na psiquiatria, Luís Cebola pretendia que a Casa de Saúde do Telhal se transformasse numa instituição moderna, estando na vanguarda das terapêuticas e apostando no melhoramento da qualidade dos pavilhões e espaços exteriores. Pretendia seguir o exemplo da assistência moral aos alienados e das colónias agrícolas que visitara na Bélgica, França e Inglaterra, onde observara resultados muito positivos na evolução dos pacientes. Por volta de 1925, fundou na Casa de Saúde do Telhal um museu ergoterápico ou “da loucura”, segundo as palavras do próprio Cebola, onde reuniu obras artísticas (esculturas, desenhos, pinturas, poemas, etc.) produzidas pelos seus pacientes. Cebola estimulou ainda, com o apoio dos Irmãos Hospitaleiros, a produção de periódicos manuscritos pelos pacientes nos quais estes relatavam eventos do quotidiano e publicavam os seus poemas, escritos e anedotas. Luís Cebola terá também proposto aos Irmãos de São João de Deus a criação de uma Escola de Enfermagem. Esta foi fundada em 1936 e ficou sob a direcção de Meira de Carvalho, clínico geral, que entrara na Casa de Saúde do Telhal em 1931, como médico assistente. No final do ano de 1936, Cebola iniciou um curso de psiquiatria que funcionava em paralelo às aulas de enfermagem geral, visando ensinar aos Irmãos os princípios modernos da assistência a alienados."
(Fonte: wikipédia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Primeiras páginas levemente amarelecidas na margem lateral por acção da humidade.
Muito invulgar.
25€

26 setembro, 2024

MARTINS, Dr. Francisco - DISCURSOS. In-8.º (22x14,5 cm) de 17, [3]p. ; [1] f. il. (I) - 45, [3] p. (II) - 45, [3] p. (III) - 51, [1] p. (IV) - 33, [3] p. (V) - 31, [1] p. (VI) - 20 p. (VII) - 32 p. (VIII) ; E.
1.ª edição.
Livro composto por oito obras, todas com folha de rosto próprio, publicadas entre 1890 e 1904, incluindo sermões, orações, discursos, alocuções, e um relatório acerca de um compêndio proposto pelo autor para a disciplina de História Eclesiástica na Faculdade de Teologia da UC.
Ilustrado com uma estampa extra-texto no primeiro opúsculo - "Oração funebre que nas exequias solemnissimas de Sua Magestade El-Rei D. Luiz celebradas pela Universidade de Coimbra...".
O autor, figura de destaque do ensino na época, foi presbítero e professor catedrático na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra e, mais tarde, no início do século XX, reitor do Liceu Nacional Central do Porto.
Exemplar valorizado pelo seu autógrafo com dedicatória ao "afilhado e amigo Alberto Moreira da Rocha Brito". A data visível na pasta anterior - "26-XII-903" - assinala o sacramento da Confirmação de Rocha Brito (1885-1955), que viria a ser "persona grata" de Coimbra e distinto professor da Faculdade de Medicina na Universidade, tendo obtido projecção na área da Dermatologia e Epidemiologia.
Encadernação em percalina com ferros gravados a seco e a negro e ouro nas pastas e na lombada.
Raro.
45€

25 setembro, 2024

[COELHO, Latino] -
A OPPOSIÇÃO SYSTEMATICA : proverbio em um acto
. Lisboa Na Imprensa Nacional, 1849. In-8.º (16,5x12,5 cm) de 47, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Trata-se, se não estamos em erro, da primeira produção literária do autor, reconhecidamente, extensa e notória. Foi publicada sem o seu nome.
É uma peça de teatro (em 1 acto, com 22 cenas), que parodia os costumes políticos e burgueses da capital em meados do século XIX.
Raro e muito interessante.
José Maria Latino Coelho (1825-1891). "General de brigada do estado-maior de Engenharia, ministro da Marinha, sócio efectivo e secretario perpétuo da Academia Real das Ciências de Lisboa, lente na Escola Politécnica, vogal do Conselho Geral de Instrução Pública, deputado, par do Reino, jornalista, escritor, etc."
(Fonte: https://www.arqnet.pt/dicionario/latinocoelho.html)
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Capas de protecção, simples, lisas. Sem f. ante-rosto. Capas, e as duas primeiras/últimas folhas manchadas de humidade. Interior correcto.
Raro.
20€

