23 julho, 2023

GUIMARÃIS, Pinto -
FADO, CANÇÃO VENCEDORA.
História, propaganda e defesa do fado. Lisboa, Edição do Autor, 1938. In-8.º (21,5x16 cm) de [25] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo de apologia e propaganda ao Fado.
Ilustrado com publicidade da época, referente sobretudo a comércio e serviços de Lisboa e Setúbal.
Pouco foi possível apurar acerca de Pinto Guimarães, a não ser a uma natural inclinação para a poesia e paixão pelo fado, de acordo com as obras disponíveis na BNP, bem como a sua ligação a Setúbal, onde publicou diversas obras relacionadas com a cidade, listadas no interior: O valor da Rainha do Sado, A cidade do Sado, Guia Turistico de Setúbal; Almanaque Setubalense, Almanaque Enciclopédico, entre outros, assim como algumas novelas policiais, de crime e mistério.
Junta-se cartão de promoção (13x9,5 cm) à casa de fados "A típica casa da Cesária", Alcântara - Lisboa, que contém no verso a Marcha da casa da Cesária, de Carlos Duarte.
"Ao pegarmos na pena, para algo dizermos sobre o Fado, e consequentemente, sobre este livro, devemos solenemente e perentoriamente afirmar, que não vimos arrogantes e esvurmando ódio aos que não gostam do Fado, mas sim, escrever algumas palavras, que pezem no íntimo dos seus detractores, fazendo-lhe ver quanto são injustos no que diz respeito à Canção Portuguêsa. [...]
O Fado, é a vibração íntima do povo que trabalha e que produz; do obreiro intelectual, o que pensa e aciona; do homem que dirige, do homem que executa.
O Fado, é a expressão sentimental da nossa alma, é o nosso próprio eu, a manifestar-se, a dizer que sente em si, a nostalgia, a beleza, a arte, o humanismo, os anceios, a descrença, o amor e o bucolismo. A canção lusitâna, vibra em nós, actuando no cérebro e no físico, fazendo-nos cair em extasi, quando aos nossos ouvidos tange uma guitarra, e se houve uma canção.
E o que atesta a nossa afirmação, é o que temos observado. Uma dona de casa, trabalha e canta; um operário, na fábrica ou na oficina, trauteia o fado; o empregado de carteira, assobia-o; o ardina o engraxador, o chauffeur, o passeante, o namorado que aguarda a namorada, todos enfim, cantam o fado, a maia voz, só para si, porque isso lhe dá prazer e está na sua própria sentimentalidade.
Se lhes perguntarem, porque o cantam, diriam que não sabem porquê.
Nós diremos, que é a própria alma de fadista a despertar, porque embora muitos snobs, digam que detestam o fado, êles, no íntimo, apreciam e gostam... No fundo... é precizo dizer mal de alguma coisa..."
(Excerto de Duas palavras sôbre o Fado. Em forma de prefácio...)
Índice:
Duas palavras sôbre o Fado. Em forma de prefácio... | Obras de Pinto Guimarãis (Publicadas/A sair) | Poetas de Setúbal | O Pescador | Sonêtos por Pinto Guimarãis | A acção do Salão Mondego em prol do Fado | A origem do Fado - Como nasceu a "Canção Nacional" | A voz dos sinos [poesia] | Ceifeira [poesia] | Carta de longe [poesia] | Bandeira de Portugal [poesia] | Quadras soltas [poesia] | Oração ao Sol| O Poeta... [poesia] | Sonetos de Pinto Guimarãis | Arrependimento [poesia] | Esperando [poesia] | Arrufos.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
Com interesse para a bibliografia fadista.
30€

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