31 julho, 2023

UMA VIDA ESPINHOSA
. Lisboa, Typ. e Lith. de Adolpho, Modesto & C.ª : Fornecedores da Sociedade de Geographia, 1885. In-8.º (18 cm) de 112, [2] p. ; [8] f. il. ; E.
1.ª edição portuguesa.
Romance social. Publicado anónimo, a sua autoria pertence a Sarah Smith, também conhecida por "Hesba Stretton", pseudónimo literário que utilizou para assinar a maioria dos seus trabalhos.
Primeira edição portuguesa de um livro publicado originalmente em Londres, 1878, com o título A Thorny Path, tendo conhecido cerca de dez edições entre nós ao longo do final do século XIX/primeiro quartel do século XX. A BNP não menciona esta. Trata-se de um livro precioso, exemplo paradigmático dos primórdios da literatura protestante em Portugal. Relativamente à tradução, refira-se a título de curiosidade, que os nomes dos personagens da história são portugueses, com excepção de Hagar, a figura principal.
Ilustrado com oito bonitas gravuras separadas do texto.
"Era um dia do mez de novembro, sombrio e triste, pela espessura das nuvens. Os ramos seccos das arvores no Jardim Publico entrelaçavam-se n'um labyrintho de linhas escuras contra o céu negro e carregado. Tinha havido um nevoeiro muito espesso pela manhã, mas já tinha espalhado algum tanto, e já se podiam vêr no firmamento as grossas nuvens e os troncos das arvores plantadas a pouca distancia umas das outras.
No chão estendia-se um tapete castanho de folhas murchas, que iam apodrecendo por causa das gottas d'orvalho que estavam caindo constantemente dos ramos que ficavam por cima. O ar não era frio, mas a atmosphera estava humida e pesada. A curta tarde já tinha começado, mas não se viam grupos de creanças brincando nos longos passeios e largas avenidas do Jardim Publico. Os chuviscos d'um dia de novembro tinham feito com que muita gente se tivesse deixado ficar em casa.
Porém havia alguns transeuntes que caminhavam apressadamente pelos passeios molhados, sem se demorarem no seu caminho ou olharem vagamente para a scena triste em volta d'elles. Iam todos tão preoccupados com o seu proprio mau estar, que nem prestavam attenção a um pequeno grupo melancolico, que com passos tristes e vagarosos caminhava por baixo das ramos das arvores molhados pelo orvalho. Uma mulher com o vestido esfarrapado formava o centro do grupo. Ella levava n'um braço um pequenino de poucos mezes de edade, emquanto que com a outra mão conduzia uma menina de tres annos quasi descalça. Um velho cego caminhava ao seu lado , apoiando a mão descarnada sobre o hombro d'ella para se poder guiar. Nem o velho, nem a menina andavam depressa; e este pequeno grupo de pobresa e soffrimento, caminhava com passos vagarosos, cançados e fracos, por um dos paseios. [...]
- Para onde nos vaes conduzir, Hagar? perguntou o velho passado algum tempo.
Ella não lhe respondeu."
(Excerto do Cap. I - No Jardim Publico)
Sarah Smith (1832-1911). Nasceu em Wellington, Inglaterra. Filha de pai livreiro, impressor de literatura evangélica; sua mãe era conhecida pela sua dedicação à causa evangélica, tendo morrido quando Sarah era ainda jovem. Na edição de 19 de Março de 1859 da Household Words, - uma publicação dirigida por Charles Dickens, - ela publicou o seu primeiro conto - The Lucky Leg. É uma história intrigante sobre um homem que se queria casar com uma mulher sem uma perna. O conteúdo era secular, mas o seu talento acabou por ser reconhecido. Adoptou o pseudónimo "Hesba Stretton". Stretton vem do nome de uma vila vizinha e Hesba vem das iniciais de seus irmãos. H (Hannah ou algumas fontes Harriett), E (Elizabeth), S (Sarah), B (Benjamin) e A (Annie).
Encadernação em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado geral de conservação. Pastas manchadas. Lombada apresenta falha. Assinatura possessória - safada - na f. rosto.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
25€

30 julho, 2023

COIMBRA, Leonardo - A MORTE. Conferencia da «Renascença Portuguesa» pronunciada no Centro Commercial do Porto, na noite de 23 de Julho de 1913. Pôrto, Edição da Renascença Portuguesa, 1913. In-8.º (19x12,5 cm) de 114, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Ensaio filosófico sobre a Morte em forma de conferência.
"Se começo por vos falar da face da Morte é para que, afastando a sua inconsciente e habitual imagem feita de horrores acessorios e acusações irreflectidas, possa a minha palavra encontrar almas atentas ao murmurio das suas ultimas, longinquas camadas. Desvende eu a face da Morte para que o seu nome não apodreça os meus labios, não caricature em esgare o meu sorriso confiado, não descarne o meu corpo em petulante cadaver que se erguesse a prelecionar a lição de anatomia.
A linguagem da Morte, que é incontestavelmente a mais importante para o comportamento da nossa vida, forma-se em nosso espirito, ao sabôr das mais baixas solicitações. São, com efeito, o mêdo e a repugnancia animal os principaes elementos dessa imagem. E vai tão longe a cegueira e cobardia dos homens, neste ponto, que á propria criança, absolutamente indiferente e estranha á ideia da Morte, se lhe impõe uma imagem com elementos de mêdo. [...]
Prefiro olhar o problema pelo lado da coragem e erguer a alma acima das solicitações dos sentidos.
Acho preferivel que o homem, pela espontaneadade do seu espirito, destile esses horrores instinctivos, em heroicas plantas, que, das profundesas da alma, venham abrir em labios dagua a inocencia da sua branca alegria.
Os nossos cemiterios, habitados de esqueletos, podem sêr jardins cristãos, se a alma tiver coragem de descobrir o além dos sentidos.
O nosso corpo a arder em chama purificadôra, será beleza, libertação, cosmico abraço instantaneo. Sim, será a onde do eter, que, em Romaria pagã, vá beijar as praias dos mundos."
(Excerto de A face da Morte)
Matérias:
A face da Morte. | O Sêr. | A transnaturesa. | A Memoria.
Leonardo Coimbra (1883-1936). "Filósofo, ensaísta, político e professor universitário português. Nasceu a 30 de dezembro de 1883, na Lixa, concelho de Felgueiras, e morreu a 2 de janeiro de 1936, no Porto. Formou-se em Letras em Lisboa, no ano de 1912. Um dos mais importantes nomes da cultura portuguesa da primeira metade do século XX, Leonardo Coimbra foi, no Porto, juntamente com Jaime Cortesão, um dos mentores e dinamizadores do projeto de intervenção cívica e cultural "Renascença Portuguesa", no âmbito do qual coeditou a revista Nova Silva e A Águia, promoveu a criação de Universidades Populares (onde se distinguiria como orador) e, como Ministro da Instrução Pública, fundou a Faculdade de Letras do Porto, onde viria a lecionar e a dirigir (com Hernâni Cidade e Mendes Correia) a Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1920-1922). É nas edições Renascença Portuguesa que edita grande parte de uma bibliografia (O Criacionismo: Esboço de um Sistema Filosófico, 1912; A Morte, 1913; A Alegria, A Dor, A Graça, 1916; A Luta pela Imortalidade, 1918; Adoração: Cânticos de Amor, 1921; Jesus, 1923; Guerra Junqueiro, 1923; A Filosofia de Henri Bergson, 1932)."
(Fonte: infopedia)
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capas oxidadas. Falha de papel nas extremidades da lombada.
Raro.
25€