24 setembro, 2024

DIAS, Dr. Jaime Lopes -
CORTIÇAS DA BEIRA BAIXA : apontamentos para o seu estudo histórico, económico e etnográfico
. Lisboa, Torres & C.ta - Livraria Ferin : Depositários, 1946 [Capa, 1947]. In-8.º (22x14,5 cm) de 64, [2] p. ; [11] f. il. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante subsídio para a história da indústria corticeira.
Invulgar e muito curioso, com interesse histórico e etnográfico.
Ilustrado no texto com desenho encimando o prefácio e uma tabela: Exportação da cortiça e seus derivados (1911-1942), e em separado, com 21 fotografias distribuídas por 11 folhas impressas sobre papel couché.
"Sem pretensões, e com a quase certeza de não dar novidades, mais no propósito de fazer história local, de registar práticas, costumes e termos, numa palavra, e revelar, como se me pediu, o que ainda se usa, neste capítulo, na Beira Baixa, o que se segue - quero crê-lo - talvez possa ter o préstimo de servir de elemento subsidiário para a organização da monografia - que falta escrever - das Cortiças de Portugal."
(Excerto do Prefácio)
Índice:
[Prefácio] | I - Breve explanação do problema corticeiro português. II - A cultura do sobreiro na Beira Baixa: a) Uma lenda curiosa. b) Origem dos sobreirais e medidas de protecção necessárias. III - Extracção da cortiça. IV - Corticeiros, seu recrutamento, vida e costumes. V - Evolução da indústria corticeira na Beira Baixa. VI - Operações do fabrico da cortiça. VII - Comércio, arrendamento e exportação. VIII - Valor e utilidade do sobreiro e da cortiça. IX - A cortiça na arte popular e no folclore. X - Vocabulário corticeiro.
Jaime dos Santos Lopes Dias (Vale do Lobo, hoje Vale da Senhoa da Póvoa, Penamacor 1890 - Santa Catarina, Lisboa, 1977). "Foi um importante etnógrafo, olisipógrafo, escritor e historiador português, com formação em Direito e vários cargos na Justiça, Política e Função Pública. Uma das suas mais importantes obras é a Etnografia da Beira (1926)[1]. Esta obra de fôlego, com 11 volumes, resultou de um intenso e prolongado esforço de recolha de tradições orais sobre a vida, as tradições, os costumes, o folclore e as diversidades culturais da Beira-Baixa."
(Fonte: Wikipédia)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Indisponível

23 setembro, 2024

BRAGA, Fernando Celestino -
GUIA DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL.
Por... Antigo Chefe de Brigada da Polícia Judiciária com o Curso de Técnica Policial. Porto, Edição do Autor, [1953]. In-4.º (25,5x19 cm) de 258, [2] p. ; il. ; C.
1.ª edição.
Interessante contributo para a história da investigação criminal em Portugal.
Guia ilustrado no texto com desenhos esquemáticos.
"Define-se, geralmente, como investigação criminal, todo o conjunto de diligências no sentido de se poder esclarecer a verdade judicial sobre determinado acto abrangido por Lei.
Divide-se em investigação e instrução.
A primeira, que podemos considerar exclusivamente policial, consiste, fundamentalmente, em descobrir provas que conduzam a um resultado de certeza. A segunda, em ordenar e dispor, convenientemente, essas provas sob a forma de processo.
Pela legislação em vigor, estas duas fases da investigação criminal confundem-se numa só, formando a chamada instrução preparatória.
A investigação, que tem por único objectivo a descoberta da verdade, é uma missão melindrosa e difícil, havendo absoluta necessidade de ter ao seu serviço, Homens de Bem, que encarem o seu trabalho como um Apostolado, dispostos a jogar a sua vida, a sua carreira e a sua honra Pela Verdade, Pela Justiça E Pela Razão.
E não se julgue que estas palavras se destinam a impressionar o leigo ou o noviço. Não. Elas representam o drama diário do profissional pundonoroso, num meio que lhe é hostil e onde nada existe para o defender.
O investigador - seja qual for a Corporação onde preste serviço - tem como principal dever profissional a sua lealdade à verdade e aos seus superiores, informando-os, esclarecidamente, de todos os factos que apurar no decorrer do seu trabalho, ou por que for perguntado.
Essas informações devem ser prestadas em termos concisos, o que não exclui o pormenor profissional, ou seja, aquele directamente relacionado com o caso.
Opiniões pessoais não interessam. Dão-se sòmente, quando superiormente solicitadas. [...]
O Criminoso, mais do que a Pena, teme a certeza de que esta lhe será Aplicada - é isto uma grande verdade, aliás, defendida por ilustres nomes da criminologia.
Deve, pois, o investigador estar preparado para defender a sociedade na surda luta, cheia de subtilezas, astúcia, e algumas raras vezes força muscular, que antepõe ao Crime a certeza da sua Punição.
O delinquente habitual ou o ocasional, que actuou com premeditação, procurará desfazer vestígios, apagar traços e interesses, despersonalizar o acto, desvincular os idiotismos, que são como a assinatura de cada um.
Por outro lado, o investigador reunirá todos os vestígios, pesará todas as indicações dos arquivos, indagará todas as possíveis provas, pondo em acção todo o zelo, inteligência e argúcia, preencherá as lacunas pelo conhecimento do meio, pela maneira de operar, pela investigação científica, usando de toda a sua perspicácia e brio profissional, até que, supridas as falhas, chegue à verdade dos factos.
A investigação criminal é, como dissemos, um problema de Certeza: quanto à existência de crime e quanto ao seu autor."
(Excerto da Introdução)
Sumário:
I - Introdução. II - Acção Penal - Prisão. Perguntas. Termo de Identidade e Caução. III - Prova resultante da Confissão - Como interrogar o acusado? Os exames, buscas e apreensões. IV - Prova Testemunhal - Como inquirir a testemunha? A acareação. O reconhecimento. V - Prova resultante dos Documentos - Exame comparativo de assinaturas e manuscritos. Documentos dactilografados. Falsificação de documentos por alteração, decalque e imitação. Disfarce de letra. Escrita invisível. Noções de criptografia. VI - Prova Indiciária e Técnica - Impressões papilares. Pegadas, pontuadas e rodados. Vestígios de dentes. Pêlos e cabelos. Fibras, poeiras, cigarros, e cinzas. Manchas de sangue e outras. Armas. Utensílios usados pelos criminosos. VII - Noções Gerais de prevenção à criminalidade habitual. VIII - Noções Gerais sobre os elementos constitutivos dos crimes mais frequentemente denunciados à Autoridade, e sua investigação. IX - Apêndice - Indicações úteis sobre Comarcas e Tribunais Municipais: seus concelhos e freguesias. Divisão administrativa. Distribuição territorial dos corpos com funções policiais: P. J. - P. I. D. E. - G. N. R. - G. F. - P. S. P. - P. V. T.
Encadernação editorial cartonada com letras e desenho de impressão digital a vermelho e negro.
Exemplar em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

