FREITAS, Urbino de - O ENSINO NATURAL DA LINGUAGEM. Por... Porto, Typographia Central de Avelino Antonio Mendes Cerdeira, 1884. In-8.º (22,5 cm) de 30, [2] p. ; B.
1.ª edição independente.
Ensaio sobre aprendizagem do
conhecido médico portuense Urbino de Freitas, cujas acusações de
envenenamento a familiares de sua mulher, no final do século XIX,
sobressaltaram a cidade do Porto e indignaram o país.
Trabalho curioso, descreve o "método natural", técnica de ensino da linguagem desenvolvida pelo autor. Texto anteriormente publicado na Revista da Sociedade de Instrcção do Porto, oferecido por Urbino de Freitas à memória de seus pais.
A Biblioteca Nacional dá notícia de duas obras da autoria de Urbino: A theoria e a pratica em medicina. Dissertação de concurso á Escola Medico-Cirurgica do Porto (1877) e O ensino natural da linguagem (1884), esta última, "sem informação exemplar".
"O ensino da linguagem fundamenta toda a instrucção e quando natural, será a iniciação unica n'um plano verdadeiramente educador, promotor de um natural, por adequado e integro, desenvolvimento das aptidões de cada individuo e portanto da collectividade resultante.
Se
esta affirmação é justa e se ella estiver justificada e devidamente
definida, nas paginas que vão ler-se, é natural esperar que espiritos
orientadores, e por estes a imprensa periodica, o declarem no proveito
publico, que lhe cabe garantir."
(Excerto do proémio)
"No
ensino está garantida a prioridade social e esta offerece um alvo
obrigado a todo o esforço humano, vide America do Norte. Sentir e
realisar o bem são o motivo e o fim da existencia individual e
collectiva do homem.
O
bem-estar, para saber bem e sentir melhor. Assim, para que o homem seja
bom, importa ser util e portanto intteligente e instruido, o que ainda
presuppõe o ser valido, capaz physicamente.
Em
sua maioridade, o homem satisfará á lei moral, motivo e fim da sua
existencia, na medida de um caracter disposto a realisar o bem,
assegurado este por uma energia nativa e adquirida - virtual, nas
aptidões phisicas, psychicas e conhecimentos adquiridos; realisada, na
apropriação prática d'estes e d'aquellas ao bem social."
(Excerto de O ensino natural da linguagem)
Matérias:
[Dedicatória].
| [Proémio]. | O ensino natural da linguagem. | Elementos
methodologicos apropriaveis ao ensino natural da linguagem. | Nota do
Pe. Candido J. A. de Madureira, Abbade de Arcozelo.
Vicente Urbino de Freitas (1849-1913). "Foi um médico portuense, formado
na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em 1875, e professor
na Escola Médico-cirúrgica do Porto. Em 1877, casou com Maria das Dores,
filha de um rico comerciante de linhos. A este casamento sucederam-se
um conjunto de mortes de familiares directos de Maria das Dores em
circunstâncias suspeitas, nomeadamente as dos seus irmãos Guilherme e
José, este último após ter sido consultado por Urbino de Freitas e com
os sintomas típicos de ingestão de veneno. Alguns meses depois, os três
sobrinhos de Maria das Dores, filhos dos seus irmãos falecidos que
passaram a viver com os avós, receberam uma encomenda suspeita de bolos e
amêndoas que revelavam um sabor esquisito provocando-lhes mal-estar.
Estas foram atendidas pelo tio Urbino que lhes receitou eméticos e
clisteres com a recomendação que fizessem uma retenção tão longa quanto
possível. Apenas Mário, o rapaz e o mais velho, seguiu a prescrição do
tio, mas viria a falecer com sintomas semelhantes aos do seu tio José.
As suspeitas de envenenamento recaíram em Urbino de Freitas, acusado de
querer ficar o único herdeiro da fortuna do sogro.
As
circunstâncias do crime e a frieza e crueldade dos actos de Urbino
causaram bastante celeuma e indignação. O caso foi muito mediático,
tendo sido acompanhado diariamente pela população e tendo originado
inúmeras discussões. No cerne da questão estavam as análises
toxicológicas dos cadáveres e dos alimentos suspeitos. [...]
[Pelo] acórdão de 1 de Dezembro de 1893, do Tribunal Criminal do
Porto, Urbino de Freitas foi condenado a oito anos de prisão e ao degredo
pelo
homicídio do seu sobrinho Mário. O réu, demitido das suas funções e
proibido de exercer medicina, acabou por ser deportado para o Brasil
após ter cumprido a pena de prisão na Penitenciária de Lisboa. [...]
Uma comissão de portugueses e brasileiros, convictos da inocência de
Urbino de Freitas no caso do envenenamento ocorrido no Porto, enviou uma
petição ao Rei D. Carlos, pedindo a revisão do processo, que não foi
deferido. Em 1913, Urbino de Freitas regressou a Portugal, e até ao fim da
sua vida alimentou uma batalha jurídica, procurando novos elementos de
prova que o habilitassem a obter um despacho judicial favorável. Contou
sempre com o apoio e a fé inquebrantável da sua inocência por parte da
esposa, Maria da Dores Freitas. Morreu no dia 23 de Outubro de 1913."
(Fonte: http://dererummundi.blogspot.com/2008/05/o-caso-urbino-de-freitas.html)
Exemplar
brochado em bom estado geral de conservação. Capas frágeis, com vincos e
pequenos defeitos. Paginas apresentam manchas de oxidação. Rubrica de
posse na f. rosto.
Muito raro.
Peça de colecção.
75€
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