29 julho, 2023

NEMÉSIO, Vitorino - MAU TEMPO NO CANAL : romance
. Lisboa, Livraria Bertrand, [1944]. In-8.º (19 cm) de 478, [2] p. ; B.

1.ª edição.
Edição original da obra maior do autor, e uma das mais conhecidas e apreciadas da literatura portuguesa contemporânea.
"A obra romanesca mais complexa, mais variada, mais densa e mais subtil em toda a nossa história literária", são palavras de David Mourão-Ferreira sobre "Mau Tempo No Canal", de Vitorino Nemésio. O documentário ajuda-nos a perceber porquê.
A narrativa, temporalmente situada entre 1917 e 1944, incide sobre Margarida Clark Dulmo, peça de relações amorosas desencontradas e frustradas e nenhuma delas capaz de lhe realizar as ambições existenciais, continuamente vetadas pelo que é socialmente convencionado e imposto de modo asfixiante e incontornável pela moral burguesa da sociedade açoriana das primeiras décadas dos século XX.

“Mau Tempo No Canal” é o romance de Vitorino Nemésio que figurará na história literária portuguesa como um dos mais completos e conseguidos, mas também é aquele que da insularidade dos Açores nos eleva à prisão da ilha de todo o Homem, com os seus universais medos, paixões, entusiasmos e angústias."
(Fonte: ensina.rtp.pt/artigo/mau-tempo-no-canal-de-vitorino-nemesio)
"João Garcia garantiu que sim, que voltava. Os olhos de Margarida tinham um lume evasivo, de esperança que serve a sua hora. Eram fundos e azuis, debaixo de arcadas fortes. Baixou-os um instante e tornou:

- Quem sabe...?
- Demoro-me pouco... palavra! Cursos de milicianos... Moeda fraca! Para a infantaria, três meses. Se não fecharem os concursos para Secretários Gerais, então aproveito. Bem sei que há só três vagas e mais de cem bacahréis à boa vida... Mas não tenho mêdo das provas. Bastam algumas semanas para me preparar a fundo... rever a legislação.
Entrava em pormenores. Margarida ouvia-o agora vagamente distraída, de cabeça voltada às nuvens, como quem tem uma coisa que incomoda no pescoço, um mau jeito. O cabelo, um pouco sôlto, ficava com tôda a luz da lâmpada defronte, de maneira que a testa reflectia o vaivém da sombra ao vento."
(Excerto do Cap. I - A serpente cega)
Vitorino Nemésio (1901-1978). "Nasceu em 1901, na Ilha Terceira, Açores. Frequentou o liceu em Angra e na Horta (Ilha do Faial), onde concluiu o 5.º ano. Em 1919, iniciou o serviço militar como voluntário, o que lhe proporcionou a primeira viagem ao Continente. Em Coimbra, terminou o liceu e frequentou a Universidade, primeiro como aluno de Direito, depois de Letras. Optando definitivamente pelo curso de Filologia Românica, viria a obter a sua licenciatura em 1931 em Lisboa, dando início ao mesmo tempo a uma distinta carreira académica na Faculdade de Letras. Como professor, o seu percurso levou-o ainda a leccionar em Montpellier, em Bruxelas e em várias universidades no Brasil. Poeta, ficcionista, crítico, biógrafo e investigador literário, Vitorino Nemésio é autor de uma obra equiparável, nas palavras de David Mourão-Ferreira, a “um arquipélago”. Fundador e director da Revista de Portugal (1937-1941), uma publicação literária importante no panorama português do século XX, Nemésio colaborou também de forma intensa em revistas literárias, em jornais, na rádio e na televisão. Ficou célebre, e presente até hoje na memória dos portugueses mais velhos - a sua colaboração na RTP com o programa “Se bem me lembro”, no início dos anos setenta. O livro Mau Tempo na Canal foi publicado em 1944 e é considerado um marco na história do romance português do século XX."
(fonte: cvc.instituto-camoes.pt)
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação. Cansado. Capas algo manchadas.
Muito invulgar.
Com interesse histórico e literário.
45€

