22 novembro, 2023

DUMAS, Alexandre - D. MARTIM DE FREITAS.
Romance historico portuguez. De... Traduzido por F. P. da C. Gonçalves. Lisboa, Imprensa de Hermenegildo Pires Marinho, 1854. In-8.º (16,5 cm) de 88, [6] p. ; [2] f. il. ; B.
1.ª edição.
Romance histórico inserido na corrente literária do Romantismo cuja acção decorre no século XIII, e retrata um dos mais emocionantes episódios da História de Portugal.
Trata-se da narrativa dos acontecimentos relacionados com a deposição do rei D. Sancho II por seu irmão D. Afonso III, e a comovente demonstração de fidelidade protagonizada pelo alcaide-mor do castelo de Coimbra - D. Martim de Freitas (c. 1215-1293) - pela resistência que ofereceu aos partidários do rei "usurpador", que lhe montou longo cerco, tendo apenas entregue as chaves da fortaleza sitiada após ter tido conhecimento (e confirmado) a morte de D. Afonso II no exílio, em Toledo.
A título da curiosidade vale a pena referir que existem sérias dúvidas acerca de "paternidade" desta obra. Sobre este assunto, reproduzimos excerto camiliano inserto num artigo da Biblioteca Nacional: Estudos sobre a vida e obra de Dumas, cujo link infra disponibilizamos:
"Tem sido interpretado em clave sisuda um parágrafo de Camilo sobre a «mentira no romance», exemplificado com Dumas - alegado autor de D. Martim de Freitas, que não consta das bibliografias oficiais - e sua «cornucópia de asneiras» ao falar de Portugal (ver prólogo de «A caveira», em Cenas Contemporâneas). É manifesta a ironia, nesse propósito tão camiliano de preparar o terreno e ofuscar o leitor." (in https://purl.pt/301/1/dumas-estudos/e-rodrigues-2.html)
Livro ilustrado com duas estampas extra-texto:
- D. Martim de Freitas;
- D. Martim de Freitas entrega as chaves ao defunto rei D. Sancho II.
"Mas, meu pai, disse sorrindo Mercédes, donde vos procede um amor tão grande e singular pelo rei D. Sancho II?
Aquella a quem a donsella dirigia esta pergunta era um velho de sessenta annos pouco mais ou menos, vestido com uma saia de malha, ajustada ao corpo com tanto cuidado como se estivesse em campo diante dos Mouros d'Ourique ou Cordova, e não no seu bom castello da Horta rodeado de uma fiel guarnição n'uma paz perfeita. Só o casco faltava á sua armadura completa de capitão, e esse mesmo apenas estava a alguns passos posto sobre uma arca, perto da qual um escudeiro se conservava de pé e prompto para obedecer ás ordens de seu amo. Podia-se vêr este veneravel rosto, em que luctava, semelhante ao leão, uma singular mistura de força e tranquilidade, coroado de compridos cabellos embranquecidos mais pela fadiga do que pela idade, juntando-lhe ainda uma ou duas cicatrises para provarem em como os golpes que se vêem são estimados."
(Excerto do Cap. I)
"Eis o que se havia passado em Lisboa entre D. Sancho II e os grande do seu reino.
Os nobres estavão reunidos na salla do conselho e esperavão el-rei D, Sancho II para com elle deliberarem negocios do reino. De repente abre-se a porta, e, em vez do rei, vê-se apparecer D. Fernando d'Almeida, seu favorito, vestido para montar a cavallo, uma bosina ao lado e um chicote na mão; vinha annunciar que el-rei seu senhor não podia vir presidir ao conselho, visto partir na madrugada seguinte para caçar nas suas florestas de Sarzedar e Castello Branco; e que, todo absorvido n'estes preparativos importantes, não se podia occupar dos negocios do Estado.
Esta missão, que o favorito desempenhou com a sua costumada arrogancia, foi seguida logo depois de sahir d'um murmurio terrivel em toda a assemblea."
(Excerto do Cap. II)
Exemplar brochado, aparado à cabeça, em bom estado geral de conservação, mas com pequenas falhas e defeitos. Sem capas, encontra-se revestido de capas protectoras simples, lisas. Sem F. ante-rosto.
Raro.
A BNP possui um exemplar desta obra, dando notícia de uma outra edição de 1855.
85€

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