23 agosto, 2024

OLIVEIRA, Raposo de - NATAL. S. Miguel, Typ-Lit. Ferreira & C.ª, 1901. In-8.º (16,5x9,5 cm) de 14, [6] p. ; B.
1.ª edição.
Obra poética - a segunda do autor - composta por três poesias e oferecida por este ao Barão de Fonte Bella.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa de Raposo de Oliveira a Fernando Pinharanda.

"Nortada fria, de gelo!

Triste quem anda pelo montado,
A estas horas, com tanto zelo,
Tanto carinho, tangendo o gado...

E o Deus Menino, risonho e loiro,
Ri para as moças, do seu altar!
Veste um vestido de seda e oiro
Que outro mais lindo não hei de achar!

Teceu-lho a Rosa - mãos de princeza!
Teceu-lho a Rosa no seu tear...
Olhem-no todos! quanta riqueza!
E é branco, branco... nem o luar!

Tem pedras finas, deslumbra a vista
De tão intenso que é seu brilhar...
- O Deus Menino, para a modista,
Hade, por certo, ter um bom par!

E um moço, ao canto, moreno o rosto,
Olhando a Rosa põe-se a cantar!
Cantando, diz-lhe com quanto gosto
Hão de ir á egreja para casar..."

(II)

Francisco Raposo de Oliveira (Ponta Delgada, 1881? - Lisboa, 1933). "Poeta e jornalista. O local de nascimento de Raposo de Oliveira tem dado origem a alguma polémica porque os nordestenses reclamam para aquela vila o seu local de nascimento, por os pais serem naturais de lá, ali terem casado e vivido algum tempo. A própria Câmara Municipal de Nordeste, por volta dos anos 50, mandou descerrar uma lápide na suposta casa onde nascera e deu o nome do poeta à respectiva rua. O facto, é que existe um registo de baptismo do mesmo em Ponta Delgada, na freguesia de S. Pedro, com data de 20 de Maio do mesmo ano, e ali viveu até aos 23 anos de idade. Raposo de Oliveira trabalhou como caixeiro, mas desde cedo revelou apetências literárias, publicando o primeiro livro de versos aos 17 anos. Em 1899, começou a trabalhar como redactor no jornal O Heraldo, para fundar e dirigir em 1902, o semanário A Nova. A convite do jornalista António Baptista, partiu para Lisboa (1904), com o objectivo de colaborar na redacção e coordenação do Álbum Açoreano.
A partir de então iniciou a colaboração na imprensa da capital. Acabou por ser redactor dos jornais Jornal das Colónias, Portugal, Diário Liberal, Diário Ilustrado, Diário Nacional e Época; foi chefe de redacção de A Vitória, Situação e A Luta; por fim, foi redactor de A República e de O Século. Com a criação do Ministério do Trabalho entrou para o quadro, em 1920. Foi um dos fundadores da «Casa dos Jornalistas», depois integrada no Sindicato da Imprensa.
A obra literária inclui poesia, ficção em prosa e teatro. Pedro da Silveira afirma que «é de entre os poetas açorianos da geração pós-simbolista, o mais açoriano de todos na temática, em especial na Via Sacra, o melhor dos seus livros. Impenitentemente romântico e sentimentalmente idealista, tinha o culto exaltado da mulher, e formalmente era parnasiano». Ocasionalmente enveredou pela poesia de carácter social.
Obras Principais. (1898), Ardentias. Ponta Delgada, s.n.. (1901), Natal. Ponta Delgada, s.n.. (1903), Orações de amor. Ponta Delgada, Tip. Diário dos Açores. (1906), Pão. Lisboa, Viúva Tavares Cardoso. (1927), Via Sacra. Lisboa, Livraria Universal de Armando. (1928), O Poeta do Só. Lisboa, Livraria Central."
(Fonte: https://www.culturacores.azores.gov.pt/ea/pesquisa/Default.aspx?id=9094)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Capas oxidadas. Na capa é visível a assinatura de posse de Fernando Pinharanda.
Raro.
Sem registo na BNP.
25€

Sem comentários:

Enviar um comentário