28 julho, 2023

NORONHA, Eduardo de -
EPISODIOS DRAMATICOS DA GUERRA EUROPEIA.
I [II; III; IV; V]. Lisboa, Empresa Lusitana Editora, 1915. 5 vols in-8.º (18,5x11,5 cm) de 127, [3] p. ; [4] f. il. (I) - 128 p. ; [4] f. il. (II) - 128 p. ; [4] f. il. (III) - 128 p. ; [4] f. il. (IV) - 128 p. ; [2] f. il. (V) ; E. num único tomo
1.ª edição.
Colecção de relatos bélicos, verídicos, pela pena de Eduardo de Noronha, reportando aos dois primeiros anos da Grande Guerra.
Importante repositório com indubitável interesse para a bibliografia WW1.
Obra em 5 volumes (completa), ilustrada com 18 belíssimas estampas separadas do texto.
"A guerra que hoje ensanguenta a Europa precisa de ser consubstanciada n'uma publicação que, vibrante e honestamente, dê a nota emotivas, commovente, humana, palpitante dos terriveis lances que todos os dias se desenrolam, sem a aridez de longas columnas sobre operações militares, nem de compactos trechos sobre os trabalhos das chancellarias.
O presente trabalho busca preencher essa lacuna. Os episodios da guerra europeia viverão a vida intensa da guerra com os seus dramas e tragedias, as suas lagrimas e as suas dores, as suas heroicidades e as suas dedicações, os seus sobresaltos e anciedades. Baterão como os corações de tantos soldados, de tantas mães, de tantos orphãos, de tantas enfermeiras devotadas, de toda a gente que põe á prova na lancinante conjuntura a têmpera da sua alma, o vigor do caracter, o altruismo do sentir, a energia do espirito, a bondade e a sensibilidade.
N'esta publicação far-se-ha a historia do soffrimento da creatura, seja qual for o sexo e a edade, na actual guerra. Narrar-se-hão succintamente os factos militares, politicos e diplomaticos indispensaveis para acompanhar as differentes phases da tremenda conjuntura, mas, principalmente e acima de tudo, por-se ha bem em relêvo, bem em evidencia, de forma empolgante e suggestiva, qual tem sido a somma de maguas e estupendos transes que teem arrancado á Humanidade diluvios de sangue e inundações de pranto.
De memoria dos homens nunca se feriu prélio semelhante a este. Todos os elementos de destruição se reuniram para o exterminio recíproco das nações. Nas trincheiras a chuva, o vento, a neve, o calor, a miseria, a sede, a fome, a fuzilaria, a metralha, os fragmentos das granadas; no ar a obra aniquiladora dos aeroplanos e dirigiveis; por baixo do chão os trabalhos de sapa, as minas e contra-minas, a acção brutal da dynamite e d'outros explosivos. Os instrumentos de morte multiplicam-se. Além do sabre, da bayoneta, da espingarda, da metralhadora, do canhão, do obuz, do morteiro, vem a bomba aperfeiçoada, o projectil asphixiante carregado de lydite e de melinite, os surdos lança minas, as catapultas, as peças monstros e de effeitos fulminante.
Outr'ora os exercitos defrontavam-se em campo aberto, as fortalezas eram assaltadas á luz do sol, as manobras executavam-se de modo ostensivo e apparatoso, as cidades abertas eram respeitadas, ninguem se atrevia a cruzar os ares nem a devassar o fundo dos oceanos. Hoje tudo isso mudou. As investidas effectuam-se de noite, os aviões bombardeiam os hospitaes e as ambulancias nas trevas, os submarinos afundam navios carregados de creanças e de seres indefesos, as minas destroem indistinctamente o alteroso couraçado e o humilde barco de pesca. Nunca a guerra foi tão mortífera nem se revestiu de tão requintados e receados modos de barbarie.
Tudo isto de descreverá aqui com a maxima verdade, baseado em documentos absolutamente authenticos. Será um repositorio de todos os acontecimentos de sensação, a  exacta, a documentada chronica da guerra com todas as suas reaes minudencias, com todos os seus positivos pormenores."
(Preâmbulo - Ao publico)
Encadernação em tela com ferros gravados a seco e a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Muito invulgar.
Com interesse histórico.
Indisponível

27 julho, 2023

MOTA, Salvador Magalhães -
SITUAÇÃO DE CABO VERDE NOS INÍCIOS DA 1.ª REPÚBLICA.
[Por]... Professor do Departamento de Ciências Históricas e da Educação da Universidade Portucalense. Separata do n.º 4 especial da Revista Africana. Porto, Universidade Portucalense : Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde, 1996. In-4.º (24x17 cm) de [4], 22, [2] p. ; (137-158 pp.) ; B.
1.ª edição independente.
Interessante ensaio/comunicação sobre o contexto económico e social do arquipélago de Cabo Verde nos primeiros anos da Primeira República. Pouco vulgar, com interesse histórico. A BNP não menciona.
"As fontes consultadas para a presente comunicação baseiam-se essencialmente em 22 relatórios emanados pelas principais entidades administrativas e judiciais de Cabo Verde para o Governador Abel Fontoura da Costa (1915 a 1917). Reportam ao ano de 1916 e vêm na sequência de uma circular solicitando tal envio datada de 8 de Janeiro de 1917. Pela leitura do seu conteúdo verificamos que as informações extravasam largamente a referida data. Ao que sabemos parecia ser uma prática normal o envio de tais documentos, com o objectivo de o responsável máximo da ex-província portuguesa ter um conhecimento real de todos os problemas e dificuldades por que passava o arquipélago. [...]
Impressionou fortemente o autor deste trabalho a postura crítica e a liberdade com que foram produzidos bem como a simplicidade com que se expunham as múltiplas carências com que Cabo Verde se debatia, algumas das quais se foram arrastando ao longo dos anos."
(Excerto de 1 - Introdução)
Índice:
1 - Introdução. 2 - Administração. 3 - Economia e Obras Públicas: 3.1. Agricultura e pescas; 3.2. O Comércio; 3.3. A Indústria. 4 - Sociedade: ensino e assistência médica.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Muito invulgar.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
15€

26 julho, 2023

PONTES, Juvenália -
ALEXANDRE HERCULANO E O CLERO : o ponto de vista de Herculano.
Dissertação de Licenciatura em Ciências Filosóficas, apresentada no ano de 1965, à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra, [Associação Académica de Coimbra : Secção de Textos], 1965. In-4.º (26,5x19,5 cm) de [2], 226, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Importante ensaio académico sobre a polémica que opôs Alexandre Herculano ao Clero português. Subsídio com interesse histórico e biográfico para o conhecimento das ideias do grande mestre-historiador. Raro. A Biblioteca Nacional não menciona.
"Herculano, como historiador, pôs a verdade acima das considerações humanas. Norteado por este princípio, reduziu a Batalha de Ourique, às dimensões que lhe pareceram verdadeiras, classificando-a no Livro II da sua História de Portugal, como um "verdadeiro fossado".
Analisando a crise política e religiosa em que então se debatia o povo mussulmano da África e da Península, conclui que não era possível a existência de cinco reis mouros na batalha.
Outro argumento que o leva à mesma conclusão é o silêncio dos escritores árabes contemporâneos àcerca da batalha, e as breves referências ou ausência delas em crónicas cristãs coevas ou pouco posteriores; só crónicas mais tardias e historiadores modernos irão considerar a Batalha de Ourique "a pedra angular da Monarchia Portuguesa", visto que, vitorioso de um exército de 400.00 homens, comandados por cinco reis, graças à ajuda do próprio Deus que lhe aparecera, garantindo-lhe a vitória, D. Afonso Henriques vê-se aclamado rei pelos seus companheiros no campo de batalha.
Ao narrar os sucessos históricos dessa época, Herculano omitiu o milagre de Ourique, aludindo apenas numa nota a esse tradição considerando-a uma fábula. Essa omissão e a brevidade dessa alusão, para mostrar aliás que o milagre se baseava num documento falso e mal forjado, irão levantar contra ele as iras do fanatismo.
Inicia-se assim uma contenda que vai dividir a opinião do País em duas facções opostas. Pregadores clamam do alto dos púlpitos contra o ímpio que, fundado em razões de história, vinha deitar por terra a crença no milagre, havia tantos anos arreigada no espírito nacional, e surgem numerosos opúsculos, uns a favor, outros contra a opinião de Herculano."
(Excerto de Introdução - História Formal da Polémica "Eu e o Clero")
Índice:
Prefácio | Introdução - História Formal da Polémica "Eu e o Clero": I - Crítica ao Clero. II - Ideias político-religiosas. III - Concepção laica e individualista do Estado: a) Laicismo; b) Individualismo. IV - Herculano e Lammenais. | Apêndice - Resenha dos artigos de Alexandre Herculano publicados da Rev. Panorama | Fontes e Obras de Consulta: I - Fontes: a) Obras de Alexandre Herculano; b) Escritos publicados pelos opositores de A. H. na polémica "Eu eo Clero"; c) Obras dos defensores do ponto de vista de A. H.; D) Obras de Lammenais. II - Obras de consulta | Índice Ideográfico | Índice de Abreviaturas.
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
Com interesse histórico.
Sem registo na BNP.
35€