22 setembro, 2024

BATALHA, Ladislau -
O NEGATIVISMO. Viagem aventurosa nas regiões do Ideal.
Com uma apreciação sintética pelo professor Miguel Bombarda. Lisboa, Parceria Antonio Maria Pereira : Livraria Editora, 1908. In-8.º (20,5x13 cm) de [8], 462, [2] p. ; E.
1.ª edição.
Curioso ensaio do autor sobre ele próprio e a sua visão do mundo, plena de dúvidas e contradições.
"Sr. Ladislau Batalha.
Se o seu livro se chamasse As mentiras do Universo, não lhe iria descabido o titulo. Nunca vi que se escalpellassem com tanta crueza os convencionalismos em que as sociedades vivem, os erros até onde as sciencias se arrastam, as illusões em que tudo se deixa embalar n'este planeta, desde as falsidades a que os sentidos nos levam até aos mais altos vôos da concepção do homem. Mas tambem é um campo de batalha aberto esse seu livro em que combatendo-se pelo determinismo, o proprio determinismo se ataca; em que, degladiando-se contra a erudição, tão larga erudição se patenteia; e em que, sobretudo, na obra scientifica do homem, se faz a parte - ai de nós, a larga parte! - da phantasia e do sentimento.
É uma colossal obra de pessimismo essa que se condensa em 400 paginas de leitura tão empolgante como extranhamente original. São 400 paginas de condemnações, sinceras e desapiedadas como as d'um justiceiro, mas tambem quantas vezes injustas como as d'um arrebatamento de paixão."
(Excerto da Apreciação)
"A esperiencia primitiva e rudimentar dos homens fê-los crear deuses que a mesma esperiencia posterior e mais completa fez negar.
Mais modernamente foi para uns o homem feito á similhança de Deus; para outros foi o homem que serviu de modelo á divindade.
E todas estas contradições e oposições se justificam com argumentos e pontos de vista que chamamos lógicos e positivos.
Ora uma já relativamente longa vida vivida aos empuxões disto a que se convencionou chamar fatalidade, por melhor vocábulo não haver com que se disfarce a ignorancia do destino as coisas, proporcionou-me ensejo de estreitar relações com o mundo, familiarisando-me com elle em todos os seus mais aspectos fisicos e moraes.
Embora eu não tenha a intenção propositada de tratar mais de mim do que do resto, cumpre reconhecer que não seria facil a quem me lesse, esplicar o como e o porquê das desusadas doutrinas que vou desenvolver, se não esposesse como preliminar uma especie de genealogia das minhas concepções.
Com efeito foram imprevistas circumnstancias determinadas por fatores varios que não vem para aqui esplicar, as que me ingeriram na medicina, na jurisprudencia, na navegação, nas peregrinações, nas artes e nos oficios, em toda a escala, emfim, das eventualidades humanas que principiam na luxuria dos palacios e terminam na embriaguez das tabernas.
O longo percurso social que vae desde o vagabundo até ao potentado, caminhei-o eu numa febre de aventureiro, num desânimo de desgraçado, num entusiasmo de bohemio profissional."
(Excerto do Cap. I)
Ladislau Estêvão da Silva Batalha (1856-1939). "Ladislau Batalha poderia ter sido uma personagem de um livro de aventuras. Novo, embarcou como tripulante na marinha mercante, tendo percorrido os mares do norte. Nesta condição, conheceu especialmente os Estados Unidos da América, o Japão, a China e o Ceilão. Trabalhou também como taxidermista em África e como gravador de vidro em São Tomé e Príncipe. A sua experiência dos mares e o trato com inúmeros povos deu-lhe vastos conhecimentos, tanto de línguas como de costumes e culturas, de tal modo que, voltando a Portugal, se tornou professor do ensino secundário sem qualquer curso superior. As suas aventuras no alto mar e em terras longínquas permitiram-lhe também escrever obras como Línguas de África (1889), Costumes angoleses (1890) e O Japão por dentro (1904), entre outros. Enquanto militante activo do partido socialista de então, escreveu obras de cariz político como A burla capitalista (1897) e Pátria e conversão (1898), tendo igualmente proferido várias conferências. Colaborou como redactor com vários jornais portugueses (Diário de Notícias, A Vanguarda, etc.) e estrangeiros (p.e., El Socialista). Em 1919, acolheu em sua casa o poeta Gomes Leal, que, semilouco, passeava pelas ruas de Lisboa em quase mendigagem. Foi aliás em sua casa que Gomes Leal acabou por morrer em 1921. Sobre esta experiência, Ladislau Batalha escreveu o livro de memórias Gomes Leal na intimidade (1933), e encontrava-se a escrever Gente da nossa terra, outro livro de memórias sobre os seus conhecimentos no meio literário, quando morreu em 1939. A sua obra ficcional cinge-se a três romances (Misérias de Lisboa, 1892-1893, Mistérios da loucura, 1890-1891, e Florêncio, 193-) e duas peças de teatro (A miséria e Consequências de um sim)."
(Fonte: http://fcsh.unl.pt/chc/romanotorres/?page_id=59)
Encadernação editorial em percalina com ferros gravados a seco e a branco nas patas e na lombada.
Exemplar em bom estado de conservação.
Muito invulgar.
35€

