13 agosto, 2024

THOMAZ, Pedro Fernandes - CANÇÕES POPULARES DA BEIRA. Acompanhadas de 52 melodias recolhidas directamente da tradição oral, e arranjadas para piano. Com uma introducção por J. Leite de Vasconcellos. Figueira, Imprensa Lusitana, 1896. In-8.º (20,5x13,5 cm) de XXXIII, [3], 221, [7] p. ; il. ; E.
1.ª edição.
Rara edição original deste importante repositório de canções da "pitoresca" província da Beira.
Obra de referência, publicada na Figueira da Foz, com interesse regional, histórico e etnográfico.
Ilustrada com inúmeras partituras no texto.
"Iniciamos com a publicação do presente volume o archivo da poesia e da musica do nosso povo, que de ha muito vimos recolhendo em differentes pontos do paiz. [...]
Começamos, na vasta colheita regional que temos feito, pela publicação das canções populares da pittoresca provincia da Beira, uma das mais originaes e caracteristicas do paiz, e onde se conservam ainda vivas e persistentes na memoria do povo innumeras lendas, canções e outros contos tradiccionaes, offerecendo ao explorador dedicado largo campo de investigação na litteratura e arte popular.
A facilidade de communicações que actualmente põe em contacto directo a população das aldeias com as cidades, a emigração crescente para os centros populosos, tem influido d'uma maneira desastrosa nas canções do nosso povo, que vae abandonando as formosas e singelas cantigas tradiccionaes, e as suas caracteristicas danças tão variadas e originaes, trocando-as pelas pretenciosas danças de sala, ou pelos «motivos» mais ou menos deturpados da «operetta» em voga, pelo «fado», transportado pelas vielas escuras das cidades para os campos e para as aldeias, com a substituição da antiga «viola d'arame» pela moderna guitarra...
Urge pois archivar o que ainda resta de verdadeiramente original nas ingenuas canções do nosso povo, e são esses os intuitos d'este livro."
(Excerto do preâmbulo)
Pedro Fernandes Tomás (1853-1927). "Era sobrinho-neto do jurisconsulto e político liberal Fernandes Tomás, tendo-se notabilizado por mérito próprio. Filho de João Pedro Fernandes Tomás e de Maria José Baptista Fernandes Tomás, nasceu no município português da Figueira da Foz a 30 de abril de 1852. Viria a falecer na sua terra natal, vítima de doença, a 4 de agosto de 1927. Passou pelo liceu e pelo seminário de Coimbra, não tendo seguido estudos superiores. Além de Coimbra, residiu alguns anos na Lousã. A partir de 1875 habitou e trabalhou regularmente na Figueira da Foz.
Foi professor do ensino particular, professor e diretor da Escola Industrial Bernardino Machado, da Figueira da Foz, jornalista, recoletor musical, estudioso e temas de arqueologia, epigrafia, história e etnografia. Foi sócio do Instituto de Coimbra e um dos fundadores da Sociedade Arqueológica da Figueira da Foz, a que também pertenceu o Dr. António dos Santos Rocha.
Como autor deixou vasta obra dispersa em páginas de jornais e escreveu monografias e memórias, algumas das quais ainda hoje trabalhos de referência que podem ser consultados através do catálogo da Biblioteca Pública Municipal da Figueira da Foz (BPMPFT). Teve ligações ao ideário republicano e maçon. Foi ainda conservador da Biblioteca Pública Municipal da Figueira da Foz, de que é patrono.
Interessado pela música popular, iniciou na década de 1890 a publicação de recolhas realizadas em diversas localidades de Portugal e de repertório que lhe foi sendo enviado por amigos e colaboradores. PFT procurou notar as melodias como eram interpretadas pelas comunidades de prática, sem recorrer à moda burguesa das harmonizações para piano. Deixou vasta obra no âmbito da música popular e foi um dos poucos musicólogos que não hesitou em incluir a Beira Litoral e Coimbra no mapa musical de Portugal. Pena é que nas suas viagens de campo não se tenha feito acompanhar de fonógrafos e gramofones de suporte ao registo sonoro."
(Fonte: https://guitarradecoimbra4.blogspot.com/2016/03/pedro-fernandes-tomas.html)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a negro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas apresentam desgaste, sobretudo nos cantos. Escrito coevo em verso na f. guarda. Com assinatura de posse - Pe. Antonio Vaz Barreiros - na f. rosto, e decalques a cores espalhados pelo livro, incluindo na folha antes referida.
Raro.
50€

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