25 julho, 2023

REGO, José Teixeira - NOVA TEORIA DO SACRIFÍCIO. Fixação do texto, prefácio e notas de Pinharanda Gomes. Lisboa, Assírio & Alvim, 1989. In-8.º (22 cm) de 203, [5] p. ; il. ; B.
Interessante conjunto de ensaios histórico-filosóficos sobre religião, muito valorizado pela análise e notas do pensador e ensaísta Jesué Pinharanda Gomes.
"Teixeira Rego (1881-1934) escreveu a sua Nova teoria do sacrifício em fascículos entre 1912-1915 publicados como artigos na revista Águia. Três anos depois foram editados em livro na Renascença Portuguesa [cujo registo a BNP não possui]. Este trabalho foi levado a cabo na condição de autodidata com todos os riscos que isso comporta."
(Fonte: http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/19008/1/A%20teoria%20do%20sacrif%C3%ADcio%20de%20Teixeira%20Rego%20revisitada.pdf)
"Teixeira Rego ensaiou uma explicação totalmente racional do mito do bem e do mal e do pecado original. Tentou explicar o seu surgimento no tempo, tentou datá-lo, tentou mostrar que isso aconteceu a partir do momento (e isto é significativo) em que o antropóide passou a comer carne em vez de frutos. [...]
A história do pecado original, assim vista, mais não é do que a repetição de uma narrativa que explica que a partir de uma certa altura passou-se a ter uma história inquinada, que até então não era. O pecado original estaria na carne e não no fruto da árvore do bem e do mal. Esta transição «volveu-se no mais horrível martírio»."
"O rito do sacrifício, já de si singularíssimo, ainda apresenta de estranho o ser praticado por todos os povos, desde os tempos mais remotos até hoje. A causa, pois, que o determina deve ser universal, impressionante, terrível, para produzir tal duração e generalidade. As hipóteses tendentes a explicá-lo, embora algumas engenhosíssimas, com indiscutíveis verosimilhanças, tais as de Tyler, Robertson Smith e escola de Durkheim, têm o direito comum de justificarem o sacrifício em alguns povos somente, pois que não é de crer que as mesmas aproximações, mais ou menos remotas, mais ou menos subtis, fossem feitas em toda a parte; e, se se recorre à irradiação dessas ideias do povo ou povos que as pensaram para os restantes povos, não se vê em tais ideias suficiente importância e evidência para serem universalmente adoptadas com um cerimonial rigoroso e complexo, e acatadas com o máximo respeito."
(excerto do Cap. I, O problema do sacrifício)
José Augusto Ramalho Teixeira Rêgo (1881-1934). "Nascido em Matosinhos em 1881, conviveu desde jovem com algumas das mais importantes figuras do círculo intelectual portuense, tornando-se discípulo de Sampaio Bruno e aprofundando a sua predileção intelectual no âmbito das línguas orientais, da filosofia, da religião e dos temas da cultura geral em sentido lato. Diretor do jornal "O Debate" e membro da "Renascença Portuguesa", movimento cultural que despontara no Porto, estreitou laços de amizade com Leonardo Coimbra, de quem partiu o convite para exercer o magistério na recém-criada Faculdade de Letras do Porto. A sua entrada como Professor Contratado do 2.º Grupo (Filologia Românica), em 1919, rodeou-se de polémica nos meios académicos portugueses, uma vez que José Teixeira Rêgo apenas possuía os estudos liceais. Porém, essa questão foi facilmente resolvida com os argumentos de se tratar uma nomeação governamental e de se basear no critério legal do reconhecimento da idoneidade científica e cultural do candidato."
(fonte: sigarra.up.pt)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Indisponível

24 julho, 2023

DEUSDADO, Ferreira – A ONDA DO CRIME. [Etiologia e Profilaxia]. Lisboa, Depositarios: João d’Araujo Moraes, L.da [Imp. Imprensa Lucas & C.a, Lisboa], 1931. In-8.º (19 cm) de 160, [4] p. ; B.
1.ª edição.
Estudo sobre a criminalidade portuguesa.
Muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor.
"Os portugueses, geralmente, só se lembram de Santa Barbara quando troveja, e, então, quando a tempestade ruge, querem que se adoptem medidas rápidas que dominem os trovões, como se, num momento, fosse possível evitar o estrondo produzido pela inflamação da matéria eléctrica acumulada.
Sempre que os instintos ferozes recrudescem, e os jornais espicaçam a sensibilidade do público, com o relato de um ou outro crime sensacional, logo, em vários campanários, se toca a rebate contra o crime, á semelhança do que acontece em certas aldeias transmontanas, nas quaes se toca o sino para afugentar a trovoada. […]
Os crimes, últimamente praticados - mormente os crimes contra as pessoas - alarmaram a opinião pública e vieram demonstrar a necessidade da adopção de uma política criminal adaptada ás novas formas de delinquir. […]
Este livro, é uma pedra tosca, que oferecemos para os alicerces do edifício de uma nova política criminal. Que outros, mais competentes do que nós, se encarreguem de erguer o edifício."
(Excerto do Proémio)
Índice:
I. O período aureo das bombas. II. Exemplos que veem de cima. III. Acção moral no seio da família. IV. Acção moral na escola. V. A delinqüência infantil. VI. Influência do animatógrafo e do teatro na delinquência. VII. A impunidade. VIII. O urbanismo. IX. A Grande Guerra. X. A habitação. XI. O regime prisional. XII. A legislação penal. XIII. Ter ou não ter dinheiro eis a questão… A extinção de trinta e sete comarcas. XIV. Estatística criminal. XV. Política criminal do passado. XVI. Política criminal do presente.
Domingos Augusto de Miranda Ferreira Deusdado (1890-1962). "Advogado, escritor e regionalista. Órfão de pais, foi acolhido e educado como filho pelo tio, Manuel António Ferreira Deusdado, que exerceu grande influência na sua personalidade e no seu pensamento. Alferes miliciano durante a I Grande Guerra, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e inscreveu se como advogado (1919). Produziu, desde então, considerável número de opúsculos, em que expõe alguns dos processos judiciais em que tomou parte. Distinguido com várias condecorações, foi sócio do Instituto de Arqueologia."
Exemplar brochado em bom estado de conservação. Capa apresenta duas manchas à cabeça.
Muito invulgar.
25€