21 setembro, 2024

FERREIRA, José Medeiros -
PORTUGAL NA CONFERÊNCIA DE PAZ : Paris, 1919
. Lisboa, Quetzal Editores, 1992. In-4.º (23x13 cm) de 115, [5] p. ; B.
1.ª edição.
Capa de Rogério Petinga.
Ensaio histórico sobre o pós-Grande Guerra e as negociações de paz que se seguiram ao conflito, evento em que Portugal - país que integrou a aliança vitoriosa - participou como parte interessada.
"São muito discutíveis os objectivos que levaram o Governo português a entrar nas operações militares durante a Primeira Guerra Mundial. Mas um esses objectivos foi sempre claro e constante: Portugal ganhava, com o seu esforço militar ao lado dos Aliados, o direito de participar na futura Conferência de Paz que regularia a organização da sociedade europeia e mundial no pós-guerra.
Nesta obra distinguem-se os motivos da entrada na guerra dos objectivos pretendidos durante a Conferência de Paz realizada em Paris no ano de 1919. Para o efeito consultaram-se vários arquivos em Lisboa, Londres, Genebra, Madrid, Paris e Washington. Descrevem-se assim não só os objectivos proclamados pelas autoridades portuguesas como as percepções das estratégias nacionais por parte de outros Estados.
A política primeiro, e a historiografia... depois, consagram a manutenção da integridade dos domínios coloniais como a meta principal do esforço militar e diplomático durante a Grande Guerra. Todavia a história da participação portuguesa na Conferência de Paz revela como foram prosseguidos de facto, outros objectivos para além daquele praticamente assegurado."
(Excerto retirado da contracapa)
Índice:
Nota prévia e Agradecimentos | Introdução | I - Os objectivos iniciais. II - Da presidência de Egas Moniz à de Afonso Costa: Novos problemas e novos objectivos. III - Portugal e a criação da Sociedade das Nações. IV - A Fundação da Sociedade das Nações e as relações luso-espanholas. V - As Forças Armadas e os despojos de guerra. | Conclusão | Notas | Fontes: I. Manuscritas; II. Impressas. | Índice dos nomes.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
25€
Reservado

20 setembro, 2024

COSTA, José Daniel Rodrigues da -
A VOZ DA FORTUNA PARA DESENGANO DOS HOMENS, E SENHORAS, QUE SE QUEIXÃO DELLA: OU SONHO
. De... Lisboa: Na Impressão de João Nunes Esteves. Anno de 1824. Com Licença da Real Commissão de Censura. In-8.º (21x15,5 cm) de 23, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Folheto muito curioso, como aliás toda a produção literária jocoso-satírica do autor.

"Se vejo as cousa de perto,
E as critíco, ninguem arda;
Achei hum caminho aberto,
Dou meus tiros de espingarda,
Porêm não tenho alvo certo.

Fica a Satyras exposto
Qualquer Livro, que se veja
Aos máos costumes opposto;
Que hoje, por melhor que seja,
Nem se gasta, nem dá gosto.

Dá-me, Leitor, attenção,
Não desprezes a Moral,
Abraça o que he de razão,
Se tens filhos, muito val
O dar-lhes esta Lição.

De hum homem maduro, e idoso
Escuta sempre o conselho,
Muitas vezes proveitoso;
Porque eu sou macaco velho,
A quem ladrou muito Gôzo."

(Ao Leitor)

José Daniel Rodrigues da Costa (Colmeias, Leiria, 1757 - Lisboa, 1832). "É uma figura esquecida do panorama literário português. Nascido na segunda metade do século XVIII, escreveu quase exclusivamente para o cordel. A sua longa carreira literária e vastíssima produção dão testemunho da sua popularidade, num contexto em que esta forma editorial se afirmou como instrumento indispensável de acesso à leitura e à cultura escrita, por parte de amplas camadas da população. [...]  José Daniel constrói uma carreira feita de compromissos, mas também de autonomia e modernidade, apesar de se mover na “margem” do campo literário da sua época. Provam o seu êxito os cargos, privilégios e tenças que recebeu e dos quais fala publicamente nos seus folhetos, transformando o leitor em testemunha privilegiada de um percurso bem sucedido. Por outro lado, a assunção orgulhosa que faz da autoria das suas obras leva-o a utilizar o seu nome como mecanismo de reconhecimento social e literário, facto pouco vulgar na época, sobretudo no âmbito da cultura dita popular. De igual forma, a reflexão sobre o seu papel social enquanto escritor e sobre a função pedagógica das suas obras, revelam uma consciência moderna do conceito de autoria, visível no conteúdo metaliterário dos seus prefácios. Aí é atribuída à função do autor, a de pedagogo social ou de “educador do povo”, procurando utilizar as suas obras, de grande difusão, como instrumentos de cidadania. José Daniel antecipa uma das vertentes do campo literário instituído no século seguinte, prefigurando a sua progressiva autonomização, num contexto onde cada vez mais, as relações autor – público se instituem com base nas leis da oferta e procura."
(Fonte: https://repositorio.ul.pt/handle/10451/6787)
Exemplar brochado, desencadernado, em bom estado geral de conservação. Com acidez.
Raro.
45€

