08 julho, 2023

PAIVA, José Pedro de Matos - FEITIÇARIAS, BRUXARIAS E CURAS SUPERSTICIOSAS.
As visitas pastorais como fonte para o estudo das práticas da magia. Os agentes da magia na Diocese de Coimbra na segunda metade do século XVII. Por... Coimbra, Publicações do Arquivo da Universidade de Coimbra, 1985. In-4.º (23,5 cm) de [2], 36, [2] p. ; (359-394 pp.) ; il. ; B. Separata do Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra - vol. VII
1.ª edição independente.
Interessante estudo histórico sobre a superstição popular no Distrito de Coimbra, e a repressão exercida pela Igreja sobre as práticas "esotéricas".
Livro ilustrado no texto com três gráficos: 1 - Frequência de acusados 1630-1700 : Mulheres/Homens; 2 - Tipo de acusações /Homens; 3 - Tipo de acusações / Mulheres.
Exemplar duplamente valorizado pela dedicatória e cartão - ambos autografados pelo autor - dirigido ao conhecido historiador Prof. Francisco Bethencourt.
"Como em todos os domínios da história, a busca afanosa de novas fontes que permitam conhecer melhor um certo fenómeno também tingiu o estudo da magia. Até há alguns anos, este problema era estudado na maioria das vezes tendo como base os processos da Inquisição, a poesia e prosa que se escreviam sobre o assunto, os processos judiciais. Foi também frequentemente utilizada, obviamente, legislação régia e eclesiástica. [...]
As visitas pastorais são uma fonte de inestimável valor e que se prestam a fornecer informações variadíssimas sobre vários aspectos da vida quotidiana das populações, do clero, da prática religiosa, etc.
Um dos motivos que explica o sucesso das visitas com o forma de inquirição dos pecados públicos (entre eles a feitiçaria, bruxaria e curas), radica no facto de que ao nível das pequenas comunidades pré-industriais o direito à privacidade é totalmente inexistente. Mais do que isso, os vizinhos, a comunidade, têm, o dever e o direito de conhecer as actividades de cada um. É deste conhecimento que a Igreja se vai apropriar ao realizar periodicamente a visita. E não se pense que só em casos devidamente provados a Igreja actuava. Em face da legislação eclesiástica, a má reputação é suficiente para que se proceda contra alguém. [...]
A informação que as «visitas» encerram para estudar o interessante fenómeno da magia encontra-se nos depoimentos das populações visitadas e nas «pronúncias», ou seja, as penas que eram aplicadas aos acusados de magia durante o processo visitacional. Além disto, existem os «exames», que eram interrogatórios feitos  alguns dos acusados. Toda esta informação está disponível num dos livros que eram produzidos durante uma visita: o «livro de devassas». Vejamos pois qual a aplicabilidade de tudo isto no estudo da magia.
O principal valor das visitas pastorais para o estudo da «magia negra» liga-se profundamente ao facto de que aquilo que era registado pelo visitador durante a «devassa» que efectuava, ser o depoimento as testemunhas. Os livros de devassas de visitas estão pois repletos de acusações de vários crimes entre eles os de feitiçaria e bruxaria. Através das «visitas» podem-se portanto estudar as acusações e, em grande parte dos casos, as relações entre o acusador e o acusado."
(Excerto de 1 - As visitas pastorais como fonte para o estudo das práticas de magia)
Índice:
Introdução. | 1 -  As visitas pastorais como fonte para o estudo das práticas da magia. 2 - «Os agentes da magia na Diocese de Coimbra na segunda metade do século XVII».
José Pedro de Matos Paiva (n. 1960). "É professor na Universidade de Coimbra, investigador no Centro de História da Sociedade e da Cultura e no Centro de Estudos de História Religiosa. A sua área de pesquisa central é a história religiosa e cultural em Portugal, séculos XVI-XVIII. Entre outros livros é autor de Bruxaria e superstição num país sem "caça às bruxas" (Lisboa, 1997), Os bispos de Portugal e do império (1495-1777) (Coimbra, 2006), Baluartes da fé e da disciplina (Coimbra, 2011)."
(Fonte: wook)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Com sublinhados e notas marginais, tudo a lápis.
Raro.
Sem registo na BNP.
Com interesse histórico.
25€

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