23 julho, 2023

GUIMARÃIS, Pinto -
FADO, CANÇÃO VENCEDORA.
História, propaganda e defesa do fado. Lisboa, Edição do Autor, 1938. In-8.º (21,5x16 cm) de [25] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Curioso opúsculo de apologia e propaganda ao Fado.
Ilustrado com publicidade da época, referente sobretudo a comércio e serviços de Lisboa e Setúbal.
Pouco foi possível apurar acerca de Pinto Guimarães, a não ser a uma natural inclinação para a poesia e paixão pelo fado, de acordo com as obras disponíveis na BNP, bem como a sua ligação a Setúbal, onde publicou diversas obras relacionadas com a cidade, listadas no interior: O valor da Rainha do Sado, A cidade do Sado, Guia Turistico de Setúbal; Almanaque Setubalense, Almanaque Enciclopédico, entre outros, assim como algumas novelas policiais, de crime e mistério.
Junta-se cartão de promoção (13x9,5 cm) à casa de fados "A típica casa da Cesária", Alcântara - Lisboa, que contém no verso a Marcha da casa da Cesária, de Carlos Duarte.
"Ao pegarmos na pena, para algo dizermos sobre o Fado, e consequentemente, sobre este livro, devemos solenemente e perentoriamente afirmar, que não vimos arrogantes e esvurmando ódio aos que não gostam do Fado, mas sim, escrever algumas palavras, que pezem no íntimo dos seus detractores, fazendo-lhe ver quanto são injustos no que diz respeito à Canção Portuguêsa. [...]
O Fado, é a vibração íntima do povo que trabalha e que produz; do obreiro intelectual, o que pensa e aciona; do homem que dirige, do homem que executa.
O Fado, é a expressão sentimental da nossa alma, é o nosso próprio eu, a manifestar-se, a dizer que sente em si, a nostalgia, a beleza, a arte, o humanismo, os anceios, a descrença, o amor e o bucolismo. A canção lusitâna, vibra em nós, actuando no cérebro e no físico, fazendo-nos cair em extasi, quando aos nossos ouvidos tange uma guitarra, e se houve uma canção.
E o que atesta a nossa afirmação, é o que temos observado. Uma dona de casa, trabalha e canta; um operário, na fábrica ou na oficina, trauteia o fado; o empregado de carteira, assobia-o; o ardina o engraxador, o chauffeur, o passeante, o namorado que aguarda a namorada, todos enfim, cantam o fado, a maia voz, só para si, porque isso lhe dá prazer e está na sua própria sentimentalidade.
Se lhes perguntarem, porque o cantam, diriam que não sabem porquê.
Nós diremos, que é a própria alma de fadista a despertar, porque embora muitos snobs, digam que detestam o fado, êles, no íntimo, apreciam e gostam... No fundo... é precizo dizer mal de alguma coisa..."
(Excerto de Duas palavras sôbre o Fado. Em forma de prefácio...)
Índice:
Duas palavras sôbre o Fado. Em forma de prefácio... | Obras de Pinto Guimarãis (Publicadas/A sair) | Poetas de Setúbal | O Pescador | Sonêtos por Pinto Guimarãis | A acção do Salão Mondego em prol do Fado | A origem do Fado - Como nasceu a "Canção Nacional" | A voz dos sinos [poesia] | Ceifeira [poesia] | Carta de longe [poesia] | Bandeira de Portugal [poesia] | Quadras soltas [poesia] | Oração ao Sol| O Poeta... [poesia] | Sonetos de Pinto Guimarãis | Arrependimento [poesia] | Esperando [poesia] | Arrufos.
Exemplar brochado em bom estado geral de conservação.
Raro.
Com interesse para a bibliografia fadista.
30€