19 setembro, 2024

BRENNUS, Dr. -
AMOR E SEGURANÇA.
Traducção de Augusto e Castro. 6.ª edição. Editor João Carneiro. Lisboa, Deposito: Livraria do Povo : Silva & Carneiro, [19--]. In-8.º (16,5x12 cm) de 156, [4] p. ; il. ; B.
Curioso manual, muito informativo e ecléctico pela variedade de matérias abordadas, quer sob o ponto de vista dos conselhos médicos, incluindo a higiene e a prevenção, quer sob o ponto de vista sugestivo sobre o amor e o erotismo, com as mais inusitadas receitas, como o "meio de uma mulher se manter sempre virgem"(!), modos de excitação por meios arcaicos e bastante duvidosos, etc.
Livrinho publicado na primeira/segunda década do século XX, ilustrado no texto com desenhos esquemáticos de aparelhos inovadores para uso doméstico.
Raro e muito interessante.
"É na lucta das novas aspirações do povo e do progresso contra as tradições e interesses de uma sociedade velha e rotinaria, na lucta do capital contra o pauperismo, que é preciso procurar a conclusão do que precede.
Qualquer ideia nova, capaz de modificar as condições actuaes da existencia do proletariado, será combatida e condemnada.
Amor e Segurança não só propaga uma demonstração economica e social, mas ainda indica a fórma de a applicar.
Uma solução inesperada foi encontrada para o problema social. O capital teve medo e persegui-a.
É um procedimento logico estabelecido e applicado pelas convenções humanas n'este belo seculo de liberdades!
A razão do mais forte é sempre a melhor.
É verdade que se apoiam na moral; é preciso, dizem elles, custe o que custar, preservar as famillias do microbio corruptor que lhes profane os castos pensamentos.
Ah! a moral!
Mas o que é esta moral?
A moral actual não é mais do que uma serie de convenções injustas e prejuizos estupidos.
Não queremos discutir-lhes as imprefeições, mas o que é positivo, é que a moralidade de um facto depende depende d'aquelle que o pratica e das circunstancias em que esse facto se produz.
Está socialmente estabelecido entre essa gente, que uma rapariga, mediante o consentimento dos paes e a chancella da auctoridade ou a benção de um padre, pode ser entregue a um homem que ella não conhece bem, que pode ser um doente, um mau homem e contra o qual a lei não lhe faculta meio de defeza, emquanto um simples beijp, embora sincero, mas não legalisado, macula a honra e reputação d'essa mulher."
(Excerto de A critica e os criticos)
Jean Fauconney (1870-1970). Antigo médico militar nas colónias e verdadeiro líder da edição sexológica popular francesa sob vários pseudónimos (como Jaff ou Jaf e Brennus), publicou cerca de uma centena de obras “sexológicas” entre 1901 e 1950 na “Biblioteca Popular de Conhecimento Médico”. Esta “biblioteca” foi escrita para a livraria de Charles Offenstadt pelo Dr. Caufeynon, pseudónimo anagramático de Jean Fauconney, e versava temas relativos à sífilis, onanismo , pederastia, menstruação, virgindade, aborto, etc.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos e pequenas falhas de papel marginais. Interior correcto.
Raro.
20€

18 setembro, 2024

F. J. Q. -
CARTA CONSTITUCIONAL, OU AVISO AOS ENCAUTOS, E REMEDIO PARA OS CORCUNDAS. Por...
Lisboa, Na Tipog. de R. J. de Carvalho, Livreiro aos Paulistas N.º 54 55, [1826?]. Com licença. In-8.º (16x11 cm) de [2], 23, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Elogio à Constituição de 1826, que o autor reputa de 'Religiosa, Cómoda e Precisa', explicando de seguida os três "pilares" que suportam o Documento. O final do livro é preenchido com um Soneto e uma Fábula relacionados com o assunto.
"A Constituição de 1822 foi aprovada em 23 de setembro de 1822 e esteve em vigor apenas até maio de 1823, quando se deu o golpe da Vilafrancada. No entanto, é uma marca do liberalismo português e será sempre uma referência para os liberais mais progressistas, conhecidos como vintistas. [...]
Após a morte de D. João VI sucedeu-lhe D. Pedro IV, imperador do Brasil. D. Pedro estava disposto a conciliar a sociedade portuguesa dentro do quadro liberal e avançou com um novo texto constitucional: a Carta Constitucional de 1826. Este texto era bastante mais moderado. Desde logo ele nasce da vontade real e não da legitimidade da Nação. A separação dos poderes é mantida, mas ao executivo, legislativo, judicial foi acrescentado um quatro poder, privativo do rei: o poder moderador."
(Fonte: https://ensina.rtp.pt/explicador/as-constituicoes-liberais-de-1822-e-1826-h64/)
Raro e muito interessante. Nada foi possível apurar acerca desta obra, nem do seu autor (José Agostinho de Macedo?), por ausência de referências. A Biblioteca Nacional não menciona.
"São, meus caros Compatriatas, tres as essenciaes caracteristicas, que parece deverem adornar a Constituição Politica de 1826; e vereficadas essas, nada nos resta a duvidar do pleno acolhimento, em que ella deverá ter em nossos Corações.
Religiosa, Commoda, e Precisa, eis o caracter, que eu vos passo a demonstrar existe em tal Constituição; e se possivel me fôr satisfazer com evidencia, perguntarei então, que outra desejarieis?
Nasceo o primeiro Ente, e pouco depois desgraçadamente experimentou as necessidades, e exigencias, a que, como vivente, se achava sujeito: conheceo tambem a fragil Constituição de que era formado, e por isso a pequenez de suas idéas, das quaes não devião absolutamente depender as suas acções; mas antes exigião, que huma mais sábia mão amparasse o contínuo desvario, a que a sua fraqueza o conduzia. Desde então pois vio este primeiro mortal a debilidade de suas forças, e a sua propagação observou os differentes sistemas de que se compunha, e vio por conseguinte engenhos de diversa presteza, e que naturalmente serião por isso de differentes capacidades, e varias propensões.
Desde este momento se conheceo que nos vindouros estas differentes Constituições devião ser redigidas por huma superior, que modificasse as exaltadas, e ampliasse as mais parcas, desde então, digo, se estabelecêrão homens prudentes, e dignos do Sagrado Cargo, que se lhe confiava, sem que até hoje Potencia alguma negasse a necessidade de semilhante Instituição; de sorte que, ou chamando-lhes Reis, ou Representantes da Nação os mesmos Filosofos antigos assim o julgárão, comparando-os com o Sol, Rei dos Planetas, e luz de todos elles..."
(Excerto de Carta Constitucional...)
Índice:
Censura, que a este opusculo fez o Reverendo Padre José Agostinho de Macedo, em virtude da qual teve a competente licença. | Prologo ao Leitor | Carta Constitucional ou aviso aos incautos, e remedio dos corcundas | Soneto | Fabula - O moxo enfermo.
Exemplar brochado em razoável estado de conservação. Com humidade transversal a todo o livro e falhas marginais, com maior incidência na última folha. Deve ser aparado.
Muito raro.
Com interesse histórico.
Sem registo na BNP.
25€

