24 agosto, 2024

TORRES, José de - LENDAS PENINSULARES. Tomo I [Tomo II]. Lisboa, Livraria de Antonio Maria Pereira, 1861. 2 vols in-8.º (19x12 cm) de [4], 277, [3] p. ; [1] f. il.  (I) e [4], 270, [2] p. (II) ; E.
1.ª edição.
Interessante colecção de lendas da história da Península Ibérica. Obra em dois volumes (completa).
Exemplar ilustrado extra-texto com o retrato do autor no vol. I, entre a f. rosto e o ante-rosto.
"Havia tres dias e tres noites que o sino prioral do convento de Santiago de Uclés vibrava lugubremente, de hora em hora, tangendo á agonia d'um moribundo.
Os habitantes consternados puderam calcular pelo dobre, que se não interrompia nem repousava, o progresso d'uma morte lenta mas imminente. Na anxiedade de todos, nas pulsações de tantos peitos se conhecia, que era grande o personagem agonisante.
Com effeito, o homem que suscitava tudo isto era gran-mestre da ordem de Santiago. Havia treze annos que D. Vasco Rodrigues Coronado governava a ordem, com impaciencia da ambição dos que lhe cubiçavam a herança da dignidade, então egual ou superior á dos reis.
Uclés era n'aquelle tempo villa populosa; o convento de Santiago era a mais insigne e poderosa das fortalezas da ordem; e a dignidade magistral uma como soberania, ricamente dotada, e obedecida por numerosas hostes."
(Excerto de Vasco Lopes, Gran-Mestre de Santiago - T. I)
"A paixão immoderada não está longe do delirio, e não é raro ver acabar por elle o que a ambição humana começára.
Tem havido emprezas, combinações politicas sobretudo, tão extraordinariamente ousadas, que mal se creram, se a irrecusavel auctoridade da historia não viesse garantil-as. D'essas taes é indisputavelmente a que em 1595 se tramou em Madrigal, no interior de Castella, onde um homem se deu, e o deram, pelo recem-perdido rei portuguez D. Sebastião."
(Excerto de Rei ou Impostor? - T. II)
Índice:
Tomo I: Vasco Lopes, Gran-Mestre de Santiago (1337) | Brazão d'Elvas  (1438) | As Alpujarras (1568) | Ticiano Portuguez (1558-1590) | Constancia de Jesuita  (1587-1608) | Olho por olho, dente por dente (1845).
Tomo II: Rei ou Impostor? (1595) | Alda (1847) | Diluvio de Luz (...?) | Nota Final.
José de Torres (Ponta Delgada, 1827 - Lisboa, 1874). "Foi um escritor e jornalista açoriano que se notabilizou como bibliófilo e investigador da história açoriana. Reuniu uma volumosa colecção de documentos relativos aos Açores, hoje na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada, a que deu o nome de Variedades Açorianas, a qual constitui hoje um acervo precioso para o estudo da história e cultura açorianas. Foi sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa e membro de várias sociedades científicas estrangeiras."
(Fonte: Wikipédia)
Bonita encadernação meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Conserva as capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Aparado à cabeça.
Raro.
85€

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