22 julho, 2023

MENDES, J. M. Fragoso -
PSICOSES SINTOMÁTICAS.
Estudo clínico e análise estrutural de 509 casos. Lisboa, Edição do Autor, 1959. In-4.º (24,5x18,5 cm) de 389, [3] p. ; [1] f. desd. ; il. ; B.
1.ª edição.
Importante ensaio psiquiátrico elaborado com casos recolhidos pelo autor no Hospital Júlio de Matos, e outros resultantes da sua observação pessoal.
Obra de fôlego. Trata-se da dissertação de candidatura ao grau de Doutor apresentada por Fragoso Mendes à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Estudo realizado na Clínica Psiquiátrica da Faculdade de Medicina de Lisboa, com a colaboração do Centro de Estudos Egas Moniz e do Laboratório de Química Fisiológica da F. M. L.
Ilustrado com inúmeros gráficos, esquemas e tabelas, sendo uma delas em folha desdobrável separada do texto.
"O problema das alterações da vida psíquica implica sempre o estudo das suas causas e o papel que desempenham na manifestação dos diferentes síndromes psicopatológicos.
Dos vários grupos da nosologia psiquiátrica actual, as psicoses sintomáticas, que se manifestam noutras doenças, com autonomia clínica, e dentro destas as formas confusionais, são as que maior contribuição têm dado para a compreensão biometabólica das doenças mentais. Consideram-se as perturbações psicóticas como as «mais internistas» de todas, colocadas no limiar da Psiquiatria para a Medicina Geral, entre o funcional e o orgânico, representando estas formas confusionais um elo da cadeia de processos de dissolução da personalidade."
(Excerto da Introdução)
Índice:
Prefácio | I - Parte Geral: Introdução. Evolução histórica do conceito. Etiopatogenia. Predisposição para as psicoses somáticas. Análise estrutural. Pródomos. Formas de início. Análise dos sintomas. Análise sindromática. Sintomas somáticos. Estudos laboratoriais. Electroencefalografia. Anatomia patológica. Prognóstico e evolução. Tratamento das psicoses sintomáticas. Estados pós-psicóticos, tempo de doença e resultado final. II - Parte Especial: Análise das psicoses sintomáticas segundo os grupos etiológicos. Psicoses nas doenças infecciosas. Psicoses nas parasitoses. Psicoses nos estados carenciais e de esgotamento. Psicoses nas doenças do aparelho circulatório. Psicoses nos estados de uremia. Psicoses nas hemopatias. Psicoses no pós-operatório. Psicoses nas doenças pulmonares. Psicoses nas neoplasias malignas. Psicoses nas doenças gastrintestinais. Psicoses nas doenças hepáticas e das vias biliares. Psicoses na gravidez, puerpério e lactação. | Resumo e conclusões | Alguns casos clínicos | Bibliografia.
João Manuel Fragoso Mendes (1922-1981). "Professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, de Psiquiatria, tendo sido o introdutor em Portugal, dos estudos sistemáticos e da linha de investigação em psicopatologia clínica."
(TEIXEIRA, J. Marques, Em Memória de... Paes de Sousa, Leituras/Readings - Vol.VI n.º 3 Maio Junho 2004)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Raro.
45€

21 julho, 2023

GUIMARÃES, Júlio - A SAÚDE PELAS PLANTAS. 250 receitas de remédios compostos com plantas medicianis e descriminação da utilidade das mesmas, de frutos, legumes, vegetais, preparação de tisanas, xaropes, etc. Coordenação de... 1.ª Parte [2.ª Parte].  Colecção Doméstica n.º 17/18-A. Lisboa, Livraria Barateira, [19--]. 2 vols in-8.º (19,5 cm) de 30, [2] p. (I) e 31, [1] p. (II) ; B.
1.ª edição.
Conjunto de mézinhas e panaceias preparadas a partir de frutos e plantas medicinais para resolução dos mais diversos problemas de saúde.
Interessante repositório de receitas em 2 volumes (completo). Raro e muito curioso. A BNP não menciona.
Contém no início do vol. I a "Significação de algumas palavras""Para mais fácil compreensão de alguns termos técnicos empregados na medicina, e que se encontram no decorrer dêste livro, publicamos a significação em linguagem popular."
Ex-libris nos dois exemplares de José Coelho (1887-1977), conhecido professor e arqueólogo viseense - conhecido carinhosamente por "Indiana Jones de Viseu".
Exemplares brochados, agrafado, em bom estado geral de conservação. Capa do 1.º volume apresenta falha de papel nos cantos exteriores. Inclui factura e documento de cobrança da Livraria Barateira em nome de José Coelho.
Raro.
Sem registo na Biblioteca Nacional.
40€

20 julho, 2023

BALDY, Dr. -
PERFIS MORAES.
Devaneios poeticos. Pelo... Lisboa, Typographia Universal de Thomaz Quintino Antunes, Impressor da Casa Real, 1880. In-8.º (17,5 cm) de [6], 324, [16] p. ; E.
1.ª edição.
Primeira obra poética de Luiz Baldy, dedicada à memória de seus pais e sua filha Hermínia.
Exemplar muito valorizado pela dedicatória autógrafa do autor ao insigne médico e professor José Curry Cabral (1844-1920).

"Roberto era o filho que pensa em herdar
A larga fortuna, que o pae ajuntára;
E este um bom homem, que a sabe ganhar,
A cuja ambição ninguem mais se igualára.

A mãe, tal e qual... o mesmissimo estofo,
Chamava ás senhoras - tafues, lambisgoias.
E tinha um caracter tão vil e balofo,
Que só se empanava c'os bens e co'as as joias.
 
Se aos bailes concorre, se vae ao theatro,
A tola repete com vã presumpção:
Eu tenho riqueza bastante p'ra quatro...
P'ra ter meu marido - fidalgo varão.

O mundo é assim... é um cubo de tolos,
Aonde revendo-se ao brilho do ouro,
Se perdem cabeças de escaços miolos,
Se aviltam vaidades de triste desdouro."

(Excerto de O perdulario)

Luiz José Baldy (1822-1885). Médico e poeta humorista. Muito considerado entre os seus pares, e estimado pelos pacientes, a quem nunca negava auxílio, - fosse quem fosse -, mesmo a desoras. Escrevia nas (poucas) horas livres. A BNP tem recenseado dois títulos seus: Perfis moraes (1880) e Um meeting na parvonia (1881). Um livro de sonetos estaria na forja quando a morte o surpreendeu (1885).
Encadernação em percalina com ferros gravados a ouro na lombada. Sem capas de brochura.
Exemplar em bom estado de conservação.
Raro.
Indisponível

19 julho, 2023

A REGIÃO DO VOUGA.
Aveiro, Agueda, S. Pedro do Sul, Vizeu. Indicações geraes para uso dos viajantes - Sociedade Propaganda de Portugal. Lisboa, Composto e impresso na Typ. da «Gazeta dos Caminhos de Ferro», 1917. In-8.º (15,5 cm) de 63, [1] p. ; B.
1.ª edição.
Interessante roteiro turístico.
Assinala os locais e monumentos emblemáticos dos concelhos situados na região de Lafões, tudo devidamente acompanhado de apontamentos históricos e geográficos sobre as vilas e cidades mais relevantes.
"Esta linha que tem o seu inicio em Espinho e o seu terminus em Vizeu, desenvolve-se na mais pictoresca a accidentada directriz, na extensão de 141 kilometros, atravessando uma região verdadeiramente encantadora, bordejando precipicios, contornando montanhas e apresentando aos olhares extasiados do turista as mais diversas e variadas paisagens, os mais surprehendentes pontos de vista, os mais risonhos e alegres panoramas. [...]
A concepção do traçado e a sua execução rapida e feliz, constituem uma gloria da engenharia portugueza, incluindo as suas obras de arte pontes arrojadas e viaductos importantes, todos de alvenaria, e, alguns, de vãos muito superiores aos maiores até agora admitidos entre nós, o que representa, na phrase, concisa mas sobremodo justa, do illustre engenheiro Sr. J. Fernando de Sousa, «licção e exemplo valioso»."
(Excerto de A linha do Valle do Vouga)
Índice:
A linha do Valle do Vouga. | Aveiro. | Agueda. | S. Pedro do Sul. | Vizeu.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com interesse histórico.
25€
Reservado