17 setembro, 2024

REGO, José Teixeira -
NOVA TEORIA DO SACRIFICIO
. Porto, Edição da «Renascença Portuguesa», 1918. In-8.º (19x12,5 cm) de VIII, 268, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Edição original deste conjunto de ensaios histórico-filosóficos sobre religião.
"Teixeira Rego (1881-1934) escreveu a sua Nova teoria do sacrifício em fascículos entre 1912-1915 publicados como artigos na revista Águia. Três anos depois foram editados em livro na Renascença Portuguesa [cujo registo a BNP não possui]. Este trabalho foi levado a cabo na condição de autodidata com todos os riscos que isso comporta."
(Fonte: http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/19008/1/A%20teoria%20do%20sacrif%C3%ADcio%20de%20Teixeira%20Rego%20revisitada.pdf)
"Teixeira Rego ensaiou uma explicação totalmente racional do mito do bem e do mal e do pecado original. Tentou explicar o seu surgimento no tempo, tentou datá-lo, tentou mostrar que isso aconteceu a partir do momento (e isto é significativo) em que o antropóide passou a comer carne em vez de frutos. [...]
A história do pecado original, assim vista, mais não é do que a repetição de uma narrativa que explica que a partir de uma certa altura passou-se a ter uma história inquinada, que até então não era. O pecado original estaria na carne e não no fruto da árvore do bem e do mal. Esta transição «volveu-se no mais horrível martírio»."
"O rito do sacrifício, já de si singularíssimo, ainda apresenta de estranho o ser praticado por todos os povos, desde os tempos mais remotos até hoje. A causa, pois, que o determina deve ser universal, impressionante, terrível, para produzir tal duração e generalidade. As hipóteses tendentes a explicá-lo, embora algumas engenhosíssimas, com indiscutíveis verosimilhanças, tais as de Tyler, Robertson Smith e escola de Durkheim, têm o direito comum de justificarem o sacrifício em alguns povos somente, pois que não é de crer que as mesmas aproximações, mais ou menos remotas, mais ou menos subtis, fossem feitas em toda a parte; e, se se recorre à irradiação dessas ideias do povo ou povos que as pensaram para os restantes povos, não se vê em tais ideias suficiente importância e evidência para serem universalmente adoptadas com um cerimonial rigoroso e complexo, e acatadas com o máximo respeito."
(Excerto do Cap. I, O problema do sacrifício)
José Augusto Ramalho Teixeira Rêgo (1881-1934). "Nascido em Matosinhos em 1881, conviveu desde jovem com algumas das mais importantes figuras do círculo intelectual portuense, tornando-se discípulo de Sampaio Bruno e aprofundando a sua predileção intelectual no âmbito das línguas orientais, da filosofia, da religião e dos temas da cultura geral em sentido lato. Diretor do jornal "O Debate" e membro da "Renascença Portuguesa", movimento cultural que despontara no Porto, estreitou laços de amizade com Leonardo Coimbra, de quem partiu o convite para exercer o magistério na recém-criada Faculdade de Letras do Porto. A sua entrada como Professor Contratado do 2.º Grupo (Filologia Românica), em 1919, rodeou-se de polémica nos meios académicos portugueses, uma vez que José Teixeira Rêgo apenas possuía os estudos liceais. Porém, essa questão foi facilmente resolvida com os argumentos de se tratar uma nomeação governamental e de se basear no critério legal do reconhecimento da idoneidade científica e cultural do candidato."
(Fonte: sigarra.up.pt)
Exemplar brochado, por abrir, em bom estado de conservação. Capa apresenta assinatura de posse.
Raro.
25€

