11 agosto, 2024

PIMENTA, Belisário -
UMA EPIDEMIA EM 1811. (Capítulo da História do Concelho de Miranda do Corvo). Por... Coimbra, Livraria Académica : Moura, Marques & Filho, 1942. In-4.º (24x16,5 cm) de [4], 15, [1] p. ; B.
1.ª edição independente.
Ensaio histórico. Interessante contributo para os acontecimentos e consequências relacionadas com a 3.ª Invasão Francesa, dedicado sobretudo ao distrito de Coimbra, e em particular ao concelho de Miranda do Corvo. Publicado em: Separata da «Coimbra Médica» - vol. IX, n.º 10 - Dezembro, 1942.
Opúsculo muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao Dr. José Cardoso.
"Quando o exército de Massena, depois de abandonar as posições do Ribatejo e de Tôrres, seguiu para a Beira-Alta, atravessou, em Março de 1811, o concelho de Miranda do Côrvo, de lada a lado, na direcção da Ponte da Mucela, debaixo de forte pressão das fôrças ânglo-lusas.
A parte principal do exército entrou pela estrada que, de Condeixa, segue pela freguesia de Lamas e leva à vila cabeça do concelho; a outra, um só corpo de exército, entrou pela velha «estrada real» que de Tomar dava comunicação para a Beira e Trás-os-Montes.
A campanha que durava desde Outubro do ano anterior, foi duramente assinalada por devastações sem número e violenta mortandade; de modo que o pavor espalhou-se por tôda a Estremadura superior de tal forma que, quando se soube que as tropas napoleónicas vinham açodadas em busca de novas e mais seguras posições, a população das terras a sul de Coimbra abandonou as suas casas e deixou uma zona, ao longo das estradas de marcha, quási deserta e sem recursos. [...]
Depois de os últimos ecos dos combates desaparecerem, e, com a certeza de que os invasores já iam longe e em condições de não voltarem, pelo menos tão cêdo, os povos começaram a regressar às suas terras e a verificar o estado de ruína dos seus haveres e assim a vida no concelho de Miranda do Corvo foi voltando, aos poucos, à sua quási normalidade.
Cêrca de 200 mortos, no concelho, por violência, deu o balanço feito pelos párocos das três freguesias; em Coimbra durante a fuga, morreram alguns fugitivos por doenças; mas todos os sofrimentos poderiam ir esquecendo, se outro mal não surgisse, logo que as populações reentraram nos seus lares.
Esse mal era uma epidemia que veio naturalmente, em conseqüência do contágio adquirido em Coimbra, na aglomeração promíscua de tanto desgraçado fugido.
Pelo exame dos livros de óbitos, o mal apareceu na freguesia de Lamas, freguesia que deu o maior contingente de refugiados na cidade universitária; aí começou o contágio a dar sinal e dali seguiu o seu caminho, alastrando pela zona alta da paróquia para depois descer à de Miranda por ytrajectória difícil de determinar embora se descubra mais ou menos o seu primeiro ímpeto."
(Excerto do ensaio)
Belisário Maria Bustorf da Silva Pinto Pimenta (Coimbra, 1879 - Lisboa, 1969). "Nasceu em Coimbra em 1879. Frequentou o colégio externato do Padre Simões dos Reis e depois transitou para o Liceu. Aos 14 anos começou a formar a sua biblioteca pessoal, que no final da sua vida ultrapassava mais de oito mil obras. Seguiu a carreira militar ingressando como cadete na escola Prática de Infantaria de Mafra. Em 1903 foi promovido a alferes e em 1910 passou a ser Comissário da Polícia em Coimbra. A sua vida militar decorreu ainda por Valença, Portalegre, Castelo Branco, Lagos, Porto, Penafiel, Abrantes e Leiria. Em 1913 publica o seu primeiro trabalho sobre Miranda do Corvo, tema que foi uma das suas predileções e cultivou até ao final da sua vida. Os seus escritos sobre o concelho encontram-se dispersos por jornais (Alma Nova, Diário de Coimbra) e monografias, podendo ser considerado como o autor que mais se debruçou sobre o concelho. Privou com figuras ilustres da cultura como sejam Eugénio de Castro, António Nobre, António José de Almeida, Vitorino Nemésio, António Nogueira Gonçalves ou Álvaro Viana de Lemos, entre muitos outros."
(Fonte: https://cm-mirandadocorvo.pt/pt/menu/347/belisario-pimenta.aspx)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico e regional.
Indisponível

Sem comentários:

Enviar um comentário