18 julho, 2023

J. P. OLIVEIRA MARTINS : In Memoriam.
30 Abril 1845 - 24 Agosto 1894.
Oitavo anniversario do seu fallecimento. Preço 300 réis. [S.l.], [s.n.], [1902]. In-4.º (23,5x17,5 cm) de 20 p. ; B.
1.ª edição.
Homenagem a Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-1894), ilustre historiador, político e cientista social português, por ocasião do 8.º aniversário da sua morte. O prefácio - Ao leitor - é assinado por seu irmão Guilherme, tendo o elogio/apontamento biográfico - Oito annos de repouso - ficado a cargo de Jaime de Magalhães Lima. Inclui no interior, à parte, as notas biográficas do homenageado por ordem cronológica e a lista de obras publicadas.
"O producto da venda d'este opusculo constituirá um fundo cujo rendimento será destinado á creação d'um premio escolar que receberá o nome de Premio Oliveira Martins".
"Que incerta a vida ultra-tumular dos que no mundo exerceram poder sobre os homens! Aqueles que pareciam destinados ao esquecimento, passando na terra apenas entre leves sussurros d'estranheza, ressurgem em espirito, a dominar gerações ininterrompidas; outros, cuja morte foi temeroso luto, lançando o pavor nas multidões, como abandonadas da protecção dos deuses, rapidamente se sepultam n'um desapparecimento de todo o vestigio, apagado para sempre, sem que a saudade jámais o descubra. [...]
Um amigo meu, vendo morta a seu lado uma pessoa querida e meditando o passado e tristes erros que alli terminavam, ao pressentir para ella esse esquecimento total, verdadeira anniquilação da alma, exclamou n'um impeto doloroso: - Afinal, o melhor é vivermos para deixar saudades.
Que saudades deixou Oliveira Martins? Como ressurgiu, depois que a escuridão de quatro estreitas paredes de marmore, rematando tormentosos dias, lhe encerrou para eterna paz o corpo fatigado?"
(Excerto de Oito annos de repouso)
Exemplar brochado, por aparar, em bom estado geral de conservação. Capa apresenta pequeno orifício e uma ou outra mancha.
Invulgar.
Com interesse biográfico.
15€

17 julho, 2023

CABRITA, António Alves - DIÁRIO DE UM PESCADOR NA PESCA DO BACALHAU. Corroios, Edição do autor, 2021. In-8.º (21 cm) de xiv, 120, [2] p. ; mto il. ; B.
1.ª edição.
Memórias do autor, pescador de dóri, na «Faina Maior». Trata-se do seu "diário" composto por inúmeros episódios - relatos fieis - das campanhas da pesca do bacalhau em que participou. Inclui no final glossário de termos utilizados na pesca do "fiel amigo".
Livro ilustrado no texto com fotografias a p.b. e a cores.
Tiragem limitada a 210 exemplares.
"O meu pai sempre nos contou episódios e experiências da sua passagem pela pesca do bacalhau, e este «diário» com essas memórias é um sonho que ele há muito acalentava, e que agora se realizou. É um sonho, mas também é um testemunho vivido e escrito na primeira pessoa. Há várias publicações sobre a pesca do bacalhau à linha em que esta é descrita como uma epopeia, como um feito heroico e sobre humano. E sem dúvida que o foi! Mas também é verdade que essas descrições foram feitas da ponte de comando por capitães, por oficiais e por médicos. Talvez poucos pescadores nos tenham deixado por escrito o relato das suas experiências. Este é um testemunho da pesca do bacalhau mas que nos é relatado de dentro do dóri, e que talvez tenha por isso algum valor histórico.
Este «diário» conta-nos algumas histórias, mas muitas outras que ouvimos ao longo dos anos ficarão guardadas apenas na nossa memória: como eram as idas dos portugueses a terra na Gronelândia e na Terra Nova, o choque de culturas, as "aldrabices" com que os portugueses enganavam os esquimós, etc."
(Excerto de Prólogo)
"Para a construção da cultura, da identidade, da imagética e da perceção que as comunidades piscatórias têm de si próprias, a pesca do bacalhau, designadamente no contexto da ditadura do Estado Novo, foi determinante.
Para os membros destas comunidades, os relatos que entremeavam a dor, o sofrimento e a gestão das ausências com os feitos heroicos das grandes pescarias, com os dóris "a um palmo fora de água" de tão carregados, eram uma constante nos serões, à mesa das refeições ou nas tabernas durante os períodos em que era possível habitar esse espaço estranho e de múltiplos perigos para os homens do mar - a terra firme. [...]
O pescador António Alves Cabrita, de Armação de Pera - Algarve, presenteou-nos com esta descrição minuciosa e crua de uma realidade que, em muitos aspetos, foi tremendamente desumana."
(Excerto de Prefácio - Administração da Mútua dos Pescadores)
Exemplar em brochura, bem conservado.
Esgotado.
35€