16 setembro, 2024

BELLEM, A. M. da Cunha - ONDE ESTÁ A INFELICIDADE! Romance original por... Lisboa, Bibliotheca dos Dois Mundos, [1865]. In-4.º (23,5 cm) de 91, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Novela  baseada em factos do conhecimento do autor, antecedida de uma carta sua a Manuel Pinheiro Chagas recordando uma viagem que ambos fizeram pelo Minho dois anos antes, escrito "poucos dias depois do regresso, e debaixo da impressão ainda das bellezas campestres e dos monumentos historicos, que por lá vira a barrisco espalhados."
Ilustrações assinadas H. Meyer.
Homenagem do autor no final do livro a Camilo Castelo Branco - "o primeiro romancista portuguez" - tendo como ponto de partida o título do seu livro, idêntico ao de Camilo - Onde esta a infelicidade?
"Vae aqui este capitulo, que deveria ter logar de honra no principio do livro, se o seu desenvolvimento, explanando a urdidura do romance, lhe não entibiasse o já limitado interesse. [...]
É verdadeira a historia que narro, e que adrede deixei ir desataviada nos recamos de peripecias, para que mais realce tivesse o fundo de veracidade que encerra. Uma familia que a riqueza deslumbrou, e que só veio de novo a encontrar a antiga traquilidade no seio de honesta mediania, foi quem me inspirou o enredo da presente narrativa. D'elle nasceu naturalmente a idéa do titulo, que parece em antagonismo com o do precioso romance de Camillo Castello Branco. [...]
Escusada é sem duvida esta explicação, porquanto sempre o romance de Camillo Castello Branco passará por uma das suas melhores obras, e a minha historia terá o modesto logar, que lhe é destinado na escala das producções litterarias; mas não o é de certo o aproveitar com avidez este ensejo de prestar homenagem do meu respeito ao fecundo escriptor a quem as letras patrias tanto devem, já pelos preciosos thesouros com que as tem enriquecido, já pela heroica perseverança com que tem verberado e perseguido as bastardas traducções de romances de mau gosto, que, como joio damninho, inçavam as cearas da nossa litteratura. [...]
Emfim, appareceu Camillo Castello Branco, e logo as suas primeiras obras foram saudadas com enthusiasmo. Não o esmoreceram ruis invejas, que bastas apparecem no nossa terra, nem difficuldades com que luta quem em Portugal cultivas as lettras, terreno o mais arido e ingrato de quantos arroteia o genio do homem. Perseverou e venceu!... Redobrou de incançavel actividade. Fez succeder uns aos outros os romances temperados do chiste natural da sua elegante dicção; deu ao povo os typos seus conhecidos e os estudos do coração, que elle sabia tambem apreciar..., e, como por um encantamento magico, as novellas mal traduzidas foram fugindo espavoridas diante da fecundidade inexgotavel do redemtor do romance nacional."
(Excerto de Homenagem de respeito)
"O romance, bem como a historia, é a photographia da sociedade. Se esta reproduz os valorosos feitos dos varões notaveis e as violentas commoções que abalam as nacionalidades, se alevanta monumentos aos rasgos de heroismo ou de abnegação ou verbera com censura immorredora as cobardias e as traições dos homens publicos; o romance, na sua modesta condição, põe em relevo acções illustres de homens desconhecidos e ignorados e reproduz os abalos que por vezes commovem a paz intima das familias, já engrinaldando um festão ao que merece louvor, já castigando com os epigrammas da satyra os feitos ridiculos que frequentemente emergem á superficie da onda social. São estas as suas differenças e os seus pontos de contacto."
(Excerto de Capitulo avulso que precede o primeiro...)
António Cunha Belém (1834-1905). "Político e jornalista português, António Manuel da Cunha Belém nasceu a 12 de dezembro de 1834, em Lisboa. Em 1858, formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra e, em seguida, seguiu a carreira militar, na qual atingiu o posto de general. Desempenhou um papel importante no setor da saúde, fazendo parte de diversas comissões oficiais e participando em várias conferências. Para além disso, foi deputado no Parlamento, diretor da Escola Maria Pia e diretor do jornal A Revolução de Setembro. O jornalista realizou ainda críticas teatrais, com o pseudónimo de Cristóvão de Sá, redigiu comédias, operetas, zarzuelas e dramas, como O Pedreiro Livre (1876), de conteúdo maçónico e anticlerical. Faleceu a 12 de março de 1905, em Lisboa."
(Fonte: Infopédia)

Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis com defeitos. Rasgão na capa (2 cm) sem perda de suporte.
Raro.
Indisponível

15 setembro, 2024

O CAPUCHINHO VERMELHO.
Conto de fadas com música. Porto, Electroliber, [19--]. In-8.º (20,5x18,5 cm) de [12] p. ; il. + Disco 33 1/3 r.p.m. ; B.
1.ª edição.
Clássico da literatura infantil, ilustrado com belíssimos desenhos nas capas, e no interior, em página inteira.
O disco integra a capa do livro.
"Era uma vez linda menina que usava sempre uma touquinha vermelha que lhe tinha feito a avó. Chamavam-lhe, por isso, o Capuchinho Vermelho. Um dia, quando brincava com as suas bonecas, a mãe chamou-a para ir levar um cabaz à avózinha que estava doente. Dentro do cabaz havia um bolinho e manteiga.
A mãe disse ao Capuchinho Vermelho: "Vai direitinho a casa da Avó. Toma muita atenção: não te entretenhas no caminho, porque pode vir o lobo."
(Excerto do Conto)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Disco não testado.
Raro.
20€

