27 julho, 2020

CADERNOS DE REPORTAGEM - N.º 5; Fevereiro/Março de 1984. Direcção: Fernando Dacosta. [Lisboa], Relógio d'Água, Editores, Limitada, 1984. In-8.º (18,5x21 cm) de 57, [3] p. ; il. ; B.
1.ª edição.
Capa: "Quando mato alguém fico um bocado deprimido". Criminosos Entrevistados na Cadeia por Jorge Trabulo Marques.
Conjunto de entrevistas a 3 dos mais conhecidos marginais dos anos 70/80 efectuadas nas penitenciárias onde cumprem penas elevadas. Nos depoimentos fazem um balanço da sua vida de crime, preenchidas com episódios aparatosos, e falam do dia a dia na cadeia - as condições de vida, a droga, os ajustes de contas, a homossexualidade, o relacionamento com os guardas prisionais, etc.
Livro ilustrado ao longo do texto com fotografias dos meliantes.
"Condenado em Junho de 1981 por homícidio e roubo a 22 anos e 11 meses de prisão maior, quando já cumpria, por motivos idênticos, 12 anos de pena, Manuel Alentejano é de há muito uma legenda no mundo da marginalidade. Manuel Pedro Ramalho Dias, o seu verdadeiro nome, nasceu em Portel a 10 de Agosto de 1951. Uma infância de abandonos a tira-o para a pequena delinquência onde se revela, pela frieza de emoções, a rapidez de actuação e a capacidade de comando, uma figura de personalidade invulgar.
Dotado de grande inteligência, coragem e sensibilidade, Manuel Alentejano faz-nos (na entrevista e no Diário que publicamos a seguir) revelações de surpreendente perturbação.
Recapturado em Lisboa depois de uma fuga do tribunal da Boa Hora onde estava a ser ouvido para novo julgamento, foi metido no Estabelecimento Prisional de Lisboa (aí o encontrámos) após o que o transferiram para a penitenciária de Pinheiro da Cruz."
(Quando mato alguém fico um bocado deprimido, Introdução)
"Conhecido por Muleta Negra, Carlos Alberto Coelho Guerreiro é um dos nomes mais populares do mundo do crime português devido a inúmeros assaltos, roubos, prisões, embustes e fugas que realizou. Com 28 anos de idade, natural de Lisboa, bate-chapas de profissão, encontra-se a cumprir pena de 16 anos por decisão do Tribunal de Justiça (Abril 77).
Antes de ser preso, Muleta Negra, pertencia a uma quadrilha especializada em assaltos a ourivesarias que actuou com grande êxito de 1972 a 1974 nas zonas de Lisboa, Vila Franca de Xira e Tomar. Nesse ano foi capturado na Amadora após ter travado luta violenta com a polícia."
(Fizeram de mim um mito, Introdução)
"Por se encontrar a cumprir a parte final da pena a que foi condenado e, portanto, prestes a ser posto em liberdade, não revelamos a identidade do burlão que nos deu a entrevista que se segue.
Trata-se de um dos casos mais ousados da pequena história criminal (sociológica) portuguesa, famoso hoje pela sua inteligência, perspicácia, comunicabilidade e poder de persuasão."
(Histórias de um vigarista, Introdução)
Índice:
1. «Quando mato alguém fico deprimido» - Manuel Alentejano. | 2. Diário de Manuel Alentejano. Extracto de um longo diário escrito na cadeia por Manuel Alentejano a partir de 1979, e que constitui um documento de rara sensibilidade, inteligência, sufocação e amargura. | 3. «Fizeram de mim um mito» - Muleta Negra. | 4. Histórias de um vigarista [até vendeu um avião] - Identidade não revelada.
Exemplar brochado em bom estado de conservação.
Invulgar.
Com interesse histórico e criminal.
Indisponível

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