16 julho, 2023

SAMPAIO, Antonio Vicente Leal -
O MINISTERIO PUBLICO E O HOMICIDIO DE FRANCISCO RIBEIRO MARTINS DA COSTA
. Porto, Imprensa Moderna, 1902. In-8.º (21,5x15 cm) de 58, [2] p. ; B.
1.ª edição.
Processo relativo ao homicídio de um insigne vimaranense - Francisco Martins da Costa, também conhecido por Francisco Agra - por Julio de Campos, natural de S. Torcato, -  crime, que teve por móbil o roubo.
Nas páginas do presente livro o autor procura justificar o seu trabalho, baseando-se nos indícios e provas recolhidas, sobre o crime que em 1901 chocou o país, e Guimarães em particular, tal a frieza de que se revestiu.
Exemplar valorizado pela dedicatória manuscrita do autor ao Conde de Paçô Vieira.
"No dia 26 de Junho do anno de 1901, foi assassinado na sua quinta d'Agra um dos mais illustres habitantes de Guimarães, a quem a cidade tanto deve, o snr. Francisco Ribeiro Martins da Costa. Muito embora o homicidio fosse perpetrado á grande luz do dia, pelas onze ou onze e meia da manhã, de tal modo se acautelou o assassino, escolhendo um sitio ermo e arborisado, que ninguem viu. Mas se para a descoberta dos criminosos fossem indispensaveis testemunhas presenceaes, o maior numero d'elles, e os mais execrandos, ficariam impunes: por fortuna é raro o crime que não deixa vestigios; e no caso presente os que se acharam no decurso das minuciosas investigações administrativas e judiciaes, confrontados com exames de peritos e depoimentos verdadeiros, convenceram o Meretissimo Juiz, Dr. Antonio Augusto Fernandes Braga, que fôra auctor do crime Julio d'Abreu Lemos, tambem conhecido por Julio de Campos, e por isso o pronunciou.
Na audiencia porém de julgamento, o jury, em contrario á opinião do eminente magistrado, que organisou o processo, e com o mais desvellado escrupulo, durnte longos dias e noites, apreciou o merecimento das provas - o jury absolveu o reu por unanimidade. Eis porque venho hoje apresentar aos meus superiores hierarchicos e a todas as pessoas, que teem competencia para avaliar uma prova, a summula do meu procedimento, como representante do Ministerio Publico, e os factos em que me fundei para pedir a condemnação do reu."
(Apresentação)
Exemplar brochado, sem capas, em bom estado de conservação.
Muito raro.
Sem registo na BNP.
Indisponível

15 julho, 2023

MERELIM, Pedro de - AÇORIANOS MINISTROS DE ESTADO
. Angra do Heroísmo, [Joaquim Gomes da Cunha (Pedro de Merelim)], 1996. In-8.º (21x15,5 cm) de 81, [7] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa: José Simas.
Interessante colecção de apontamentos biográficos sobre insignes figuras açorianas que desempenharam altos cargos no Governo da nação.
Livro ilustrado com o retrato dos biografados, exceptuando nove, que o autor não conseguiu reunir.
Edição limitada a 300 exemplares.
"Quando pesquisamos elementos em busca de Açorianos que se integraram no Executivo nacional, supomos não haver qualquer omissão e deparamos com o total de vinte e cinco, alguns subiram à Presidência da República e do Conselho, outros secretários, decidimos com base no que encontramos, tratar os seus curriculus e inseri-los no Mensário ilustrado Ilha Terceira, de que fomos, desde o início, o Redactor Principal, não apenas com original nosso, mas também, como sucedeu com quatro textos procedentes doutras penas, como adiante no recheio se verá, além de tomarmos como alicerce trechos e apontamentos de cronistas antigos que para o efeito colhemos. [...]
Ao traçar estas simples biografias , logo acalentamos o firme propósito de as reunirmos numa edição, o que a efeito levamos a expensas próprias, oferecendo, assim, à História dos Açores esta agradável lembrança."
(Excerto da Apresentação)
Pedro de Merelim (1913-202). "Pedro de Merelim, nom de plume de Joaquim Gomes da Cunha. Saiu aos 18 anos da sua terra natal, São Pedro de Merelim (Braga). Cumprido o serviço militar, fixou residência em Lisboa, mas logo é reincorporado por ocasião da II Guerra Mundial, vindo cumprir serviço na ilha Terceira, onde se fixa. Passa aos quadros do Exército, após a guerra, e dá largas à sua verdadeira vocação, que é a de jornalista, usando o pseudónimo de Pedro de Merelim. Pertenceu ao corpo redatorial do jornal A União, durante 38 anos, chegando a exercer o cargo de redator-chefe e chefiou o gabinete de notícias do Rádio Clube de Angra. Escreveu milhares de textos (artigos, reportagens, locais, crónicas de viagem) que publicou em jornais açorianos, do continente e da Guiné-Bissau. Foi correspondente entre 1953 e 1972 de O Primeiro de Janeiro (Porto) e colaborador de O Século e do Jornal do Comércio, ambos de Lisboa. O mais importante do seu trabalho é constituído por obras que versam temas de grande relevância local e regional, num total de 22 títulos, e por artigos publicados na Atlântida, revista do Instituto Açoriano de Cultura. Foi autodidata, por não ter podido beneficiar de formação de nível superior e, por isso, nem sempre manuseou da forma mais adequada as normas da investigação; Pedro de Merelim foi, no entanto, um historiógrafo exemplar, pela sua grande seriedade e probidade intelectual, no que constitui um exemplo para qualquer investigador. Legou o seu espólio, em vida, à Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro."
(Fonte: https://bparlsr.azores.gov.pt/arquivo_regional/pme-pedro-de-merelim/)
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Raro.
Com significado histórico.
Indisponível

14 julho, 2023

OLIVEIRA, P. Miguel -
HISTÓRIA ECLESIÁSTICA DE PORTUGAL. 2.ª edição. Lisboa, União Gráfica, 1948. In-8.º (19 cm) de 474, [6] p. ; il. ; B.
Importante subsídio para a história da Igreja em Portugal.
Trata-se da segunda edição desta interessante obra, melhorada e acrescentada.
"História Eclesiástica de Portugal é uma obra objectiva e não apologética sobre uma instituição que influenciou decisivamente o destino de Portugal.
 O Padre Miguel de Oliveira, cuja honestidade científica foi amplamente reconhecida, traça a evolução da Igreja Católica no nosso país, desde os alvores do cristianismo, com o domínio romano, até aos nossos dias, passando em revista vinte séculos de evangelização.
 Numa abordagem equilibrada e sintética, analisam-se, com rigor e isenção, assuntos como as relações entre a Igreja e o Estado ou a actividade missionária e pedagógica das ordens religiosas, entre muitos outros.
Conhecer a história eclesiástica de Portugal é um caminho fundamental para compreender a realidade em que vivemos e o legado de fé e de ecumenismo que os nossos antepassados nos transmitiram."
(Fonte: Wook)
Livro ilustrado no texto com desenhos, fotografias e reproduções de pintura e gravuras.
"Traçamos nesta edição, antes de cada período, breve resumo da história da Igreja, para mostrar como nela e inserem as particularidades respeitantes ao nosso país. Pusemos especial cuidado na revisão dos Catálogos episcopais, tarefa ingrata que Herculano dizia não invejar para si, tal a dificuldade de averiguar as datas."
(Excerto do preâmbulo)
Exemplar em bom estado geral de conservação. Cansado. Lombada "partida". Capas oxidadas. Com alguns trechos sublinhados a caneta no interior e notas manuscritas. Ostenta ex-libris de Carlos Marques na f. rosto.
Invulgar.
15€