14 setembro, 2024

BELLEM, A. M. da Cunha -
SCENAS CONTEMPORANEAS DA VIDA ACADEMICA : quasi-romance da actualidade. Por...
Lisboa, Livraria Central - Rua do Ouro : Coimbra, Mesma Casa - Rua da Calçada, 1863. In-8.º (19x12,5 cm) de XVIII, 328, [8] p. ; B.
1.ª edição.
Narrativa de época sobre a azáfama e costumes da comunidade académica coimbrã, importante contributo em forma de romance para o conhecimento do viver e estúrdia dos estudantes da Universidade em meados do século XIX. 
Raro e muito interessante, sendo que o autor reclama para si o pioneirismo da descrição das "aventuras" estudantis da actualidade, já que, segundo ele, as poucas publicações do género reportavam a tempos passados, como O estudante de Coimbra (1840-41), de Guilherme Centazzi.
"Não póde hoje um obscuro escriptor entregar aos baldões da publicidade a mais insignificante producção do seu engenho, sem vir antecipadamente explicar ao público os motivos e circumstancias que a isso o determinaram. [...]
Ahi vão pois as minhas explicações:
Diz o auctor ao público, em geral, o que fez e como o fez. Tentando descrever as scenas da vida intima da academia contemporanea, creei para isso dos typos, que, se, por um lado, são filhos da imaginação, por outro são os representantes de acções muito verdadeiras, acontecidas entre os estudantes. [...]
O author declara por que fez e para que fez as Scenas contemporaneas. É de todos bem sabido, que aquelles, que têm cursado a Universidade, gostam de lêr tudo quanto a ella diga respeito. As descripções, que lhe fazem das colicas e do acto, - da cabra e do estudo, - das diversões e passeios, - d'esta e d'aquella rua, por onde tanta vez passaram, têm sempre para elles encantos inexplicaveis!... O encontrarem em letra redonda estas reproducções das scenas da sua vida academica, é como uma especi de alpondras, por sobre as quaes a memoria, despertada pela leitura, vae atravessando o lethes do passado!
Foi este um dos motivos que mais me decidiu a compôr estas Scenas; além de que, sendo a vida academica tão fertil em aventuras, não me consta que ninguem as historiasse completamente, pelo menos em relação á actualidade.
O prefacio da Mulher pelo sr. Sequeira Barreto é lido com avidez por todos os que têm transposto a porta ferrea encadernado n'uma capa e batina.
O estudante de Coimbra, ou relampago da historia portugueza é apreciado por todos os que, apezar de sua extrema raridade, têm a dita de o alcançar; e finalmente não ha ninguem que fôsse uma vez a Coimbra e que não tenha lido o Palito metrico e a Cabologia.
E comtudo nenhum d'estes livros satisfaz ás exigencias da actualidade: estes dois ultimos porque nos relatam scenas do que foi e do que já não existe. [...]
Havia pois uma lacuna e era preciso enchel-a! Era preciso contar ao público, que não conhecia a nossa vida, que
«Era uma vez um ........
Estudante aventureiro,
Tanto farto de feição
Quanto falto de dinheiro;
Este sem ter um real
Pisou os frios geraes
....................................»
e tudo o mais que o jocoso Malhão de si mesmo conta.
Era preciso dar este alegrão aos pobres bachereis formados de ha pouco, que, lá do seu cantinho domestico, lembram apenas com uma saudade indefinida e vaga os bellos dias das suas rapaziadas, enviando um adeus saudoso ao tempo dos seus tempos, como diria um author da Pheniz renascida.
E finalmente era preciso mostrar aos bachareis formados d'outras eras, que a sua Coimbra já não é a mesma d'outr'ora; que, apezar de não ter mudado de posição na carta geographica, tão differente está do que era, que com difficuldade elles a conheceriam. Que ao seu tanger das tristes, especie de toque de recolher academico, chama-se hoje o tocar da cabra, que os arcos do correio tão seus conhecidos já não existem; que os caloiros tão victimados n'outros tempos alcançaram carta de alforria e nem uma caçoada soffrem já! N'uma palavra, era mistér fazel-os scientes das modificações, trazidas pelo progresso, desde os botequins e batinas-casacos até á metamorphose dos verdeaes e das mantilhas!... E os bons dos velhotes gozariam tambem a sua hora de prazer a comparar as suas antigas rapaziadas de boa feição com as nossas partidas e pandigas de agora; entretendo-se a contemplar aquillo, que, no estudante é e será sempre immutavel, como colicas, extravagancias, e faltas de dinheiro!"
(Excerto da introdução - Cavaco prévio)
"São 18 de Julho de 185*. O tempo está magnifico, apezar de um excessivo calor, que faz andar tudo em braza. O relogio da Sé acabava de annunciar dez horas e os sinos da Universidade erguiam aos ares os seus hymnos festivaes. Coimbra preparava-se para uma d'essas festas mil vezes repetida, mas sempre cheia de encantos para os seus habitantes, que ou vêem n'ella a realisação do seu mais querido sonho, ou o fastigio da gloria, a que póde subir algum seu parente ou amigo. Era um capello.
A festa do capello é em si a coisa mais insipida do mundo; mas é sempre grande a concorrencia tanto dos filhotes como dos estudantes, a ponto de encherem completamente a sala grande, chamada dos capellos."
(Excerto de I - Um capello)
António Cunha Belém (1834-1905). "Político e jornalista português, António Manuel da Cunha Belém nasceu a 12 de dezembro de 1834, em Lisboa. Em 1858, formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra e, em seguida, seguiu a carreira militar, na qual atingiu o posto de general. Desempenhou um papel importante no setor da saúde, fazendo parte de diversas comissões oficiais e participando em várias conferências. Para além disso, foi deputado no Parlamento, diretor da Escola Maria Pia e diretor do jornal A Revolução de Setembro. O jornalista realizou ainda críticas teatrais, com o pseudónimo de Cristóvão de Sá, redigiu comédias, operetas, zarzuelas e dramas, como O Pedreiro Livre (1876), de conteúdo maçónico e anticlerical. Faleceu a 12 de março de 1905, em Lisboa."
(Fonte: Infopédia)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Por aparar. Capas frágeis, algo sujas, com defeitos e pequenas falhas de papel.
Muito raro.
Indisponível