1.ª edição.
Edição original de uma das mais apreciadas e emblemáticas obras sobre a vida estudantil coimbrã, belissimamente ilustrada no texto com desenhos de Mestre António Augusto Gonçalves e fotografias coligidas em Coimbra por António Luís Teixeira Machado e Adriano Marques.
"In illo tempore - no tempo em que eu andava em Coimbra, andava lá tambem a estudar Direito um rapaz chamado Passaro. Elle não se chamava Passaro. Passaro, pozemos-lhe nós, porque além de ser alegre como um pintassilgo, e vivo como um ardal, - usava o cabello não sei de que modo, que parecia que lhe punha duas azas atraz das orelhas, e que a cabeça lhe ia a voar!
Elle não se zangava que lhe chamassem Passaro, e até gostava: - e como alcunha que se ponha em Coimbra, péga como se fôsse visgo, - desde o Camões que era lá em Coimbra o Trinca-fortes, até ao fallecido Alves da Fonseca, chamado o Chato José do Cão, por andar sempre com um cão atraz d'elle e ter um nariz muito chato, ou ao outro a quem por ter só metade do bigode passaram a chamar Gode, e ainda a outro o Sete Fallinhas, que por se desfazer em fifias quando fallava, - ninguem lhe chamava d'outra maneira: - «Ó Passaro, isto!» - «Ó Passaro, aquillo!».
A pontos que o rapaz addicionou a alcunha ao appellido..."
(Excerto de A festa das latas)
Indice:
A festa das latas. | Resurrexit non est hic. | O Saraiva das forças. | Lopes ou Bettencourt? | Poetas balneares. | O Orpheon Academico. | Balthazar, o lethargico! | D, Felicidade. | A Niveleida. | O Lusitano e o
Anda a Roda. | A campanha do Ze Pereira. | A sebenta. | Na aula do
Chaves. | O «Velho». | As fogueiras do S. João. | A Casaqueida. | Um
homem não é de pau. | A récita dos quintannistas. | Alho! Alho! Alho! | A
Cabra! | O Bólson das contas lisas. | «Á tabúa!». | «Viu bem?». | Os
voluntarios... da Economia!... | O grande Damazio. | «Miserere nobis!». | Leão, rei dos animaes. | Sanches, o comilão.
José Francisco Trindade Coelho (1861-1908). "Escritor.
Natural de Mogadouro, a sua obra reflete a infância passada em Trás-os-Montes,
num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata, embora sem intuitos
moralizantes. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus
personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico
português. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa atividade
pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar democraticamente o
cidadão português. Era um homem inconformado. Nem a fama de magistrado, nem o
prestígio de escritor, nem a felicidade conjugal conseguiam fazer de Trindade
Coelho um cidadão feliz. À medida em que avançava no tempo mais se desgostava
com a vida, pelo que o desespero o levou ao suicídio em 1908. Deixou uma
obra variada e profunda, distribuída por quatro vertentes. Jornalismo, carácter
jurídico, intervenção cívica e literária. Algumas obras: «Manual Político do Cidadão Português», o «ABC do Povo»,
o «Livro de Leitura». A série «Folhetos para o Povo», onde se incluem, entre
outros: Parábola dos Sete Vimes, Rimas à Nossa Terra, Remédio contra a Usura,
Loas à Cidade de Bragança, e Cartilha do Povo, A Minha candidatura por
Mogadouro. Como obras literárias deixou: «Os Meus Amores» (1891) e já inúmeras
reedições de «In Illo Tempore» (livro de memórias de Coimbra-1902)."
(Fonte: wook)
Encadernação em meia de pele com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura possessória na f. rosto.
Exemplar em bom estado de conservação. Assinatura possessória na f. rosto.
Invulgar.
Indisponível
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