LODY, George - SENTINELA DOS MARES : romance. Versão livre de João Amaral Júnior. Dramas da Espionagem. As aventuras dos mais célebres espiões internacionais. Lisboa, João Romano Torres & C.ª, [193-]. In-8.º (21 cm) de 228 p. ; il. ; B. Colecção Dramas da Espionagem ,II
1.ª edição.
Curioso romance sobre a espionagem durante a Grande Guerra.
Obra da autoria de João Amaral Júnior, o 'tradutor', que assina com o pseudónimo George Lody.
Livro ilustrado na capa, e ao longo do texto com 1 mapa (Carta quadriculada dos barcos a torpedear) e 9 belíssimas estampas em página inteira por Ramos Ribeiro.
"Von Domenic chegou a Lugano, cidade Suissa, que fica à beira do lago do mesmo nome, por uma manhã radiosa.
Era dias depois da sua partida de Paris.
O submarino em que clandestinamente embarcára na costa francêsa, clandestinamente o deixára na costa italiana.
Metamorfoseado a primôr num musicista ou cantõr que ia estagiar para Milão, em nada o Domenic de agora se parecia como o Domenic que vimos em Paris, primeiramente com o seu binoculo e o seu kodak á tiracolo, depois esfarrapado e maltrapilho em Montmartre, na taberna do Duc.
A bordo recebera o espião o necessário passaporte que, em matéria de falsificação, estava um primôr."
(Excerto do Cap. I, O cantor hespanhol)
João dos Santos Amaral Júnior (Lisboa, 1899 - ?). "Tal como Guedes do Amorim e Rocha Martins, não
concluiu qualquer curso superior, sendo exemplo de mais um autodidacta
de sucesso que colaborou com a Romano Torres. Estreou-se antes dos 20
anos com o romance A ladra (1920), seguindo-se em 1923 novo romance intitulado Direito de viver com prefácio de Manuel Ribeiro. O Dicionário Universal de Literatura
atribui ao bom acolhimento que teve destas primeiras obras o impulso
que o levou a dedicar-se exclusivamente à literatura. Embora não tivesse
sido jornalista, colaborou enquanto crítico literário com o jornal A República e dirigiu o quinzenário Novidades Literárias.
Curiosamente, o Dicionário Universal de Literatura
aponta o seu pseudónimo George Lody como sendo autor da «tradução
livre» de alguns escritores estrangeiros, indicando como exemplos disso
mesmo as obras Legião maldita, Rússia negra, Sentinelas dos mares, Braseiro ardente, Soldado da sombra e Espiões da Paz.
Há clara confusão, visto que é o próprio João Amaral Júnior que se
apresenta como tradutor de um alegado autor francês de nome George Lody,
afinal seu pseudónimo. Este caso foi desconstruído por Maria de Lin
Sousa Moniz no seu ensaio «A case of pseudotranslation in the Portuguese
literary system». No entanto, o verbete do Dicionário Universal de Literatura,
publicado em 1940, serve de exemplo para a confusão que à época havia
relativamente à pseudotradução (Amaral Júnior não foi o único na Romano
Torres, veja-se os casos de Guedes de Amorim e José Rosado).
A
colaboração de Amaral Júnior na Romano Torres foi intensa, quer como
autor, quer como tradutor. Para além de ter escrito os seis romances já
referidos sob o pseudónimo de George Lody, que constituíram a colecção
«Dramas de espionagem: as aventuras dos mais célebres espiões
internacionais», escreveu também sob o pseudónimo de Fernando Ralph o
livro O golpe alemão (1936), e no seu próprio nome Minha mulher vai casar (s.d.), O nosso amor não é pecado (s.d.), A mulher que jurou não ser minha
(1936), etc. Enquanto tradutor, dedicou-se especialmente a Max du
Veuzit e Claude Jauniére. Não se conseguiu apurar a data ou o local da
sua morte."
(Fonte: fcsh.unl.pt/chc/romanotorres/?page_id=63#G)
Exemplar
brochado em razoável estado de conservação. Capas frágeis com
defeitos e pequenas falhas de papel, bem como a lombada. Miolo oxidado. Assinatura de posse na f. anterrosto.
Invulgar.
Indisponível
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